8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Westworld impacta ao simular samurais de Akira Kurosawa no 5º episódio da segunda temporada

Atriz japonesa Rinko Kikuchi como a gueixa Akave
Nosso patrício Rodrigo Santoro acertou quando disse que o quinto episódio da segunda temporada de Westworld, Akane No Mai, seria o melhor da temporada. Homenagearam o grande diretor japonês Akira Kurosawa, resgatando o Japão feudal e seus samurais e ninjas, no Shogun World, com produção caprichada e a linda atriz japonesa Rinko Kikuchi fazendo uma gueixa que é uma espécie de alter ego da protagonista Maeve. Botaram até o samurai dos samurais, o Musashi, na história, que, por sua vez, vira alter ego do Hector (personagem do Rodrigo Santoro). É que - ficamos sabendo - os criadores das narrativas dos androides repetem as histórias nos diferentes mundos do parque.

Mais violento do que o parque do faroeste, o Shogun World esbanja sangue e pedaços decepados pra lá e pra cá, em cenas de muita ação, mas os dois pontos altos do episódio são a dança que a gueixa Akane (Rinko Kikuchi) faz para o Shogun ou xogum em português (chefe militar e senhor feudal) e as questões existenciais dos androides em seu processo de tomada de consciência. As falas da Maeve, a ex-cafetina, com a gueixa Akane, em torno do amor das duas respectivamente por suas filha e protegida, foram pura emoção.



Música da cena da dança:C.R.E.A.M. - Ramin Djawadi,
Gravada originalmente por Wu-Tang Clan

A saga das duas androides Dolores e Maeve por poder, amor e liberdade
O episódio deixa claro também a consolidação da saga das duas androides que tomam consciência de sua condição e se rebelam contra o domínio humano:

Dolores que, quando programada, era a boazinha de plantão, vive agora com o desejo de vingança e poder. Sabe-se superior aos humanos e quer dominar os parques e o mundo fora deles. Nesse processo vem se abrutalhando e exigindo o mesmo dos que a seguem.

Maeve que, quando programada, era a cafetina do bordel de Westworld, hoje é movida pelo desejo de amor e liberdade. Busca a filha nos mundos dos parques e, a cada episódio, se torna mais consciente de suas capacidades e poder. A atriz Thandie Newton está dando show na pele da Maeve.

O episódio do Shogun World, recriando o Japão feudal, com atores japoneses, falado em japonês, mostra que, tanto na produção quanto no roteiro, Westworld ganha de outras séries em sofisticação visual e de conteúdo. A manada, acostumada com os clichês das outras séries e suas obviedades, não entende o que vê e acha chato.

quinta-feira, 17 de maio de 2018

A PM que matou o bandido e suas escolhas


A história todo o mundo já sabe, pois o vídeo que registrou a façanha da policial viralizou na Internet. O bandido Elivelton Neves Moreira, de 20 anos, resolveu assaltar mães e crianças em frente a uma escola em Suzano (SP), onde haveria festinha dos dias das mães (dia 12/05). Como se soube depois, Elivelton já havia sido indiciado em 2017 por latrocínio (roubo seguido de morte), ocultação de cadáver e associação criminosa. Elivelton foi inclusive apontado como chefe de uma quadrilha que roubou, matou e queimou o aposentado Renato Brígido, de 58 anos, e ocultou seu corpo.

Com essa ficha, Elivelton seguramente supôs que roubar mães e crianças na frente de uma escola seria a moleza das molezas. No máximo se preocupou em revistar o porteiro da escola, o homem de camisa branca que se vê no canto direito do vídeo (ver abaixo). O que ele não podia imaginar é que, entre as mães presentes, houvesse uma policial disposta a correr o risco de deter o assalto e impedir um mal maior.

Com coragem e destreza, a cabo da PM Katia da Silva Sastre, 42, conseguiu neutralizar o agressor sem ferir mais ninguém a seu redor. Esperou o bandido terminar sua revista do porteiro da escola, aproximou-se dele e lhe desferiu 3 tiros à queima-roupa, ou seja, a curta distância. Ele caiu de imediato e  já largou a arma que ela recolheu. Fim de papo.

Apesar da pronta e corajosa ação da PM, não faltaram críticas à sua atuação. Nessas críticas, juntaram-se um pouco de machismo, falta de empatia pela policial e, por incrível que pareça, empatia com o criminoso. Segundo os críticos, Kátia teria agido de forma impulsiva, expondo as outras mães e crianças a risco, atirado no bandido havendo criança em sua linha de tiro, dado as costas ao bandido (o que demonstraria seu despreparo) e simplesmente executado o bandido sem tentar outras linhas de ação. Se tudo terminou bem, foi pura sorte. Entretanto, uma boa olhada no vídeo desmonta essas críticas sem fundamento.


Kátia não foi impulsiva (por ser mulher, não poderia ser racional?). Só atirou no ladrão quando estava bem perto dele, à queima-roupa, para exatamente maximar o efeito dos tiros e neutralizar o assaltante de imediato, evitando dessa forma também errar o alvo e vitimar algum circundante (não haveria como errar de tão perto). O agressor já caiu desarmado, como se pode constatar pelo vídeo, em decorrência dos ferimentos. Kátia seguiu um procedimento policial padrão e foi bem-sucedida.

Ela também não tinha outras linhas de ação a seguir naquele momento. Como policial, tinha obrigação de agir. Se tivesse optado por deixar o assalto prosseguir, corria o sério risco de, no arrastão das bolsas, ser identificada como policial e executada em frente da filha que também estava com ela na porta da escola. Talvez a própria criança acabasse pagando por ter uma mãe policial. E tinha que atirar de forma a neutralizar o agressor o mais rapida e definitivamente possível de modo a impedir o início de um tiroteio. Se tivesse atirado na mão do sujeito ou na perna, como alguns sugeriram, corria não só maior risco de errar o tiro como também de manter o sujeito armado e atirando. Sua decisão de atirar no peito do bandido foi de fato a melhor opção do momento. Se tivesse querido executá-lo, atiraria em sua cabeça nos primeiros tiros, à queima-roupa, ou quando ele já estava no chão. 

A verdade é que, em nosso país, vivemos uma grande inversão de valores, o que leva muitos brasileiros até a acreditar que "direitos humanos" são defesa de bandidos. O entendimento - equivocado, claro - de que "direitos humanos" são defesa de bandido deriva da real empatia que certos grupos de opinião têm por marginais em detrimento de suas vítimas. Esses grupos multiplicam suas opiniões tortas através da mídia, dando a impressão de que representam mais do que de fato representam. O caótico sistema legal brasileiro também colabora para essa visão dos direitos humanos como defesa de bandido.

O caso da PM Kátia demonstra bem isso. Em vez de se solidarizar com a policial e a agrura porque passou, viu-se um bocado de gente, como comentei anteriormente, a lamentar a perda da vida do agressor e questionar a ação da mulher. Questionamentos são válidos, mas faltou aos questionadores a capacidade de se colocar no lugar da PM em primeiro lugar, que fez o que tinha que fazer simplesmente.

Direitos humanos são para todos os humanos, inclusive os bandidos, o que significa apenas que, mesmo eles, têm direito a passar pelo devido processo legal em vez de ser executados sumariamente. Isso é bem diferente de se tratar bandidos como meros coitados frutos da desigualdade social e vê-los com a benevolência que não merecem.

A PM Kátia Sastre foi sim heroína, não por ter matado o bandido que ameaçava os pertences e a vida de mulheres e crianças em frente a uma porta de escola. O ideal seria mesmo que tivesse podido render o bandido sem feri-lo letalmente como ocorreu. Situações ideais, contudo, raramente existem. Kátia foi heroína porque agiu profissionalmente, com coragem e destreza dignas de uma cena de filme onde a mocinha vence o bandido para alegria geral de uma nação exausta de ver exatamente o oposto acontecer quase sempre. 💖

Compartilhe

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites