Hoje haverá outra manifestação do tal Movimento Passe Livre nem se sabe exatamente se contra o aumento de R$0,20 no aumento das tarifas de ônibus ou se pela estatização completa dos serviços, o que resultará, se essa ideia de jerico prevalecer, em apenas ainda mais aumento de impostos e serviço ainda pior.
Pelo menos agora estão dizendo que vão coibir os vândalos do movimento que saíram quebrando e incendiando ônibus, estações do metrô, lojas, agredindo policiais, etc... e geraram reação violenta da polícia, com casos flagrantes de abuso de força. A PM alega que, na quinta-feira, dia da última manifestação, os manifestantes não acataram o acordo de não subir a Consolação e daí teria se iniciado o confronto mais violento. Até acho, considerando algumas siglas e perfis envolvidos nesse protesto, que isso tenha mesmo acontecido, mas, de qualquer forma, não justifica policiais atirando balas de borracha contra o rosto de transeuntes, jornalistas, manifestantes. Essas balas não matam, mas podem ferir seriamente principalmente se atingirem os olhos das pessoas, como se registrou. Os policiais abusivos precisam ser punidos por esses excessos e as táticas de controle de distúrbios revistas.
Por outro lado, a manifestação contra o aumento da tarifa de fato capitalizou a frustração da população contra a superlotação dos ônibus e outras tantas indignações justas. Entretanto, conscientes de que manifestações tão violentas por um aumento de apenas vinte centavos são difíceis de engolir, agora os manifestantes dão amplitude ao objetivo dessas manifestações, embora não o especifiquem. A manifestação virou um oba-oba na base do "contra tudo que está aí" e se encontra obviamente manipulada por partidos de extrema-esquerda (PSOL, PSTU, PCO), fora o PT e seus aliados (PCdB também já entrou na jogada) com vistas às eleições de 2004 (por exemplo, já tem gente pedindo o impeachment do Alckmin) e possíveis desestabilizações institucionais. A Folha de SP afirmou que militantes do PSOL andam 'recrutando' punks para os protestos, o que naturalmente o partido nega. Há quem diga que não é sério quem leva a sério essa acusação, mas, considerando a cartilha que reza o PSOL (defende inclusive as ditaduras cubana e venezuelana), não sério é quem desconsidera totalmente essas acusações. No mínimo, deve-se colocar as barbas de molho com esse partido. Em caso de dúvida, consultar o programa do partido disponível na internet para maiores esclarecimentos.
Pessoalmente, acho - como já disse - que esses protestos têm respaldo da população real marcada por uma insatisfação difusa contra tantos descalabros que acontecem no país. Ao contrário de outros analistas, não creio que as manifestações sejam fruto apenas de baderneiros desocupados, a despeito dos vândalos que se infiltraram nos protestos. O aumento da tarifa, embora irrisório, pode sim ter funcionado como uma gota d'água num copo cheio de cansaço pelos ônibus superlotados, pela corrupção, pelo péssimo governo Dilma (anteontem recebeu uma sonora vaia no início da Copa das Confederações, ver vídeo abaixo). Só que agora a tarefa de separar o joio do trigo, está bem difícil e o risco de radicalização tanto de parte dos manifestantes quanto da polícia bem alto.
Para se começar a separar o joio do trigo, primeiro é fundamental que os manifestantes identifiquem e afastem os vândalos (vejamos se cumprem a promessa de fazê-lo). Os protestos têm que ser pacíficos ou então todo mundo tem que parar de fazer mimimi quando a polícia revida. A despeito da truculência da PM, quem começou a baixaria foram os manifestantes nas edições anteriores a de quinta-feira. Só depois a coisa desandou do lado policial também. Muita gente nas redes sociais não quer assumir essa responsabilidade e culpa exclusivamente a polícia pela batalha campal em que as manifestações desandaram. De "tadinhos", contudo, está pavimentado o chão do inferno. Na mesma linha, também é preciso respeitar o trajeto acordado com a Segurança Pública não só para evitar confrontos com a polícia como também sobretudo para respeitar o direito dos outros cidadãos de ir e vir. Tem muitos que acham - vejam só - o direito de ir e vir coisa de playboy incapaz de se juntar de bom grado aos "iluminados" dos protestos. Mas falam em "democracia".
Segundo, é preciso definir o foco do movimento porque essa história de "contra tudo que está aí" é porra-louquice daquele tipo de anarquista que não sabe construir nada mas é ávido por chutar o pau da barraca. Libertário de verdade é um ser racional. Discordo da bandeira do passe livre porque a considero impraticável, mas, já que mágicos das finanças acreditam nela, que fiquem só nela. O alastramento dessas manifestações sem objetivos claros pode levar até a crises institucionais, o que seguramente agrada aos extremistas de plantão, mas não é de interesse da sociedade de fato, apenas dessa minoria conflituosa. O Brasil tem longa tradição de instalação de regimes autoritários após conturbações sociais. Tem gente flertando com o diabo em pessoa como se fosse de fato possível barganhar com ele sem se sair queimado.
