Laerte e Iriny Lopes: separados ao nascer |
A discussão sobre a proposta de censura ao comercial da Hope, onde Gisele Bundchen apareceu de calcinha e sutiã, para vender a marca, rendeu muitas postagens e mensagens a respeito do assunto. Numa troca de mensagens, em que me meti, um rapaz veio dizer que a indústria da moda e da beleza só existia em função do machismo. Acabei escrevendo uma resposta longa o suficiente para virar uma postagem, por isso a transcrevo aqui. Segue, com pequenas edições!
-----------------------------------------------------------------------------------------------------
Acho que a indústria da moda é menos machista que a de margarina, se formos ver só pelo prisma das relações entre os sexos. São nos comerciais de margarina que mais se vê a mulher no papel tradicional de dona de casa, cuidando do marido e dos filhos. Em propagandas de outros produtos de uso doméstico idem. São todos voltados para a mulher que continua a administradora do lar por excelência. Por que não se vê feministas querendo censurar esse tipo de anúncio? Por que eles não falam de sexo, não apresentam a mulher como buscando ser desejável para os homens. Há uma ala do feminismo que vê o desejo masculino pela mulher, como intrinsecamente opressivo, ou seja, opressivo em si mesmo.
Por outro lado, os padrões de beleza são de fato ditados pela sociedade tanto faz se a tribal ou do capitalismo globalizado. Pergunte para os antropólogos, o quanto de coisas doidas os seres humanos já não fizeram para se adequar aos padrões estéticos de suas tribos e de suas épocas. Hoje inclusive muitos buscam se adequar aos padrões estéticos de suas tribos urbanas.
Então, discordo quando diz que a indústria da moda e da beleza existe em função do machismo. Ela existe em função do desejo fundamental dos seres humanos de se adornar, de se enfeitar, de bem-aparentar desde tempos imemoriais. O fato do machismo (e acho que precisamos rever sua conceituação) perspassar essa indústria, como todas as outras, não o torna fonte primeira dela.
Obviamente, como toda a indústria, a da moda e da beleza não apenas atende ao desejo das pessoas de se embelezar mas busca induzir todo o mundo a consumir cada vez mais seus produtos. Mas da mesma maneira que a indústria alimentícia não faz todo o mundo ficar obeso, a da moda e da beleza não obriga todo o mundo a girar em torno dela. Acho que o contraponto para os exageros é a disseminação de ideias que valorizem mais a essência das pessoas do que a aparência.
Agora negar a importância que a nossa sociedade dá à aparência é impossível. Hoje uma aparência cuidada e relativamente jovem já faz parte do currículo profissional das pessoas. E isso também para os homens. Lembrando que os gregos também tinham altos padrões de beleza, embora não tivessem exatamente indústria da moda e beleza por lá.
Gisele e Iriny: fiquei com dó da segunda |
De qualquer forma, opiniões à parte, o pior dessa querela é o fato da SPM, que não cumpre seu papel, no que diz respeito a casos sérios de violência contra a mulher, querer censurar comercial de calcinha e sutiã. Como grande parte das pessoas reconheceu o ridículo da situação, por falta de razões objetivas para tal, partiram para as razões subjetivas e definiram a decisão da sra. Iriny Lopes como despeito. Botaram a foto dela, que é feia para danar (a cara do Laerte), ao lado da Gisele. Sério que fiquei até com pena dela, mas já que decidiu se expor ao ridículo, que ridicularizada seja. E para homenagear as mulheres bonitas e inteligentes, uma bela música também: