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Quando Deus era mulher:

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Aserá,

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sábado, 28 de abril de 2012

Clipping legal: A Justiça Colorida

cotas raciais
De uma tacada só, a aprovação das infames cotas raciais ataca dois pilares da democracia: o da isonomia, da igualdade de todos perante a lei, e o da meritocracia. Que juízes de uma suprema corte desrespeitem o principal artigo da Constituição brasileira dá bem a dimensão da degeneração institucional que o país está vivendo. À guisa de comparação, a Suprema Corte norte-americana, no berço da ideia das cotas raciais, rejeitou as mesmas várias vezes.

Aqui, o stf (e vou grafar em minúscula a sigla), resolveu passar por cima do artigo 5º da Constituição:

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.

Toda a parte civilizada deste país sabe que a questão da ascensão social dos pobres no Brasil passa pela educação, mas, por ela, sucateada e ideologicamente viciada, ninguém se mexe. Não se vê inclusive esses racialistas asquerosos fazendo protestos diários para levar escolas a todos os recônditos do país. A eles não interessa uma estratégia verdadeira.

De qualquer forma, na base da solução paliativa para nossos problemas educacionais, há um consenso, entre os não-racistas, sobre a adoção de cotas sociais em universidades. Sendo a população parda e negra a base da pirâmide social, as cotas sociais a beneficiariam de qualquer forma, sem contudo discriminar os brancos pobres ou quaisquer outros de baixa renda. Mas os racistas negros não estão preocupados com justiça social, embora falem em nome dela.  

Meu pai veio do nordeste miserável e teve que ralar muito para se formar advogado. Graças a ele tive a oportunidade de estudar, sem grandes dificuldades, mas entrei na universidade pela via do mérito e não da mamata. Sinto que nossos esforços somados e o de tantos outros que batalharam para conseguir chegar a uma faculdade foram e são depreciados pelas cotas raciais. Elas, inclusive, não beneficiarão de fato a maioria dos negros e pardos que, ao contrário, terão de enfrentar agora também a desconfiança sobre suas reais capacidades como profissionais. Discriminação com discriminação se paga.

A Justiça Colorida

A discriminação racial no Brasil é constitucional, segundo decidiram por unanimidade os ministros do Supremo Tribunal (STF), num julgamento sobre a adoção de cotas para negros e pardos nas universidades públicas. Com base numa notável mistura de argumentos verdadeiros e falsos, eles aprovaram a reserva de vagas para estudantes selecionados com base na cor da pele ou, mais precisamente, na cor ou origem étnica declarada pelo interessado. Mesmo enfeitada com rótulos politicamente corretos e apresentada como "correção de desigualdades sociais", essa decisão é obviamente discriminatória e converte a raça em critério de ação governamental. Para os juízes, a desigualdade mais importante é a racial, não a econômica, embora eles mal distingam uma da outra.

O ministro Cezar Peluso mencionou as diferenças de oportunidades oferecidas a diferentes grupos de estudantes. Com isso, chamou a atenção para um dos maiores obstáculos à concretização dos ideais de justiça. Todos os juízes, de alguma forma, tocaram nesse ponto ou dele se aproximaram. Estabeleceram, portanto, uma premissa relevante para o debate sobre a formação de uma sociedade justa e compatível com os valores da democracia liberal, mas perderam-se ao formular as conclusões.

O ministro Joaquim Barbosa referiu-se à política de cotas como forma de combater "a discriminação de fato", "absolutamente enraizada", segundo ele, na sociedade. Mas como se manifesta a discriminação? Candidatos são reprovados no vestibular por causa da cor? E os barrados em etapas escolares anteriores? Também foram vítimas de racismo?

A ministra Rosa Weber foi além. "A disparidade racial", disse ela, "é flagrante na sociedade brasileira." "A pobreza tem cor no Brasil: negra, mestiça, amarela", acrescentou. A intrigante referência à cor amarela poderia valer uma discussão, mas o ponto essencial é outro. Só essas cores identificam a pobreza no Brasil? Não há pobres de coloração diferente? Ou a ministra tem dificuldades com a correspondência de conjuntos ou ela considera desimportante a pobreza não-negra, não-mestiça e não-amarela.

Mas seus problemas lógicos são mais amplos. Depois de estabelecer uma correspondência entre cor e pobreza, ela mesma desqualificou a diferença econômica como fator relevante. "Se os negros não chegam à universidade, por óbvio não compartilham com igualdade das mesmas chances dos brancos." E concluiu: "Não parece razoável reduzir a desigualdade social brasileira ao critério econômico". A afirmação seria mais digna de consideração se fosse acompanhada de algum argumento. Mas não é. O fator não econômico e estritamente racial nunca foi esclarecido na exposição da ministra nem nos votos de seus colegas.

Nenhum deles mostrou com suficiente clareza como se manifesta a discriminação no acesso à universidade ou, mais geralmente, no acesso à educação. O ministro Celso de Mello citou sua experiência numa escola pública americana sujeita à segregação. Lembrou também a separação racial nos ônibus escolares nos Estados Unidos. Seria um argumento esclarecedor se esse tipo de segregação - especificamente racial - fosse no Brasil tão normal e decisivo quanto o foi nos Estados Unidos.

Talvez haja bons argumentos a favor da discriminação politicamente correta defendida pelos juízes do STF, mas nenhum desses foi apresentado. Brancos pobres também têm dificuldade de acesso à universidade, mas seu problema foi menosprezado.

Se um negro ou pardo com nota insuficiente é considerado capaz de cursar com proveito uma escola superior, a mesma hipótese deveria valer para qualquer outro estudante. Mas não vale. Talvez esse branco pobre também deva pagar pelos "danos pretéritos perpetrados por nossos antepassados". Justíssimo?

Como suas excelências poderão ser envolvidas em outras questões de política educacional, talvez devam dar uma espiada nos censos. Os funis mais importantes e socialmente mais danosos não estão na universidade, mas nos níveis fundamental e médio. Países emergentes bem-sucedidos na redução de desigualdades deram atenção prioritária a esse problema. O resto é demagogia.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Guerra entre conservadores e ativistas LGBT vitima a democracia

Efeito prisma belicoso: arco-íris estoura cume de Arquidiocese de Maringá.
No dia 06 de abril, comentei um dos assuntos da semana, a saber, a representação que ativistas LGBT fizeram contra o pastor Silas Malafaia, por suposta incitação à violência contra homossexuais, baseada em fala do mesmo sobre a presença de imagens de santos católicos na Parada do Orgulho LGBT de São Paulo de 2011 (Os paus e pedras do antidemocrático e discriminatório pastor Malafaia).

A fala fez parte do programa do pastor, Vitória em Cristo, exibido em julho de 2011, na TV Bandeirantes, e a transcrevo novamente: “Os caras na Parada Gay ridicularizaram símbolos da Igreja Católica, e ninguém fala nada. É para a Igreja Católica entrar de pau em cima desses caras, sabe? Baixar o porrete em cima pra esses caras aprender. É uma vergonha! Protestar, sabe? Pra poder anunciar, botar pra quebrar. Pagar em jornais notícia. Não querem dar? Paga aí vocês da Igreja Católica. Bota notícia pro povo saber. Isso é uma afronta, senhores.”

Comentei então que, pelo expresso, Malafaia não incitou violência física contra ninguém. Ele apenas exortou a Igreja Católica a criticar duramente os organizadores da Parada, pelo uso dos símbolos católicos na avenida, usando expressões idiomáticas como ênfase. Afirmei, então, que os ativistas LGBT, cansados de outros reais discursos homofóbicos do pastor, resolveram levar ao pé da letra a fala citada e, nesses termos, a utilizaram para "fundamentar" a representação contra ele.

Deixei claro que também reconheço Malafaia como homofóbico, considerando sua atuação contra os direitos civis LGBT. Até enumerei os direitos civis que ele nega a esse segmento da população. E disse ainda que era preciso, portanto, também apontá-lo como antidemocrático. Ponderei, contudo, que não se deveria pensar com o fígado e partir para o vale-tudo, como retaliação, porque assim acabava-se por passar a imagem do ativismo como a de gente extremista, que não consegue sequer distinguir uma expressão figurada de uma fala literal, municiando inclusive o adversário.

Depois distribuí a postagem nas redes sociais, como sempre faço, para divulgá-la, e passei a receber ataques de um gay irado aqui no próprio blog, no Facebook e em listas de discussão. Motivo: o simples fato de ter dito a verdade sobre a manipulação grosseira que fizeram da fala de Malafaia a fim de incriminá-lo (já que incitar a violência  publicamente é crime).

De acordo com o militantã gay, eu teria escrito o que escrevi porque seria leviana (sic), defensora do Reinaldo Azevedo (pois o jornalista também denunciou a tramoia) e - pior - porque seria homofóbica, logo eu que defendo os direitos homossexuais há décadas. Aliás, foi o próprio, como informou online, quem providenciou para que o procurador recebesse o vídeo, do discurso do Malafaia, peça decisória para levar adiante a representação. Ao que tudo indica, como partícipe direto da armação, o militantã quis garantir na base do grito, a ferro e fogo, o que não pode garantir pela lógica.

