8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Definição correta de golpe pela Human Rights Foundation

Para quem quer se perpetuar no poder, impeachment dá medo
Em meio a mais uma palhaçada bolivariana de ingerência nos assuntos de um país estrangeiro (vide Honduras), bom saber o que diz uma fundação de defesa dos direitos humanos sobre o assunto.  A Human Rights Foundation considerou a sucessão presidencial no Paraguai constitucional e definiu corretamente o que sempre se entendeu por "golpe". Considero fundamental que tenhamos em mente o que "golpe" significa, por isso traduzo, com edição, o trecho da definição e transcrevo o texto  original integralmente.

A ONG lembrou  que “se considera golpe de Estado” o processo onde concorrem os seguintes elementos:

- “a vítima é necessariamente o titular do poder Executivo e os que perpetram o golpe fazem uso de violência e coerção para que a vítima abandone seu cargo”;

- “a ação ou ações que configuram o golpe são abruptas ou repentinas e esta ação ou ações claramente violam o procedimento constitucional para a destituição do/a presidente”.

A destituição de Lugo não se encaixa na definição de golpe de Estado porque, entre outros aspectos, não se caracterizou pelo uso da violência ou coerção.

Como não existiu uma destituição pela força, teria que haver uma outra forma de interrupção ou alteração da ordem democrática no Paraguai para que a comunidade internacional pudesse impor sanções diplomáticas contra o novo governo.

HRF considera que sucesión presidencial en Paraguay es constitucional

NUEVA YORK. La organización defensora de los derechos humanos Human Rights Foundation consideró hoy que la sucesión presidencial en Paraguay es “constitucional” y cumple con los estándares de la Carta Democrática Interamericana de la OEA.

La organización indicó hoy, mediante un comunicado de prensa, que había realizado “una investigación jurídica minuciosa” sobre el proceso de destitución de Lugo y su sustitución por Federico Franco.

“La sucesión presidencial en Paraguay fue constitucional y cumple con los estándares previstos en la Carta Democrática Interamericana de la OEA (2001) y el Protocolo de Ushuaia sobre Compromiso Democrático del Mercosur (1998)”, señaló HRF.

Agregó que también se ajusta a lo previsto en el Protocolo Adicional al Tratado Constitutivo de la Unión de Naciones Suramericanas (Unasur) sobre Compromiso con la Democracia (2010) “y, en tal sentido, el nuevo Gobierno de Paraguay debe ser reconocido por la comunidad internacional”.

El pasado viernes el Senado de Paraguay destituyó al presidente Lugo, tras haber seguido un “juicio político” que duró dos días y se basó en el artículo 225 de la Constitución paraguaya.

“El orden democrático en Paraguay se ha mantenido intacto a pesar del desenlace del juicio político seguido contra el presidente Lugo, que concluyó con su destitución del cargo”, expresó el presidente de HRF, Thor Halvorssen, mediante un comunicado de prensa.

Agregó que “si bien los ánimos están exacerbados como resultado de la destitución, instamos a la OEA y a las demás organizaciones a que se ciñan a los hechos y el derecho del presente caso”.

La ONG recordó que “se considera golpe de Estado” cuando en el escenario concurren elementos como que “la víctima es necesariamente el titular del poder Ejecutivo y quienes perpetran el golpe hacen uso de violencia y coerción para que la” víctima “abandone su cargo”.

También ha de concurrir que “la acción o acciones que configuran el golpe son abruptas o repentinas y esta acción o acciones claramente violan el procedimiento constitucional para la destitución del presidente”, recordó Halvorssen.

“La destitución de Lugo no se enmarca en la definición de golpe de Estado debido a que, entre otros aspectos, no medió en ella el uso de violencia o coerción”, agregó HRF.

Asimismo, explicó que como “no existió un derrocamiento por la fuerza, tendría que configurarse una forma distinta de interrupción o alteración del orden democrático en Paraguay para que la comunidad internacional pueda imponer sanciones diplomáticas contra el nuevo Gobierno”.

El artículo 225 de la Constitución paraguaya otorga al Congreso la facultad de remover al presidente por “mal desempeño de sus funciones”, “delitos cometidos en el ejercicio de sus cargos” o por la comisión de “delitos comunes”.

También prevé “un procedimiento de juicio político tras la acusación formal a cargo de la Cámara de Diputados y la sustanciación del juicio político a cargo de la Cámara de Senadores, precisó la organización.

El pasado 20 de junio pasado, la Cámara de Diputados paraguaya acusó formalmente a Lugo por “mal desempeño de sus funciones” y al día siguiente, el Senado lo encontró culpable y lo destituyó.

Por su parte, el director jurídico de HRF, Javier El Hage, apuntó la imprecisión del concepto “mal desempeño de sus funciones”.

Agregó que “si se considera que desde la perspectiva de un legislador de oposición, todo presidente tiende a tener un mal desempeño, está claro que las garantías del debido proceso en un juicio político en Paraguay no se encuentran fundadas en el tiempo de duración del mismo”.

Subrayó que “en todo caso, se encuentran fundadas en el requisito del voto de una mayoría calificada en cada instancia del procedimiento, es decir, dos tercios del total de los miembros de cada una de las cámaras”.

“Recordemos que Paraguay sufrió 35 años de dictadura militar, bajo el mando del general Alfredo Stroessner, por lo que no es de extrañar que se confieran este tipo de atribuciones al Legislativo”, expresó Halvorssen.

Agregó que “a partir de esta experiencia histórica, Paraguay aprendió que se requieren fuertes controles sobre el Ejecutivo”.


HRF es una organización sin fines de lucro, independiente y apolítica, que promueve la defensa de los derechos humanos a escala mundial y de la que forman parte activistas como Garry Kasparov, Vladimir Bukovsky, Palden Gyatso, Mutabar Tadjibaeva, Ramón Velásquez, Elie Wiesel o Harry Wu, entre otros. 

Fonte: ABC Color

terça-feira, 26 de junho de 2012

Clipping legal: Profetas do apocalipse

Economia sustentável
sem profetas do apocalipse
Texto equilibrado do agrônomo Xico Graziano sobre este tema tão complexo e tão importante que é o tema ambiental. Não resta dúvida do quanto é falacioso culpar o "capitalismo" pela destruição ambiental. Afinal, o "capitalismo" somos todos nós que produzimos e consumimos. Ele não existe como um senhor que anda por aí destruindo o planeta. Por isso mesmo, também não tenho dúvida de que a economia de mercado pode se tornar sustentável, mas, para isso, torna-se imprescindível, em primeiro lugar, mudar o paradigma antropocêntrico que vemos em muitos discursos liberais do tipo a natureza está aí "para nos servir".

A natureza não serve a ninguém, a não ser a si mesma. Chove porque chove, não para dar de beber aos seres humanos ou irrigar suas plantações. Da mesma forma, quando se convulsiona em terremotos, furacões, tsunamis, etc., não o faz para castigar nossa espécie. A natureza é impessoal. Nós a personalizamos por razões estilísticas, mas ela é totalmente impessoal e indiferente ao destino dos que habitam sua crosta terrestre.

Da mesma forma que, antes de ter criado o homo sapiens, já havia gerado outros seres que viveram na Terra durante milhares de anos sem nossa presença, a natureza pode hoje criar um vírus tão letal aos humanos e tão rapidamente transmissível que os cientistas não tenham tempo de produzir uma vacina que salve nossa espécie da extinção. E apesar da nossa ausência, a natureza continuará existindo e seus outros filhos também, talvez até mais à vontade sem nossas ações predatórias.

Não sei como resolver o problema de diminuir a pobreza e criar uma economia sustentável sem mudar essa visão antropocêntrica, sem alterar o padrão atual de consumo e sem enfrentar a necessidade de refrear o crescimento populacional humano, principalmente considerando que este último tópico levanta fortes objeções tanto à "direita" quanto à "esquerda", de tal forma que sua mera citação já leva a rotulações simplistas de neomalthusianismo.

