8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

sexta-feira, 31 de maio de 2013

A formação dos médicos cubanos e os moldes de sua exportação para países compañeros

Em cada 140 médicos cubanos 10 paramilitares
Qualquer pessoa minimamente informada sabe que a tal saúde exemplar da ilha cubana é apenas mito. Sabe também que os médicos cubanos exportados para o exterior têm formação precária e seus salários em boa parte confiscados pelo regime comunista, além de viajar acompanhados de agentes da polícia política castrista,

Abaixo texto do jornalista Sandro Vaia relata a história de um desses médicos e de como ele se safou das garras de seus algozes. Aponta também o que aguarda o Brasil com a importação desses "médicos" se não passarem pelo exame de revalidação de seus diplomas pelo Conselho Federal de Medicina. Deixo ainda vídeo com a fala do deputado federal Luiz Henrique Mandetta, que é também médico, sobre o tema. Vale a audiência!

História de um médico cubano

O Dr. Gilberto Velazco nasceu em 1980 em Havana e recebeu seu diploma de médico em 15 de julho de 2005.
No depoimento que me deu por e-mail e por telefone, disse que a sua graduação foi antecipada em um ano depois de uma “formação crítica e gravemente ruim”, excessivamente teórica, feita através de livros desatualizados, velhos, rasgados, faltando páginas, além de “uma forte doutrinação política”.

No hospital onde fez residência havia apenas dois aparelhos de raio X para atender todas as ocorrências noturnas de Havana e não dispunha sequer de reagentes para exames de glicemia.

Pouco adiantava prescrever remédios para os pacientes porque a maioria deles não estava disponível nas farmácias.

A situação médica no país é tão precária que Cuba está vivendo atualmente uma epidemia inédita de cólera e dengue.

Em 2 de fevereiro de 2006 foi enviado à Bolívia numa Brigada Médica de 140 integrantes -14 grupos de 10 médicos cada - que iria socorrer vítimas de inundações que nunca chegou a ver.

No voo entre Cuba e a Bolívia conversou sobre assuntos médicos com o vizinho de poltrona e descobriu que ele não era médico, mas provavelmente oficial de inteligência cubana. Calcula que em cada 140 médicos 10 eram paramilitares.

Na Bolívia, onde lhe disseram que iria permanecer por 3 meses, ficou sabendo que deveria ficar no mínimo por 2 anos, recebendo 100 dólares de salário por mês e que a família receberia 50 dólares em Cuba - quantia que, segundo ele, nunca foi paga.

Viveu e trabalhou em Santa Cruz de la Sierra e em Porto Suarez, na fronteira com o Brasil.

Todos os componentes da Brigada recebiam um draconiano regulamento disciplinar de 12 páginas, dividido em 11 capítulos, que fixava desde horários e requisitos para permissões de saída até regras para relações amorosas com nativos e punia contatos com eventuais desertores.

Os médicos verdadeiros eram vigiados pelos falsos médicos que, segundo Gilberto, andavam com muito dinheiro e armas. Ainda assim, o Dr. Gilberto, em 29 de março de 2006, conseguiu pedir formalmente asilo político à Polícia Federal em Corumbá e foi enviado a São Paulo, onde ficou 11 meses.

Pediu à Polícia Federal a regularização de sua situação para poder fazer os Testes de Revalidação Médica exigidos pelo Conselho Federal de Medicina, mas o pedido de asilo foi negado.

Como o prazo de refúgio concedido pelo Conare - Comitê Nacional para os Refugiados - terminava em fevereiro de 2007, pediu asilo aos EUA no consulado de São Paulo, e em 2 de janeiro de 2007 viajou para Miami, Flórida, onde vive agora.

A família do Dr. Gilberto foi penalizada por sua deserção com 3 anos de proibição de viagem ao exterior, mas atualmente vive com ele na Flórida.

Ele trabalhou para uma empresa internacional de seguros de saúde, onde chegou a receber 50 mil dólares anuais, e atualmente está estudando para concluir os exames de revalidação de seu diploma médico nos EUA.

Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez. E.mail: svaia@uol.com.br

Fonte: Blog do Noblat

quinta-feira, 30 de maio de 2013

O Pagador de Promessas e outros filmes brasileiros para ver online


O canal do youtube criado por Eduardo Carli de Moraes surpreendeu os navegantes da web nos últimos tempos com 80 filmes brasileiros completos para assistir online. Agora, vai surpreender ainda mais já que foram disponibilizados 169 filmes ao todo – totalmente gratuitos.

Filmes bons, raros, clássicos e necessários estão na lista: “O Cheiro do Ralo”, “O Bandido da Luz Vermelha”, “Cidade Baixa”, “Vidas Secas”, “Estamira”, “A Festa da Menina Morta”, “Batismo de Sangue”, entre muitos outros.

Aproveite para conectar seu computador na sua televisão para aproveitar os longas. Para isso, descubra qual é o tipo de saída do seu pc para o vídeo. Existem cinco delas: HDMI, DVI, S-VIDEO, S-VIDEO (com capacidade de Vídeo Componente) e VGA.

Agora é só preparar baldes e baldes de pipoca, se esparramar no sofá e dar play neste link. Bom filme. Ou melhor, bons filmes.

Fonte: Catraca Livre

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Falácias sobre a luta armada na ditadura


O texto abaixo é antigo, mas, nesses tempos em que a mistificação em torno do período da ditadura militar anda a toda, com os herdeiros dos dois lados em conflito dizendo um monte de besteiras (a última foi a de um tal Amado Batista, cantor de música brega, que revelou à Marília Gabriela ter sido torturado porque "merecia"), melhor sempre relembrar análises mais objetivas e distanciadas. Reproduzo o texto do historiador Marco Antonio Villa, um trecho da entrevista do tal Amado Batista à Gabi e de uma entrevista do Gabeira, onde, honestamente, ele coloca que os guerrilheiros lutavam por ditadura e não democracia.

Falácias sobre a luta armada na ditadura

por Marco Antonio Villa

Militantes de grupos de luta armada criaram um discurso eficaz. Quem questiona “vira” adepto da ditadura. Assim, evitam o debate

A LUTA armada, de tempos em tempos, reaparece no noticiário. Nos últimos anos, foi se consolidando uma versão da história de que os guerrilheiros combateram a ditadura em defesa da liberdade. Os militares teriam voltado para os quartéis graças às suas heroicas ações. Em um país sem memória, é muito fácil reescrever a história. É urgente enfrentarmos essa falácia. A luta armada não passou de ações isoladas de assaltos a bancos, sequestros, ataques a instalações militares e só. Apoio popular? Nenhum. O regime militar acabou por outras razões.

Argumentam que não havia outro meio de resistir à ditadura, a não ser pela força. Mais um grave equívoco: muitos dos grupos existiam antes de 1964 e outros foram criados logo depois, quando ainda havia espaço democrático (basta ver a ampla atividade cultural de 1964-1968). Ou seja, a opção pela luta armada, o desprezo pela luta política e pela participação no sistema político e a simpatia pelo foquismo guevarista antecedem o AI-5 (dezembro de 1968), quando, de fato, houve o fechamento do regime. O terrorismo desses pequenos grupos deu munição (sem trocadilho) para o terrorismo de Estado e acabou usado pela extrema-direita como pretexto para justificar o injustificável: a barbárie repressiva.

Todos os grupos de luta armada defendiam a ditadura do proletariado. As eventuais menções à democracia estavam ligadas à “fase burguesa da revolução”. Uma espécie de caminho penoso, uma concessão momentânea rumo à ditadura de partido único. Conceder-lhes o estatuto histórico de principais responsáveis pela derrocada do regime militar é um absurdo. A luta pela democracia foi travada nos bairros pelos movimentos populares, na defesa da anistia, no movimento estudantil e nos sindicatos. Teve na Igreja Católica um importante aliado, assim como entre os intelectuais, que protestaram contra a censura. E o MDB, nada fez? E seus militantes e parlamentares que foram perseguidos? E os cassados?