Sua reação e a de outros de igual mentalidade me levaram a tentar, como segue, uma análise mais extensa dos descaminhos do atual movimento LGBT em suas estratégias crescentemente reativas e estéreis e cada vez menos justas e democráticas.

Será que agora querem criar sentidos distintos para o léxico de acordo com a orientação sexual do ouvinte!!??

Para dar uma dimensão ainda maior à armação de que foi vítima, em seu programa de 07 de abril, Malafaia, ao se defender das acusações dos ativistas LGBT, apresentou os termos em que a representação foi feita. Ele demonstrou, com base nos documentos do imbróglio em foco, que a frase "...baixar o porrete em cima pra esses caras aprender. É uma vergonha", foi transformada, no documento da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) contra ele, em "...baixar o porrete em cima pra esses caras aprender a vergonha."

Depois, na carta do procurador federal ao outro procurador que agora se ocupa do assunto, a mesma frase virou "...o pastor Silas Malafaia promove explicitamente a violência em face de homossexuais ao afirmar que é preciso baixar o porrete em cima para os caras aprender a ter vergonha."

Por fim, no documento do Procurador Regional dos Direitos do Cidadão (SP), Jefferson Aparecido Dias, atualmente encarregado da representação, a conclusão foi a seguinte: "As gírias 'entrar de pau' e 'baixar o porrete' têm claro conteúdo homofóbico por incitar a violência contra os homossexuais, desrespeitando seus direitos fundamentais baseados na dignidade da pessoa humana." Não creio que Malafaia tenha forjado os documentos que apresentou na televisão (o vídeo pode ser visto na íntegra aqui), portanto, considero-os como verídicos e a partir deles teço agora outros comentários.

Antes da defesa de Malafaia em seu programa, apresentando essas provas documentais, eu já havia constatado, como escrevi, que ele falara em sentido figurado ao usar as expressões "entrar de pau" e "baixar o porrete". Com a visualização dos documentos ficou mais claro ainda que, nos dois primeiros, foi transcrita uma das frases ditas pelo pastor, pinçada de seu contexto original e com o final editado para enfatizar a suposta incitação a violência. E, no último documento, embora conste uma maior parte do parágrafo, berço da frase isolada, o procurador atribuiu às expressões idiomáticas "entrar de pau" e "baixar o porrete" claro conteúdo homofóbico, o que é um absurdo linguístico.

Essas expressões, mesmo destacadas do contexto, como são correntes em nosso idioma, já foram dicionarizadas há séculos, ou seja, seu sentido é de consenso da comunidade linguística do português brasileiro, e seu significado é "criticar duramente". Não existe outro, a não ser, dependendo do contexto, "falar mal" de alguém ou de algo.

No caso, Malafaia não precisa recorrer a Chico Buarque de Holanda para dizer que falou metaforicamente ao empregar essas expressões. Basta recorrer a um bom dicionário de expressões idiomáticas, utilizá-lo em sua defesa, e deixar os ridículos, que inventaram esse besteirol, discutir com o pai dos burros. Ainda que os dicionários também estejam sobre o ataque da patrulha politicamente correta, como veremos adiante, sua autoridade como registro dos termos da língua permanece indiscutível entre os racionais. Ou será que agora querem também criar sentidos distintos para o léxico de acordo com a orientação sexual do ouvinte!!??

Experimentando do próprio veneno  

Pelo acima exposto, não resta dúvida de que Malafaia foi vítima de uma manobra com o provável intuito de tentar tirá-lo do ar  por causa de sua oposição ao PLC 122, projeto contra a homofobia, a ser novamente debatido em breve (já está previsto, para maio, debate de "alto nível" entre ele e Toni Reis, o vitalício presidente da ABGLT). E a essa manobra se seguiu uma campanha mais extensa contra o pastor via abaixo-assinado reivindicando que a AVON parasse de comercializar seus livros.

Se ao menos se tratasse de pedido de retirada de títulos específicos sobre "homossexualismo", como dizem os evangélicos, daquele tipo esquizofrênico do "amo o pecador, mas não o pecado", ainda podia ser, mas reivindicar que a empresa deixe de distribuir qualquer livro de Malafaia, por ele ser homofóbico, é outra extrapolação do ativismo LGBT que não deixa nada a dever a seus adversários evangélicos.

A razão dessa última empreitada do ativismo gay teria sido o lançamento, pela editora do pastor, Central Gospel, do livro A Estratégia - O plano dos homossexuais para transformar a sociedade, o delírio paranóico de um reverendo americano, chamado Louis P. Sheldon, que vê nos movimentos pelos direitos civis homossexuais uma estratégia para erradicar a estrutura moral da sociedade e promover relações promíscuas (sic). Acontece que o tal livro sequer consta do catálogo da AVON. Então decidiram inaugurar o boicote preventivo ou realmente acham possível - democraticamente falando - reivindicar que obras de um determinado autor saiam de circulação devido a ele ser malquisto por algum grupo?

O certo é que, com a armação do ativismo LGBT tirando sua frase totalmente fora de contexto para incriminá-lo, Malafaia experimentou do próprio veneno, pois se trata do mesmo tipo de "edição" que ele e outros pastores evangélicos fazem da Bíblia a fim de alicerçar o preconceito e a discriminação contra a população homossexual.

Editando o preconceito

Esses pastores pinçam trechos da Bíblia, onde há condenação a relacionamentos entre pessoas de mesmo sexo, retiram-nos de seu contexto histórico e os trazem para o século XXI, como se fosse possível para a humanidade de hoje, com algumas exceções, viver sob as regras de conduta impostas aos judeus de milênios atrás. E eles sabem disso, a bem da verdade, pois não adotam as demais prescrições, elencadas nesse conjunto de regras, já que acabariam até presos como criminosos se o fizessem (entre outras coisas, há trechos da Bíblia em defesa da escravidão e da submissão da mulher).

Como já comentei em outros textos sobre o tema dos preconceitos de alguns religiosos contra homossexuais, a Bíblia, e todo o livro religioso milenar, tem uma parte que é universal e atemporal, a que lida com as questões existenciais dos seres humanos de qualquer parte e época, onde se exorta o comprometimento contra os males do espírito ou da mente, entre outros, a ira, o orgulho, a inveja, a ganância e a preguiça.

Tem outra parte, contudo, que é historicamente datada, que fala das regras de conduta que foram impostas aos povos da época em que essas normas foram escritas, normas que obviamente não fazem mais sentido nem para a maioria dos judeus do século XXI. Os que buscam seguir a parte historicamente datada dos chamados livros sagrados das grandes religiões, os que leem seus textos literalmente, são os que já se convencionou chamar de fundamentalistas. É gente que não consegue entender piada, que toma ao pé da letra expressões idiomáticas.

À essa leitura literal dos textos bíblicos, muitos evangélicos que ostentam títulos de psicólogos igualmente incorporam visões sobre a homossexualidade, como doença, desvio, anormalidade, que os conselhos e associações de psiquiatria e psicologia não mais aceitam. Incorporam a visão antiga dos sexólogos que criaram o "homossexual" como uma espécie, um terceiro sexo, com características inerentemente distintas das demais pessoas, apesar de essa visão contradizer a ladainha evangélica da "prática homossexual" como vício tratável. Incorporam a visão do "homossexual" com características inerentemente negativas da mesma forma que eugenistas já atribuíram características específicas a judeus e negros. E, ironicamente, como muitos ativistas de direitos de grupos oprimidos atualmente o fazem, só que de forma positivada.

Nessa mistura de leituras literais de textos bíblicos com visões psicológicas defasadas, os evangélicos vivem também pregando a "cura" para o "homossexualismo" que seria não uma orientação sexual mas sim uma prática reversível como, por exemplo, deixar de fumar. Para manter sua retórica discriminatória, naturalmente é preciso negar o componente inato da homo(sexualidade) e afirmar a sexualidade humana como restrita à heterossexualidade institucional a ser purificada da mácula pecaminosa que o sexo carrega, na visão cristã, através do casamento para fins reprodutivos via família nuclear patriarcal.

Não por menos vivem igualmente pregando que os direitos homossexuais ameaçam a família, o que não deixa de ser engraçado, pois uma das bandeiras dos movimentos LGBT, em todo o mundo, é a legalização das famílias homossexuais. Se os LGBT querem que o Estado reconheça suas uniões como famílias, como podem ser acusados de querer destruir a instituição que estão referendando?

Em resumo, os conservadores religiosos, em particular os evangélicos, atacam os direitos de cidadania das pessoas homossexuais tanto pela via cultural como sociopolítica. No plano cultural, pregam que a homossexualidade é uma abominação aos olhos de Deus e uma doença psicológica para a qual eles têm a cura. No plano sociopolítico, trabalham contra os direitos civis das pessoas homossexuais através de seus tentáculos parlamentares, a chamada bancada evangélica, impedindo a união estável e o casamento civil LGBT bem como outros direitos correlatos.

Como disse sobre Malafaia em meu texto anterior, em pleno século XXI, esses pastores do diabo acham que um segmento da população deve ter deveres como os demais mas não pode ter direitos básicos, não pode ter cidadania.