O que sei com certeza, contudo, é que igualmente não será às voltas com os profetas do apocalipse que chegaremos a algum lugar como bem explica o texto do Xico Graziano. Vale a leitura.

Profetas do apocalipse

Xico Graziano

Acabou a Rio+20. Afora as frustrações advindas da falta de ousadia, esquentar o tema do desenvolvimento sustentável foi o grande mérito da conferência. Jamais tantas notícias socioambientais se destacaram no mundo. Por outro lado, a profusão de discursos criou uma espécie de Torre de Babel ecológica. Todos falam, mas poucos se entendem. Haverá tempo para salvar o planeta?

Começa pela arrogância humana a série de controvérsias que permeia o recente debate ambiental. Querer "salvar o planeta" exibe uma soberba incomparável na história da humanidade. Tal ideia, absurda, radicaliza a visão antropocêntrica, creditando ao ser humano uma prepotência acima de qualquer outra atribuída a ele, dono do universo e dos planetas. Imagine.

Na Idade Média, o Iluminismo deu força à razão. O intelecto, alimentado pela ciência, livrou o homem do desígnio divino, subjugado pela natureza bruta. Seu destino começou a ser moldado com ajuda da tecnologia, representando, ao sair das trevas medievais, passo fundamental da civilização. Floresceu o humanismo.

Mas a evolução tecnológica combinada com a explosão populacional gerou, séculos depois, um crescimento econômico agressivo aos recursos naturais. O homem, que pensava tudo poder, começou a sofrer as consequências da destruição de seu próprio habitat. A crise ambiental lhe ofereceu pílulas de humildade que, ingeridas com mínima visão holística, fizeram bem à humanidade. Surgiu o conceito do desenvolvimento sustentável.

Na abertura da Conferência da ONU no Rio de Janeiro, o vídeo Bem-vindo ao Antropoceno retomou, noutro nível, esse debate filosófico. Vai esquentar a discussão. Quem propõe substituir a atual era geológica do Holoceno - que vige desde o último período glacial, há 12 mil anos - pela nova denominação assume que as atividades humanas se sobrepõem às forças cósmicas. Representa a maior das ousadias da mente humana. E, talvez, o pior dos equívocos.

Tem sido terrível perceber a queda na compreensão de que o perigo ecológico ronda a civilização humana, não o planeta Terra. Até então a dubiedade, elementar, permanecia quase que restrita às salas de aula, afetando principalmente crianças, estimuladas pelo idealismo dos mestres a defenderem o meio ambiente. Nestes dias, porém, pulularam campanhas e matérias jornalísticas dando dicas de como "salvar o planeta". Uma bobagem inigualável.

Os problemas ecológicos afetam, e comprometem, isso, sim, o futuro da humanidade. A pressão sobre os recursos naturais, se continuar aumentando, trará reveses na qualidade da existência humana. Em certas partes do mundo, populações padecem com a falta de água potável, sofrem com a poluição da atmosfera, amargam com a desertificação. O planeta nem liga. Basta uma dose de insignificância humana para perceber a diferença.

Esconde-se, aqui, um lamentável engano. O ambientalismo começou a tratar o gás carbônico (CO²), conhecido na biologia e na agronomia como o "gás da vida", como um vilão planetário, responsável pelo efeito estufa da Terra. Ora, a absorção do CO² através dos estômatos das plantas permite realizar a fotossíntese, processo vital que transforma energia solar em energia química, base dos carboidratos e proteínas vegetais. Libera, ademais, oxigênio no ambiente.

Entrou na moda "neutralizar" as emissões de CO² à busca de um certificado de boa conduta ambiental. Noutro dia, um ônibus circulava nas ruas da capital paulista entupindo a atmosfera com fumaça preta, embora ostentando logo acima do sujo escapamento um lindo dizer: "carbono neutro". Licença para poluir.

A teoria do aquecimento global anda crescentemente contestada pelos cientistas "céticos". Veremos qual o fim dessa polêmica. Em qualquer hipótese, porém, é inaceitável considerar o gás carbônico no capítulo da poluição. Esse absurdo conceitual embaralha a mente das pessoas e alivia a barra dos verdadeiros poluidores. Há quem acredite, por exemplo, ser o arroto bovino mais danoso à atmosfera que o escapamento dos automóveis. Risível.

O caldo das novas formulações está criando uma charada indecifrável. Sem entender direito dos assuntos, as pessoas tendem ao repeteco dos chavões, onde tudo se mistura, se confunde, se banaliza na vontade de, orgulhosamente, ajudar a "salvar o planeta".

Que ninguém duvide: graves ameaças ecológicas afetam a civilização humana. O conflito entre a população, que continua crescendo, e os finitos recursos planetários tende ao colapso. O avanço tecnológico auxilia, constantemente, na superação dos obstáculos. Mas, como diria o caboclo do interior, o buraco é mais embaixo. Em algum momento deverá haver radical modificação no modo de vida.

Por que algumas sociedades tomam decisões desastrosas? A intrigante pergunta faz Jared Diamond nos capítulos finais de Colapso, seu famoso livro. Na resposta, obviamente, se encontram variadas razões. Nem sempre foram capazes de diagnosticar corretamente seus problemas. Muitas vezes seus líderes foram imediatistas, não estadistas, que olham longe.

Jamais, porém, aconteceu de as sociedades pregressas apostarem no atraso para vencer seus desafios. O dilema civilizatório atual somente se resolverá na base do conhecimento aliado ao convencimento, uma mistura de liderança visionária com educação ambiental. A solução passa longe do vandalismo demonstrado pelo MST ao destruir, no último dia da Rio+20, o stand da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA). Atitude fascista.

Pior. Espanta perceber a atração de certo ambientalismo - aquele messiânico - por esse viés autoritário. Urge distância desses (falsos) profetas do apocalipse.

* AGRÔNOMO, FOI SECRETÁRIO DE AGRICULTURA E SECRETÁRIO DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO. E-MAIL: XICOGRAZIANO@TERRA.COM.BR  FONTE: ESTADÃO

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Se impeachment virar golpe, não teremos mais como destituir nenhum mau governo

Lugo não teve apoio de ninguém
Embora a deposição do presidente paraguaio Fernando Lugo tenha se dado de forma inteiramente constitucional, os membros da União das Repúblicas Socialistas da América Latrina, mais conhecido como Foro de São Paulo, saíram a alardear que houve um golpe institucional dada à celeridade do processo.

A verdade é que por conta de várias trapalhadas políticas e administrativas que culminaram na morte de policiais e camponeses em conflito por terras, Lugo perdeu apoio de sua base, o Partido Liberal Radical Autêntico, da Câmara e do Senado e também da população. Aliás, uma das razões para a rapidez do processo de impeachment de Lugo é que pouquíssimos parlamentares o apoiaram. Fora que a constituição paraguaia permite julgamentos céleres.

Até o próprio advogado de Lugo reconheceu que o procedimento foi todo legal. Além do que, o país se encontra, após o impeachment, em completa normalidade democrática. Entretanto, agora, açulado pelos membros do Foro de São Paulo, que vem promovendo sanções ao novo governo, Lugo diz que vai criar governo paralelo por não reconhecer a deposição que antes considerara legítima, tanto que mal esboçou reação ao veredito negativo.   

E o governo petista de Dilma Roussef, por pertencer a União das Repúblicas Socialistas Bananeiras da América Latina, em vez de defender os interesses do Brasil (incluindo dos brasileiros que vivem no Paraguai, Brasiguaios), resolveu apoiar mais essa palhaçada bolivariana como antes Lula apoiou o circo armado por Chávez e seu esbirro, Manuel Zelaya, em Honduras. 