Quem contribuiu mais para a restauração da democracia: o articulador de um ato terrorista ou o deputado federal emedebista Lisâneas Maciel, defensor dos direitos humanos, que acabou sendo cassado pelo regime militar em 1976? A ação do MDB, especialmente dos parlamentares da “ala autêntica”, precisa ser relembrada. Não foi nada fácil ser oposição nas eleições na década de 1970.

Os militantes dos grupos de luta armada construíram um discurso eficaz. Quem questiona é tachado de adepto da ditadura. Assim, ficam protegidos de qualquer crítica e evitam o que tanto temem: o debate, a divergência, a pluralidade, enfim, a democracia. Mais: transformam a discussão política em questão pessoal, como se a discordância fosse uma espécie de desconsideração dos sofrimentos da prisão. Não há relação entre uma coisa e outra: criticar a luta armada não legitima o terrorismo de Estado.

Precisamos romper o círculo de ferro construído, ainda em 1964, pelos inimigos da democracia, tanto à esquerda como à direita. Não podemos ser reféns, historicamente falando, daqueles que transformaram o adversário, em inimigo; o espaço da política, em espaço de guerra.

Um bom caminho para o país seria a abertura dos arquivos do regime militar. Dessa forma, tanto a ação contrária ao regime como a dos “defensores da ordem” poderiam ser estudadas, debatidas e analisadas. Parece, porém, que o governo não quer. Optou por uma espécie de “cala-boca” financeiro. Rentável, é verdade.

Injusto, também é verdade. Tanto pelo pagamento de indenizações milionárias a privilegiados como pelo abandono de centenas de perseguidos que até hoje não receberam nenhuma compensação. É fundamental não só rever as indenizações já aprovadas como estabelecer critérios rigorosos para os próximos processos. Enfim, precisamos romper os tabus construídos nas últimas quatro décadas: criticar a luta armada não é apoiar a tortura, assim como atacar a selvagem repressão do regime militar não é defender o terrorismo.

O pagamento das indenizações não pode servir como cortina de fumaça para encobrir a história do Brasil. Por que o governo teme a abertura dos arquivos? Abrir os arquivos não significa revanchismo ou coisa que o valha.

O desinteresse do governo pelo tema é tão grande que nem sequer sabe onde estão os arquivos das Forças Armadas e dos órgãos civis de repressão.

Mantê-los fechados só aumenta os boatos e as versões fantasiosas.

Fonte: FSP, Tendências/Debates, 19 de maio de 2008

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Feminismo e Liberalismo: uma relação histórica e íntima!

Não lhes desejo que tenham poder sobre os homens mas sim sobre si mesmas
A mistificação conservadora criou a teoria conspiratória do marxismo cultural do qual os modernos movimentos sociais (feminismo, LGBT, negro e ambientalista) seriam pontas de lança na guerra contra os valores tradicionais, a família, a cristandade, as democracias ocidentais e outras baboseiras do gênero. Esses movimentos, então, teriam surgido no bojo da revolução sexual, contracultural, da década de 60 do século passado, como resultado da influência de escritos da Escola de Frankfurt (escola de pensadores marxistas da década de 20). 

Trata-se de distorção histórica descomunal, fruto de um misto de ignorância, má-fé e preconceitos vários. A verdade é que os conservadores juntam num mesmo saco de gatos tudo aquilo que detestam: a esquerda, em geral, e os movimentos sociais em particular. Os fatos históricos, contudo, apontam em outra direção completamente distinta. Na realidade, sobretudo o feminismo (desde seus primórdios que não datam da década de 20 dos 1900 mas sim da Revolução Francesa) deve muito de seu nascimento ao pensamento liberal. Pode-se dizer, sem medo de errar, que boa tarde da longeva trajetória do movimento se deu em especial sob a bandeira dos princípios liberais naturalmente abordados da perspectiva feminina. Apenas a partir de meados dos anos 70, do século XX, vamos passar a ter uma predominância dos feminismos de esquerda na história do movimento, mas mesmo estes têm também suas diferenças.

O fato é que as mulheres são plurais decorrendo daí que o feminismo não poderia ser singular. São inúmeras hoje as correntes feministas que utilizam os referenciais ideológicos e doutrinários da sociedade em geral para analisar a condição da mulher. Coerentemente não se fala mais em feminismo e sim em feminismos. Como diz a autora do texto que reproduzo abaixo, sobre liberalismo e feminismo, Ingrid Cyfer, o termo "feminismo", como um termo unívoco, é usado para deslegitimizar a luta das mulheres por igualdade de direitos e autonomia, sendo, portanto, importante reconhecer a inadequação conceitual e mesmo estratégica da insistência do mesmo em sua forma singular.

Concordando, à guisa de contribuir para desconstruir a mistificação grosseira que esses conservadores vêm fazendo dos feminismos, reduzindo-os a uma de suas vertentes e ainda por cima de forma totalmente descontextualizada, transcrevo abaixo trecho do texto Liberalismo e Feminismo: Igualdade de Gênero em Carole Patemam e Martha Nussbaum (duas feministas liberais) e, em seguida, o texto integral pelo SlideShare. Trata-se de um texto acadêmico, mas acessível, que compara a abordagem dessas duas feministas sobre a condição da mulher.

Trecho da Introdução

“Feminismo” é ao mesmo tempo um termo maldito e impreciso. Maldito porque é na maior parte dos casos associado à defesa de uma suposta superioridade feminina, que exprimiria o mesmo sexismo do discurso que inferioriza as mulheres. Outra crítica comum é a de que o feminismo seria cego às diferenças biológicas entre homens e mulheres devido a um inconformismo injustificado e imponderado em relação às diferenças naturais, moralmente neutras. Diz-se ainda que o discurso feminista vitimaria a mulher na medida em que responsabilizaria exclusivamente o homem pela condição subalterna feminina. E, finalmente, é bastante freqüente também associá-lo a discursos moralistas que, em nome da igualdade, reprimiriam a sexualidade de homens e mulheres ao identificar a sedução e a relação sexual como locus de discriminação, nos quais a mulher estaria reduzida à condição de objeto.

A maior parte dessas críticas poderia atingir facilmente muitos alvos feministas. No entanto, dificilmente abalariam uma significativa gama de movimentos e teorias que se denominam feministas e, se fizessem-no, isso seria devido à imprecisão do termo “feminista”, que mascara as inúmeras nuances e divergências comportadas pelo conceito. A conseqüência dessa imprecisão é que as discussões acerca da igualdade entre homens e mulheres são freqüentemente deslegitimadas por críticas que tomam o feminismo por um termo unívoco. Diante disso, deve-se reconhecer que a adequação conceitual e mesmo estratégica da insistência no termo “feminismo” deve ser questionada."

 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Mais vergonhoso do que o bolsa-família só mesmo a manipulação que se faz dele


Todos viram o triste espetáculo de milhares de brasileiros dependentes do bolsa-família desesperados correndo para as agências da CEF e para lotéricas por causa de um boato de que o benefício seria cortado. Após a confusão, a Ministra da Justiça, Maria do Rosário, dando uma de joana sem braço, saiu culpando a oposição pelo boato, embora seja óbvio que a oposição não tem nenhum interesse em veicular semelhante notícia. De fato, quem tem interesse em acusar a oposição dessa boataria é o próprio governo, o PT, com vistas às próximas eleições.

Os governos petistas fizeram do bolsa-família um verdadeiro curral eleitoral, tornando dependentes  do mesmo um grande número de brasileiros, especialmente no nordeste. Uma de suas armas sujas, em eleições, tem sido exatamente acusar a oposição de querer acabar com o benefício, o que - claro - dada à situação existente, só tira votos dos candidatos oposicionistas.

