sexta-feira, 9 de maio de 2014

PT deixa herança maldita para próximo governo enquanto culpa imprensa pelas vaias a Dilma


Dilma e sua turma vêm sendo vaiados até em evento da CUT (braço do PT). Enfim, parece que ela está - cada vez mais - desagradando aos mais variados segmentos da sociedade. E isso é muito bom porque nos dá esperança de tirar essa coisa malévola, chamada PT, do poder. Por outro lado, o abacaxi que o governo Dilma deixará para o próximo presidente não vai ser nada fácil de descascar como bem descreve editorial do Globo do último final de semana.

Abaixo dois textos de O Globo, um do jornalista Merval Pereira (acompanha vídeo com a vaia dada a Dilma na Expozebu) e outro o editorial falando da sortida herança de problemas que o atual governo deixará para 2015.

Critérios e tendências

Merval Pereira, O Globo

Essa não é uma boa perspectiva para quem se coloca como a melhor opção para presidir o país. Quando Lula começou a aparecer como o franco favorito nas pesquisas em 2002, os especuladores financeiros reagiram ao perigo potencial que ele representava, levando o dólar até a R$ 4,00 e elevando o risco Brasil.

Agora, a cena se repete invertida, mas pelas mesmas razões: o mercado financeiro oscila para cima com a possibilidade de derrota de Dilma, o que significa que a direção econômica do país mudará de rumo.

A convenção do PT, que reafirmou a candidatura de Dilma, tentando soterrar a campanha pela volta de Lula, teve um tom agressivo que denota todo o ressentimento pela crescente rejeição ao governo petista refletida nas pesquisas eleitorais e nas vaias que seus principais líderes estão recebendo pelo país.

Ontem mesmo foi a vez de a presidente ser vaiada mais uma vez, agora em uma tradicional exposição de gado zebu em Uberaba, em Minas, a terra de Aécio Neves que Dilma também reivindica para si, pois nasceu no estado. Mas, assim como historicamente não está ligada ao PT, e sim ao PDT, o Rio Grande do Sul tem mais a ver com sua vida política.

A radicalização da campanha petista, com críticas à elite e à grande imprensa, mais uma vez acusada por Lula como a grande opositora, pode levar, no entanto, a resultado contrário ao desejado pelos apoiadores de Dilma. As pesquisas indicam que ela está caindo pelas tabelas em direção à votação tradicional do PT, que gira em torno de 30% do eleitorado.

Lula só saiu desse índice para tornar-se presidente quando ampliou seu eleitorado adotando uma imagem pública menos agressiva do que a que tinha nas campanhas anteriores, de 1989 a 1998, quando perdeu quatro eleições seguidas, duas para Collor (primeiro e segundo turnos) e duas para Fernando Henrique Cardoso, no primeiro turno.

Teve que escrever a hoje famosa "Carta ao povo brasileiro", em que se comprometeu com a manutenção da política econômica, e amenizou tanto sua imagem que, a certa altura da campanha, me disse, satisfeito: "Desta vez estou eleito. Quando até a Vera Loyola anuncia que votará em mim, é que já ganhei". A socialite da Barra que colocava tapete persa na casa de seu cachorrinho representava naquela ocasião a aceitação do Lulinha Paz e Amor, criatura criada por Duda Mendonça, que anda sumida nos últimos tempos.

As últimas pesquisas divulgadas, mesmo que os critérios de algumas, como a de ontem do Instituto Sensus ou a do Vox Populi, de dias atrás, possam provocar dúvidas, são uníssonas em uma direção: a presidente Dilma está perdendo densidade eleitoral com o passar do tempo, e o candidato do PSDB, senador Aécio Neves, surge como a alternativa preferida dos que votam com a oposição, grupo que tem sido a maioria no primeiro turno de todas as eleições realizadas desde 1994.

