Como às vezes me acontece, começo a comentar algum texto no facebook, mas o comentário fica longo e acaba virando uma postagem. Foi o caso de um comentário meu sobre um link do economista Rodrigo Constantino, que já foi tido como liberal e agora despencou para o conservadorismo mais rastaquera, talvez para ganhar espaço na mídia com "opiniões" tidas como polêmicas. Hoje quanto mais besteira se diz mais visibilidade se tem na imprensa.
De fato, comecei a responder a um outro comentarista desse link específico, que, como outros, lastima a guinada obscurantista dada pelo fulano em pauta que, aos 35 anos, já está com a cabeça cheia de mofo, teias e traças. O texto que Constantino postou, em sua página do facebook, e usou como pretexto para disparar uma verdadeira saraivada de preconceitos contra homossexuais gira em torno de uma fala maluca do ator Jeremy Irons a respeito da "possibilidade" de o casamento gay abrir espaço para o incesto entre um pai e seu filho (sic).
Segue o comentário-texto, onde, na verdade, busco mais uma vez descortinar as motivações reais do discurso conservador: nada além de um monte de falácias objetivando escamotear o simples fato de que essa gente não aceita a igualdade entre os seres humanos. Trata-se apenas disso.
Segue o comentário-texto, onde, na verdade, busco mais uma vez descortinar as motivações reais do discurso conservador: nada além de um monte de falácias objetivando escamotear o simples fato de que essa gente não aceita a igualdade entre os seres humanos. Trata-se apenas disso.
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Diogo, já havia me prometido não mais comentar artigos ou
"opiniões" do Constantino porque, quando não está falando de
economia, ele agora se limita a enunciar seus preconceitos e limitações pessoais que busca referendar com pseudoargumentos. Entretanto, como essa postagem entrou, com seus respectivos comentários, por terceira via, em minha
página principal, sobretudo por suas falas
sensatas (do Diogo), resolvi me contradizer e dar meu pitaco sobre o assunto.
Constantino virou
conservador, Diogo, ou aquele troço híbrido, o liberal-conservador, um
avestruz, uma ave que não voa, e segue agora a cantilena da turma dos
reacionaldos azedos, luizes felipes manés e até do seu antigo desafeto Olavo de
Carvalho, tanto que emprestou o termo gayzista daquele decrépito.
Gayzista é um termo moral e intelectualmente vigarista que
visa demonizar as pessoas homossexuais que lutam por igualdade de direitos nas
sociedades atuais. A maior parte dos pleitos dos LGBT é por isonomia de
direitos, reivindicação de cunho liberal portanto. Mesmo considerando os
excessos do politicamente correto, que não é exclusividade do ativismo LGBT, só
infames conseguem associar esse movimento com um dos regimes mais genocidas da
história da humanidade, regime que inclusive matou milhares de homossexuais.
Por trás desse discurso escroto, o que existe realmente é a enorme dificuldade dos conservadores de
aceitar mudanças em geral, a igualdade de direitos entre as pessoas e de
oportunidade para todos. Opuseram-se aos
direitos dos negros, das mulheres e agora aos direitos homossexuais. Para justificar o que não passa de estreiteza intelectual e
pequenez de espírito, entoam sempre a mesma ladainha: falam em nome de Deus, da
defesa da família, da tradição, da moral, dos bons costumes, blá-blá-blá.
Falar na necessidade da prevalência dos direitos dos indivíduos sobre supostos direitos coletivos, desconsiderando as condições sociais que determinam a vida das pessoas, é mera tentativa de mascarar as desigualdades a fim de eternizá-las e fomentar o conformismo entre os discriminados.
E agora falam também em nome da liberdade de expressão. A direitosa está deturpando de tal forma o conceito de liberdade de expressão que a esquerda autoritária não vai ter dificuldade nenhuma em censurar o real direito de opinião. Liberdade de expressão virou um termo bombril, para os conservadores, que o usam a fim de tentar justificar desde seu anseio de insultar os outros impunemente até a permanência do cristofascista pastor-deputado Marco Feliciano na comissão de direitos humanos da câmara.
Feliciano é incompatível com o cargo, como também o seria um membro da ku-klux-kan ou da
gestapo, mas, segundo os “cons”, antidemocrático na verdade é querer tirá-lo de lá porque o pastor do diabo tem o direito de dizer o que quiser. Tem mesmo, desde que arque com as
consequências de suas falas, mas não numa
comissão de direitos humanos, considerando ele ser contrário aos mesmos. Aliás,
nunca antes o pastor teve tanto direito à liberdade de expressão como hoje, quando suas sandices são replicadas por toda a mídia. De fato, os “cons” querem o
pastor por lá para impedir o funcionamento da comissão de direitos humanos
pois desejam que ela não exista.
Por último, falar na necessidade da prevalência dos direitos dos indivíduos sobre supostos direitos coletivos, desconsiderando as condições sociais que determinam a vida das pessoas, é
mera tentativa de mascarar as desigualdades a fim de eternizá-las e fomentar o conformismo
entre os discriminados. Liberais de fato deveriam dar toda a força aos
movimentos sociais, pois seu objetivo é derrubar os obstáculos sociais, impostos aos vários grupos marginalizados, de modo a que - futuramente - detalhes como sexo, etnia e orientação sexual (pra falar nos mais conhecidos) sejam
irrelevantes e cada pessoa possa realmente ser avaliada apenas como indivíduo.
O fato de a esquerda (PT sobretudo) manipular as
causas sociais para seu proveito não lhes tira a validade que é intrínseca. Aliás, houvesse
um pouco de QI à direita, ao menos liberais deveriam, no âmbito de seus
princípios, procurar levar as ideias
liberais a estes movimentos e não, numa cegueira política descomunal, viver como
vivem, em comparsaria com conservadores, hostilizando as demandas dos grupos discriminados.
Posto
inclusive novamente o vídeo onde a escritora Ayn Rand, ícone liberal, elenca as razões pelas quais
conservadores prestam um desserviço à causa das liberdades individuais e mesmo
econômicas (de fato ela fala em traição conservadora do capitalismo), com sua lenga-lenga de defesa da tradição, fé religiosa e crença na incapacidade do ser humano de agir racionalmente (por sua imperfectibilidade). Tenho divergências com essa
cara senhora, claro, mas não posso negar que, em alguns momentos, ela realmente pega
na veia. Só lembrar que, quando ela fala em "liberais", deve-se ler social-democratas, a esquerda americana, e que ela defendia o liberalismo clássico, laissez-faire, num período em que o comunismo ainda existia.
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