Dilma Roussef veio a público chamar de criminosa a boataria sobre o fim do bolsa-família, o governo disse que vai investigar o causo, mas a população não quer revelar de onde surgiu a falsa informação com medo de perder o benefício. Abaixo, matéria do UOL fala desse medo, com direito a vídeo sobre o assunto e fala da jornalista do SBT dizendo o óbvio: não é possível continuar mantendo milhares de pessoas dependentes de subsídios governamentais, para a simples sobrevivência, sem gerar empregos para que elas possam se virar às custas do próprio esforço. O governo de "esquerda" do PT, que sempre criticou outras programas governamentais da mesma natureza do bolsa-família como assistencialistas (esmolas para comprar a consciência do povo), criou o maior programa assistencialista de todos os tempos. Nossos velhos coronéis estão mortos de inveja!

Atendidos pelo Bolsa Família evitam falar sobre origem de boato que apontava fim do programa

por Aliny Gama

Beneficiários do Bolsa Família que sacaram o dinheiro no último fim de semana temem ter seus benefícios suspensos ou cortados por terem sacado-os fora do cronograma. No final de semana, boatos sobre o fim do programa levaram pessoas atendidas a correr até agências da CEF (Caixa Econômica Federal) e lotéricas para retirar o benefício. A falsa notícia causou problemas em 12 Estados, nove do Nordeste, dois do Norte e um do Sudeste.

Algumas famílias entrevistadas pelo UOL afirmaram que ainda não acreditam que o programa vai continuar, apesar da negativa do MDS (Desenvolvimento Social e Combate à Fome).

Muitas não querem nem falar o nome para não correr o risco de ficarem "marcadas" e deixarem de receber o Bolsa Família, apesar de se enquadrarem no perfil criado pelo governo para os beneficiários.

"Eu não vou saber dizer de onde partiu porque foi uma vizinha que já me avisou e foi avisada pelo marido, que estava na casa da mãe dele e soube por outra pessoa, que o sábado era o último dia para tirar o dinheiro senão íamos perder o Bolsa família", disse Regina Silva, moradora de Maceió.

Regina contou que ao saber da falsa informação, achando que era verdade, avisou as duas conhecidas e todas saíram para uma casa lotérica, no bairro Jacintinho, periferia de da capital alagoana.

"Foi um corre-corre, mas a gente conseguiu chegar à lotérica, ainda no almoço, mas a fila estava enorme e retiramos o dinheiro a tarde. Foi um alívio. Já até comprei comida e paguei uma compra de um caderno que tinha feito para meu filho que estava em aberto", disse a colega de Regina, Neuza Patrícia da Silva.

Boca a boca


"Não quero me envolver com isso e peço que não coloque meu nome porque eu já soube dessa história que teríamos de tirar o dinheiro no sábado por uma pessoa na feira, que já foi outra que disse. Se me chamar eu não vou saber dizer quem foi, mas tenha certeza que corri para tirar o dinheiro porque dependo dele para viver. É com ele que mantenho a casa e sustento meu filho, de oito anos", disse uma moradora de Picos (308 km de Teresina), que sacou perto do meio-dia de sábado (18) o dinheiro do Bolsa Família.

O UOL entrevistou outra pessoa no Piauí, moradora de Teresina, que também pediu para que não fosse publicado o nome temendo perder o benefício. "Sou escovista, trabalhava num salão de beleza e ganhava por produção. O salão fechou e dependo apenas do Bolsa Família para comprar alimento e o que meu filho precisa. O dinheiro não dá para tudo, mas se eu perder vai fazer muita falta", disse.

No Rio Grande do Norte, em Natal, duas entrevistadas pelo UOL pediram para não ter os nomes publicados porque "não querem se envolver com caso de polícia" para explicarem quem avisou-as porque as informações foram passadas no boca a boca.

"Eu soube dessa história quando estava na casa de minha sogra, que um vizinho passou dizendo, que já soube por outra pessoa. Sou pobre, mas também nunca me envolvi em caso com a polícia e não será desta vez porque eu fui avisada, fui vítima de um boato. Quem depende desse dinheiro logicamente ia ficar preocupada e correr para tentar tirar o dinheiro", contou a mulher, que mora na Ribeira, em Natal.

Ela avisou a irmã, que mora na Candelária, e a família saiu "uns telefonando para os outros".

"Eu não consegui tirar no sábado, mas consegui no domingo numa agência da Caixa. Tinha muita gente na lotérica que fui e a confusão estava grande, muita gente furando fila e a tardinha avisaram que o dinheiro tinha acabado, mas que quem quisesse esperar alguém que fosse fazer algum depósito poderia arriscar. Resolvi ir embora porque as crianças estavam com fome e sede."

O boca a boca também disseminou o boato de que o Bolsa Família iria acabar no Maranhão.


Beneficiários do município de Mâncio Lima (617 km de Rio Branco), só se tranquilizaram que o Bolsa Família não seria extinto depois que a secretária de Assistência Social do município, Ângela Maria Valente de Figueiredo, fixou na única casa lotérica da cidade o comunicado do MDS.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Queremos política inteligente, então levemos as pessoas inteligentes a fazer política - Mario Vargas Llosa no Roda Viva!

Entrevista ao Roda Viva, em 13/05/2013, do escritor peruano Mario Vargas Llosa, legendada. Sempre bom ouvir esse liberal humanista, tão diferente dos neocons, travestidos de liberais, que temos por estas nossas plagas arcaicas.


 


terça-feira, 21 de maio de 2013

Liberdade de expressão ameaçada: jornalista condenada a pagar R$ 2 milhões a Sarney por dizer a verdade


Condenada por danos morais, Alcinéa Cavalcante precisou juntar seus contracheques para provar que sobrevive somente com aposentadoria de pouco mais de R$ 5 mil por mês, mostra O Estado de S. Paulo. Condenação transitou em julgado e processo está em fase de execução 

Repórter condenada a pagar Sarney tem conta bloqueada

O Tribunal Regional Eleitoral do Amapá determinou o bloqueio das contas da jornalista Alcinéa Cavalcante, condenada a pagar mais de R$ 2 milhões em indenização por danos morais ao senador José Sarney (PMDB-AP). A condenação já transitou em julgado e o processo se encontra atualmente na fase de execução. Alcinéa é colaboradora do Estado no Amapá.

Como Alcinéa não possui bens em seu nome para serem penhorados, a Justiça determinou o bloqueio de sua conta corrente. A jornalista precisou juntar seus contracheques para provar que sobrevive somente de sua aposentadoria como professora, de pouco mais de R$ 5 mil. “A lei não permite bloqueio de salário e esse é o único rendimento da jornalista. Ela vai ficar com o nome sujo e proibida de comprar qualquer coisa em seu nome”, afirmou o advogado Ruben Benerguy, que passou a defender Alcinéa na fase de execução do processo.

A jornalista foi condenada por causa de uma nota publicada em seu blog (www.alcinéa.com) durante as eleições de 2006. No blog, ela publica, além de notícias, fotos antigas, poesias, obras de artes e temas variados. Na eleição de 2006, Alcinéa lançou uma enquete: mande fazer um adesivo com os dizeres: “o carro que mais parece comigo é o camburão da polícia”.

Sugeriu aos leitores que dissessem o nome do político que deveria receber o adesivo. Vários políticos do Estado – um dos campeões em casos de corrupção, com prefeitos e governadores presos nos últimos anos -foram citados. Também citado na enquete, Sarney não gostou e decidiu processar a jornalista.

Alcinéa noticiava o processo em seu blog. A cada nova nota, recebia outro processo. Ela recorreu nos dos primeiros, mas foram outros 20 processos que determinaram sua condenação. “Acabei perdendo o prazo de recorrer e fui julgada à revelia. Não tinha dinheiro para pagar advogados”, explica a jornalista.

No Amapá, os principais jornais e as concessões de rádios e TVs são ligadas a políticos. Por isso, blogs e Twitter costumam ser os meios de acesso a notícias com isenção e imparcialidade. Os jornalistas, no entanto, são processados com frequência e acabam tendo de arcar pessoalmente com os custos na Justiça.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Para começar a semana com emoção: What a Wonderful world!