O comentário de Merval Pereira, na CBN, vai direto ao ponto. Ouçam! Vejam também: Paraguai - o golpe que não houve

Suspensão do Paraguai da Unasul e do Mercosul não é uma atitude sensata

Congresso do país obedeceu as regras constitucionais e aprovou o impeachment de Lugo de maneira legitima.


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quinta-feira, 21 de junho de 2012

Guia de Ouvidorias: consumidor exigente, cidadão consciente

Vivo brigando por meus direitos de consumidora e tenho conseguido, em geral, obter sucesso nessa empreitada nem sempre fácil. 

A relação saudável entre produtores e consumidores de produtos e serviços deve ser de troca ética, igualitária. Em nosso país, contudo, muitas vezes vemos as empresas avançarem sobre os direitos do consumidor com suas promoções fajutas, seus cartões de crédito sendo enviados sem autorização do cliente, produtos adulterados e até quebrados. 

Como nem sempre reclamar nos SAC adianta (geralmente o atendimento é ruim), é bom conhecer outra alternativa de luta por nossos direitos. Para tal, reproduzo abaixo texto do Guia de Ouvidorias, com o link para o texto na íntegra ao final. Como diz o subtítulo do trabalho, consumidor exigente, cidadão consciente.

Ouvidoria no Brasil

A ouvidoria no Brasil foi inspirada no modelo de ombudsman da Suécia, criado há mais de 200 anos, e se fortaleceu com a constituição de 1988, que estabeleceu níveis democráticos de participação do cidadão. 

Pautado em princípios de cidadania, e com a criação do CDC (Código de Defesa do Consumidor) em 1990, foi possível criar um embrião daquilo que seria o modelo de ouvidoria no Brasil, apoiado nas demandas de consumidores e usuários de produtos e serviços e se tornando a base do atendimento prestado pelas ouvidorias no País.

A primeira ouvidoria pública brasileira foi a de Curitiba, no Paraná, criada em 1986. Cinco anos depois, o Estado do Paraná instituiu seu primeiro ouvidor-geral e, em 1992, o Ministério da Justiça criou a primeira ouvidoria pública federal, chamada de Ouvidoria Geral da República.

A implementação do CDC acarretou a necessidade de a iniciativa privada efetuar mudanças para adaptar-se ao novo cenário. A criação de ouvidorias constituiu uma das medidas que foram adotadas e, hoje, são mais de 300 ouvidorias instituídas em empresas e organizações brasileiras. Em alguns segmentos, como o de seguros e o financeiro, seu serviço é regulamentado.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Clipping legal: Dona Odete e você!

Acusada de homicídio por defender a própria vida e matar, com três tiros, o bandido que invadiu seu apartamento, uma idosa de 87 anos responderá por homicídio e por posse ilegal de arma. A situação é kafkiana e mais uma demonstração dos equívocos das campanhas de desarmamento que, sob a desculpa esfarrapada de diminuir a violência, apenas deixam os cidadãos mais vulneráveis tanto aos bandidos quanto ao Estado opressor. Excelente texto do Denis Rosenfield no Estadão.

Dona Odete e você!

Denis Lerrer Rosenfield

Dona Odete tem 87 anos, usa bengala e tem dificuldade para ouvir e enxergar. Precisa de óculos e aparelho auditivo, desfazendo-se deles ao deitar. Mora sozinha, no 2.º andar de um prédio, em Caxias, no Rio Grande do Sul. Tudo nela aparenta uma pessoa indefesa, não fossem a força de vontade que a habita e sua capacidade, intacta, de defender a sua vida, de exercer numa situação-limite a liberdade de escolha.

Ademais, dona Odete é uma pessoa religiosa, que costuma rezar todos os dias, acreditando em Deus e louvando-o, como é a regra em pessoas de fé. O seu pensamento tem, portanto, uma relação com o absoluto, procurando nele se elevar. Pode-se dizer que dona Odete é uma pessoa comum no sentido conservador do termo, nada a predispondo a nenhum tipo de violência.

Ora, é essa mulher que foi exposta a uma situação completamente inusitada, devendo, hoje, responder a um processo por homicídio e por porte ilegal de arma. Provavelmente, terá de ir a júri, salvo se um juiz (e/ou um promotor) sensato der um basta à insensatez a que está submetida. Diga-se que os policiais não são tampouco responsáveis por essa situação, na medida em que devem seguir a lei. Caberia, então, a pergunta: Qual lei? Qual a sua inspiração, os ditos direitos humanos e o politicamente correto irmanados na injustiça?

Dona Odete dormia quando foi acordada pelos ruídos de um estranho que tinha entrado em seu apartamento. Na verdade, ele o invadiu a partir do telhado de uma escola vizinha, tendo de lá pulado para a janela de sua sala. Ao ver uma senhora indefesa dormindo, não prestou maior atenção, pois não via nela "perigo" algum.

Digamos, uma banalidade, pois às vezes uma banalidade é cheia de significação, considerando principalmente o Brasil de hoje, onde criminosos são tratados com máxima consideração pelos ditos representantes dos direitos humanos, enquanto suas vítimas são relegadas ao esquecimento.

O bandido portava uma faca, que certamente não seria usada para descascar batatas. Não iria, evidentemente, preparar uma janta para a senhora. Trazia consigo uma arma branca que seria utilizada segundo sua própria conveniência. Aliás, a sua força física também jogava a seu favor, pois a senhora acordada, movendo-se sem óculos e sem seu aparelho auditivo, foi quase estrangulada.

Note-se, além disso, que tal indivíduo já tinha sido condenado pela Justiça e estava sob liberdade provisória. Ele tinha uma ficha corrida policial, enquanto a senhora, como se dizia antigamente e se deveria dizer atualmente, é uma pessoa de bem.

Ocorre que dona Odete tinha em seu apartamento um revólver calibre 32, herdado de sua família, arma que estava guardada há mais de 35 anos. Ou seja, segundo a legislação brasileira, ela detinha uma posse ilegal de arma de fogo. Deveria ter entregue sua arma numa dessas campanhas do desarmamento, ficando literalmente desarmada, como uma cidadã dócil ao Estado e aos ditos direitos humanos. Hoje, estaria num caixão, esquecida por todos, salvo por seus familiares. A situação é a seguinte: se obedecesse à lei, estaria morta; desobedecendo-a, conseguiu sobreviver.

De posse do revolver "ilegal", reagiu à investida do invasor e conseguiu acertá-lo com três tiros, matando-o naquele instante. Ato seguinte, telefonou para seus familiares, que acionaram a polícia e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que, quando chegaram, se depararam com o quadro da senhora e de seu algoz, que, no chão, já não apresentava mais nenhum perigo.

Ocorre que a dona Odete nada mais fez do que usar o seu direito de legítima defesa, exercendo a sua liberdade de escolha numa situação-limite, a que se faz entre a vida e a morte. Assinale-se, aqui, o exercício da liberdade de escolha, traduzindo-se pela conservação de sua própria vida. Mas, para que esse direito possa ser exercido, são-lhe necessários os seus instrumentos e condições correspondentes, no caso, uma arma.

O esdrúxulo da situação é que dona Odete terá de responder por homicídio e por posse ilegal de arma. Ela, ao se defender, ao optar por sua própria vida contra um bandido, é legalmente acusada. A alternativa é: ou ela está certa e a lei está errada (exigindo a modificação desta) ou a lei está certa e ela deveria estar morta. A alternativa é excludente.

Imaginem, agora, se o bandido a tivesse estrangulado ou matado a golpes de faca. Certamente não seria preso em flagrante e estaria perambulando pelas ruas. Se preso, responderia por seu processo em liberdade e sempre teria à sua disposição um defensor público, além de algum representante dos ditos direitos humanos que sairia em seu socorro. Hipótese tanto mais plausível se tivesse a habilidade de inventar uma boa história de vítima social, tornado a sua vítima - a idosa assassinada - uma mera consequência de sua condição. O assassino seria a vítima e a verdadeira vítima, um mero número de um registro policial. Os direitos humanos não seriam para ela, nem morta, de nenhum auxílio.

