segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Quando o Congresso Nacional declarou vaga a Presidência da República que fora de João Goulart

O senador Moura Andrade declara vaga a Presidência da República, na sessão do Congresso que começou na noite de 1º e terminou na madrugada de 2 de abril de 1964 (Foto: Reprodução YouTube)
Com minha longa experiência em movimentos sociais, uma das coisas que pude constatar é a necessidade de só se confiar ou confiar fundamentalmente apenas em documentos de época para o resgate de eventos históricos. Isso porque a maioria das pessoas, por várias razões, entre elas sobretudo a má-fé, fabula demais, ou seja, mente mesmo. Então, quando a gente se depara com um documento de época, como é este da sessão do Congresso Nacional que declarou vaga a presidência da República em 2 de abril de 1964, não há como deixar de registrar.

Compartilhei do entusiasmo do jornalista Ricardo Setti que trouxe o áudio sobre o tema para seu blog e decidi roubartilhar a postagem para cá. Acrescentei  também um vídeo da mesma sessão com um trecho mais curto, mas recomendo escutar o áudio todo que tem os apartes e o ofício do Chefe da Casa Civil do Jango, ninguém menos que Darci Ribeiro.

ÁUDIO HISTÓRICO IMPERDÍVEL: A tumultuada sessão do Congresso que declarou vaga a Presidência depois do golpe de 1964

É a história contemporânea do país pulsando, num áudio emocionante, de arrepiar, que vocês poderão ouvir a seguir.

Todos já sabem que o Congresso Nacional anulou, na quinta-feira passada, 21, a sessão do próprio Congresso em que foi declarada vaga a Presidência da República em abril de 1964 após o levante militar que o derrubou do poder. O presidente João Goulart deixara Brasília rumo ao Rio Grande do Sul.

Pois bem, agora vocês poderão ouvir os principais trechos daquela sessão entre a noite do dia 1º e a madrugada de 2 de abril de 1964 em que o então presidente do Senado e do Congresso, Auro de Mora Andrade (PSD-SP), sob intensa gritaria de protestos mas também de apoio, declara vaga a Presidência da República e empossado no cargo o então presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli (PSD-SP).

Deputados indignados aglomeram-se diante do microfone de apartes. Agarrando o microfone, o líder do PTB,  Doutel de Andrade (SC). Atrás dele, o deputado Mário Maia (AC) (Foto: Reprodução YouTube)
Moura Andrade, com seu vozeirão imponente, usando as fortes campainhas existentes no plenário, impede questão de ordem do deputado Bocayuva Cunha (PTB-RJ), um dos principais aliados de Goulart na Câmara, e atropela outra, do deputado Sérgio Magalhães, do PTB da antiga Guanabara, enquanto vários deputados e senadores gritam, vaiam e aplaudem.

O deputado Bocayuva Cunha tenta informar que oficiais da Marinha haviam detido o governador do Estado do Rio (na época separado da capital, que era o Estado da Guanabara), Badger da Silveira.

É grande o tumulto e, prejudicados pela distância dos microfones de aparte, ouvem-se gritos diferentes de políticos do governo e da oposição — “é mentira!”, “traidor!”, “é isso mesmo!”, “viva!”, “canalha!”…

O áudio não é longo e vale cada minuto. Uma pequena lição de história.

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