David Attenborough e chimpanzés
Vídeo produzido pela BBC com David Attenborough narrando a música "What a Wonderful World", escrita por Bob Thiele e George David Weiss e cantada por Louis Armstrong em 1967, com cenas do documentário VIDA.

I see trees of green, red roses too
I see them bloom for me and you
And I think to myself, what a wonderful world

I see skies so blue and clouds of white
The bright blessed days, the dark sacred night
And I think to myself, what a wonderful world

The colors of the rainbow, so pretty in the sky
Are also on the faces of people going by
I see friends shaking hands, saying, "how do you do?"
They're really saying, "I love you"

I hear babies cry, I watch them grow
They'll learn much more, than I'll never know
And I think to myself, what a wonderful world

Yes, I think to myself, what a wonderful world

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Das três filhas de Marx, duas se suicidaram

Foto de autor desconhecido. Jenny Laura Marx, 1860.
Vi, no blog do professor Romano, essa nota do Images&Visions (Fernando Rabelo) e achei interessante transcrever aqui. Provocar mortes parece ter sido uma sina do notório filósofo Karl Marx. Seus inscritos forneceram base para o fascismo, o nazismo e o comunismo que, somados, levaram para a eternidade mais de 160 milhões de pessoas (por baixo). Agora fico sabendo que de suas três filhas, duas se suicidaram. De fato, suicídios acontecem nas melhores famílias, mas duas vezes numa mesma família, dá o que pensar, pois não? 

O tragicômico da nota fica por conta de Lênin dizer que um socialista não podia se suicidar enquanto pudesse servir a causa. Kct, o socialista não tem direito à individualidade nem para decidir a própria morte.

A Filha Karl Marx

Esta é Jenny Laura Marx (1845-1911), a segunda filha do filósofo Karl Marx. Jenny Laura se casou com o escritor e ativista político Paul Lafargue. Em 1911, os dois cometeram suicídio injetando ácido cianídrico. O pacto de morte do casal causou uma verdadeira comoção no socialismo internacional. Lenin afirmou na época que um socialista não podia se suicidar, enquanto pudesse servir a causa. Lafargue tinha 55 anos de militância e Laura esteve sempre envolvida na causa socialista. Duas das três filhas de Marx que chegaram à idade adulta se suicidaram.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Documentário Uma Noite em 67, registro imperdível do III Festival de Música Popular Brasileira


Era 21 de outubro de 1967. No Teatro Paramount, centro de São Paulo, acontecia a final do III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record. Diante de uma plateia fervorosa - disposta a aplaudir ou vaiar com igual intensidade -, alguns dos artistas hoje considerados de importância fundamental para a MPB se revezavam no palco para competir entre si. As canções se tornariam emblemáticas, mas até aquele momento permaneciam inéditas. Entre os 12 finalistas, Chico Buarque e o MPB 4 vinham com "Roda Viva"; Caetano Veloso, com "Alegria, Alegria"'; Gilberto Gil e os Mutantes, com "Domingo no Parque"; Edu Lobo, com "Ponteio"; Roberto Carlos, com o samba "Maria, Carnaval e Cinzas"; e Sérgio Ricardo, com "Beto Bom de Bola". A briga tinha tudo para ser boa. E foi. Entrou para a história dos festivais, da música popular e da cultura do País. 

"É naquele momento que o Tropicalismo explode, a MPB racha, Caetano e Gil se tornam ídolos instantâneos, e se confrontam as diversas correntes musicais e políticas da época", resume o produtor musical, escritor e compositor Nelson Motta. O Festival de 1967 teve o seu ápice naquela noite. Uma noite que se notabilizou não só pelas revoluções artísticas, mas também por alguns dramas bem peculiares, em um período de grandes tensões e expectativas. Foi naquele dia, por exemplo, que Sérgio Ricardo selou seu destino artístico ao quebrar o violão e atirá-lo à plateia depois de ser duramente vaiado pela canção "Beto Bom de Bola". 

O documentário Uma Noite em 67, dirigido por Renato Terra e Ricardo Calil, mostra os elementos que transformaram aquela final de festival no clímax da produção musical dos anos 60 no Brasil. Para tanto, o filme resgata imagens históricas e traz depoimentos inéditos dos principais personagens: Chico, Caetano, Roberto, Gil, Edu e Sérgio Ricardo. Além deles, algumas testemunhas privilegiadas da festa/batalha, como o jornalista Sérgio Cabral (um dos jurados) e o produtor Solano Ribeiro, partilham suas memórias de uma noite inesquecível.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Renato Russo: Eu sou capitalista!

Crédito imagem: Foco Liberal 
Na nova onda de roqueiros posarem de liberais, descolaram o vídeo que posto abaixo do Renato Russo, dizendo com todas as letras que era capitalista. Em outras palavras, que ele precisava ganhar dinheiro para sobreviver. Apenas realismo, mas como virou um anátema alguém se dizer capitalista, sobretudo alguém que nunca se encaixou na visão que se têm dos capitalistas, vale o registro.

Nessa linha, contudo, não me agradou a última "polêmica" envolvendo o roqueiro Lobão que jogou merda no ventilador para promover seu livro recém-lançado, Manifesto do Nada na Terra do Nunca, misturando umas boas verdades com meias-verdades e críticas inadequadas a muitos outros artistas. Aliás, abriu-se um filão de vendas com a escrita e a fala de pseudoprovocadores que, entre palavrões e baixarias, vomitam um monte de clichês retrógrados sob a desculpa esfarrapada de serem rebeldes contra o politicamente correto. Se a princípio havia algo de saudável nessa atitude, ela se perdeu. Hoje o que existe é apenas muito poser fazendo de tudo para aparecer e vender às custas do saco cheio das pessoas com os esquerdiotismos vigentes. Esses posers estão somente acrescentando uma imagem caricata à visão já bem negativa que as pessoas têm dos liberais. Nada além. 

Não sei se Renato Russo, que tinha talento de sobra para se vender, iria descambar para essa vibe marqueteira a todo custo. Especulem, ouvindo o cara abaixo. Aproveito para também deixar uma resenha a respeito do filme 'Somos tão jovens'  sobre a juventude do cantor e compositor.

'Somos tão jovens' estreia e diretor já pensa em novo filme sobre Legião
Antônio Carlos da Fontoura lança longa sobre juventude de Renato Russo.  Ele diz que distribuidoras sondam e família permite 'parte 2': 'Seria bacana'.

"Ainda é cedo", brinca Antônio Carlos da Fontura, diretor de "Somos tão jovens", citando a música de Renato Russo, ao ser questionado sobre uma possível sequência de seu filme. O longa que mostra a juventude do músico, antes do estouro da Legião, estreia nesta sexta (3). Mas Fontoura diz que já foi sondado pelas distribuidoras Imagem Filme e Fox por uma continuidade e que o espólio do cantor dá essa opção. "Existe essa possiblidade e eu acharia muito bacana que isso acontecesse", diz o cineasta em entrevista em vídeo ao G1 (veja a entrevista acima). 


O cineasta também fala sobre a escolha do nome do filme que estreia agora. "O título original era "Religião urbana". mas o Dado e outras pessoas me disseram que o Renato odiava esse nome, porque achavam que estavam gozando ele, que ele era um pregador" Foi Dona Carminha, mãe de Renato Russo, quem exigiu o "Somos tão jovens". "Eu faço tudo o que você quiser pelo filme, porém, mude o título agora", ela disse para Fontoura, segundo o diretor.

Dado Villa-Lobos diz que o filme que estreia agora tem uma ideia bem fechada. "Eu acho que a história desse filme é essa história. O que veio depois todo mundo conhece, sabe mais ou menos o que é. Seria outra história, outro roteiro". Ele falou ao G1 ao lado de seu filho, Nicolau, que o interpreta no filme, e de Marcelo Bonfá, ex-colega de Legião (veja vídeo ao lado).

