Política tem um pouco da paixão que muitos nutrem pelo futebol, para citar um dos esportes que mais mobiliza as multidões. E, como todo mundo sabe, a paixão tende a ofuscar a razão. Entretanto, minha avaliação do debate entre os presidenciáveis ontem à noite na RedeTV, em parceria com a cada vez mais estranha Folha de São Paulo, será bem racional.
Em minha defesa, lembro que já avaliei o desempenho da candidata petista de forma até positiva (o desempenho, não o conteúdo de suas falas). Ontem, contudo, Dilma teve, sem dúvida, o pior de seus momentos. Foi menos agressiva que no debate anterior, onde se mostrou uma verdadeira PTbull, mas não deixou de atacar incisivamente o candidato tucano com o ramerrão privatista e uma adulação rasteira ao povo paulista que, há 16 anos, não quer saber do PT por aqui. Tudo isso, além do mais, foi feito de forma gaguejante, confusa, incompreensível até mesmo, sobretudo na insistente pergunta sobre supostos problemas de privatização da Gas Brasiliano, fornecedora de gás natural do interior paulista, numa história que - aposto - nenhum paulista conseguiu entender direito, quanto mais quem não é daqui.
Também em suas tentativas de adular os paulistas para ganhar votos no estado, Dilma se referiu a população bandeirante como
"polvo" paulista.
Tenho especial admiração pelo polvo paulista -disse a senhora. Não existe reciprocidade, bom salientar. Por comentários no twitter, certa hora, sobrou igualmente para a população do Piauí, da mesma forma alcunhada de "polvo" do Piauí. Parece que Dilma considera que os tentáculos do PT se estenderam mais do que se imaginava.
E o colar de pérolas da Dilma não parou por aí. Ao referir-se à crise econômica mundial, trocou as bolas e sapecou a seguinte frase:
O Brasil foi o primeiro a entrar na crise e o último a sair. Mesmo?!
Quando Serra comentou que o PT tinha sido contra o plano Real, Dilma pediu direito de resposta (negado), alegando:
Ele disse que eu sou a favor da inflação. Risadas gerais.
E para o Gran Finale, reservou a seguinte sentença (acho que de morte de sua candidatura):
Farei um governo voltado para a pessoa humana, sobretudo para a pessoa humana, que será respeitada. Os bichos se sentiram discriminados e prometem uma manifestação de protesto contra Dilma, no vão do MASP, no próximo sábado à tarde.
Cheguei a sentir pena da Dilma. Juro. Na foto acima, que circula pela Internet, dá para ver que nem ela gostou de seu próprio desempenho. Pior é pensar que ela ainda pode ter chances de ganhar, com a ajuda dos prostitutos de pesquisa, dos jornalistas chapa-branca, da propaganda eleitoral enganosa e do dinheiro dos contribuintes fartamente distribuído entre os correligionários. Aí será o caso de sentir pena de nós mesmos, mas tenho esperanças que o candidato Serra, visivelmente melhor preparado, em todos os sentidos, para o cargo da presidência, seja vencedor desta tragicômica batalha.
Para terminar, como o tema das privatizações dominou o debate de ontem e vem dominando os ataques da candidata petista a Serra, na campanha eleitoral, seguem dados sobre as mudanças nas telecomunicações brasileiras, após a privatização das mesmas durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Quem já entrou na faixa dos "enta" como eu, lembra perfeitamente dos pesados e feios telefones fixos, que viviam emudecendo e eram tão caros que serviam de investimento, coisa da classe média para cima. Com a privatização, hoje todo mundo tem celular: a faxineira, o peão de obra, o vendedor de rua, o camelô.
Tudo por culpa da privatização. Vejam abaixo como era e como ficou. Ouçam também o comentário de Arnaldo Jabor sobre privatizações clicando no link ao final do texto. Trata-se de um antídoto imprescindível contra as mentiras petistas.
Telefonia fixa
1990: 10,3 milhões de linhas
2010: 60 milhões de linhas
1990: linha ao preço de R$ 9 mil.
2010: linhas custam R$ 190 milhões.
Aumento do recolhimento de impostos na telefonia entre 1998 e 2010:
R$ 435 milhões
Celulares1990: 667 linhas
2010: 190 milhões de linhas
Percentual de residências com telefonia no Brasil
1998: 32%
2010: 84%
CBN - A rádio que toca notícia - Arnaldo Jabor