O politicamente correto é o lado "evangélico" do ativismo LGBT

Razões, portanto, não faltam para pessoas homossexuais terem Malafaia e seus asseclas em péssima conta. Entretanto, a forma como se lida com essa gente faz muita diferença. Até ter sua fala retirada do contexto, por ativistas LGBT, para incriminá-lo, Malafaia não tinha nenhuma prova concreta de que os ativistas gays quisessem calar a boca dos religiosos por falarem o que pensam sobre "homossexualismo" ou de perseguí-los. A verdade é bem ao contrário: são os fundamentalistas cristãos que atacam os LGBT. Agora, contudo, ele tem, no mínimo, uma prova incontestável - diga-se de passagem - da má-fé da militância.

Idem para o boicote à AVON por comercializar livros do pastor. Campanhas de boicote, para serem bem-sucedidas, precisam ter foco preciso, no caso, um título específico contra os LGBT, não algo tão difuso quanto às obras todas do Malafaia por ele ser homofóbico. Nessa segunda abordagem, atenta-se contra a liberdade de expressão do autor que tem todo o direito de escrever, para seu público, sobre Deus e a Bíblia. Fora que, segundo consta, a AVON também comercializa livros de outros pastores e padres, o que, por coerência, obrigaria a uma reivindicação de que todos fossem banidos dos catálogos da empresa, algo obviamente inviável.

A verdade é que prevalece, no chamado ativismo LGBT, a perspectiva politicamente correta, uma degeneração das lutas por igualdade de direitos civis de grupos discriminados, lutas essas nascidas libertárias mas tornadas autoritárias, a partir do final dos anos 70, por uma espécie de mesclagem com ideias marxistas ou congêneres.

Nessa perspectiva, frequentemente os ativistas ultrapassam a linha do bom senso e avançam indubitavelmente contra a liberdade de expressão dos indivíduos que não se encaixam em sua visão de mundo (eu incluso). Desde anúncios comerciais, passando por programas e novelas de televisão, falas de artistas e celebridades em geral, obras literárias, até dicionários, todos são acusados indiscriminadamente de estarem ofendendo LGBT, mulheres, negros ou qualquer outra "minoria" menos evidente.

Isso sem falar nas políticas de cotas para negros, mulheres, entre outros, que, à guisa de reparação por discriminações passadas, estabelecem privilégios que acabam por criar novas desigualdades em vez de eliminar as já existentes (acabam de ser sancionadas as infames cotas raciais em universidades brasileiras).

Só para citar alguns dos últimos exemplos dessa perda de discernimento e de ridículo de parte de ativistas politicamente corretos: no exterior, a Divina Comédia, de Dante Alighieri, foi rotulada de homofóbica, antissemita e islamofóbica, e ameaçada de ostracismo; no começo deste mês, o Conselho Estadual dos Direitos do Negro (Cedine-RJ) resolveu ameaçar com multa comerciante carioca por vender bonecas negras mais barato do que brancas, em afronta à lei da oferta e da procura, e, no fim de fevereiro último, até o dicionário Houaiss foi vítima de ação do Ministério Público Federal sob alegação de que a obra contém referências ‘preconceituosas’ e ‘racistas’ contra ciganos. A Procuradoria disse à época que queria retirar de circulação exemplares do dicionário e exigia a supressão dos termos e o pagamento, pela editora Objetiva e Instituto Antônio Houaiss, de R$ 200 mil de indenização por dano moral coletivo.

De todos os exemplos citados, absurdos sem exceção, o mais impressionante é o do dicionário. Essa gente é tão néscia que não sabe sequer para que serve um dicionário!? Dicionários são meros registros dos termos usados pela população, ou seja, termos consagrados, em suas distintas acepções, pelo uso dos falantes de uma determinada comunidade linguística.

Dicionários não são normativos, não prescrevem regras aos usuários do idioma, não registram termos pejorativos com a intenção de ofender seja a quem for mas simplesmente por que eles existem na língua portuguesa. São apenas arquivos-vivos de nosso idioma (de qualquer um). Me sinto inclusive ridícula dizendo tal coisa, tomada por vergonha alheia diante de tamanha boçalidade.

O pior desses ataques politicamente corretos ao bom senso e à cultura é que eles deixaram de ser realizados apenas pelas chamadas ONG, na base de polêmicas via imprensa, e vêm se alastrando por órgãos governamentais como, nos casos citados, o CEDINE e o Ministério Público Federal.

Em outras palavras, parte-se agora dos protestos, contra supostas ou reais falas ofensivas, a penalizações via multas e até criminalização com base em critérios dignos de constar da distopia 1984 de George Orwell. Ver, sobre o assunto, aliás, o ótimo texto Senhor Procurador, leia o verbete “dicionário” da jornalista Elaine Brum. Cumpre alertar para o fato de que tais iniciativas abrem um provável leque de injustiças e arbitrariedades sem conta das quais ninguém está a salvo.

Naturalmente, pela abrangência dos ataques politicamente corretos, fica difícil manter a versão dos ativistas de que combatem apenas os discursos de ódio, presentes, por exemplo, nas falas de Malafaia e de outros pastores e conservadores, mas não a liberdade de expressão religiosa ou qualquer outra. Quando se atribuem ofensas a dicionários, afirma-se que expressões idiomáticas têm sentido diferente do dicionarizado para um grupo social em particular, quando se faz boicotes a empresas para que não publiquem livros de um determinado autor, independente do conteúdo das obras, podemos afirmar que, sem dúvida, não é contra discursos de ódio que se está lutando mas sim contra a memória da língua, contra as liberdades individuais e contra a democracia.

O politicamente correto tem a sanha autoritária de querer que a sociedade espelhe sua cartilha, buscando inclusive punir quem não o faz. A mesma sanha que, no caso dos evangélicos, quer tornar a Bíblia, de uma ótica conservadora, a constituição do Brasil.

Os rotos contra os rasgados contra a democracia

Pelo exposto, pode-se afirmar que tanto a maioria dos ativistas LGBT atuais quanto esses pastores evangélicos são farinhas do mesmo saco de gatos autoritários que incluí, entre outros, fundamentalistas religiosos, conservadores em geral, comunistas e socialistas e os politicamente corretos.

Embora falem em nome de uma população de fato estigmatizada e em clara desvantagem social se comparada ao restante da população, os ativistas LGBT do tipo politicamente correto atuam de forma muito parecida com a dos pastores evangélicos, vide a edição da fala de Malafaia, tirada de seu contexto original, não muito diferente da edição feita pelos conservadores de textos da Bíblia. Também ambos os grupos conflitantes buscam se valer do Estado não apenas para repercutir suas ideias mas igualmente para tentar impô-las ao conjunto da sociedade por meio de sanções e projetos de lei esdrúxulos.

Embora ambos os grupos invoquem o Estado de Direito, no que lhes convêm, seu desapreço pelos princípios democráticos é evidente. Os pastores evangélicos invocam a liberdade de expressão para sair veiculando sua mui discutível versão da Bíblia, mas não hesitam em atentar contra um dos princípios básicos da democracia, que é o da igualdade de todos perante a lei (isonomia), ao obstar os direitos civis dos homossexuais.

Também não respeitam outro princípio básico das democracias que é a separação entre assuntos religiosos e de Estado, criando projetos para distribuir Bíblias em escolas públicas e obrigar alunos dessas escolas a rezar em início de aula, atentando contra a liberdade de crença de crianças e adolescentes. Sem falar na realização de cultos até no Congresso Nacional. Essa gente age como se o Estado fosse a casa da mãe joana de Cristo.

Os ativistas LGBT politicamente corretos, por sua vez, frequentemente ultrapassam a tênue fronteira entre o combate cultural aos chamados discursos de ódio e a liberdade de expressão, atentando contra esta última, outro dos pilares da democracia, por meio de patrulhamento das mais diversas expressões culturais, buscando agora até incriminar pessoas sob falsas acusações. É notória sua incapacidade de conviver com a diversidade de opiniões e críticas até da própria comunidade a quem dizem representar.

Essa gente - ambos os acima citados - tem mentalidade de torcida organizada de clube de futebol, de gangue de rua, de tropa de choque, onde prevalece o antagonismo social, o "nós contra eles", a construção de muros em vez de pontes, a consagração do particular em detrimento do universal. Na verdade, ainda que opostos em termos de discurso, são grupos que se retroalimentam com seus respectivos fanatismos e intransigências. Para eles, relativizar as coisas significa abaixar a cabeça para o “inimigo”.

Um prisma adulterado

Uma das mais recentes polêmicas entre essas turmas, ativistas gays x conservadores religiosos,  girou em torno da imagem escolhida para ilustrar os folhetos de divulgação da Parada LGBT de Maringá (PR), como se vê no início da postagem. Nela, uma luz incide sobre o lado direito do cume da Arquidiocese de Maringá e o explode do lado direito resultando em um arco-íris.

Se o uso de imagens de santos católicos na Parada de São Paulo já foi controverso, apesar do objetivo de fazer campanha pelo uso da camisinha (não esquecendo que a Igreja é contra a utilização de preservativos), o que dirá dessa imagem de um arco-íris explodindo o cume de uma arquidiocese!? Como explicar tal escolha infeliz, para dizer o mínimo?