"Acho que esse outro [filme] vira um road movie, com uma banda e o que aconteceu no cenário dos anos 80 no Brasil", arrisca Dado. Nicolau cita "Almost famous" ["Quase famosos", "road movie" sobre rock de 2000] e Bonfá brinca ao citar "This is Spinal Tap", um falso documentário de 1984 sobre uma banda de heavy metal, completando a fala de Dado.

Nicolau, de 24 anos, diz que teve a dimensão do trabalho de Renato ao fazer o filme. "A coisa que mais me marcou, que eu realizei, é o tamanho da Legião e do Renato. A mobilização das pessoas em Brasília foi gigante para o filme. [Aprendi] a dimensão da Legião, porque eu peguei o finalzinho, sou de 88. Vamos ver o que vai acontecer nos cinemas, eu estou ansioso, e acho que tem tudo para ir muito bem".

terça-feira, 14 de maio de 2013

Contra o dualismo esquerda x direita

Roberto DaMatta
Mais um que aponta a obviedade da estupidez do fla-flu esquerda x direita ou da maldição do esquerdo-direitismo. Ótimo texto de Roberto DaMatta. 

Destaque: Ora, isso é o justo oposto de quem deseja que esquerda e direita sejam termos balizadores finais quando o que o momento demanda é que esse poderoso dualismo seja como as nossas mãos. Esses maravilhosos órgãos que nos tornam humanos e que podem ser usadas de modo diverso porque, como sabem os liberais, ambas tem um uso alternado e são importantes na nossa vida pessoal e coletiva.

Direita & esquerda

Não é por acaso que a esquerda tem sofrido de estadofilia, estadomania e estadolatria. Dai a sua alergia a tudo o que chega da sociedade e dos seus cidadãos

Hoje vou começar com espinhos — com uma dualidade que define o nosso mundo. Qual é o ponto central da oposição entre esquerda e direita — esse dualismo que levou tanta gente (de um lado e do outro) para a prisão, para a tortura, para o exílio, o abandono, a rejeição e a morte? Qual é o rumo desses lados?

Penso que a pior resposta cairia na decisão de ancora-los num fundamentalismo: numa oposição com conteúdo definitivo. Uma sendo correta e a outra errada já que sabemos que direita e esquerda admitem segmentações infinitas, pois toda esquerda tem uma esquerda mais a esquerda; do mesmo modo que toda direita também tem a sua direita extremadamente direitista. No plano religioso somos ainda dominados pelo sagrado (situado à "direita" do Pai); mas no plano político ninguém — pelo menos no Brasil — é de "direita". Como ninguém é rico ou poderoso.

Deus e o Diabo seriam os avatares dessa dualidade? Mas as dualidades não tendem a sumir quando delas nos aproximamos? Ademais, não seriam os dualismos, como sugere um antigo texto de Lévi-Strauss, modos de encobrir hierarquias porque um equilíbrio perfeito jamais existe, e a dualidade mistifica com perfeição as múltiplas diferenças entre grupos e pessoas, juntando tudo de um lado ou do outro ?

O ministro presidente do STF, Joaquim Barbosa — depois de fazer um diagnóstico impecável de nossa hierarquia e do nosso personalismo que realizam a indexação de pessoas, tirando-as da universalidade da lei; essas dimensões centrais do meu trabalho de interpretação do Brasil — disse que os principais jornais do país se alinhavam para a direita. Joaquim Barbosa seria meu candidato definitivo à presidência da república e estou certo que ele venceria no primeiro turno mas ao exprimir tal opinião eu acho, com devida vênia, que ele perdeu de vista o contexto sócio-político do Brasil.

Os jornais estão a "direita" porque todo o governo (e, com ele quase todo o Estado brasileiro) está englobado numa "esquerda" de receitas estatizantes que recobre o dualismo político inaugurado com a Revolução Francesa. A razão para o Estado figurar como o nosso personagem político mais importante e decisivo, revela um fato importante. A crença segundo a qual a nossa sociedade malformada, mestiça e doente (destinada, como diziam Gobineau e Agassiz, a extinção pelas enfermidades da miscigenação) teria que ser corrigida por um "poder público" centralizador, autoritário, aristocrático que varreria seus costumes primitivos, híbridos, intoleráveis e atrasados.

A "esquerda" sempre teve como central a ideia de que somente um "estado forte", poderia endireitar as taras, como dizia Azevedo Amaral, da sociedade brasileira. Essas depravações — carnaval, comida, sensualidade, dança, preguiça, musica popular... — de origem. Taras que um Estado devidamente "tomado" por pessoas bem preparadas (a honestidade não vinha ao caso porque não se tratava de uma questão de "moral", mas de "política") iria mudar por meio de decretos .

Não é por acaso que a esquerda tem sofrido de estadofilia, estadomania e estadolatria. Dai a sua alergia a tudo o que chega da sociedade e dos seus cidadãos. Coisas tenebrosas como meritocracia, lucro, ambição, mercado, competição e eficiência. Tudo o que afirma um viés não determinista do mundo.

Vivemos, graças a Procuradoria Geral da República e ao STF, um momento especial porque a "esquerda" foi posta à prova e, ato continuo, foi implacavelmente desnudada. Posta à prova definitiva do poder, ela revelou-se incapaz de honrar com os papeis sociais cabíveis na administração publica e de dizer não aos seus projetos mais autoritários. O resultado tem sido uma reação no sentido de modificação por decreto de mecanismos que buscam arrolhar a imprensa, o judiciário e o ministério público. O ideal, eis o vejo como reação, seria uma aristocratização total dos eleitos, tornando-os em seres inimputáveis. Seria isso algo de esquerda ou de direita?

Uma das forças da democracia é, como viu Tocqueville, a educação continua do seu estilo de vida. A próprio divisão de poderes demanda empatia e não antipatia entre eles. Do mesmo modo, a democracia leva a uma visão para além do econômico, do político, do religioso e do jurídico. É justamente o esforço de uma visão de conjunto que obriga as sociedades abertas a se redefinirem continuamente por meio do bom-senso que Joaquim Barbosa tem de sobra.

Ora, isso é o justo oposto de quem deseja que esquerda e direita sejam termos balizadores finais quando o que o momento demanda é que esse poderoso dualismo seja como as nossas mãos. Esses maravilhosos órgãos que nos tornam humanos e que podem ser usadas de modo diverso porque, como sabem os liberais, ambas tem um uso alternado e são importantes na nossa vida pessoal e coletiva.

Roberto DaMatta é antropólogo

Fonte: O Globo, 08/05/2013

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Sade Adu, bio da cantora e seu último show Bring Me Home

Sade em Bring Me Home (2011)
Uma de minha cantoras preferidas, Sade Adu, ou Helen Folasade Adu, nasceu em Ibadan, na Nigéria, filha de um professor de Economia nigeriano e uma enfermeira inglesa. O casal se conheceu em Londres quando ele estudava na London School of Economics e se mudou para a Nigéria logo depois de se casar.

Quando Sade tinha quatro anos, os pais se separaram, e a mãe a levou e ao seu irmão mais velho, Banji, de volta à Inglaterra, onde cresceram perto dos avós, em Essex. Embora apreciadora do soul americano,  desde menina, Sade se formou em moda, na St Martin's School of Art, e começou a cantar meio por acaso quando amigos de escola a convidaram para ajudar nos vocais de sua banda juvenil.

Sade descobriu que gostava de cantar e de compôr e, superando o medo dos palcos, começou sua carreira  com um grupo de funk chamado Pride (incrível imaginar a Sade num grupo de funk), com o qual percorreu a Inglaterra a partir de 1981. 

Em uma das turnês, o olheiro de uma gravadora descobriu Sade cantando Smooth Operator,  e, um ano e meio depois, lá estava ela assinando contrato com a Epic Records, com a condição de poder levar  três de seus colegas de banda que até hoje a companham: o saxofonista Stuart Matthewman, o tecladista Andrew Hale e o baixista Paul Denman. Em fevereiro de 1984,  Sade já emplacava o single Your Love Is King entre os 10 mais da Inglaterra, apresentando também ao mundo a bela, exótica e sensual figura da cantora.  Logo vieram os álbuns de sucesso, firmando sua carreira bem-sucedida. 

