O músico e escritor Tony Belloto (ex-Titãs) escreveu ontem, segunda-feira, em seu blog, sobre a ressaca pós-eleição, sintetizando o que pelo menos 44 milhões de brasileiros sentiram com a vitória da fraudulenta Dilma Roussef:
Você pode argumentar que sendo músico – e trabalhando em geral nos fins de semana – eu deveria adorar as segundas-feiras, pois elas são os meus sábados. Ok, mas o fato de Dilma Roussef ter ganho a eleição me deixou na maior ressaca. Você pode insistir, dizendo que Dilma é a primeira mulher presidente do Brasil, ou que nossa economia vai de vento em popa, e que nossos pobres já não são mais tão pobres. Ok, mas continuo ressacado mesmo assim. Eu não gosto de segundas-feiras.
Sem dúvida, a vitória de Dilma foi um porre e estamos tod@s da oposição de ressaca. Ficou provado que, em nosso país, definitivamente o crime compensa, e os que se pautam por valores éticos somos sequestrados em nossa própria terra. O Brasil trocou a candidatura de uma pessoa experiente, competente e, até onde se sabe, sem escândalos na vida pública, por uma fulana de passado censurado, sem qualquer currículo que a capacite para o cargo e, ainda por cima, envolvida em ilicitudes várias. Alçada ao poder de forma totalmente antidemocrática, pois todo o tipo de ilegalidade eleitoral e criminal foi cometido para fazê-la vencer, sob os olhos cúmplices do Tribunal Superior Eleitoral e da Polícia Federal, todos aparelhados pelo petismo, a agora presidanta vem se ufanando de ser a primeira mulher a governar o Brasil, como se o fato de ser mulher lhe conferisse algum mérito intrínseco. (ver belo vídeo sobre o momento político ao fim da postagem).
Para começo de conversa, não é bem assim. A primeira mulher de fato a governar o Brasil foi a Princesa Isabel lá nos idos de 1887 porque seu pai Dom Pedro II teve que se ausentar do país para tratamento de saúde na Europa. A princesa também foi a primeira senadora brasileira, cargo a que teve direito como herdeira do trono a partir dos 25 anos de idade, segundo a constituição imperial brasileira de 1824. Fora isso, ao contrário de Dilma, a Princesa Isabel não era nenhuma toupeira, mero reflexo do pai ou de um tutor. Tinha ideias próprias e sua participação na abolição da escravatura foi bem além de simplesmente assinar um documento referendando o fim do famigerado sistema. De fato, Dilma Roussef é a primeira mulher a se tornar presidente do Brasil, cargo a que chegou sem histórico que lhe desse tal direito, sem mérito, pelas mãos de seu padim, Lula da Silva, do Estado brasileiro, usado ilegalmente para tal, e de muitos milhões de propaganda paga com o dinheiro dos contribuintes, incluindo os que gostariam de vê-la em Marte não na Terra.
Se sua chegada ao poder tivesse se dado ao menos após um acúmulo de cargos, de preferência obtidos via pleito e não indicação, de méritos como figura pública, de uma vida ilibada, do brilho de sua inteligência, aí sim poderíamos celebrar a chegada de uma mulher ao executivo brasileiro. Como não aconteceu antes, pelo valor simbólico de conquista da igualdade de direitos nesse nível, valeria comemorar. Agora, celebrar a chegada de uma mulher ao poder, apenas por ser mulher, a despeito de como ela alcançou esse patamar, é um sapo que ninguém de bom senso engole. Dilma está usando a questão de gênero somente para respaldar sua ascensão fraudulenta. E tem muita gente de inteligência curta que compra o embuste, fora a imprensa que adora uma boa sabujice.
Além disso, Dilma repete um ramerrão do feminismo socialista que não gosta que os homens tratem as mulheres como manada, mas adora falar das mulheres como coletividade, passando por cima das inúmeras diferenças individuais que nos distinguem. Aliás, esse é um dos grandes problemas dos movimentos sociais: como o preconceito e a discriminação tratam determinados indivíduos como espécie, tipo, "raça" (o homossexual, a mulher, o negro), os discriminados se unem em nome dessa mesma suposta coletividade para reivindicar direitos (o que é necessário e justo) mas tendem a incorporar também a visão essencialista dos opressores que atribuem qualidades específicas comuns a todos os estigmatizados.
Nessas, as individualidades somem, acarretando formulações equivocadas porque homogeneizantes. Assim as mulheres seriam mais sensíveis do que os homens por serem mulheres, por serem mães, seriam menos violentas por serem mulheres, etc. A realidade desmente essas generalizações, ainda que as formas de insensibilidade e violência das mulheres sejam diferentes das dos homens por questões conjunturais. Na realidade, contudo, não existem qualidades ou defeitos inerentes a todas as mulheres. Como os homens, as mulheres têm cada uma sua individualidade, que é o que as torna excepcionais, medianas ou medíocres. Apesar da educação diferenciada que, ainda hoje, força homens e mulheres a seguirem determinados comportamentos assim como formas de se vestir e pentear diferentes, a verdade é que há mais coisas em comum entre alguns homens e mulheres do que entre mulheres e mulheres e entre homens e homens. Tudo depende muito mais do que cada pessoa, a despeito do invólucro que a natureza lhe outorgou, tem como valores, idiossincrasias, afinidades.
Por tudo isso, não vejo nada a celebrar no fato de Dilma Roussef ter sido eleita presidente da República do Brasil. Por seu histórico, pela forma que chegou ao poder, pelas alianças que urdiu e que vão lhe cobrar o apoio a peso de ouro, além dos desafios próprios ao cargo e da herança do governo anterior, essa senhora tem tudo para não dar conta do recado. Ela não é Michelle Bachelet que chegou à presidência do Chile, antecedida por passagens relevantes no Ministério da Saúde e da Defesa de seu país, o que a tornou conhecida do público e popular o suficiente para candidatar-se e eleger-se sem o festival de ilegalidades que favoreceram Dilma Roussef. Ao contrário, as experiências de Roussef, como empresária e administradora em cargos governamentais, não só não foram bem-sucedidas como estiveram manchadas por sérios escândalos de corrupção.
Poderia citar vários outros exemplos de mulheres que chegaram a ser presidentes ou primeiras-ministras, cada uma com uma história pregressa ao cargo e durante o cargo que conta histórias diferentes, dependendo de cada mulher, de seus méritos como pessoa, como profissional, das ideias que defende. Resumindo, que essa postagem já está muito longa, ser mulher não é nem mérito nem demérito intrínseco, portanto não vale como trunfo para Dilma Roussef. No caso dela, ser a primeira mulher presidente não é nenhuma grande coisa.
Na verdade, a vitória dessa senhora, embora pertençamos ao mesmo gênero, não só não me alegrou em nada como me deixou de ressaca e de luto pelo Brasil. Ao contrário do que ela e outros que adoram generalizações idiotas dizem, acho inclusive que ela deprecia a imagem das mulheres do país que, ao contrário dela, lutam, sem padrinhos, no duro cotidiano de uma sociedade ainda bem machista.