Sempre haverá uma estatística do politicamente correto para colocar o criminoso como vítima inocente das armas de fogo. Será "esquecido" que foi ele que invadiu uma moradia, habitada por uma senhora idosa, para roubar ou matá-la, segundo as circunstâncias. Teria sido a arma de fogo que o matou. Pretensa conclusão: torna-se ainda mais necessária uma campanha do desarmamento, pois as armas continuam produzindo vítimas!

Dona Odete pode ser você. Desarmado, sem nenhuma condição de exercer o legítimo direito à defesa de sua própria vida, em sua própria casa. Você está numa situação ilegal, caso tenha uma arma não registrada. E registrá-la, além de caro, é uma operação raramente bem-sucedida. A lei, nessa circunstância, não o protege. Em caso de encontrar um bandido em sua casa, renda-se a ele, entregue a sua própria vida, abdique da liberdade de escolha.

É essa a mensagem do politicamente correto? Renunciar à liberdade de escolha?

* PROFESSOR DE FILOSOFIA NA UFRGS. E-MAIL:DENISROSENFIELD@TERRA.COM.BR

terça-feira, 19 de junho de 2012

Querem o poder, esses ineptos, e primeiro de tudo o palanquim do poder: muito dinheiro!

Querem o poder, esses ineptos, e primeiro de tudo
 o palanquim do poder: muito dinheiro!
 

Do novo ídolo

Frederico Nietzsche 

“Ainda em algumas partes há povos e rebanhos; mas entre nós, irmãos, entre nós há Estados.

Estados? Que é isso? Vamos! Abri os ouvidos, porque vos vou falar da morte dos povos.

Estado chama-se o mais frio dos monstros. Mente também friamente, e eis que a mentira rasteira sai da sua boca: “Eu, o Estado, sou o Povo”.

É uma mentira! Os que criaram os povos e suspenderam sobre eles uma fé e um amor, esses eram criadores: serviam a vida.

Os que armam laços ao maior número e chamam a isso um Estado são destruidores; suspendem sobre si uma espada e mil apetites.

Onde há ainda povo não se compreende o Estado que é detestado como uma transgressão aos costumes e às leis.

Eu vos dou este sinal: cada povo fala uma língua do bem e do mal, que o vizinho não compreende. Inventou a sua língua para os seus costumes e as suas leis.

Mas o Estado mente em todas as línguas do bem e do mal, e em tudo quanto dizmente, tudo quanto tem roubou-o.

Tudo nele é falso; morde com dentes roubados. Até as suas entranhas são falsas.

Uma confusão das línguas do bem e do mal: é este o sinal do Estado. Na Verdade, o que este sinal indica é a vontade da morte; está chamando os pregadores da morte

Vêm ao mundo homens demais, para os supérfluos inventou-se o Estado!

Vede como ele atrai os supérfluos! Como os engole, como os mastiga e remastiga!

“Na terra nada há maior do que eu; eu sou o dedo ordenador de Deus” — assim grita o monstro. E não são só os que têm orelhas compridas e vista curta que caem de joelhos! 

Ai! também em vossas almas grandes murmuram as suas sombrias mentiras! Aí eles advinham os corações ricos que gostam de se prodigalizar!

Sim; adivinha-vos a vós também, vencedores do antigo Deus. Saistes rendido do combate, e agora a vossa fadiga ainda serve ao novo ídolo!

Ele queria rodear-se de heróis e homens respeitáveis. A este frio monstro agrada-lhe acalentar-se ao sol da pura consciência. 

A vós outros quer ele dar tudo, se adorardes. Assim compra o brilho da vossa virtudee o altivo olhar dos vossos olhos. 

Convosco quer atrair os supérfluos! Sim; inventou com isso uma artimanha infernal, um corcel de morte, ajaezado com adorno brilhante das honras divinas.

Inventou para o grande número uma morte que se preza de ser vida, uma servidão à medida do desejo de todos os pregadores da morte.

O Estado é onde todos bebem veneno, os bons e os maus; onde todos se perdem a si mesmos, os bons e os maus; onde o lento suicídio de todos se chama “a vida”.

Vede, pois, esses supérfluos! Roubam as obras dos inventores e os tesouros dos sábios; chamam a civilização ao seu latrocínio, e tudo para eles são doenças e contratempo.

Vede, pois, esses supérfluos. Estão sempre doentes; expelem a bilis, e a isso chamam periódicos. Devoram-se e nem sequer se podem dirigir.

Vede, pois, esses adquirem riquezas, e fazem-se mais pobres. Querem o poder, esses ineptos, e primeiro de tudo o palanquim do poder: muito dinheiro!

Vede trepar esses ágeis macacos! Trepam uns sobre os outros e arrastam-se para o lodo e para o abismo.

Todos querem abeirar-se do trono; é a sua loucura — como se a felicidade estivesse no trono! — Freqüentemente também o trono está no lodo.

Para mim todos eles são doidos e macacos trepadores e buliçosos. O seu ídolo, esse frio monstro, cheira mal; todos eles, esses idólatras, cheiram mal.

Meus irmãos, quereis por agora afogar-vos na exalação de suas bocas e de seus apetites? Antes disso, arrancai as janelas e saltai para o ar livre!

Evitai o mau cheiro! Afastai-vos da idolatria dos supérfluos.

Evitai o mau cheiro! Afastai-vos do fumo desses sacrifícios humanos!

Ainda agora o mundo é livre para as almas grandes. Para os que vivem solitários ou aos pares ainda há muitos sítios vagos onde se aspira a fragrância dos mares silenciosos.

Ainda têm franca uma vida livre as almas grandes. Na verdade, quem pouco possui tanto menos é possuído. Bendita seja a nobreza!

Além onde acaba o Estado começa o homem que não é supérfluo; começa o canto dos que são necessários, a melodia única e insubstituível. 

Além, onde acaba o Estado... olhai, meus irmãos! Não vedes o arco-íris e a ponte do Super-homem?”

Assim falava Zaratustra

Assim Falava Zaratustra, de Frederico Nietzsche, em tradução  de José Mendes de Souza

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Em busca da verdade: Documentário Reparação para Todos na íntegra

Na quinta-feira à noite, dia 14/06, na Assembleia Legislativa de São Paulo, durante abertura do seminário Direito à Verdade, Informação, Memória e Cidadania, o secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, afirmou que A Comissão da "Verdade" não será o último passo no processo da chamada Justiça de transição (!?) que está em curso no País. Na avaliação do advogado, a dita comissão da verdade deverá estimular ações judiciais contra agentes de Estado acusados de violações de direitos humanos. Ele também defende a ideia de se rever a atual interpretação da Lei da Anistia, que teria sido imposta ao País pelos militares (sic). Disse ele, segundo artigo de Roldão Arruda, no Estadão:

"A Comissão da Verdade não veio para botar uma pedra em cima da história. Muito pelo contrário. A Comissão da Verdade poderá gerar novos efeitos no campo da reparação, novas memórias e, quem sabe, potencializar os mecanismos de Justiça", disse. "Ninguém poderá impedir que o Ministério Público Federal, no exercício de suas funções, tenha acesso à documentação produzida pela comissão para ingressar com ações."

A luta armada lutava pela ditadura do proletariado

Todas as pessoas que têm um pouco de educação histórica e política no Brasil sabem que essa orwelliana Comissão da Verdade não tem a intenção de trazer realmente a verdade relativa ao período autoritário dos regimes militares. Há sim, de fato, a intenção de punir, à revelia da Lei da Anistia, os militares ainda vivos envolvidos nos atos de repressão da época da ditadura. Por outro lado, existe também a intenção inequívoca de institucionalizar a versão da esquerda, atualmente no poder, de que principalmente sua ala ligada à luta armada combatia pela democracia em nosso país no período militar.