1984: Diamond Life
1985: Promise
1988: Stronger Than Pride
1992: Love Deluxe
2000: Lovers Rock
2002: Lovers Live (ao vivo)
2010: Soldier of Love

As interrupções prolongadas nas gravações entre um álbum e outro, sobretudo a partir dos anos 2000, deveram-se a percalços de sua vida particular, à sua decisão de dedicar-se à filha, nascida em 1996, e à família e à sua mudança de Londres para a região rural de Gloucestershire, onde vive até hoje. Só em 2010, Sade saiu da hibernação, lançou o álbum Soldier of Love e também fez uma turnê, em 2011, chamada Bring Me Home (em 2012, foi lançado o DVD e o CD do show) que posto abaixo. Veio também ao Brasil (e a besta aqui perdeu a chance de vê-la) quando concedeu entrevista ao Zeca Camargo do Fantástico que também se segue.

Avessa ao culto de celebridades, Sade é uma dessas cantoras que se elevou ao panteão das divas por seu estilo único e pela qualidade musical. Vale a pena ver e ouvir seu show. Sabe lá quando e se virá outro.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Animação conta a trajetória de Lula das fábricas ao status de assombração política do Brasil


Animação bem legal com música estilo Renato Russo. A trajetória de Lula desde as fábricas até o status de ex-presidente que não quer desencarnar do poder. E tudo que aprontou em sua trajetória!  

quarta-feira, 8 de maio de 2013

A morte lenta do chavismo e as agressões à oposição venezuelana

A deputada da oposição venezuelana, Maria Corina Machado,
teve o nariz fraturado por agressão de agente chavista
Reproduzo abaixo texto do Nobel Mario Vargas Llosa, analisando o que parece ser o início da derrocada do chavismo na Venezuela e os perigos decorrentes, e dois vídeos do talk show do jornalista peruano radicado nos Estados Unidos, Jaime Bayly, exibido em espanhol pela emissora americana MegaTV. Neles, há imagens inéditas das agressões sofridas pelos parlamentares da oposição venezuelana, no dia 30/04/2013, durante sessão da Assembleia Nacional do país.


O que mais impressiona, no vídeo, é a identificação de um dos agressores como possivelmente um cubano, Michel Milán Reyes, ex-congressista e presidente da Assembléia Municipal do Poder Popular de Cotorro, periferia da capital cubana, que teria se metido no parlamento venezuelano a fim de agredir políticos da oposição. Como o chavismo é uma espécie de filial do castrismo cubano, a ideia não é fantasiosa. O jornal Noticias Venezuela diz, contudo, que o matón (capanga em espanhol) se chama Michael Reyes Argote, professor e atual suplente de outro deputado, Elvis Amoroso, que, no entanto, estava presente na sessão de pugilato.

Como além de muito parecidos, ainda têm não só o mesmo nome como sobrenome, até agora não se chegou a uma conclusão sobre a identidade do espancador (ver no vídeo a partir das 05:10). Fora que a estratégia de trazer cubanos para os países que estão sob governo de membros do Foro de São Paulo não é novidade. Agora mesmo o governo brasileiro decidiu importar 6000 médicos cubanos para trabalhar no Brasil. O Conselho Federal de Medicina já condenou a decisão não só por questionar a qualidade dos médicos estrangeiros como por duvidar das reais intenções do governo brasileiro com a medida. Será que chegaremos ao ponto de ver cubanos agredindo brasileiros em nosso próprio país?

A Morte Lenta do Chavismo

MARIO VARGAS LLOSA

Um animal ferido é mais perigoso do que um que não está, isso porque a raiva e a impotência fazem com que ele provoque grandes destroços antes de morrer. Este é o caso do chavismo depois do tremendo revés sofrido nas eleições de 14 de abril em que, apesar da desproporção de recursos e o descarado nepotismo do Conselho Nacional Eleitoral – quatro de seus dirigentes são militantes governistas convictos e confessos – o herdeiro de Hugo Chávez, Nicolás Maduro, perdeu cerca de 800 mil votos e provavelmente só conseguiu vencer o opositor Henrique Capriles por meio de uma gigantesca fraude eleitoral. (A oposição documentou mais de 3.500 irregularidades em seu prejuízo durante a votação e a contagem de votos.)

O “socialismo do século 21″, como Chávez denominou seu programa para promover o regime, começou a perder apoio popular: a corrupção, o caos econômico, a escassez, a altíssima inflação e o aumento da criminalidade estão esvaziando a cada dia suas fileiras e engrossando as da oposição. Além disso, a incapacidade evidente de Nicolás Maduro para liderar um sistema abalado por discórdias e rivalidades internas, explica as manifestações exacerbadas e o nervosismo que nos últimos dias levaram os herdeiros de Chávez a mostrar a verdadeira cara do regime: sua intolerância, sua vocação antidemocrática e suas inclinações à bravata e à delinquência.

Assim deve ser explicada a emboscada da qual foram vítimas na terça-feira deputados da oposição, membros da Mesa de Unidade Democrática, durante uma sessão presidida por Diosdado Cabello, ex-militar que acompanhou Chávez no seu frustrado golpe contra o governo de Carlos Andrés Pérez. O presidente do Congresso iniciou a sessão retirando o direito dos parlamentares de oposição de se manifestar sobre a fraude eleitoral e ordenou que seus microfones fossem desligados. Quando os deputados protestaram, levantando uma faixa que denunciava um “golpe contra o Parlamento”, membros oficialistas e seus guarda-costas lançaram-se contra eles com socos e pontapés que deixaram alguns deputados, como Julio Borges e María Corina Machado, com lesões e edemas. Para evitar provas da arbitrariedade, as câmaras da TV oficial foram direcionadas oportunamente para o teto da assembleia. Mas os celulares de muitos participantes filmaram o ocorrido e o mundo inteiro tomou conhecimento da selvageria cometida, assim como das gargalhadas de Diosdado Cabello com o fato de María Corina Machado ser arrastada pelos cabelos e espancada pelos valentes revolucionários chavistas.

Duas semanas antes ouvi María Corina falar sobre seu país na Fundación Libertad, em Rosario, Argentina. Foi um dos discursos políticos mais inteligentes e comovedores que escutei. Sem vestígios de demagogia, com argumentos sólidos e uma desenvoltura admirável, ela descreveu as condições heroicas em que a oposição venezuelana enfrentava o oficialismo. Para cada cinco minutos na TV de Henrique Capriles, Nicolás Maduro dispunha de 17 horas. Referiu-se à intimidação sistemática, as chantagens e violências sofridas pelos opositores do regime, reais ou imaginários, em todo o país, e o estado de calamidade em que o desgoverno e a anarquia deixaram a Venezuela depois de 14 anos de nacionalizações de empresas, expropriações, populismo desenfreado, coletivismo e incompetência burocrática. Mas ela também manifestou esperança, um amor contagiante pela liberdade, a convicção de que, por maiores que fossem os sacrifícios, a terra de Bolívar acabaria por recuperar a democracia e a paz num futuro muito próximo.

Todos os que a ouviram naquela manhã saíram convencidos de que María Corina Machado desempenhará um papel importante no futuro da Venezuela, salvo se a histeria que parece ter se apoderado do regime chavista, agora que se sente em pleno processo de decomposição interna e enfrentando uma impopularidade crescente, não lhe preparar um acidente, ou colocá-la na prisão e mesmo encomende sua morte. É o que pode ocorrer com qualquer oponente, a começar por Henrique Capriles, que a ministra de Assuntos Penitenciários já alertou publicamente que tem pronta a cela onde logo ele vai parar.