Por fim, fazendo jus ao título dessa postagem, simultaneamente me impressiona e me entristece constatar como essa geração de hoje é perdida no tempo. Seus referenciais são da década de 60, do período militar (1964-84). Não tem referências próprias. São nostálgicos do que não viveram. A propósito dessas marchas, os à esquerda querem reviver o maio de 68 da França, entoam o Pra não Dizer que não falei das flores (1968), do Vandré (vejam abaixo a montagem que fizeram com a música), alguns se pensam revolucionários da Sierra Maestra, sem consciência histórica e política, sem atentar para a terrível breguice anacrônica desses posicionamentos. Os à direita, por sua vez, dizem-se saudosos da ditadura militar que também não viveram, quando havia ordem e progresso e os "comunistas" foram banidos do espaço público para os cárceres ou para o exílio (sic). Trata-se de mais um capítulo do já notório fla-flu dos bregas de esquerda versus jecas de direita que atravanca o progresso do país.
Eu que vivi de fato aquele período, que foi o da minha adolescência e juventude, não sinto saudades alguma de nada daquilo, com exceção de algumas músicas antológicas e do espírito libertário que - esse - os ativistas de hoje não querem incorporar (atualmente todos só querem saber de partidos e do Estado). Mas falando em música, já em 1970, John Lennon dizia que o sonho tinha acabado em referência ao fim dos Beatles e também aos ideais do período ("the dream is over", verso da música God), e Gilberto Gil, a propósito, fez uma música com esse título (O sonho acabou, 1971) que deixo como recado aos nostálgicos do que não viveram: "O sonho acabou. Quem não dormiu no sleeping-bag nem sequer sonhou. ....O sonho acabou. Foi pesado o sono pra quem não sonhou". Ver abaixo!
Em outras palavras, dois expoentes daquele período de grandes transformações já decretavam seu fim no início da década de 70. O sonho já estava pesado para quem não teve a coragem de embarcar nas ilusões da época. Imagine hoje. Renovar é preciso, não? Novos sonhos, novos posicionamentos. Será que não existe mais criatividade no mundo? Pasma aqui!
Por fim, fazendo jus ao título dessa postagem, simultaneamente me impressiona e me entristece constatar como essa geração de hoje é perdida no tempo. Seus referenciais são da década de 60, do período militar (1964-84). Não tem referências próprias. São nostálgicos do que não viveram. A propósito dessas marchas, os à esquerda querem reviver o maio de 68 da França, entoam o Pra não Dizer que não falei das flores (1968), do Vandré (vejam abaixo a montagem que fizeram com a música), alguns se pensam revolucionários da Sierra Maestra, sem consciência histórica e política, sem atentar para a terrível breguice anacrônica desses posicionamentos. Os à direita, por sua vez, dizem-se saudosos da ditadura militar que também não viveram, quando havia ordem e progresso e os "comunistas" foram banidos do espaço público para os cárceres ou para o exílio (sic). Trata-se de mais um capítulo do já notório fla-flu dos bregas de esquerda versus jecas de direita que atravanca o progresso do país.
Eu que vivi de fato aquele período, que foi o da minha adolescência e juventude, não sinto saudades alguma de nada daquilo, com exceção de algumas músicas antológicas e do espírito libertário que - esse - os ativistas de hoje não querem incorporar (atualmente todos só querem saber de partidos e do Estado). Mas falando em música, já em 1970, John Lennon dizia que o sonho tinha acabado em referência ao fim dos Beatles e também aos ideais do período ("the dream is over", verso da música God), e Gilberto Gil, a propósito, fez uma música com esse título (O sonho acabou, 1971) que deixo como recado aos nostálgicos do que não viveram: "O sonho acabou. Quem não dormiu no sleeping-bag nem sequer sonhou. ....O sonho acabou. Foi pesado o sono pra quem não sonhou". Ver abaixo!
Em outras palavras, dois expoentes daquele período de grandes transformações já decretavam seu fim no início da década de 70. O sonho já estava pesado para quem não teve a coragem de embarcar nas ilusões da época. Imagine hoje. Renovar é preciso, não? Novos sonhos, novos posicionamentos. Será que não existe mais criatividade no mundo? Pasma aqui!
3 comentários:
Este texto é um alerta aos inconsequentes. Muito bom. Só não concordo com o título porque tem duplo sentido e quem não o ler poderá se sentir ofendido, achando que você não apoia o movimento.
O título tem a ver com o meu espanto quanto à nostalgia da geração de hoje de um tempo que não viveu. É um deja vu terrível a maneira como esse pessoal se posiciona. Parece que estou naquele filme "Feitiço do Tempo" repetindo o passado. "Sua piscina está cheia de ratos. Suas idéias não correspondem aos fatos. O tempo não pára, não pára, não pára..."
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