O editor do site Maringay, responsável pela peça, declarou que não se teve intenção de ofender a Igreja, mas sim de representar "uma Maringá que cresce, aceita e quer trazer todas as pessoas para ajudar a construir essa cidade, com todo respeito nas relações pessoais". A autora da peça, uma ilustradora e designer, chamada Elisa Riemer, declarou ter se inspirado na capa do famoso álbum de rock do Pink Floyd, The dark side of the moon, onde um facho de luz incide sobre um dos lados de um triângulo que, como um prisma, o decompõe do outro lado em várias cores.

Acontece que, num efeito de prisma, como aliás, na capa do álbum, o facho de luz incide sobre um dos lados do objeto e simplesmente sai do outro todo colorido. Na imagem da ilustradora, o facho de luz explode o cume da imagem da arquidiocese deixando passar um arco-íris. Essa explosão não condiz com a dita intenção de transmitir uma mensagem de conciliação e respeito mútuo entre todos os habitantes de Maringá. Parece mesmo uma provocação.

E como tal foi sentida por católicos mais tradicionalistas, como o de um site chamado Apostolado Tradição em foco, onde, para se dar uma ideia a quantas anda o acirramento de ânimos nesta estúpida contenda, o editor afirma sobre o assunto, em postagem intitulada Folder gay ridicularizando catedral de Maringá.

"- Que inveja tenho da Uganda, Irã, Mauritânia, Arábia Saudita, Sudão, Iêmen e mais 156 países em que homossexuais são executos à sangue frio!

Isso aí nem de longe é liberdade de expressão. Isso é desrespeito claro e aberto à nossa fé.

Estão se sentindo bem a vontade para acabar conosco em zombarias, isso porque ainda não houve uma oposição cerrada por parte de muitos de nós e da Igreja."

E termina pedindo para os leitores entrarem em contato com a Arquidiocese de Maringá a fim de solicitar que o departamento jurídico da instituição tome providências para processo e retratação pública dessa ofensa à Igreja de Cristo.

Dado o caráter excessivo da primeira frase, posteriormente o editor a retirou da postagem e fez uma retratação:

"Reconhecendo que a frase inicial não era coerente ao modo sensato e cristão de expressar a indignação pela falta de respeito a um templo religioso, o editor pede desculpas publicamente e a retira do artigo. A frase foi escrita em um momento de muita indignação e não reflete o seu modo de pensar."

Uma olhada nos comentários sobre essa postagem do site católico e outros textos relativos a ela exemplifica bem o que procurei descrever neste meu texto. Embora o site não seja evangélico e sim católico comunga da ideia dos pastores de combater o "homossexualismo" e os direitos civis dos homossexuais. Por outro lado, no que diz respeito à imagem em pauta, o editor não mediu as palavras antes de expressar sua revolta contra o que parece de fato uma provocação gratuita contra sua fé.

No último capítulo dessa novela, o arcebispo de Maringá, dom Anuar Batisti perdoou o editor do Maringay, Luis Modesto, pela imagem provocadora, e disse que pretende criar até uma Pastoral da Diversidade pela igreja paranaense. Trégua em meio à guerra!? Parece que não, pois já se abriu outro foco de discórdia: o Pe. Marcelo Rossi declarou, na revista Quem, desta última semana de abril, que “Casamento entre homossexuais não é de Deus". E claro já provocou reações indignadas desta vez nas falanges LGBT.

Parece que também no hábito de criar factóides ambos os lados se igualam e vão acirrando os ânimos de seus devotos e atentando contra a democracia enquanto airadamente invocam os princípios democráticos naquilo que lhes interessa e os esqueçam naquilo que não lhes convêm.

Pessoalmente, não sei o que mais me espanta: se os textos medievais dos carolas de Cristo, a respeito de tudo mas em particular sobre "homossexualismo", ou se as tentativas politicamente corretas de atribuir a dicionários e expressões idiomáticas supostas ofensas a uns e outros. Como se diz popularmente, parece que bebem.

Por uma luz no fim do túnel dos intolerantes

Já está se tornando uma rotina para mim, em redes sociais e em sites e blogs, comentar que o Brasil está bem servido de autoritários de vários tipos mas falto de democratas e libertários. Não poderia deixar de reiterar essa minha preocupação neste texto ao finalizá-lo. O país está parecendo um campo minado com bombas autoritárias para todos os lados fazendo do simples transitar um ato de coragem pelo medo de pisar em falso.

Anda difícil viver assim. Apesar de não termos uma tradição de liberdade, no sentido institucional, pois nossos governos têm sido mais uma alternância de regimes autoritários do que de democráticos, no plano social paradoxalmente sempre cultivamos, talvez até por hipocrisia mesmo, as relações de tolerância sobretudo religiosa e racial. Hoje, contudo, estamos ameaçados de perder essa que é uma das nossas poucas qualidades em prol de um embate permanente entre grupos sociais radicalizados.

Em todos os segmentos da população, inclusive entre católicos e evangélicos, encontram-se pessoas dispostas a pensar com o cérebro e não com o fígado, dispostas a incluir em vez de excluir, conscientes de que a democracia exige respeito a todos os seus princípios que não podem ser usados simplesmente ao gosto do freguês. Gente que sabe que visões religiosas, de natureza privada, não podem ser empregadas para impedir qualquer segmento da população de ter direitos civis, de ter escolhas. Gente que também, por outro lado, não se melindra por qualquer coisa, não fica vendo pelo em casca de ovo, entende piada e saber rir de si mesma, essa condição fundamental para o cultivo da humildade que nos faz ser mais flexíveis e tolerantes a respeito de tudo. Bons tempos aqueles em que gay significava também "alegre"!!

Sobretudo na luta pelos direitos civis das pessoas homossexuais, urge que as correntes moderadas e democráticas do ativismo e da comunidade LGBT se pronunciem de forma mais veemente contra os abusos das alas fanáticas e intolerantes. Estas não só não beneficiam a população LGBT em nada - suas estratégias têm sido marcadas pelo fracasso e a esterilidade - como prejudicam inclusive as outras demandas justas da pauta homossexual, acirrando a hostilidade da população contra os LGBT. O ativismo politicamente correto é "do contra", contra qualquer um, tornado inimigo por apenas discordar dele, e não a favor dos direitos homossexuais.

Basta ver que, enquanto o deputado Jean Wyllys lançava sua campanha a favor do casamento civil igualitário, sem grandes repercussões, a maioria dos ativistas estava mais preocupada em fazer armações contra Malafaia e em fazer boicote contra a AVON. Vale lembrar, aliás, que o parecer positivo do Supremo Tribunal Federal, sobre a união estável homossexual, só se deu porque ativistas mais à margem do movimento tomaram a iniciativa de pedir análise sobre a constitucionalidade do impedimento desse instituto civil para casais de mesmo sexo, tendo em vista o princípio da isonomia.

O ativismo oficial foi, por muitos anos, contra essa bandeira, por considerá-la uma demanda burguesa (sic), priorizando o polêmico projeto contra a homofobia, projeto sobre o qual nunca houve consenso sequer entre a militância LGBT. Falo do texto do projeto e não da necessidade - que reconheço - de tipificar a homofobia como o crime motivado pelo preconceito contra a homossexualidade real ou presumida da vítima.

A democracia dá direitos mas também impõe deveres e limites. Boicotar uma empresa por vender livros preconceituosos, contra qualquer segmento da população, é do jogo democrático numa sociedade capitalista onde o consumidor tem poder. Boicotar essa empresa por vender livros de simples temática religiosa, pelo autor dos mesmos ser considerado discriminatório, é avançar contra a liberdade de expressão e flertar com a censura, essa senhora que não gosta de sociedades democráticas.

Batalhar para que o Estado laico no Brasil passe a existir de fato, impondo limites aos que sonham com um governo teocrático, é luta das mais democráticas. Mas essa luta não é de mão única: não se pode querer também que o Estado interfira em assuntos religiosos, tentando censurar o que dizem os conservadores em púlpitos e em outros espaços específicos. Dentro do âmbito religioso, são os fiéis de cada fé que devem trabalhar para que as correntes liberais prevaleçam sobre as conservadoras, como vêm acontecendo em todo o mundo , com base numa analogia com o princípio da isonomia civil, ou seja, todos são iguais aos olhos de Deus porque feitos à sua semelhança, por conseguinte, todos devem ser acolhidos em Igrejas, templos, sinagogas, centros, sem discriminação.

Isso não significa que não se possa entrar com representações contra discursos caluniosos que certos fundamentalistas ou quaisquer de seus devotos façam contra a população LGBT. A maioria desses conservadores costuma estabelecer ligações espúrias entre homossexualidade e pedofilia, acusando, portanto, a população homossexual de crime de estupro de vulnerável. Se é possível apelar para o Ministério Público Federal a fim de acionar editores de um dicionário - o cúmulo do absurdo - por suposto dano moral coletivo, como até agora os xiitas do politicamente correto não usaram dessa arma contra esses religiosos caluniadores? Como se explica sua opção por pedidos de retratação sob acusações falsas quando existem as verdadeiras?