Nada mais falso. Principalmente a esquerda armada pretendia implantar uma ditadura do proletariado no Brasil. Essa esquerda era inclusive treinada e financiada pelos regimes autoritários comunistas, a saber, a União Soviética, a China maoísta e a Cuba castrista. Entre as inúmeras formas de comprovar tal fato, podem-se inclusive citar as declarações dos velhos partidários dessa anacrônica e nefasta ideologia ditas ainda hoje. Cito o exemplo da fala de Luiza Erundina, na última sexta, dia 15/06 (FSP), ao ser apresentada como vice na chapa do petista Haddad à prefeitura de Sâo Paulo, quando defendeu a implantação do modelo socialista no país, afirmando que a classe trabalhadora não deve disputar apenas "espaço de poder no Estado burguês". Declarou a absurda: "É o socialismo que garante a realização plena do ser humano. É em nome dessa utopia que estamos aqui."

A utopia de dona Erundina custou mais de 100 milhões de mortos no século passado aos países em que se instalou. Onde estes regimes, todos totalitários, ainda persistem, a população vive escravizada, sem direito algum, e em péssimas condições de vida (alguns morrendo de fome inclusive, como na Coréia do Norte).

Reparação: sem bandidos nem mocinhos

Por isso mesmo, mais do que nunca, avaliações equilibradas sobre a realidade histórica do período da ditadura militar são mais do que bem-vindas. É o caso do documentário Reparação a respeito do atentado contra o consulado americano em São Paulo, em 1968, realizado por ativista da luta armada, que vitimou o jovem Orlando Lovecchio Filho. O documentário conta com análises e depoimentos, entre outros, do historiador Marco Antonio Villa e dos sociólogos Demétrio Magnoli e Fernando Henrique Cardoso (saudoso presidente). Destaco as falas do historiador Marco Antonio Villa que, com imparcialidade, nos apresenta um panorama da situação política do Brasil à época, desmistificando qualquer tentativa de apresentar a História na base da luta entre bandidos (os militares) e a esquerda (os mocinhos). Seguramente, uma boa forma de conhecer com mais objetividade a verdadeira história de nosso país tão distorcida nos últimos anos. 

Reparação foi dirigido pelo cineasta Daniel Moreno, em 2008, produzido pela Terra Nova filmes, e agora está disponível na Internet. Para mais informações sobre o documentário, acesse sua página no Facebook e assista a entrevista de Daniel Moreno ao Augusto Nunes da Veja. Divulgue também o documentário para o maior número de pessoas que puder. 

sábado, 16 de junho de 2012

Clipping legal: Dom Sebastião voltou

Lula, crápula-mór

Mais um bom texto do historiador Marco Antonio Villa, desta feita sobre o crápula-mór deste país, a pior coisa que aconteceu ao Brasil desde sua fundação: Lula da Silva. Falo sério que nunca tive tanta ojeriza a alguém como a esse sujeito. Se eu tivesse que resumir tudo que detesto em uma pessoa, ele é a encarnação desse resumo.

Dom Sebastião voltou

Marco Antonio Villa - O Estado de S.Paulo
Luiz Inácio Lula da Silva tem como princípio não ter princípio, tanto moral, ético ou político. O importante, para ele, é obter algum tipo de vantagem. Construiu a sua carreira sindical e política dessa forma. E, pior, deu certo. Claro que isso só foi possível porque o Brasil não teve - e não tem - uma cultura política democrática. Somente quem não conhece a carreira do ex-presidente pode ter ficado surpreso com suas últimas ações. Ele é, ao longo dos últimos 40 anos, useiro e vezeiro destas formas, vamos dizer, pouco republicanas de fazer política.

Quando apareceu para a vida sindical, em 1975, ao assumir a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, desprezou todo o passado de lutas operárias do ABC. Nos discursos e nas entrevistas, reforçou a falácia de que tudo tinha começado com ele. Antes dele, nada havia. E, se algo existiu, não teve importância. Ignorou (e humilhou) a memória dos operários que corajosamente enfrentaram - só para ficar na Primeira República - os patrões e a violência arbitrária do Estado em 1905, 1906, 1917 e 1919, entre tantas greves, e que tiveram muitos dos seus líderes deportados do País.

No campo propriamente da política, a eleição, em 1947, de Armando Mazzo, comunista, prefeito de Santo André, foi irrelevante. Isso porque teria sido Lula o primeiro dirigente autêntico dos trabalhadores e o seu partido também seria o que genuinamente representava os trabalhadores, sem nenhum predecessor. Transformou a si próprio - com o precioso auxílio de intelectuais que reforçaram a construção e divulgação das bazófias - em elemento divisor da História do Brasil. A nossa história passaria a ser datada tendo como ponto inicial sua posse no sindicato. 1975 seria o ano 1.

Durante décadas isso foi propagado nas universidades, nos debates políticos, na imprensa, e a repetição acabou dando graus de verossimilhança às falácias. Tudo nele era perfeito. Lula via o que nós não víamos, pensava muito à frente do que qualquer cidadão e tinha a solução para os problemas nacionais - graças não à reflexão, ao estudo exaustivo e ao exercício de cargos administrativos, mas à sua história de vida.

Num país marcado pelo sebastianismo, sempre à espera de um salvador, Lula foi a sua mais perfeita criação. Um dos seus "apóstolos", Frei Betto, chegou a escrever, em 2002, uma pequena biografia de Lula. No prólogo, fez uma homenagem à mãe do futuro presidente. Concluiu dizendo que - vejam a semelhança com a Ave Maria - "o Brasil merece este fruto de seu ventre: Luiz Inácio Lula da Silva". Era um bendito fruto, era o Messias! E ele adorou desempenhar durante décadas esse papel.

Como um sebastianista, sempre desprezou a política. Se ele era o salvador, para que política? Seus áulicos - quase todos egressos de pequenos e politicamente inexpressivos grupos de esquerda -, diversamente dele, eram politizados e aproveitaram a carona histórica para chegar ao poder, pois quem detinha os votos populares era Lula. Tiveram de cortejá-lo, adulá-lo, elogiar suas falas desconexas, suas alianças e escolhas políticas. Os mais altivos, para o padrão dos seus seguidores, no máximo ruminaram baixinho suas críticas. E a vida foi seguindo.

Ele cresceu de importância não pelas suas qualidades. Não, absolutamente não. Mas pela decadência da política e do debate. Se aplica a ele o que Euclides da Cunha escreveu sobre Floriano Peixoto: "Subiu, sem se elevar - porque se lhe operara em torno uma depressão profunda. Destacou-se à frente de um país sem avançar - porque era o Brasil quem recuava, abandonando o traçado superior das suas tradições...".

Levou para o seu governo os mesmos - e eficazes - instrumentos de propaganda usados durante um quarto de século. Assim como no sindicalismo e na política partidária, também o seu governo seria o marco inicial de um novo momento da nossa história. E, por incrível que possa parecer, deu certo. Claro que desta vez contando com a preciosa ajuda da oposição, que, medrosa, sem ideias e sem disposição de luta, deixou o campo aberto para o fanfarrão.

Sabedor do seu poder, desqualificou todo o passado recente, considerado pelo salvador, claro, como impuro. Pouco ou nada fez de original. Retrabalhou o passado, negando-o somente no discurso.

Sonhou em permanecer no poder. Namorou o terceiro mandato. Mas o custo político seria alto e ele nunca foi de enfrentar uma disputa acirrada. Buscou um caminho mais fácil. Um terceiro mandato oculto, típica criação macunaímica. Dessa forma teria as mãos livres e longe, muito longe, da odiosa - para ele - rotina administrativa, que estaria atribuída a sua disciplinada discípula. É um tipo de presidência dual, um "milagre" do salvador. Assim, ele poderia dispor de todo o seu tempo para fazer política do seu jeito, sempre usando a primeira pessoa do singular, como manda a tradição sebastianista.

