Ontem, os jornais foram tomados pela notícia do diagnóstico de câncer na faringe de Lula. Como li certa feita em um texto budista, as doenças e a morte ocorrem todo o dia e são, portanto, o que de mais natural existe, mas não cansamos de nos espantar com elas. Também fiquei surpresa com a notícia e vislumbrei a possibilidade de a doença tirar Lula da cena política. Sonhar não custa.
Sim, digo isso sem qualquer constrangimento. Como pessoa física, o que pode acontecer com Lula não me interessa. Não torço por ele, pois não gosto dele e não sou hipócrita de agora posar de compungida por seu infortúnio, porém, também não lhe desejo mal. Seu futuro está nas mãos do destino assim como o meu, à parte nossas diferentes condições orçamentárias para lidar com o fado. Não sou eu que irei julgá-lo por via dessa situação.
Agora, como persona política, sim, desejaria muito que a doença o aposentasse precocemente de seu ofício. Lula é um líder negativo, populista, autoritário e o padroeiro da corrupção pandêmica que assola o país. Disse ontem pelo twitter quanto era irônico seu câncer ser logo na laringe, já que ele nada fez, em seus dois mandatos e até agora, a não ser empregar a voz rascante para disseminar o câncer da mentira e da mistificação, o câncer da difamação e da calúnia contra adversários políticos, o câncer da discórdia entre brasileiros de norte a sul, o câncer do combate à imprensa e à liberdade de expressão e, sobretudo, o câncer da corrupção e da impunidade. E agora é exatamente a perda da voz seu maior risco, já que o de vida parece ser mínimo. E que ninguém se iluda. Três meses de quimioterapia e provável radioterapia afetarão a voz de Lula de qualquer forma. A extensão do dano é que não se pode prever. Dificilmente, porém, veremos esse senhor novamente vociferar contra inimigos reais e imaginários (sobretudo estes), vermelho e espumando como se estivesse à beira de um ataque apoplético.
De qualquer forma, vale ressaltar que ele não está com câncer na garganta em decorrência da justiça divina que resolveu puni-lo por seus incontáveis malfeitos. Está nessa condição pelas artimanhas do imponderável a quem ele deu uma boa força fumando e bebendo demais. O melhor dos homens, caprichando no fumacê e na garrafa, corre um bom risco de se ver na mesma situação. As doenças afetam qualquer ser vivo e não têm qualquer relação com valores morais. Se não fosse assim, crianças e animais, sem máculas de maldade, não teriam câncer, entre outras enfermidades, mas têm, como todos sabem.
Então, a doença de Lula não significa nada, muito menos o absolve de seus inúmeros defeitos e delitos. No entanto, ele e sua tchurma já começaram a transformar o câncer em um espetáculo deprimente de marketing político, a alimentar o mito do presidente mais popular que o Brasil já teve, agora também mártir. Se conseguir manter um fio de voz, Lula e a petralhada vão inclusive utilizar o infortúnio do câncer para fins eleitoreiros no futuro pleito presidencial, vide o que fizeram com Dilma Roussef. Preparem-se para cenas bem lastimáveis e demagógicas, centradas na suposta extraordinária capacidade de superação do ex-presidente. Fora que, caso venha a falecer, embora não me pareça o caso, petistas e outros avermelhados seguramente vão requisitar sua canonização à Igreja .
Nada que espante considerando com quem estamos lidando. O que espantou, porém, foi a reação de muitos jornalistas e políticos de “oposição” quanto ao caso de Lula, o que inclusive ajuda a entender como esse homem chegou aonde chegou em termos de imagem mistificada. Mesmo alguns jornalistas que vivem, no sentido de ganhar dinheiro mesmo, de criticar Lula e seus desmandos bem como os do PT e de seus aliados se saíram com embaraçosas declarações de apoio ao ex-presidente por meio de vivas e até promessas de rezas por sua saúde. Os grandes portais fecharam a área de comentários, abaixo das notícias sobre o tema, para que os muitos brasileiros que não gostam de Lula, por inúmeras razões, não pudessem expressar seus reais sentimentos sobre o tema. Respostas no twitter à notícia, com a tag #LulaNoSUS, foram tidas como mera baixaria, coisa de gente quase-humana, nos dizeres de um petista.
Quanta hipocrisia desses jornalistas e políticos de oposição (?) e, em alguns casos, quanta incoerência. Todos sabem que Lula e os petralhas trabalham há anos para acabar com a oposição e a liberdade de imprensa. Ontem mesmo, li um tuíte de um petralha (@peu93) que, à guisa de dar força ao ex-presidente, dizia: "Vamos tratar esse tumor como a oposição, vamos destroçá-lo e sair mais forte dele." Essa é a mentalidade antidemocrática de Lula e de toda a quadrilha que o cerca. Lula rebaixou o país ao seu nível e ao nível de sua turma. Nunca vi o Brasil tão medíocre, tão fanático, tão corruPTo, tão cheio de rancor. Não há razão alguma para desconsiderar toda essa obra de Lula só porque, agora, ele padece de uma doença que afeta milhares de pessoas no Brasil todos os anos, pessoas que, ao contrário dele, às voltas com o sistema público de saúde do país, jamais terão o tratamento de ponta que ele terá no Sírio-Libanês, um dos mais caros e renomados hospitais brasileiros. Vamos lembrar que só os 85 bilhões de reais roubados da população brasileira, no ano passado, pela via da corrupção, seriam mais do que suficientes para recuperar todos os hospitais públicos do Oiapoque ao Chuí e dotá-los de capacidade para atender dignamente a população que hoje em dia literalmente morre sem atendimento médico. Isso sem falar em outros hospitais que esse dinheiro poderia criar. (Vejam aqui a realidade da saúde pública brasileira: Falta de leitos em hospitais públicos levam pacientes à morte no Brasil).
Se, por questões de civilidade, não cabe soltar rojões pela doença de Lula e ficar lhe desejando o pior dos destinos (a tag #LulaNoSUS é obviamente política, um protesto pelo descaso ao qual esse senhor e sua pupila Dilma Roussef relegaram e relegam a saúde pública brasileira), também não cabe tratá-lo de forma adulatória e falsamente compungida. Para aqueles e aquelas que não gostam dele – e razões não faltam para tal - cabe apenas discrição sobre o assunto, mesmo porque qualquer um(a) de nós pode se ver às voltas com o mesmo mal, mesmo não fumando ou bebendo. Por outro lado, do ponto de vista político, não deixo de reafirmar meu desejo, citado no início deste texto, certa de que, se o universo me atender, o Brasil é que se beneficiará. Nós não temos oposição política. Quem sabe a oposição do destino não nos faça um pouco de justiça.