Sempre há diferentes formas, diferentes caminhos para se alcançar um objetivo justo: pela via democrática, com base na ideia poderosa da igualdade perante a lei, que também se projeta sim sobre a igualdade real e está sedimentada no imaginário coletivo; ou pela via autoritária, querendo calar a boca de adversários na base da armação e da censura às falas e produções alheias devido a excesso de melindres e de temperamento irascível. A primeira soma; a segunda divide e diminui a todos.

Está mais do que na hora do ativismo LGBT fazer a escolha certa, retomar o caminho traçado por sua herança libertária e contribuir com a democracia em vez de tentar solapá-la. Só assim o respeito pela diversidade, em todos os sentidos, que tanto se prega da boca para fora, pode de fato se tornar uma realidade.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Oásis de Bethânia: contido e elegante


Algumas cantoras se tornam antológicas e embora, com o passar do tempo, apenas se reciclem, como, por exemplo, no pop, Madonna, e, na MPB, Maria Bethânia, continuam melhores do que as suas contemporâneas. É o caso das últimas produções dessas artistas, onde não há grandes inovações, mas, mesmo assim, a qualidade do trabalho permanece acima da média. 

Em Oásis de Bethânia, a cantora baiana fez um CD intimista, contido, sem as grandiloquências dramáticas que já caracterizaram muitos de seus trabalhos, mas com uma certa melancolia bem no ponto, resultando em um todo elegante e agradável de ouvir.

Boa maneira de recuperar sua imagem um tanto desgastada pela participação, em 2011, na tentativa de realização de um blog milionário, onde declamaria poesias, a ser financiado via Ministério da Cultura. Em entrevista à revista Época, ela inclusive diz que deu, na música Carta de Amor, uma resposta  indireta aos que a criticaram. 

Posto abaixo o vídeo desta música e também o da música Fado, uma das minhas preferidas. Na página de vídeos do blog, posto todas as músicas do Oásis da Bethânia.  Dá para apreciar sem moderação.

Faixas do CD 
01. Lágrima
02. O Velho Francisco Part. Esp. Lenine
03. Vive Part. Esp. Djavan
04. Casablanca
05. Calmaria
06. Fado
07. Barulho
08. Lágrima (Citação)
09. Carta de Amor
10. Salmo

Carta de Amor
Não mexe comigo que eu não ando só
eu não ando só, que eu não ando só
não mexe não (2x)

Eu tenho Zumbi, Besouro o chefe dos Cupis
sou Tupinambá, tenho Erês, caboclo boiadeiro
mãos de cura, Morubichabas, Cocares, Arco-íris
Zarabatanas, Curarês, Flechas e Altares.

A velocidade da luz no escuro da mata escura
o breu o silêncio a espera. Eu tenho Jesus,
Maria e José, todos os Pajés em minha companhia
o menino Deus brinca e dorme nos meus sonhos
o poeta me contou.

Não mexe comigo que eu não ando só
eu não ando só, que eu não ando só
não mexe não (2x)

Não misturo , não me dobro a rainha do mar
anda de mãos dadas comigo, me ensina o baile
das ondas e canta, canta, canta pra mim, é do
ouro de Oxum que é feita a armadura guarda o
meu corpo, garante meu sangue, minha garganta
o veneno do mal não acha passagem e em meu
coração Maria ascende sua luz, e me aponta o
caminho.

Me sumo no vento, cavalgo no raio de Iansã,
giro o mundo, viro, reviro tô no recôncavo
tô em face, vôo entre as estrelas, brinco de
ser uma traço o cruzeiro do sul, com a tocha
da fogueira de João menino, rezo com as três

Marias, vou além me recolho no esplendor das
nebulosas descanso nos vales, montanhas, durmo
na forja de algum, mergulho no calor da lava
dos vulcões, corpo vivo de Xangô

Não ando no Breu nem ando na treva
Não ando no breu nem ando na treva
é por onde eu vou o Santo me leva
é por onde eu vou o Santo me leva(2x)

Medo não me alcança, no deserto me acho, faço
cobra morder o rabo, escorpião vira pirilampo
meus pés recebem bálsamos, unguento suave das
mãos de Maria, irmã de Marta e Lázaro, no
Oásis de Bethânia.

Pensou que eu ando só, atente ao tempo num
comece nem termine, é nunca é sempre, é tempo
de reparar na balança de nobre cobre que o rei
equilibra, fulmina o injusto, deixa nua a justiça

Eu não provo do teu féu, eu não piso no teu chão
e pra onde você for não leva o meu nome não
e pra onde você for não leva o meu nome não(2x)

Onde vai valente? você secô seus olhos insones
secaram, não veêm brotar a relva que cresce livre
e verde, longe da tua cegueira. Seus ouvidos se
fecharam à qualquer musica, qualquer som, nem o
bem nem o mal, pensam em ti, ninguém te escolhe
você pisa na terra mas não sente apenas pisa,
apenas vaga sobre o planeta, já nem ouve as
teclas do teu piano, você está tão mirrado que
nem o diabo te ambiciona, não tem alma você é
o oco, do oco, do oco, do sem fim do mundo.

O que é teu já tá guardado
não sou eu que vou lhe dar,
não sou eu que vou lhe dar,
não sou eu que vou lhe dar.(2x)

Eu posso engolir você só pra cuspir depois,
minha forma é matéria que você não alcança
desde o leite do peito de minha mãe, até o sem
fim dos versos, versos, versos, que brota do
poeta em toda poesia sob a luz da lua que deita
na palma da inspiração de Caymmi, se choro quando
choro e minha lágrima cai é pra regar o capim que
alimenta a visa, chorando eu refaço as nascentes
que você secou.

Se desejo o meu desejo faz subir marés de sal e
sortilégio, vivo de cara pra o vento na chuva e
quero me molhar. O terço de Fátima e o cordão de
Gandhi, cruzam o meu peito.

Sou como a haste fina que qualquer brisa verga
mas, nenhuma espada corta
Não mexe comigo que eu não ando só
eu não ando só, que eu não ando só(2x)
não mexe comigo



quarta-feira, 25 de abril de 2012

Clipping legal: A constitucionalidade das cotas raciais no Brasil

racismo
Obama no histórico ônibus em que Rosa Parks foi presa em 1955 por ter se recusado
 a dar o seu lugar para um homem branco. Foto Pete Souza/Casa Branca

A constitucionalidade das cotas raciais no Brasil

Yvonne Maggie

Abrir o jornal e ver a foto de Barack Obama sentado em um ônibus antigo do sul dos EUA, olhando de lado pela janela, já produz emoção. Logo abaixo as imagens do mesmo veículo, há cinquenta anos atrás, e de Rosa Parks, a americana que foi retirada do ônibus pela polícia e presa por se recusar a ceder o lugar a um homem branco, no Alabama, trazem recordações sobre o estopim dos movimentos civis americanos que culminaram com a assinatura da Lei de Direitos Civis de 1964 e, um ano depois, a Lei de Direito ao Voto para os negros.

Andei em um ônibus parecido com este em 1961 no Tennessee, sul dos EUA e, desavisada, sentei-me no último banco. Não percebi que os passageiros se dividiam em brancos e negros – brancos na frente e negros atrás –, pois para mim, brasileiríssima, aos dezesseis anos, todos eram simplesmente pessoas. Senti muitos olhares estranhos na viagem de Nashville a Knoxville, uma cidade nas montanhas, sem atinar com o motivo. Quando paramos no meio da viagem, em uma lanchonete de beira de estrada, vi duas portas; em uma delas estava escrito colored only. Não percebi o significado daquele aviso e entrei pela porta reservada apenas às pessoas ditas negras. Lá dentro, no balcão, os sucos e sanduíches servidos eram iguais para todos os passageiros, mas as pessoas mais escuras estavam de um lado e as mais claras do outro. Fiquei entre os mais escuros apesar dos meus cabelos longos e louros e minha pele clara. Só quando cheguei ao destino e me encontrei com minha irmã e meu cunhado americano, que lá viviam e me explicaram as regras, pude entender porque havia aquela porta e porque o ônibus era assim dividido. Os americanos do Sul viviam sob a lei Jim Crow. Os cidadãos não eram iguais diante da lei e negros não votavam. Moravam em bairros separados e eram tratados de modo diverso.

Dez anos mais tarde voltei aos EUA, depois da Lei dos Direitos, promulgada em 1964. Nos ônibus não havia mais separação legal entre negros e brancos graças a Rosa Parks, mas os EUA continuavam cindidos racialmente. No Texas, em 1971, tive a exata noção do que significa viver em um país construído pela segregação legal.

Em Thirteen ways of looking at a black man, de Henry Louis Gates Junior, professor de Harvard, há uma história reveladora do que se passou depois da lei dos direitos. Neste livro, Harry Belafonte conta que alguns anos depois de 1964 fora convidado para fazer um filme. O produtor, muito animado, lhe dissera: “Harry, será maravilhoso, vamos fazer um filme dirigido e estrelado por negros, produzido por negros, com música feita por negros e vai ser belíssimo”. Ao que o ator, nervoso, respondeu: “Não quero fazer parte disso, passei tantos anos lutando para sair do gueto, não serei eu a me enfiar de novo nele”. Gates conta que durante a entrevista, após esta declaração de Harry, seguiu-se um silêncio constrangedor, só quebrado com uma sonora gargalhada do entrevistado e a seguinte frase: “Eu não aceitei a armadilha, mas é claro que Sidney Poitier aceitou e ficou rico estrelando todos aqueles filmes”.