Há ainda uma outra tendência reafirmada: a distância entre Dilma e Aécio num provável segundo turno está diminuindo à medida que o candidato da oposição vai ficando mais conhecido do grande eleitorado.

O outro candidato da oposição, o ex-governador Eduardo Campos, continua sem tirar vantagem da adesão de Marina, e sofre restrições impostas por sua companheira de chapa. Agora mesmo, ao ouvir Aécio dizer que é companheiro "do mesmo sonho" de Campos, Marina fez questão de afirmar que há diferenças bastante profundas entre os dois, sugerindo que a adesão a uma eventual ida de Aécio para o segundo turno não são favas contadas.

Provavelmente faz isso para marcar uma posição de independência, confiante no cansaço do eleitorado à polarização entre PT e PSDB. Se Campos se convencer de que deve também tratar o candidato tucano como adversário, o calor da campanha eleitoral pode inviabilizar um acordo no segundo turno, o que favorecerá mais uma vez o PT.

Fonte: Blog do Noblat, via O Globo, 04/05/2014



A sortida herança de problemas para 2015 (Editorial)


O Globo

Seja qual for o presidente a partir de 1º de janeiro, já se sabe que a — ou o — esperará no principal gabinete do Palácio do Planalto uma lista razoável de questões intrincadas no campo da economia. Todas derivadas de erros cometidos no presente governo.

Ultimamente, quando se fala em “herança maldita” para o próximo presidente, pensa-se no setor elétrico. De fato, a desarrumação patrocinada por Dilma, ao intervir de maneira radical no setor e forçar um corte eleitoreiro nas tarifas conjugado com a renovação de concessões, não será de simples conserto.

Com a infeliz coincidência de uma seca histórica no Sudeste — potencializada pela teimosia eleitoreira do governo em não recuar no corte e/ou fazer campanhas de moderação do consumo —, as termelétricas, de custo operacional mais elevado, são forçadas a operar em três turnos e, com o veto palanqueiro ao repasse às contas de luz, cria-se no armário das contas públicas um “esqueleto” fiscal de grandes dimensões.

O represamento desta e de outras tarifas, como os preços de combustíveis, subsidiados pela já sobrecarregada Petrobras, precisa ser equacionado logo no início do governo. Para fugir de um tarifaço — possibilidade não afastada —, quem estiver com a faixa presidencial em 1º de janeiro precisará escalonar o ajuste.

Mas há outros ingredientes também preocupantes neste pacote de heranças. A própria “contabilidade criativa” é um deles, porque continua em funcionamento a usina de produção de números pouco ou nada confiáveis sobre o fluxo de dinheiro público, embora tenha sido este jogo de ilusionismo estatístico um dos fatores que contribuíram para o rebaixamento da nota de risco do país pela agência S&P.

Reportagem do GLOBO da última segunda-feira revelou que continua o represamento artificial de despesas, feito pelo Ministério da Fazenda/Secretaria do Tesouro na virada do ano, para maquiar as contas públicas.

Um dos truques — além da subestimativa de gastos feita no Orçamento — é retardar repasses obrigatórios. O Tesouro nega que a Previdência padeça do problema. Mas a operação-tartaruga neste fluxo financeiro, sempre com o objetivo de melhorar a aparência do superávit primário, iria além. Atingiria, por exemplo, o programa Minha Casa, Minha Vida, até mesmo o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Trabalho feito pela Consultoria de Orçamento da Câmara, a partir de dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), detectou que o Tesouro empurrou de janeiro para fevereiro 5,66% dos desembolsos previstos. Em fevereiro, 18,9%, e, março, 10,86%.

Nesta progressão, o próximo presidente também herdará uma conta bilionária postergada para 2015 nas despesas correntes. Já ampliadas pelo pacote populista-eleitoreiro de 1º de Maio. Sem falar nas tarifas irreais. Trabalho e dores de cabeça não faltarão.

Fonte: Blog do Noblat, via O Globo, 04/05/2014

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