segunda-feira, 5 de maio de 2014

Polêmica sobre candidatura de Bolsonaro à presidência revela que à esquerda ou à direita poucos brasileiros entendem de democracia

Bolsonaro em entrevero  em frente ao antigo DOI-Codi, no Rio, com o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). Os dois quase trocam socos — algo usual em discussões de que participa o deputado do PP. Bolsonaro não tem equilíbrio nem preparo para aspirar à Presidência — e suas ideias são abomináveis (Foto: O Globo)
A última polêmica da Internet e das redes sociais girou em torno da possível candidatura do deputado Jair Bolsonaro à Presidência da República. A polêmica surgiu porque os colunistas da VEJA - que é tida como de direita - consideraram a candidatura um gracejo ou mesmo uma piada. Até Rodrigo Constantino, que (em suas fantasias de unir a "direita") já chegou a postar foto sentado com o Boçalnaro,  posicionou-se contrário à candidatura por considerar o deputado inadequado para o cargo de presidente.

Acontece que os bolsanaretes ficaram furiosos com os colunistas e invadiram as caixas de comentários dos ditos para fazer campanha pelo truculento ex-militar e xingar os blogueiros. Bolsonaro que faz qualquer coisa para aparecer na mídia e alavancar a infausta carreira está adorando todo o barraco, bem a seu estilo. 

Tudo isso só mostra que - à esquerda ou à direita - poucos entendem o significado da palavra democracia no Brasil. Uma olhada nos comentários sobre as postagens dos colunistas da VEJA a respeito da candidatura de Bolsonaro dá uma boa ideia do que falo.

Abaixo texto do Ricardo Setti sobre o assunto e vídeo onde o lastimável deputado define a sua antidemocrática concepção de democracia onde as minorias devem se curvar as maiorias. E ele não é uma piada? A democracia se define pelo exato oposto: é um sistema onde, apesar de definir cargos parlamentares com base no voto da maioria de eleitores, tem como característica o respeito às minorias sejam as eleitorais, sexuais, raciais ou religiosas.  

Bolsonaro candidato a presidente? É uma piada, mesmo. Piada.

Meu amigo Lauro Jardim publicou uma nota em seu Radar On Line que explodiu na web dizendo que o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) havia decidido “fazer mais uma graça” e “anunciou oficialmente à cúpula do PP que está disponível para se candidatar a presidente da República”.

A nota provocou um aluvião de acessos e mais de 12 mil comentários — um número espantoso.

Pois eu acho que se trata mesmo apenas de uma “graça”, uma piada, uma brincadeira, a suposta candidatura do deputado a presidente.

Digo isto não porque abomino a maioria das ideias, as posturas, a atitude e o jeito de fazer política do deputado Bolsonaro.

Em primeiro lugar, é uma piada porque o PP é um partido de raposas, e não vai embarcar numa fria, em uma candidatura com chance zero de vingar.

Boa parte do PP pretende continuar mamando no governo e, apesar de se tratar de um partido supostamente conservador, quer continuar tecnicamente apoiando o governo lulopetista da presidente Dilma.

Outros setores querem marchar com o tucano Aécio Neves, que emplacou um governador em exercício do PP em Minas, tem boas relações com o comando do partido, apoia a senadora pepista Ana Amélia na corrida para o governo do Rio Grande do Sul e é primo e muito próximo de um dos cardeais do PP, o senador Francisco Dornelles (RJ).

Em segundo lugar, a candidatura de Bolsonaro é uma piada porque ele não tem equilíbrio, nem postura nem preparo para ser presidente (e não me venham com o argumento de que, se Lula foi presidente, vale tudo, de que, se Collor foi presidente, tudo pode, de que, se Dilma, de quem se dizia “preparadíssima”, chegou lá, tudo vale — não, não vale, porque quero o MELHOR para meu país. Nada de nivelar a exigência por baixo! Já sabemos o resultado disso). As ideias e atitudes do deputado estão longe daquilo que os brasileiros MERECEM ter no próximo ocupante do Palácio do Planalto.

Truculento e gritalhão, Bolsonaro já se envolveu em inúmeros entreveros repletos de insultos e próximos a briga de socos no Congresso. Ele zomba de quem defende direitos humanos, não hesitou em acarinhar publicamente, mais de uma vez, a ideia de golpes militares, defendeu a tortura em determinados casos — atropelando um dos valores mais sagrados da civilização ocidental a que ele supostamente pertence — e até chegou ao extremo grotesco de defender o “fuzilamento” de um presidente da República em exercício, no caso o presidente Fernando Henrique Cardoso. É homofóbico de carteirinha e orgulha-se deste e de outros preconceitos.