No país da segregação racial e da lei Jim Crow cotas raciais foram consideradas inconstitucionais em 1978, no famoso caso Regents of the University of Califórnia versus Bakke (1978), e a decisão foi reafirmada em 2003, nos julgamentos envolvendo a Universidade de Michigan, Grutter versus Bollinger et al. A Suprema Corte nos dois casos considerou inconstitucional a reserva de vagas para minorias em universidades. Em 2007, novamente, a Corte Suprema americana se viu diante da mesma questão, desta vez a respeito de crianças brancas que haviam sido preteridas em algumas escolas do distrito de Seattle que praticavam uma política de discriminação positiva. A corte decidiu que a cor da pela não deveria mais ser usada para matricular crianças em uma escola ou outra, pois segundo a maioria dos juízes, obrigar os indivíduos a se definirem racialmente tinha o efeito de perpetuar a proeminência da “raça” na vida pública americana. Um dos juízes da Suprema Corte Americana foi além ao dizer: “Fazer com que a raça tenha existência agora para que não tenha no futuro fortalece os preconceitos que queremos extinguir”.

Diante da eminência do julgamento, dia 25 de abril, da constitucionalidade das cotas raciais na UnB pelo STF, penso que os juízes de nossa Corte Suprema devem levar a sério a posição majoritária na decisão da Corte em 2007. Muitos dos intelectuais que assinaram a Carta dos cento e treze cidadãos antirracistas contra as leis raciais entregue ao Presidente do STF em abril de 2008 já disseram em várias ocasiões que, no Brasil, as cotas raciais não só consolidarão as categorias raciais, mas as farão literalmente existir.

O gesto de Rosa Parks em 1955 visava extinguir a diferença e a desigualdade legal entre brancos e negros nos EUA e acabar com o gueto.Vemos, porém, que até hoje os americanos se veem às voltas com a questão registrada por Harry Belafonte em 1960, porque não conseguem se livrar da terrível desgraça que lhes foi imposta pelos dominadores britânicos e perpetuada pelas leis até os anos 1950. A foto de Barack Obama naquele ônibus representa a necessidade de lembrar sempre dos heróis, anônimos ou não, que optaram por sair do gueto, não aceitá-lo jamais, nem que seja por força da discriminação positiva, ou afirmativa.

Os brasileiros que como eu, nos meus dezesseis anos e até hoje, não se veem e não foram legalmente divididos em brancos e negros, em sua grande maioria não aceitam as leis raciais. Mas quem os representa? Na audiência pública realizada em 2010 no STF a maioria dos convidados a se pronunciar era favorável às cotas raciais. Neste julgamento que se avizinha apenas duas vozes estarão defendendo a posição de Rosa Parks. A maioria quer reforçar a “raça” para depois extingui-la. Nem sempre a posição majoritária prevalece nestas situações, mas neste caso temo pela sorte do povo brasileiro, que preferiu ao longo de séculos se pensar a partir da metáfora dos três rios que se juntam em um novo e caudaloso, que não criou leis segregacionistas e não proibiu o casamento entre pessoas de cores diferentes. Será mesmo que estes juízes conhecem suficientemente a História para decidirem sobre o destino de todos os brasileiros?

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Divulgando a corajosa participação do grupo Revoltados On Line contra concessão de terreno para Instituto Lula

Um grupo de corajosos cidadãos paulistanos, intitulados Revoltados On Line,  foram à Câmara Municipal protestar contra a vergonhosa concessão de terreno público, avaliado em R$ 20 milhões,  para a construção do Instituto Lula, que abrigará o Memorial da Democracia, uma espécie de museu em homenagem ao ex-presidente Lula. Fosse para quem fosse, a concessão seria uma vergonha. Sendo para quem é, a vergonha é dobrada, pois um dos populistas mais autoritários da história da República jamais poderia ser homenageado com memorial da democracia construído em terreno público. 

Divulgo o vídeo que fizeram sobre o evento e a lista da maioria de picaretas que votou em mais essa infâmia contra a população paulistana. Eles vão tentar se reeleger. Anotem os nomes para dar uma resposta nas urnas a esses senhores que votaram SIM.

E apreciem a descompostura dos vereadores Agnaldo Timóteo, Carlos Apolinário, Roberto Tripoli, como se não bastasse terem dito "sim" ao projeto indecoroso.

Sim 37 Não 10Não votaram 7 - Abstenção 1
Abou Anni PV 
Agnaldo Timóteo PR 
Alfredinho PT
Antonio Carlos Rodrigues PR
Arselino Tatto PT
Atílio Francisco PRB 
Carlos Apolinario DEM
Carlos Neder PT 
Chico Macena PT
Claudio Prado PDT
Dalton Silvano PV 
David Soares PSD 
Domingos Dissei PSD 
Donato PT 
Edir Sales PSD 
Eliseu Gabriel PSB
Francisco Chagas PT
Goulart PSD 
Ítalo Cardoso PT
Jamil Murad PCdoB 

José Américo PT
José Ferreira (Zelão) PT 
José Police Neto PSD
Juliana Cardoso PT 
Juscelino Gadelha PSD
Marco Aurélio Cunha PSD 
Marta Costa PSD
Milton Ferreira PSD 
Noemi Nonato PSB 
Paulo Frange PTB 
Quito Formiga PR 
Ricardo Teixeira PV 
Roberto Tripoli PV 
Russomano PP
Senival Moura PT

Ushitaro Kamia PSD 
Wadih Mutran PP
Adilson Amadeu PTB 
Aníbal de Freitas PSDB 
Aurélio Nomura PSDB 
Claudio Fonseca PPS 
Floriano Pesaro PSDB 
Gilson Barreto PSDB 
José Rolim PSDB 
Tião Farias PSDB
Natalini PV 

Celso Jatene PTB Abstenção
Aurelio Miguel PR 
Adolfo Quintas PSDB 
Claudinho de Souza PSDB 
Milton Leite DEM 
Netinho de Paula PCdoB Sandra Tadeu DEM 
Souza Santos PSD 
Toninho Paiva PR

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Marcha contra a corrupção 2012


Novamente voltam às ruas os brasileiros cansados da corrupção que vem degenerando não só a classe política e as estruturas democráticas do país como o próprio tecido social brasileiro. 

A imagem acima apresenta o local de concentração da marcha em São Paulo. Abaixo seguem os locais de outras cidades onde já há manifestações confirmadas. Não importa se forem 300 ou 3000 à marcha de sua cidade. O importante é criar o hábito de protestar contra os desmandos sem conta da classe política brasileira que se acha acima da sociedade porque essa mesma sociedade - até agora - tem permitido que isso aconteça. 

Mais uma vez:  Brava gente brasileira, longe vá temor servil. Vamos dar um basta nessa gente!!!

42 cidades confirmadas
AM- Manaus 16h na Ponte do Bilhares
http://www.facebook.com/events/306849572708958/

BA - Salvador - FAROL DA BARRA AO CRISTO. horário: concentração as 15h saída as 16.
http://www.facebook.com/events/171371729640653/

CE - Juazeiro do Norte- 16 - Concentração em frente ao Cirão
http://www.facebook.com/events/322023191191074/

ES - Cachoeiro de Itapemirim - 10:30 frente ao Teatro Municipal Rubem Braga
https://www.facebook.com/events/268631899880382/

ES - Vitória - 16h na Praça 8
http://www.facebook.com/events/365931430106472/

GO - Goiânia - 10h na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás
https://www.facebook.com/events/245037128905537/

MA - São Luiz - 15h no Retorno da Cohama
http://www.facebook.com/events/315952321796037/

MG - Alfenas - 16h na Praça Getulio Vargas
http://www.facebook.com/events/281050948631536/

MG - Belo Horizonte 16 h na Praça da Liberdade http://www.facebook.com/events/305472889508215/

MG - Governador Valadares - 10h na Praça em frente ao GV Shopping
https://www.facebook.com/events/165253203590111/

MG - Uberaba- 16h na prefeitura municipal
http://www.facebook.com/events/137874299667888/

MS - Campo Grande - 10h na Praça da República - Radio Clube
https://www.facebook.com/events/302478469812671/

MT- Cáceres - 16h na Praça Major João Carlos http://www.facebook.com/events/342666055776877/

PA - Belém - 9H Praça da republica até a Assembléia Legislativa do Pará
https://www.facebook.com/events/134987776623698/

PE - Recife - 14h no Marco Zero
https://www.facebook.com/events/282438591823373/

PI - Teresina - 16h na Av. Frei Serafim (av. dos indignados)http://www.facebook.com/events/257076217708925/

PR - Curitiba - 10:00 na Boca Maldita
https://www.facebook.com/events/316247155089578/

PR - Pato Branco - 16h na Saída da Praça São Pedro http://www.facebook.com/events/332570376779385/

RJ - Rio de Janeiro - 16h em Copacabana no Posto 4 https://www.facebook.com/events/116216801836990/

RJ - Volta Redonda. 16h na Praça Brasil (Vila Santa Cecilia)
http://www.facebook.com/events/361859843847857/