Não é mera retórica: o regime começou a dar golpes à direita e esquerda. Ao mesmo tempo em que o governo de Maduro transformou o Parlamento num sabá de brutalidade, a repressão nas ruas aumentou, com a detenção do general aposentado Antonio River e um grupo de oficiais não identificados acusados de conspiração. E também perseguições contra líderes universitários e a expulsão de centenas de funcionários públicos dos seus cargos pelo fato de terem votado na oposição nestas eleições.

Os desorientados herdeiros de Chávez não compreendem que estas medidas abusivas os delatam e, em vez de conter a perda de apoio na sociedade, elas só farão aumentar o repúdio popular contra o governo.

Leviandade. Talvez diante do que vem sucedendo atualmente na Venezuela os governos dos países sul-americanos (Unasul) se conscientizem da leviandade cometida ao se apressarem em legitimar a vergonhosa eleição venezuelana e de seus presidentes (com exceção do Chile) participarem, dando um ar de legalidade, da investidura de Nicolás Maduro na presidência da república. Já terão comprovado que a recontagem de votos a que o herdeiro de Chávez se comprometeu para conseguir seu apoio, foi uma mentira flagrante, pois o Conselho Nacional Eleitoral proclamou seu triunfo sem realizar nenhuma revisão. E agirá da mesma maneira com relação ao pedido do candidato da oposição para que seja revisto todo o processo eleitoral impugnado diante das inúmeras violações do regulamento cometidas durante a votação e na contagem das atas de apuração.

Na verdade, nada disso importa muito, pois somente contribui para acelerar o desprestígio de um regime que já sofre um processo de enfraquecimento sistemático que só agravará no futuro, em razão da situação catastrófica das finanças, a deterioração da economia e o triste espetáculo oferecido por seus principais dirigentes, a começar por Nicolás Maduro.

É triste ver o nível intelectual desse governo, cujo chefe de Estado assobia, ruge ou insulta porque não sabe falar.

Quando pensamos que este é o mesmo país que nos deu Rómulo Gallegos, Arturo Uslar Pietri, Vicente Gerbasi e Juan Liscano e, no campo político, Carlos Rangel e Rómulo Betancourt, presidente que propôs a seus colegas latino-americanos se comprometerem a romper relações diplomáticas e comerciais no ato com qualquer país vítima de um golpe de Estado (naturalmente nenhum deles aceitou a proposta).

O que importa é que depois de 14 de abril vemos uma luz no fim do túnel da noite autoritária que teve início com o chavismo. Setores populares importantes que foram seduzidos pela retórica do comandante e suas promessas messiânicas, estão aprendendo diante da dura realidade quotidiana como estavam enganados, vendo a distância crescente entre aquele sonho ideológico e a queda do nível de vida, a inflação que reduz a capacidade de consumo dos mais pobres, o nepotismo que é uma nova forma de injustiça, a corrupção e os privilégios da nomenclatura.

E também a delinquência que tornou Caracas a cidade mais insegura do mundo. E nada disso pode mudar, salvo para pior diante da cegueira ideológica do presidente Maduro, formado nas escolas de dirigentes da Revolução Cubana. Que, aliás, acaba de realizar sua visita habitual a Havana para renovar sua fidelidade à ditadura mais antiga do continente americano.

Assim, assistimos ao declínio deste período autoritário de quase 15 anos na história desse maltratado país. Esperemos que sua agonia não traga mais sofrimentos e desgraças além do que já foi infligido pelos delírios chavistas ao povo venezuelano.

(Tradução de Terezinha Martino)

* É escritor e ganhador do prêmio Nobel de literatura

Fonte: Estadão, 05/05/2013

terça-feira, 7 de maio de 2013

Educação diferenciada só serve para mutilar a individualidade das crianças

João, de 4 anos, em seu salão de cabeleireiro - Epitacio Pessoa

Bonecas são para menino? Em algumas escolas, sim
Colégios incentivam crianças a brincar com o que quiserem, sem distinguir gênero
 
Ocimara Balmant

No salão de cabeleireiro de mentirinha, João Pontes, de 4 anos, penteia a professora, usa o secador no cabelo de uma coleguinha e maquia a outra, concentradíssimo na função. Menos de cinco minutos depois, João está do outro lado da sala, em um round de luta com o colega Artur Bomfim, de 5 anos, que há pouco brincava de casinha.

Nos cantos da brincadeira do Colégio Equipe, na zona oeste de São Paulo, não há brinquedo de menino ou de menina. Todos os alunos da educação infantil - com idade entre 3 e 5 anos - transitam da boneca ao carrinho sem nenhuma cerimônia.

"O objetivo é deixar todas as opções à disposição e não estimular nenhum tipo de escolha sexista. Acreditamos que, ao não fazer essa distinção de gênero, ajudamos a derrubar essa dicotomia entre o que é tarefa de mulher e o que é atividade de homem", explica a coordenadora pedagógica de Educação Infantil do Equipe, Luciana Gamero.

Trata-se de um "jogo simbólico", atividade curricular da educação infantil adotado por um grupo de escolas que acredita que ali é o espaço apropriado para quebrar alguns paradigmas. A livre forma de brincar visa a promover uma infância sem os estereótipos de gênero - masculino e feminino -, um dos desafios para construir uma sociedade menos machista.

"Temos uma civilização ainda muito firmada na questão do gênero e isso se manifesta de forma sutil. Quando uma mulher está grávida, se ela não sabe o sexo da criança, compra tudo amarelinho ou verde", afirma Claudia Cristina Siqueira Silva, diretora pedagógica do Colégio Sidarta. "Nesse contexto, a tendência é de que a criança, desde pequena, reproduza a visão de que menino não usa cor-de-rosa e menina não gosta de azul."

Por isso, no colégio em que dirige, na Granja Viana, o foco são as chamadas brincadeiras não estruturadas, em que objetos se transformam em qualquer coisa, a depender da criatividade da criança. Um toco de madeira, por exemplo, pode ser uma boneca, um cavalo ou um carrinho. "Quanto menos referência ao literal o brinquedo tiver, menos espaço haverá para o reforço social", diz Claudia.

A reprodução dos estereótipos acontece até nas famílias que se enxergam mais liberais. Ela conta que recentemente, em uma brincadeira sobre hábitos indígenas, um menino passou batom nos lábios. Quando a mãe chegou para buscá-lo, falou de pronto: "Não quero nem ver quando seu pai vir isso".

"Podia ser o fim da experimentação sem preconceitos, que não tem qualquer relação com orientação sexual. Os adultos, ao não entenderem, tolhem essa liberdade de brincar por uma ‘precaução’ sem fundamento", afirma Claudia.

Visão de gênero. Se durante a primeira infância esses estímulos são introjetados sem que a criança se dê conta, ao crescerem um pouquinho - a partir dos 5 anos -, elas já expressam conscientemente a visão estereotipada que têm de gênero.

No Colégio Santa Maria, no momento de jogar futebol, os meninos tentavam brincar apenas entre eles, não permitindo que as meninas participassem. Foi a hora de intervir. "Explicamos que não deveria ser assim e começamos a propor, por exemplo, que os meninos fossem os cozinheiros de uma das brincadeiras", diz Cássia Aparecida José Oliveira, orientadora da pré-escola da instituição.

Na oficina de pintura, todos foram convidados a usar só lápis cor-de-rosa - convite recusado por alguns. "Muitos falam ‘eu não vou brincar disso porque meu pai diz que não é coisa de menino’. Nesses casos, a gente conversa com a família. Entre os convocados, os pais de meninos são a maioria. "Um menino gostar de balé é sempre pior do que uma menina querer jogar futebol. E, se não combatemos isso, criamos uma sociedade machista e homofóbica."

O embate é árduo e é preciso perseverança. Mesmo no Colégio Equipe, aquele em que as crianças se alternam entre o cabeleireiro e o escritório, alguns comentários demonstram que a simulação da casinha é um primeiro passo na construção de um mundo menos machista. O pequeno Artur, de 5 anos, se anima ao participar da brincadeira. Mas, em um dado momento do faz de conta, olha bem para a coleguinha e avisa: "Eu sou o marido. Vou sair para trabalhar. Você fica em casa".