Coagir ministros da Suprema Corte, atacar de forma vil seus adversários, desprezar a legislação eleitoral, tudo isso, como seria dito num botequim de São Bernardo, é "troco de pinga".

Ele continua achando que tudo pode. E vai seguir avançando e pisando na Constituição - que ele e seus companheiros do PT, é bom lembrar, votaram contra. E o delírio sebastianista segue crescendo, alimentado pelos salamaleques do grande capital (de olho sempre nos generosos empréstimos do BNDES), pelos títulos de doutor honoris causa (?) e, agora, até por um museu a ser construído na cracolândia paulistana louvando seus feitos.

E Ele (logo teremos de nos referir a Lula dessa forma) já disse que não admite que a oposição chegue ao poder em 2014. Falou que não vai deixar. Como se o Brasil fosse um brinquedo nas suas mãos. Mas não será? Marco Antonio Villa, historiador,  é professor da Universidade Federal de São Carlos ( (UFSCAR)

Fonte: Estadão

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Doris Lessing sobre as origens do politicamente correto

Doris Lessing
Em 1992, a escritora britânica Doris Lessing, prêmio Nobel de Literatura de 2007, redigiu um artigo, chamado Perguntas que não se deveria fazer a um escritor, sobre o chamado "politicamente correto" que, já naquela época, começava a mostrar sua face autoritária e persecutória. 

Nesse artigo, Lessing afirma que o "politicamente correto" é um legado do (então) recém-finado comunismo, um legado, contudo, não perceptível pela maioria das pessoas. Ela busca, consequentemente, visibilizar esse legado rastreando os sinais da maldita herança comunista nas ideias, na linguagem e no comportamento da sociedade do período citado. Traduzi trechos do artigo e os editei no texto abaixo. Depois da tradução, postei o link para o site do The New York Times de onde retirei o original intitulado Questions You Should Never Ask a Writer. 

O legado comunista nas ideias politicamente corretas

Doris Lessing identifica, nas perguntas que lhe faziam sobre os temas de seus livros (de onde o título de seu artigo), um dos legados do comunismo. Diz ela:

"Todos os entrevistadores fazem esta pergunta aos escritores: 'Você acha que um escritor deveria...?' 'Os escritores deveriam...?' A pergunta sempre tem a ver com um posicionamento político, trazendo implícita a ideia de que todos os escritores deveriam fazer a mesma coisa. Essas frases têm uma longa história embora desconhecida das pessoas que as usam casualmente (?)."

"Uma forma muito comum de se fazer crítica literária, não identificada como oriunda do comunismo, embora o seja, é a que acredita na necessidade de haver um tema engajado para justificar a produção de um livro. Todo escritor já ouviu alguém dizer que um romance, um conto, é 'sobre' uma coisa ou outra. Escrevi uma história, The Fifth Child (O Quinto Filho), que foi rotulada como sendo sobre o problema palestino, pesquisa genética, feminismo, antissemitismo e assim por diante.

Uma jornalista francesa entrou em meu escritório e nem bem sentou já foi dizendo: ' Naturalmente, O Quinto Filho é sobre a AIDS.'

Boa maneira de matar uma conversa, posso lhes assegurar. Mas o interessante é analisar o hábito de se criticar um trabalho literário dessa forma. Eu receberia olhares espantados se dissesse que 
redigiria um panfleto, caso quisesse escrever sobre a AIDS e o problema palestino. Afirmar que um trabalho de imaginação tenha que ser 'realmente' sobre algum problema é, novamente, uma herança do realismo socialista. Nessa perspectiva, escrever uma história simplesmente pelo amor à produção literária é ser frívolo, para não dizer reacionário.


A exigência de que os enredos tenham que ser 'sobre' alguma coisa vem do pensamento comunista e, recuando antes dele, do pensamento religioso, com seu pendor por livros de autoajuda tão simplistas como mensagens em amostras grátis."


O legado comunista na linguagem politicamente correta 

Doris Lessing identifica o legado comunista nos jargões utilizados pela imprensa, no pernosticismo da linguagem acadêmica e nos termos dos ativistas. Conforme à escritora, tratam-se de "palavras confinadas à esquerda, como animais encurralados":

"Não é uma ideia nova afirmar que o comunismo degradou a linguagem e, com ela, o pensamento. Há um jargão comunista reconhecível em cada sentença. Na Europa, apenas poucas pessoas da minha geração não fizeram piadas sobre termos, entre outros, como 'passos concretos', 'contradições', 'interpenetração de opostos'. 

Percebi, pela primeira vez, que esses slogans destruidores de mentes tinham o poder de ganhar asas e voar para bem longe de suas origens ao ler um artigo, no Times de Londres, dos anos 50, onde se dizia: 'A manifestação do sábado passado foi uma prova irrefutável da situação concreta....' Palavras confinadas à esquerda, como animais encurralados, passaram para o uso comum e, com elas, suas ideias. Até na imprensa conservadora e liberal podia-se ler artigos inteiros de teor marxista, sem que os próprios autores se dessem conta disso. 

Retornando ao exemplo das perguntas que entrevistadores fazem a escritores, ela identifica outros termos herdeiros do comunismo:

"Todos os entrevistadores fazem esta pergunta aos escritores: "Você acha que um escritor deveria...?" "Os escritores deveriam...? A pergunta sempre tem a ver com um posicionamento político, trazendo implícita a ideia de que todos os escritores deveriam fazer a mesma coisa. Estas frases têm uma longa história embora desconhecida das pessoas que as usam casualmente (?). Outro exemplo do gênero é o termo 'engajamento', muito em voga algum tempo atrás. Fulano de tal é um escritor engajado?

'Conscientizar' é outro termo que entrou na moda depois de 'engajamento'. Tem mão dupla: por um lado, significa oferecer informação e apoio moral a quem realmente necessita; por outro, restringir a informação somente à propaganda aprovada pelo instrutor. Termos como 'engajamento', 'conscientizar' e 'politicamente correto' são apenas a continuidade daquele velho molestamento conhecido como linha partidária.

Neste trecho, Lessing atribui a linguagem vazia e obscura da academia à influência do comunismo.


"Mesmo até cinco, seis anos atrás, publicações como o Izvestia, Pravda e milhares de outros jornais comunistas pareciam programados para preencher o máximo de espaço possível sem de fato dizer nada. Naturalmente porque era perigoso tomar posições que poderiam ter que ser defendidas. Agora esses jornais redescobriram o uso do idioma, mas se pode encontrar a herança deixada pela linguagem vazia e morta daqueles tempos na academia e particularmente em algumas áreas da Sociologia e da Psicologia.

Um jovem amigo meu, do Iêmen do Norte, economizou todo o dinheiro que podia para viajar à Grã-Bretanha a fim de estudar Sociologia. Pedi para ver seu material de estudo, e ele me mostrou um calhamaço tão mal escrito e num jargão tão feio e vazio que era difícil de entender. Havia centenas de páginas com ideias que poderiam facilmente ser resumidas em dez. 

Sim, eu sei que o estilo obscuro do meio acadêmico não começou com o comunismo – como Swift, por exemplo, nos informa – mas o pedantismo e a verborragia do comunismo têm suas raízes na academia alemã. E agora ambos se tornaram uma espécie de vírus que contaminou o mundo inteiro. 

É um dos paradoxos do nosso tempo que ideias capazes de transformar sociedades, plenas de insigths sobre como o animal humano realmente se comporta e pensa, sejam frequentemente apresentadas em linguagem incompreensível."