RN - Natal - 16h no Bom Preço da Roberto Freire em Frente ao Sal e Brasahttp://www.facebook.com/events/356344534409403/

RS - Passo Fundo - 16h na praça marechal Floriano - http://www.facebook.com/events/278277132243983/

RS - Porto Alegre - 16h no Largo Glênio Peres - Mercado Público https://www.facebook.com/events/202291143202746/

SC - Araranguá -16 horas em frente a igreja matriz https://www.facebook.com/events/347737515248213/

SC - Blumenau - 17 h na Praça do Biergarten  https://www.facebook.com/events/164339610346183/

SC - Brusque - 10h na Praça barão de Schneeburg https://www.facebook.com/events/242526592493300/

SC- Joinville - 15h em Frente da Prefeitura Municipal http://www.facebook.com/events/343154072382280/

SC - Florianópolis 16h Calçadão da Beira Mar Norte http://www.facebook.com/events/261912087217319/

SE - Aracaju - 16h no Mirante da 13 de julho   https://www.facebook.com/events/191721160929422/

SP - Bebedouro - 16h na Praça José Stamato Sobrinho  https://www.facebook.com/events/333832449991711/

SP - Campinas - 16h no Largo do Rosário         http://www.facebook.com/events/315390391837184/

SP - Itu - 16h na concentração na Praça da Matriz, (Praça Padre Miguel) https://www.facebook.com/events/292966204105640/

SP - Marilia 16h no cruzamento da Av. Sampaio Vidal com a R. São Luizhttp://www.facebook.com/events/332355796811409/

SP - Osasco - 16 horas LOCAL A DEFINIR   https://www.facebook.com/events/287232344664467/

SP - Ribeirão Peto - 16h em frente ao Teatro Dom Pedro II
https://www.facebook.com/events/268830816523682/

SP - São Paulo - 16:00 no Masp
http://www.facebook.com/events/258811937524099/

SP - São José do Rio Preto - 16h Represa Municipal - Saída na Roda de Capoeira http://www.facebook.com/events/253939461348054/

SP- Sorocaba - 16h na Praça Fernando Prestes - Catedral http://www.facebook.com/events/119566834836085/

SP - Taubate - 16h na Praça Santa Terezinha
http://www.facebook.com/events/112444958883491/

TO - Cariri - 16h Concentração em frente ao Cirão, vamos marchar até o cruzamento no Shopping https://www.facebook.com/events/322023191191074/

TO- Palmas 16h Na Praça dos Girassois
http://www.facebook.com/events/367183373305203/

Apoiamos

DF - Brasília - 10h concentração no museu nacional https://www.facebook.com/events/183551501746954/

Fonte: Dia do Basta à Corrupção

terça-feira, 17 de abril de 2012

O Sagrado e o Profano juntos com Michel Teló \lol/

Cristo dança Ai Se eu te pego
Realmente, impressionante como a música Ai Se Eu Te Pego, cantada pelo Michel Teló, de autoria disputadíssima, virou hit mundial, interpretada pelos mais variados artistas, e presença garantida até em situações inusitadas.

Tanto que deu as caras, durante a procissão da Semana Santa, numa cidade espanhola chamada Alhama de Murcia, tocada por uma bandinha e dançada por confrades carregando a imagem do Jesus Ressuscitado. E parece que esses confrades são mesmo chegados no profano, pois, em 2010, já haviam dançado ao ritmo da Waka Waka da Sahkira (bem menos profana que a musiquinha do Teló, né?). 

Ou de repente - quem sabe - não  haja mais em comum entre o sagrado e o profano do que sonham os melindrados das várias ideologias políticas e religiosas? De qualquer forma, como são os confrades que estão carregando o Cristo ao som do Ai se eu te pego - e quem sou eu para discutir com eles - acho que ninguém irá considerar essa postagem ofensiva.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Clipping legal: O caldeirão da turbulência

Sempre transcrevo textos do historiador Marco Antonio Villa, aqui no blog, pelas informações que ele traz sobre a História de nosso país com a parcimônia devida, algo raro nos dias de hoje marcados por uma mentalidade de torcida organizada de time de futebol, onde há um excesso de testosterona e uma deficiência de neurônios. Onde tudo é tratado na base dos dois pesos e duas medidas. 

À propósito da malfadada Comissão da Verdade, o historiador resgatou em seu blog texto que escreveu em 2004 e foi publicado na Folha de São Paulo. Nele, Villa descreve o panorama do Brasil pré-64, demonstrando que os protagonistas dos regimes militares de exceção, que nos vitimaram por 20 anos, não foram apenas os militares mas também a esquerda comunista que visava instalar uma ditadura do proletariado no país.  No geral, muita gente disso, mas sempre é bom conhecer os detalhes, pois a prevalência da liberdade democrática exige acesso ao passado e permanente vigilância do presente. Principalmente, nos dias de hoje, quando de novo ela se encontra ameaçada.

O caldeirão da turbulência

MARCO ANTONIO VILLA

Em 1964 o Brasil era um país politicamente dividido. Dividido e paralisado. Crise econômica, movimentos grevistas, ameaças de golpe militar, marasmo administrativo. A situação era muito grave.

No Clube Militar, uma assembléia foi interrompida devido a batalha campal entre os oficiais; na Marinha, os marujos discordavam do ministro e exigiam no cargo um almirante alinhado às suas posições. No ano anterior, os sargentos das três Forças Armadas tomaram Brasília e iniciaram uma rebelião. Detiveram diversas autoridades, entre elas um ministro do Supremo Tribunal Federal e o presidente interino da Câmara. Apesar da gravidade do fato, os sargentos foram defendidos e considerados soldados da democracia, e o STF foi chamado de uma "corte podre" pelo deputado Max da Costa Santos.

O clima de radicalização era agravado por velhos adversários da democracia. A direita brasileira tinha uma relação de incompatibilidade com as urnas. A União Democrática Nacional nunca assimilou as derrotas nas eleições presidenciais de 1945, 1950 e 1955 -a vitória de Jânio Quadros em 1960 foi pessoal e não pode ser atribuída a nenhum partido da sua coligação. O ódio a Getúlio Vargas fez com que construísse seus mitos. A derrubada de Vargas, em outubro de 1945, foi transformada em momento máximo da redemocratização, isso quando tal fato somente possibilitou que o Palácio do Catete fosse ocupado por um general (Gaspar Dutra) ou por um brigadeiro (Eduardo Gomes). Anos depois, Dutra foi transformado em símbolo dos valores republicanos, no maior defensor da Constituição, embora tenha sido simpatizante dos nazistas e comemorado efusivamente em sua própria casa a queda de Paris em 1940.

Numa conjuntura radicalizada, esperava-se do presidente [João Goulart] um ponto de equilíbrio político

A direita não conseguia conviver com uma democracia de massas em um momento da nossa história de profundas transformações econômicas e sociais, graças ao rápido processo de industrialização e à crescente urbanização. Temerosa do novo, buscava um antigo recurso: arrastar as Forças Armadas para o centro da luta política, dentro da velha tradição inaugurada pela República, que nasceu com um golpe de Estado.

A esquerda comunista não ficou atrás. Também sempre esteve nas vizinhanças dos quartéis, como em 1935, quando tentou depor Vargas através de uma quartelada. Depois de 1945 buscou incessantemente o apoio dos militares e alcunhou alguns como "generais e almirantes do povo". Ser "do povo" era comungar com a política do Partido Comunista Brasileiro e estar pronto para atender ao chamado do partido em uma eventual aventura golpista. As células clandestinas do PCB nas Forças Armadas eram apresentadas como uma demonstração de força política -Luís Carlos Prestes chegou a dizer a Nikita Kruschev, em janeiro de 1964, que os comunistas tinham dois generais no alto comando do Exército.

À esquerda do partidão havia os revolucionários, os adeptos da luta armada. O Partido Comunista do Brasil era um deles. Defendia a revolução ao estilo chinês, na qual o campo deveria cercar as cidades. Queriam logo iniciar a luta armada, tanto que enviaram, em março de 64, o primeiro grupo de guerrilheiros para treinar na Academia Militar de Pequim. As Ligas Camponesas -que desejam a reforma agrária "na lei ou na marra"- organizaram campos de treinamento guerrilheiro no país ainda em 1962: militantes foram presos e foram encontrados documentos que vinculavam a guerrilha com Cuba.

Já os brizolistas, principalmente após a criação dos Grupos dos Onze, embrião do que consideravam um partido revolucionário, julgavam que tinham ampla base militar entre soldados, marinheiros, cabos e sargentos.

Numa conjuntura radicalizada, esperava-se do presidente da República um ponto de equilíbrio político. Ledo engano. Se João Goulart não estava nem com a direita udenista e muito menos com a esquerda revolucionária, não jogava pela preservação da democracia. Articulava pela sua permanência na Presidência -a reeleição era proibida- e necessitava emendar a Constituição: nesse jogo, recebeu apoio público de Prestes. Sinalizava que tinha apoio nos quartéis para, se necessário, impor pela força a reeleição. Organizou um "dispositivo militar" que "cortaria a cabeça" da direita. Insistia a todo momento que não podia governar com um Congresso Nacional conservador, apesar de o seu partido -o PTB- ter a maior bancada na Câmara em março de 1964 e de não ter encaminhado à Casa os projetos de lei para viabilizar as reformas de base.

