terça-feira, 10 de dezembro de 2013

"Tempestade perfeita" dos economistas significa que nosso bolso pode passar por séria crise


Economistas discutem a chamada "tempestade perfeita" que, resumidamente, segundo a economista Claudia Safatle, é o
Mercado externo praticamente fechado para novos créditos a países emergentes, economia da China em franca desaceleração, aperto do crédito doméstico pelos bancos privados, famílias endividadas, queda da produção industrial, fim do crescimento acelerado do emprego, inflação resistente e juros em alta. (A tempestade perfeita)
Abaixo também texto de Celso Ming e o áudio do Globo News Painel, deste último sábado, sobre o tema, com os economistas Luiz Gonzaga Beluzzo, da Facamp, Monica de Bolle, sócia-diretora da Galanto Consultoria e professora da PUC-RJ e Samuel Pessoa, sócio da Reliance Consultoria e pesquisador do Ibre/FGV.

Para nós, leigos, significa que podem vir raios e trovoadas para nossos bolsos. Um pouco de paciência com o tal do Beluzzo, chatinho mesmo, porque o áudio vale a pena.

Tempestade perfeita

Celso Ming - O Estado de S.Paulo

O ex-ministro da Fazenda Delfim Netto vem advertindo, como na entrevista publicada nesta edição na página B4, que a economia brasileira corre o risco de ter de enfrentar uma tempestade perfeita se a presidente Dilma não der um passo decisivo para a recuperação da confiança.

A desconfiança é fato repisado, ainda que o governo a todo tempo tente desqualificá-la como obra de pessimistas profissionais. Mas não dá para negar os problemas. O crescimento econômico é insatisfatório, como ainda ontem atestou o IBC-Br, do Banco Central (veja o Confira): o governo federal gasta mais do que pode; as contas externas estão em deterioração e os dólares continuam saindo mais do que entrando; a inflação anual continua no sexto andar e por aí vai. Nesse ambiente pouco animador, o empresário trava seus investimentos por aqui e começa a sair do Brasil.

A tempestade perfeita, para o ex-ministro Delfim Netto, acontecerá se esse clima persistir na temporada de reversão da política monetária, fortemente expansionista, empreendida pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). À medida que menos dólares forem emitidos (hoje são à proporção de US$ 85 bilhões por mês) e que a oferta de moeda estrangeira escassear, o câmbio interno poderá passar pelas turbulências já conhecidas.

Outro rombo que se abriria no casco do navio seria o rebaixamento da qualidade da dívida brasileira pelas agências de qualificação de risco, fator que provocaria rejeições de títulos e outros ativos do Brasil. Mas não precisaria tudo isso. Efeito parecido com esse poderia ser causado pelo simples rebaixamento da dívida da Petrobrás, que teria alto poder de contaminação na economia.

Para Delfim, bastaria que a presidente Dilma assumisse o compromisso firme de que o governo fará uma economia de 2% do PIB (cerca de R$ 96 bilhões) por ano, destinada a amortizar a dívida (superávit primário), para que a política econômica começasse a passar firmeza e, nessas condições, a tempestade poderia ser enfrentada sem avarias de monta para o navio. Nesse caso, teria de basear-se em cálculo transparente das contas públicas, sem os truques contábeis inventados em 2012 pelo secretário do Tesouro, Arno Augustin, o mesmo que vem denunciando a existência de ataques especulativos contra as finanças do governo.

A outra ideia destinada a aumentar a credibilidade do governo, sugerida também por Delfim, seria a aprovação da Lei Complementar que desse autonomia ao Banco Central. Mas a presidente Dilma tratou de esvaziar esse balão.

Se não por outras razões, pelo menos por ser trunfo eleitoral não desprezível, a presidente Dilma parece mesmo precisada de um par de asas que pudesse ser proporcionado por uma nova Carta ao Povo Brasileiro, o compromisso solene feito em 2002 pelo então candidato Lula à Presidência da República. Por enquanto, não há sinais disso. Mas, se os serviços de meteorologia confirmarem a formação da tal tempestade perfeita, o governo será pressionado a fazer alguma coisa.

Fonte: Estadão, 15 de novembro de 2013

Ouça abaixo o Globo News Painel, 07/12/2013

Economistas falam sobre o andamento e sobre o futuro da economia brasileira Debate com William Waack e três economistas: Luiz Gonzaga Beluzzo, da Facamp, Monica de Bolle, sócia-diretora da Galanto Consultoria e professora da PUC-RJ e Samuel Pessoa, sócio da Reliance Consultoria e pesquisador do Ibre/FGV.

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