O legado comunista no comportamento politicamente correto

Neste trecho, Lessing exemplifica a influência do legado comunista no comportamento das pessoas ligadas ao politicamente correto

Um amigo professor universitário me relatou que, quando estudantes começaram a matar aulas de genética e a boicotar palestrantes visitantes cujos pontos de vista não coincidiam com sua ideologia (deles), decidiu convidá-los para debater e ver um vídeo sobre fatos atuais. Uma meia dúzia desses estudantes apareceu, com seus uniformes de jeans e camiseta, sentou-se em silêncio enquanto meu amigo tentava argumentar com eles, manteve os olhos baixos enquanto ele passava o vídeo e, depois, como uma única pessoa, saiu sem dizer uma palavra. Tal demonstração espelha o comportamento comunista, embora a meia dúzia citada não tenha consciência disso. Trata-se de uma representação visual das mentes fechadas dos jovens ativistas comunistas do passado.

E, na Grã-Bretanha, cada vez mais vemos, em câmaras municipais ou escolas, funcionários, diretores, orientadores pedagógicos e professores sendo perseguidos por grupos de "caça-às-bruxas" mediante as táticas mais sujas e cruéis. Eles acusam suas vítimas de racistas ou de qualquer outra coisa tida como reacionária. Ao apelar para seus superiores, contudo, as vítimas dessas perseguições conseguem provar que a campanha contra elas era injusta. Estou certa de que milhões de pessoas, após o chão comunista ter ruido a seus pés, estão em busca frenética, mesmo que de forma inconsciente, por outro dogma."

Relativizando o politicamente correto (ou a cauda que sacode o cão)

Apesar das críticas ao legado comunista, como algo essencialmente negativo, que identifica no politicamente correto, Doris Lessing consegue ver algo de positivo nessa perspectiva, uma avaliação com a qual concordo:

"O politicamente correto tem um lado bom? Sim, ao nos impelir a reexaminar nossas atitudes, o que é sempre útil. O problema é que, como em todos os movimentos populares, os radicais, a princípio à margem, acabam assumindo a liderança dos movimentos; a cauda começa a sacudir o cão. Para cada mulher ou homem que tranquila e razoavelmente usa o politicamente correto para examinar suas suposições, há vinte demagogos cuja real motivação é o desejo de poder sobre os outros, não menos demagogos porque se veem como antirracistas ou feministas ou seja lá o quer for."

The End

Vi a indicação para esse texto da Doris Lessing no blog do professor de filosofia Orlando Tambosi tempos atrás. Como ando particularmente interessada no tema, resolvi traduzir o texto e transformá-lo na postagem acima. Vale lembrar que Doris Lessing foi adepta do comunismo, quando jovem, o que a credencia para reconhecer no "politicamente correto" as sombras dessa velha ideologia autoritária. Lessing, aliás, escreveu The sweetest Dream, em 2001, traduzido para o português como O Sonho Mais Doce (Cia das Letras), onde ela fala a respeito das ilusões de sua geração, com destaque exatamente para o comunismo. Vale a leitura.  

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Clipping legal: UNESP disponibiliza cursos livres na Internet

Acompanhando a tendência internacional das grandes universidades, como Harvard e MITT, entre outras, de disponibilizar suas aulas para cursos a distância, a UNESP  passa a oferecer online e gratuitamente,  nesta quinta-feira, dia 14,  os conteúdos e materiais didáticos dos seus cursos de graduação, pós-graduação e extensão. Para quem gosta de estudar, é uma ótima notícia. Veja abaixo o texto na íntegra. 

Da Redação

A partir desta quinta-feira (14), a Unesp (Universidade Estadual Paulista) passa a oferecer online e gratuitamente os conteúdos e materiais didáticos dos seus cursos de graduação, pós-graduação e extensão elaborados emparceria com o seu Núcleo de Educação a Distância (NeaD/UNESP), nas modalidades a distância e presenciais.

Na ocasião ocorrerá uma cerimônia de lançamento do projeto. Está prevista a presença do secretário de Estado de Educação, Herman Jacobus Cornelis Voorwald e da pró-reitora de Pós-Graduação da Unesp, Marilza Vieira Cunha Rudge, representando o vice-reitor em exercício da reitoria, Julio Cezar Durigan.

O projeto, intitulado Unesp Aberta, disponibiliza cursos livres pela internet como uma nova oportunidade de aperfeiçoamento e formação dos docentes nas áreas de Humanas, Exatas e Biológicas. Estes cursos integram o Redefor, convênio da Secretaria de Educação do Estado deSão Paulo com a Unesp, USP e Unicamp que oferta cursos de pós-graduação para professores da rede pública do Estado, além dos cursos da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp) e da Universidade Aberta do Brasil (UAB) e de outros cursos presenciais da universidade que utilizam as tecnologias digitais.

Entre os materiais disponíveis estão mais de 17 mil itens educacionais, como mapas, imagens, softwares educacionais e animações, além de 300 videoaulas, 300 textos, 138 livros digitais do selo Cultura Acadêmica (iniciativa da Editora Unesp e da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da universidade) e o acervo da biblioteca digital – que reúne material pertencente ao sistema de bibliotecas da Unesp e aos centros de documentação da Universidade.

Para ter acesso aos materiais, será necessário a criação deum login e uma senha no site do Unesp aberta (www.unesp.br/unespaberta). Também foram previstas as inclusões de versões em inglês e espanhol, bem como, a incorporação de recursos de acessibilidade como Libras e audiodescrição. O acesso ao material não dá direito a qualquer tipo de certificação de conclusão ou apoio educacional.

A intenção é disponibilizar todos os esforços em Educação a Distância da Unesp, ao encontro da crescente valorização desta modalidade no mundo, cenário reforçado por meio doanúncio feito pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) e pela Harvard University no mês passado, no qual tornaram pública a parceria inédita que viabilizou a disponibilização de cursos a distância pela internet com versões on-line das aulas ministradas presencialmente nestas universidades.

A cerimônia de lançamento do projeto será realizada no NeaD, dia 14 de junho, às 9h30. O evento também marca a inauguração do auditório do Nead, que conta com 150 lugares, além de uma sala de reunião e de salas de aulas.

Fonte: Repórter Diário

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Como Lula prejudica o Brasil

O crápula-mór

Sem papas na língua, o vlogueiro libertário Daniel Fraga detona o grande crápula, Lula da Silva, resgatando seu histórico mafioso.

É sempre bom lembrar.


sábado, 9 de junho de 2012

Lobão detona a hipocrisia esquerdiota

Não concordo com tudo o que diz o Lobão nessa entrevista abaixo que está circulando na Internet, mas acho ótimo seu espírito iconoclasta de detonar os edifícios de mentiras construídos pela esquerda vigarista, medíocre e hipócrita que temos no Brasil. E, como não podia deixar de ser, a dita está puta com as falas do lobo.

Precisamos de mais bocudos como ele. Entre várias provocações, exageradas para dar efeito cômico, muitas verdades que não devem calar. Exemplo:

“” A gente tinha que repensar a ditadura militar. Por que as pessoas acham… Essa Comissão da Verdade que tem agora. Por que que é isso? Que loucura que é isso? Aí tem que ter anistia pros caras de esquerda que sequestraram o embaixador, e pros caras que torturavam, arrancavam umas unhazinhas, não [risos]. Essa foi horrível [risos]. Mas é, é bem isso. Quem é que vai falar isso? Quem é que vai ter o colhão de achar que bunda de pinto não é escovinha? Porque não é. Não é. Então é o seguinte: a gente viveu uma guerra. As pessoas não estavam lutando por uma democracia, as pessoas estavam lutando por uma ditadura de proletariado. As pessoas queriam botar um Cuba no Brasil, ia ser uma merda pra gente. Enquanto os militares foram lá e defenderam nossa soberania. “”

terça-feira, 5 de junho de 2012

Habib's processado por dizer: "O bolinho é português, o preço é uma piada"

Cheguei a conclusão de que o "politicamente correto", ou a ditadura dos melindrados, é um vírus agressivo que anda infectando meio mundo. E pelo visto para o qual poucos têm resistência. Pior: ainda não existe vacina para a epidemia. 