Em meio ao golpismo, a democracia sobrevivia aos trambolhões. Defendê-la era, segundo a esquerda golpista/revolucionária, comungar com o liberalismo burguês, ou, de acordo com a direita, com o populismo varguista. Atacada por todos flancos, acabou destruída, abrindo as portas para duas décadas de arbítrios e violências.

1964 ensinou a importância da preservação da democracia, a necessidade imperiosa da convivência dos contrários de que o presidente da República tenha vontade de governar, iniciativa política e efetivo comando do Poder Executivo.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Azar é não ter o amor de um gato preto

Cléo Pires e um lindo gato preto
Meu primeiro gato, melhor gata, foi preto. Eu a encontrei na calçada de uma galeria de artes que havia na esquina da rua Bela Cintra com a Av. Paulista. Era um bebê que fora largada ali ou tinha escapado de algum dos prédios. A primeira hipótese é a mais provável. 

Eu estava passando de carro quando a avistei. Não resisti a socorrê-la, embora não entendesse nada de gatos. Parei o carro onde pude e fui resgatar a gata. Eu a peguei sem jeito, inepta que era com felinos e, assustada, ela me arranhou, mas consegui colocá-la no carro e levá-la para meu apartamento. Escondeu-se sob um dos assentos do carro e deu um trabalhão para tirá-la de lá. Minha ideia era entregá-la para uma amiga que a levaria para casa da mãe que morava numa casa e tinha outros gatos.

Mas a amiga acabou me convencendo a ficar com a gata. Disse que gatos eram muito limpinhos. Bastava pôr uma caixinha com areia que lá eles iam fazer suas necessidades e depois cobri-las com todo o asseio. E que gatos dormiam a maior parte do tempo e consumiam pouco. Enfim, não davam trabalho nem grandes custos.

Assim fiquei com a pretinha, achando que ela seria apenas mais um enfeite das almofadas. Dei a ela o nome de Catarina. Para minha surpresa, contudo, Catarina se revelou bem mais do que um enfeite de almofadas e me introduziu no mundo maravilhoso desses pequenos felinos. Sobretudo, derrubou um dos mitos mais tolos a respeito dos gatos: o de que eles não são apegados aos donos e sim à casa. Pode ser que eles gostem das casas também, mas o que apreciam mesmo é o dono ou dona, ou melhor, os amigos humanos com que convivem.  Querem ficar no nosso colo, na nossa cama, e até nos acompanhar ao banheiro. Deitam-se no sofá, quando vemos TV, postam-se ao nosso lado,  ou em cima da mesa, se houver, quando trabalhamos em frente ao computador. 

Há 11 anos agora, moro em uma casa bem espaçosa com quintal, jardim, muito lugar para tomar sol, o que os gatos adoram. Quando cheguei, fiz um gatil para eles na garagem com toda privacidade e conforto. Nunca quiserem ficar por lá. Querem mesmo é estar junto da gente, e assim passaram a morar dentro de casa...rsss 

Quanto a serem dorminhocos, é fato. Principalmente depois de adultos, dormem um bocado, um sonho de anjos de largos bigodes. Mas também brincam, principalmente quando pequeninos. No primeiro ano de vida, os gatinhos são um azouge (palavrinha velha essa, hem?), super-agitados e brincalhões. Matam a gente de rir de tanto que aprontam com suas estrepolias e capacidades mágicas. Mas, mesmo depois de adultos, ainda se (e nos) divertem com qualquer pedaço de barbante, bolinhas de pingue-pongue, caixinhas de papelão.

E cada um tem sua personalidade e inteligência. Catarina era muito esperta e toda elegante, embora um pouco geniosa. Brincava com tanta graça que até lhe dediquei um versinho em que dizia: "Catarina quando brinca tem tanta graça que até penso que Deus existe". Aprendeu a abrir as portas dos cômodos das casas se pendurando nas maçanetas e ensinou a uma outra gata, que depois lhe arrumei de companhia, a fazer o mesmo. Foi necessário arrumar chaves para todas as portas a fim de evitar a invasão felina em momentos inadequados.

Catarina morreu aos 16 anos de câncer no pulmão. Tive que sacrificá-la, pois seu sofrimento era  muito intenso. Embora eu seja muito apegada à vida, nesse dia senti de fato vontade de morrer também. Racionalmente, sei que fiz o correto, pois ela já nem conseguia respirar direito, e os animais não tem o apoio médico que os humanos em estado terminal têm. Mas, emocionalmente, meu coração ficou em frangalhos, e a vida me pareceu sem sentido por um bom tempo.

Agora, em defesa dos bichos, celebridades estão promovendo uma campanha "fashion" (veja dados abaixo). Numa das imagens, a que veem no início do post, Cléo Pires aparece com um lindo gato preto. Na chamada da foto se lê: Azar é não ter o amor de um gato preto. É mesmo! Eu tive muita sorte.

A campanha é composta de exposição que será aberta hoje, no shopping Iguatemi, em São Paulo. São 12 fotos, 12 temas, com fotos de gente famosa e de integrantes da ONG Ampara Animal, que organiza e empresta o nome à mostra. Até o próximo dia 22, a exposição fica no Espaço Fashion do Iguatemi. Depois, segue para os shoppings Villa-Lobos e o Higienópolis. A mostra é aberta ao público. Uma caixinha estará à disposição para receber doações. Veja outras fotos e mais informações.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Urgente: Assinar petição contra revogação de leis que criminalizam maltratos contra animais

Integrantes da Adote Um Gatinho
Abaixo texto de newsletter que recebi e que muito me preocupou. Os maltratos contra os animais costumam ficar praticamente sem punição. E não é que agora tem gente querendo ainda por cima abrandar as punições? Veja o texto abaixo, entenda o que se passa e assine a petição contrária a esse absurdo pelo site do Crueldade Nunca Mais ou por este link.

Queridos amigos, 

Essa newsletter é para pedir ajuda para algo muito, muito importante. Vocês sabem que a Justiça no Brasil deixa muito a desejar e a impunidade reina. Quando se trata de defender os animais, tudo vira piada e saibam que a situação pode ficar ainda pior!

Hoje os animais domésticos e silvestres são protegidos pelo artigo 32 da Lei dos Crimes Ambientais 9605/98. Uma lei que precisa ser melhorada, detalhada e prever punição diferente para os diversos tipos de maus tratos. Está em discussão a reforma do Código Penal Brasileiro e há notícias de que essa lei seria encampada, ou seja, anulada no Novo Código Penal. Além disso, fala-se que as condutas já previstas como crime passariam a serem consideradas apenas meras infrações administrativas. Isso significa que não haveria mais punição, prisão, nada do tipo: o infrator seria punido apenas com multas.

A situação pode se tornar ainda mais grave. Existe o risco dos animais domésticos serem tirados do artigo 32 ou ainda o artigo 32 pode desaparecer completamente. Resultado: os animais ficariam totalmente desprotegidos, sem amparo legal algum. E sabem o que acontece com a moça de Goiânia que espancou o Yorkshire na frente da filha? Sabem o que acontece com a Dalva, a assassina de centenas de animais na Vila Mariana? NADA, porque se maus tratos aos animais não for mais crime elas não têm ao que responder! E de que adiantou toda a mobilização na imprensa, a nossa revolta, a manifestação na Avenida Paulista com 20 mil pessoas e em tantos outros lugares? NADA!

Não podemos permitir esse retrocesso e, por isso, as ONGs e todos os amantes dos animais estão se reunindo em um único abaixo-assinado. Temos pouquíssimo tempo para mostrarmos que somos milhares, milhões de pessoas que se importam com os animais e que somos contra a descriminalização dos maus tratos. Temos muito pouco tempo para fazermos muito barulho e chamarmos a atenção. Temos que mostrar que a população se importa com os bichos, que quer punição. A causa tem que ser notada lá em Brasília para que os animais tenham uma chance. A ideia é nos juntarmos, mostrarmos que estamos aqui por eles e pressionar para que ao menos tudo continue como está. Triste demais, mas é a realidade.

Então, por favor, assinem a petição no site do Movimento Crueldade Nunca Mais: www.crueldadenuncamais.com.br Os dados são sigilosos, fiquem tranquilos: os emails cadastrados não serão usados de nenhuma forma!

Se quiserem ajudar mais, divulguem a campanha. No site www.crueldadenuncamais.com.br, a versão impressa da petição está disponível para download ; conversem com seus amigos; passem o abaixo-assinado para a sua família ou na sua sala de aula; colem um cartaz no mural da sua escola ou trabalho. Cada assinatura vale ouro, ou melhor, vidas.

No video abaixo, Fernanda Paes Leme, Paulo Vilhena, Débora Nascimento e Thaila Ayala mostram sua adesão à campanha.

Contamos com a sua ajuda, pois o momento é agora! Nós, do Adote um Gatinho, já assinamos a petição. Assine você também AGORA: www.crueldadenuncamais.com.br

Susan, Juliana e voluntários do Adote um Gatinho

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