É um saudosista da ditadura e faz grossa demagogia dizendo-se, por ser ex-capitão do Exército, representante das Forças Armadas no Congresso.

NÃO, senhores: ele é delegado de 120.646 eleitores do Estado do Rio de Janeiro que o elegeram. Embora entre eles certamente se incluam militares da ativa e da reserva e pessoas de suas famílias, isso fica a anos-luz de se arrogar representante “das Forças Armadas”.

Suposto crítico contumaz da “velha política”, transformou-se por ironia em um ferrenho adepto do que condena e colocou a família para viver às custas da política: ele próprio está no sexto mandato de deputado federal, seu filho Flávio desempenha o terceiro mandato de deputado estadual, a ex-esposa Rogéria foi vereadora na Câmara Municipal do Rio e ele tem lá, hoje, outro filho, Carlos, já no segundo mandato.

Bolsonaro surgiu para a vida pública como um capitão da ativa do Exército que escreveu um artigo para a antiga seção “Ponto de Vista” de VEJA criticando a Força por diferentes razões, inclusive os baixos salários. Acabou sendo punido, ganhou as manchetes, foi para a reserva e pulou para a política, começando como vereador no Rio, embora seja paulista de Campinas.

Em seus 24 anos como deputado federal — consultem seu perfil oficial na Câmara dos Deputados e seu site na internet –, embora tenha apresentado montanhas de projetos e participado de incontáveis comissões, Bolsonaro não demonstrou qualquer preparo apreciável em gestão pública, em economia, em relações internacionais e em uma série de outros requisitos mínimos necessários a quem aspira ser presidente da República.

Seus cursos de saltos como pára-quedista, de mergulho treinado pelo Corpo de Bombeiros e sua passagem pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército (EsAO) certamente são úteis e interessantes, mas muito pouco para quem quer dirigir uma das 10 maiores economias do planeta.

Não concordo com as ideias de Bolsonaro e repudio a frequência com que ele as defende de forma grosseira, agressiva e pouco democrática. Acho, porém, que ele representa um segmento da opinião pública e tem absolutamente o direito de expressar o que pensa, sempre que aja dentro da lei.

Está muito bem que seja deputado federal e que tente se reeleger. (Já não acho tão bem que queira a família toda vivendo de salários do Legislativo…)

Ser presidente da República, porém, definitivamente não é para seu bico.

Fonte: Coluna do Ricardo Setti, VEJA, 02/05/2014

8 comentários:

Isso não é jornalismo. Isso é denigrir alguém que tem pensamentos diferentes dos seus e formar uma opinião esquerdista aos seus leitores. Sei que é rara a existência de escritores e jornalistas competentes dos quais conseguem passar sua opinião sem difamar outrem, mas infelizmente você não faz parte desse meio. Só lamento. Abraço.

Realmente escrever um texto falando mal de um deputado elogiado por Joaquim Barbosa, que nunca vendeu voto na Câmara e que é independente e defensor da família é uma grande perca de tempo. Não entendo uma pessoa que perde minutos escrevendo sobre alguém que nunca esteve envolvido em corrupção, alguém que tem ficha limpa, alguém que é realmente patriota e ama seu país. De qualquer forma, Miriam, gostaria de, em nome do Bolsonaro, te agradecer por dar esse espaço nesse site para mostrar às pessoas a possibilidade de ele ser candidato. Você está o promovendo. O Brasil agradece. Abraço.

Uma coisa é certa, Bolsonaro será eleito com 70% dos votos. Porem o povo deve ficar atento as pesquisas e ao resultado das urnas. Ninguem aguenta mais a politica de beneficio aos vagabundos e criminosos.

Que tristeza esse artigo!!!Muito infeliz essa "pseudo-escritoria", que deve ter por natureza de profissao a neutralidade e imparcialidade. Esquerdistas como a Mirian que apoiam essa falsa democracia que so afunda todo o pais no caos e prejuizos.

Impressionante como nossos jornalistas e blogueiros não conseguem ser imparciais em suas análises sobre pessoas e fatos importantes do nosso país, jornalismo sério aqui e uma raridade.

Coisa de louco. esse jornalista tá por fora vamos acabar com a ladroagem no Brasil

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