terça-feira, 2 de julho de 2013

A prevalência das ideias socialistas até hoje se deve às injustiças e exclusões sociais várias que os socialistas sabem capitalizar

O Instituto Mises Brasil fez uma entrevista com o ogro conservador Olavo de Carvalho, sob pretexto de ouvir a opinião do autointitulado filósofo a respeito  da obra Ação Humana do economista Ludwig von Mises, que dá nome ao Instituto.  Mais uma oportunidade para OC desfiar sua teoria conspiratória da nova ordem mundial comunista, ainda que desta vez a ladainha tenha sido bem mais comedida que de costume. Respondi na caixa de comentários do site sobre o erro fundamental da discurseira do senhor em questão e transcrevo a resposta abaixo bem como o vídeo com a entrevista. Em um dado momento, o entrevistador pergunta a OC porque, apesar do fracasso histórico do socialismo, suas ideias continuam seduzindo tanta gente. E o "viajando" responde que é porque o socialismo não tem - em outras palavras - oposição em nível internacional, porque arromba porta aberta. Em outras palavras, o cara faz um diagnóstico da realidade completamente fora dela e tem gente que o leva a sério. Pior que tem! 

Comentário sobre a entrevista de Olavo de Carvalho ao Instituto Mises Brasil

Olavo de Carvalho!!?? Ai, ai! Quer dizer que “As ideias socialistas ainda seduzem tanta gente porque “o comunismo é o único movimento político que existe nos últimos 200 anos.”? Sério? Só existem oposições locais às ideias socialistas? Não existe internacional liberal? Resta saber então como ainda temos sociedades capitalistas (meia boca que sejam), de democracia liberal.

As ideias socialistas seduzem até hoje porque existem injustiças, discriminações, exclusões várias no mundo em que vivemos. Os socialistas (me refiro à esquerda autoritária) capitalizam a indignação proveniente desse quadro para seus propósitos, dando falsas soluções para os problemas sociais, já que só têm teoria de poder, não teoria de governo nem teoria econômica que funcionem. Mas os conservadores também não têm, já que "tradição" não move economia nem estrutura governos per se, por isso emprestam tudo do liberalismo, cortando-lhe as asas em troca. Conservadores apoiam Estado mínimo e outros princípios liberais muito mais porque veem o Estado como rival da família tradicional, centro do poder conservador, junto com a religião, do que pelos argumentos racionais que se costuma levantar contra os problemas derivados de um estado grande.  E são tão liberticidas quanto os socialistas, basta ver nessa entrevista a historinha do seu olavo de que se você quiser liberdade sexual terá como contrapartida de aceitar um governo tirânico. O que alhos têm a ver com bugalhos, não é?

Mas, então, se os socialistas podem ser considerados alienados por não aceitar que sua ideologia não deu certo em lugar nenhum do mundo, em qualquer momento, como não considerar alienada também gente que não reconhece a realidade profundamente injusta do mundo em que vivemos como o real combustível da permanência das ideias socialistas na atualidade, indo procurar respostas como quem busca pelos em casca de ovo e chifres em cabeça de cavalo?

Aliás, outra das razões para a prevalência das ideias socialistas deriva da incapacidade inclusive dos liberais de darem respostas aos anseios de justiça da maior parte da humanidade, negando sua validade, hostilizando os movimentos sociais, copiando o discurso neocon que reduz qualquer inconformismo com a sociedade em que vivemos à coisa de “preguiçoso, maconheiro, vagabundo, vândalo, niilista, psicopata, ateu...”? Enquanto a posição for essa, cega, surda, mas não muda infelizmente, não terão condições de reverter a prevalência da visão socialista na sociedade. Não terão nem merecem ter.  

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