Fonte: ESP, 04 de maio de 2013

Tony Porter, um educador internacionalmente conhecido, detona a educação diferenciada e faz um pedido aos homens: Não "aja como um homem."

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Alerta: Dilma criou força policial própria na calada da noite!

Decreto promulgado em março deu à Presidência poder de convocar
tropas sem aval de governadores (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Editei, para fins de resumo, o texto abaixo do advogado João Rafael Diniz, membro do grupo Tortura Nunca Mais – SP, publicado originalmente no site Repórter Brasil do dia 04/04/2013. Ao fim da postagem deixo o link do texto na íntegra. Deixo também link do texto do mesmo site dando conta de que parlamentares do PSOL, o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) e o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), entraram com projetos de lei para tentar reverter o decreto presidencial n.º 7.957/2013. Para o pessoal do PSOL ter entrado com projetos a fim de reverter mais uma das aberrações de Dona Dilma, dá para sacar o quanto o assunto é sério. 

A nova guarda pretoriana de Dilma Rousseff 

Alteração do decreto de criação da Força Nacional é inconstitucional e quebra pacto federativo, na medida em que confere ao Poder Executivo força policial própria

Passou quase despercebido mas, há algumas semanas, a Presidência da República publicou no Diário Oficial o decreto n.º 7.957/2013, que, dentre outros, alterou o decreto de criação da Força Nacional de Segurança Pública. A partir daí, o Executivo passou a contar com sua própria força policial  a ser enviada e “aplicada” em qualquer região do país ao sabor de sua vontade.

Inconstitucionalidade

A criação dessa companhia especial fez alteração no  decreto 5.289/2004, mais especificamente sobre a legitimidade para solicitar o auxílio dessa tropa.

O art. 4º do decreto original tinha a seguinte redação:
“Art. 4º A Força Nacional de Segurança Pública poderá ser empregada em qualquer parte do território nacional, mediante solicitação expressa do respectivo Governador de Estado ou do Distrito Federal.

Após a alteração, passou a vigorar assim:
“Art. 4º A Força Nacional de Segurança Pública poderá ser empregada em qualquer parte do território nacional, mediante solicitação expressa do respectivo Governador de Estado, do Distrito Federal ou de Ministro de Estado.”

A partir de agora, qualquer ministro pode solicitar o emprego da Força Nacional para defender os interesses do governo federal, sem a necessidade de qualquer autorização judicial, nem mesmo aquiescência do governo do estado

A inclusão dessas cinco palavras mágicas ao final do artigo 4º acabou por subverter por completo a razão de ser do decreto e, de quebra, burlou as determinações da Constituição Federal sobre a repartição de responsabilidades entre os entes da Federação (municípios, estados e União), o que pode ser considerado inclusive como quebra do pacto federativo. A partir de agora, qualquer ministro de Estado (todos eles subordinados à Presidência) pode solicitar ao Ministério da Justiça o emprego da Força Nacional de Segurança Pública em qualquer parte do país, para defender os interesses do governo federal, sem a necessidade de qualquer autorização judicial, nem mesmo aquiescência do governo do estado em questão.

Para entender melhor a gravidade da situação, é preciso ter em mente que a Força Nacional de Segurança Pública não é uma polícia, mas um “programa de cooperação federativa” (art. 1º do decreto), ao qual podem aderir livremente os governos estaduais, e cujo objetivo é a “preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio” em situações excepcionais em que as polícias militares dos estados necessitem, e peçam, o apoio de tropas vindas de outros estados. Isso porque a Constituição Federal determina que a responsabilidade por “polícia ostensiva e a preservação da ordem pública” é das polícias militares dos estados, subordinadas aos respectivos governadores (art. 144, §§ 4º e 5º). À União restam duas possibilidades: intervenção federal no estado (art. 34), ou decreto de estado de defesa (art.136), ambas situações excepcionalíssimas de garantia da segurança e integridade nacionais, em que serão acionadas as Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica).

A chave para compreender a mudança é que, até o mês passado, era preciso “solicitação expressa do respectivo Governador de Estado ou do Distrito Federal” para motivar o envio da Força Nacional de Segurança Pública a qualquer parte do país, por tratar-se essencialmente de um programa de cooperação federativa entre estados e União.

Agora não mais. A recente alteração do art. 4º do decreto 5.289/2004, transformou a Força Nacional de Segurança Pública na nova Guarda Pretoriana da presidente Dilma Rousseff. Retirou das mãos dos estados a responsabilidade pela polícia ostensiva e preservação da ordem pública, nos locais em que os ministros entenderem ser mais conveniente a atuação de uma força controlada pelo Governo Federal. Esse contingente militar de repressão poderá ser usado contra populações afetadas pelas diversas obras de interesse do Governo, que lutam pelo direito a serem ouvidas sobre os impactos desses projetos nas suas próprias vidas e no direito à existência digna, tal como já está ocorrendo com os ribeirinhos e indígenas do rio Tapajós.

Não por acaso, essa profunda alteração no caráter da Força Nacional foi levada a cabo sem maiores alardes, no corpo de um decreto que tratava de outros assuntos. A inconstitucionalidade do ato é evidente, viola uma série de regras e princípios constitucionais além de atentar contra o próprio pacto federativo, um dos poucos alicerces da jovem república brasileira.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Seja Mulher: denuncie a violência contra as mulheres!

Lília Cabral faz campanha contra a violência contra as mulheres
A atriz Lília Cabral que interpretou Catarina, uma mulher que apanhava do marido Leonardo (Jackson Antunes), na novela A Favorita, estrelou o filmete que reproduzo abaixo contra a violência contra a mulher. Enquanto retira as marcas feitas com maquiagem, ela diz: “Na televisão é fácil apagar as marcas da violência. Na realidade, não. Nós já conquistamos muitos direitos mas se não lutarmos para defender cada um deles tudo isso pode ser apagado. Como uma maquiagem na televisão.” No fim, já sem maquiagem, olhando para a câmera, ela incentiva: “Seja mulher, denuncie.” E, ao final, a peça publicitária  dá o telefone da Central de Atendimento à Mulher, indicando o caminho que as mulheres vítimas de violência devem seguir.
No making off do filme, que também reproduzo abaixo, Lília Cabral igualmente deixou um recado para as mulheres que, como sua personagem, sofrem com a violência dentro de casa: “Mexe com a nossa autoestima, mexe com os nossos valores. A mulher sempre lutou muito para se colocar na sociedade. Então, quando ela é agredida ou tem que disfarçar que foi agredida, ela se desmerece, ela não se reconhece (...). É como tentar se livrar de uma droga. Eu entendo essa situação de violência. E se não conseguiu resolver na primeira, na segunda ou na terceira vez, o que tenho a dizer é que não desista. Entendo perfeitamente este passo a passo até você ter coragem de ir lá e falar”

E a Globo ainda focará a questão dos direitos das mulheres, no dia 18 de maio, numa edição especial, intitulada Ação Global Mulheres e, no dia 19, no Fantástico, exibirá o último episódio do quadro ‘O Mundo sem Mulheres’, que mostra o caos em que se transforma a rotina das famílias quando as ulheres ficam longe de casa por um tempo. Considerando a penetração que tem a Globo em todos os lares brasileiros, campanhas assim são mais do que bem-vindas. Embora, de fato, as mulheres tenham conquistado muitos direitos, nas últimas décadas, o machismo está longe de ser erradicado e ainda faz inúmeras vítimas. Ver, a propósito, a postagem Quem o Machismo matou hoje, com os endereços das delegacias das mulheres em todo o país.

Ficha Técnica dos filmes:
Criação: Sérgio Valente
Produtora responsável: Vitória-Régia Produções
Direção: Hudson Vianna
Direção de fotografia: Maritza Caneca

Bastidores da gravação

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