Os sintomas mais evidentes da infecção são perda de senso de humor, de senso de proporcionalidade e de senso de ridículo. Afeta a capacidade cognitiva da vítima com crescente perda de inteligência e inclusive, em casos mais graves, incapacidade de distinguir entre o real e o imaginário. O doente não consegue entender piada e se considera ofendido e perseguido por qualquer coisa.

A única forma de evitar o contágio é através do fortalecimento  do músculo risório, exercitando-o constantemente, ou seja, rindo muito, inclusive e principalmente de si mesma(o). Como diria a blogueira cubana Yoani Sánchez: "As gargalhadas são pedras duras para os dentes dos autoritários."

Mas agora falando sério, ando realmente impressionada e preocupada com essa praga do politicamente correto e resolvi fazer um dossiê sobre suas inúmeras manifestações, muitas, como a que transcrevo abaixo, decididamente tragicômicas. Dei boas risadas da história do português acusado de ofender a colônia portuguesa por ter feito uma propaganda com a chamada "O bolinho é português, o preço é uma piada". Vejam a situação kafkiana descrita abaixo e me digam se não está todo mundo louco.

Ah, e caros leitores, caso tenham o registro de alguma patacoada politicamente correta, por favor me enviem a notícia para eu divulgar. A tag desses registros será "dossiê politicamente correto". E não se esqueçam de se prevenir desse mal, conforme conselho acima.

Após alusão a piada de português, Habib´s terá que doar van à comunidade lusitana

A rede de lanchonete fast food brasileira Habib’s foi alvo de um Inquérito Civil instaurado na Promotoria de Justiça do Consumidor de São Paulo no ano passado por ter feito uma piada de português.

Segundo o inquérito civil instaurado contra a rede Habib’s houve uma eventual discriminação à comunidade lusitana, com a campanha de marketing ‘’O bolinho é português, o preço é uma piada’’.

A empresa Habib’s precisou assinar um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o Ministério Público do Estado de São Paulo, onde se comprometeu a doar um veículo Van no valor de R$ 50 mil para a Provedoria da Comunidade Portuguesa de São Paulo, entidade de utilidade pública. Também terá que veicular anúncios em um portal de notícias exaltando a comunidade e a cultura portuguesa no Brasil.

O fundador do Habib’s, um português, argumentou que jamais houve a intenção de ofender o povo de Portugal em qualquer campanha publicitária.

Fonte: com dados do Última Instância

segunda-feira, 4 de junho de 2012

É um circo ou não é? Ferreira Gular

Um de nossos grandes poetas, Ferreira Gullar traduz na crônica abaixo o sentimento de muitos de nós em relação ao Brasil, do grande esforço que temos que fazer para não perder a esperança desse país encontrar um mínimo patamar de civilidade. A coisa está feia demais.

Ultimamente, faço um esforço enorme para não perder a esperança em nosso país, em nossa capacidade de nos comportarmos com um mínimo de respeito pelo interesse público, pelos valores éticos, enfim, por construirmos uma nação digna deste nome.

É que, a cada dia, como você, fico sabendo de coisas que me desanimam. Parece que a corrupção tomou conta do Estado brasileiro, que não há mais em quem confiar. O que desanima não são apenas as falcatruas praticadas por parlamentares, ministros, governadores, prefeitos, juízes... O pior é que esses dados refletem uma espécie de norma generalizada que dita o comportamento das pessoas e o próprio funcionamento da máquina pública.

Um pequeno exemplo: o precatório. Se ganhas na Justiça uma ação que obriga o governo a te indenizar, ele está obrigado a te pagar, não? Só que ele não paga, não cumpre a decisão judicial, e fica por isso mesmo. A Justiça sabe que sua decisão não foi obedecida e nada faz.

Pior, às vezes esse dinheiro é apropriado por altos funcionários da própria Justiça. Enquanto isso, as pessoas que deveriam ser indenizadas esperam 20, 30 anos, sem nada receber. É como um assalto em via pública. Este é um fato corriqueiro num país dominado por uma casta corrupta.

E eu, burro velho, embora sabendo disso tudo, não paro de me surpreender. Acontece de tudo, até CPI criada pelo governo. Nunca se viu isto, já que CPI é um recurso da oposição; quer dizer, era, porque a de Cachoeira foi invenção do Lula e seu partido, e conta com o apoio da presidente Dilma. Isso porque, no primeiro momento, os implicados pareciam ser apenas adversários deles, a turma do mensalão.

Eis, porém, que novas revelações envolveram gente do PT e aliados do governo, sem falar numa empresa corrupta que é responsável por grande parte das obras do PAC, o Plano de Aceleração do Crescimento do governo federal.

Mas o que fazer, agora, se a CPI já estava criada? Voltar atrás seria impossível, e nem era preciso, uma vez que, dos 30 membros da CPI, apenas sete são da oposição, quer dizer, não decidirão nada.

Mas essas revelações punham em risco um dos principais objetivos de Lula, que era usar a CPI para desqualificar o processo do mensalão, prestes a ser julgado pelo STF. Essa intenção foi favorecida por um fato que envolve o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, a quem caberá fazer a denúncia da quadrilha chefiada por José Dirceu.

O PT tentou desqualificá-lo, apresentando-o como ligado a Demóstenes Torres e, portanto, a Cachoeira. A jogada não deu certo e, além do mais, está aí a maldita imprensa, que insiste em criar problemas, por levar à opinião pública informações inconvenientes.

De qualquer modo, a CPI teria que ouvir Carlinhos Cachoeira, e só Deus sabe o que ele poderia revelar. Deus e nós também: nada, como se viu.

É que ele se valeu do direito, que a Constituição lhe concede, de permanecer calado para não produzir provas contra si mesmo. Quem quer que tenha inventado isso -sempre em defesa dos inocentes, claro- com frequência favorece aos culpados, uma vez que o inocente, por nada temer, faz questão de contar toda a verdade. Calar, portanto, é confissão de culpa.

De qualquer modo, Carlos Cachoeira, a conselho de seu advogado, não respondeu a nenhuma das perguntas que lhe foram feitas, deixando os parlamentares, que inutilmente o interrogavam, em situação constrangedora. Aquela sessão da CPI, em Brasília, só pode ser comparada a um espetáculo circense.
E quem é o advogado de Cachoeira? Nada menos que o ex-ministro da Justiça de Lula, Márcio Thomaz Bastos, que, sentado a seu lado, como um segurança jurídico, ouvia os deputados e senadores se referirem a seu constituinte como "bandido, chefe de uma quadrilha de ladrões". Estava ali por vontade própria ou por imposição do cliente? Não se sabe, mantinha-se indiferente, como se nada ouvisse.

Foi por saber Cachoeira culpado de todas aquelas falcatruas que o aconselhou a nada responder. Resta à CPI recorrer às provas documentais. Por isso mesmo, Thomaz Bastos já pediu a anulação delas. Cachoeira pode não ter razão, mas dinheiro não lhe falta. E o espetáculo continua...

Folha de São Paulo, 03 de junho de 2012

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Revista Free São Paulo revela esquema para levar o PT ao poder e nele mantê-lo eternamente


A Edição 32 da revista Free São Paulo (que nome significativo) está nas ruas e já deixou o PT em polvorosa. Traz reportagem sobre os bastidores da morte do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, crime que aconteceu há 10 anos e que serviu para tentar esconder um grande esquema de corrupção  a fim de levar o PT ao poder e até hoje mantê-lo no poder.

Os petistas estão processando a revista por difamação, calúnia, etc. E em Mauá, cidade da região do ABC paulista, o prefeito petista da cidade mandou recolher exemplares da edição. Leia Muito Além da Morte em sua versão online para saber porque. Uma coisa é certa: onde existe corrupção, ou suspeita dela, o PT está presente.

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