domingo, 11 de setembro de 2011

11 de Setembro: um ataque à democracia e suas consequências

Em setembro de 2001, eu estava de repouso em casa por causa de uma contratura nas costas que me dificultava o movimento do braço. Tinha dormido mal, pela dor, e estava meio sonada, pelo efeito dos antiinflamatórios que tomara antes de deitar. Entrei na Internet, de manhã, a fim de ver as notícias do dia nos portais, quando fiquei sabendo que os Estados Unidos estavam sob ataque. A imagem que eu vi era a do primeiro avião que atingira uma das torres do World Trade Center.

Até despertei da minha letargia pelo espanto diante daquela imagem chocante e até então só imaginável em filmes-catástrofe. Imediatamente liguei a televisão em busca de outras informações e fiquei o dia inteiro de olho pregado na tela, vendo todo o horror que se desenrolava. Até o Bush me pareceu razoável, naquele dia fatídico, tal foi minha empatia pela dor dos americanos.

O resto já é bem conhecido: o mundo ficou  pior depois dos atentados terroristas aos EUA. Eles forneceram base para Bush invadir o Afeganistão à caça do Bin Laden (que acabou morto pelo Obama) e depois o Iraque, à caça do petróleo local sob a desculpa esfarrapada de que Saddam Hussein escondia armas de destruição em massa. E muitos outros inocentes morreram nessa retaliação.

Em próprio solo, os EUA, a terra da liberdade, viu uma inaudita interferência do Estado na liberdade dos indíviduos, em sua privacidade, fundamentada na necessidade de proteger o país de outros ataques como o de 11 de setembro. Analistas inclusive afirmam que a crescente interferência estatal na vida das pessoas se estendeu também para a área econômica, o que teria levado à crise de 2008 da qual até hoje os americanos ainda não se recuperaram.

Em nome da segurança, também muitos abusos contra prisioneiros árabes, culpados ou inocentes, foram cometidos pelo governo americano nas prisões de Abu Ghraib e Guantánamo, manchando a imagem dos EUA como defensor dos direitos humanos, imagem já muito arranhada por sua mania de bancar o xerife do mundo. O pior é que, apesar das guerras, no Afeganistão e no Iraque, o terrorismo continuou firme e forte promovendo ataques também na Europa e volta e meia ameaçando atacar em algum lugar, sobretudo, claro, nos EUA.

Obviamente, nada de bom pode surgir de ações extremistas como as do 11 de setembro. Mas acho que o pior efeito do ataque, além das vidas ceifadas brutalmente, foi determinar um aumento da mentalidade estatista, autoritária e fanática, em todo o mundo, seja na área da política, das religiões seja na das relações interraciais, ideológicas, inclusive em nosso país. Mais do que os EUA, foi ferida a democracia, as sociedades abertas, da qual a sociedade americana sempre foi um dos maiores pilares.

Na luta renhida entre autoritários e libertários, que sempre se travou através dos séculos, os autoritários marcaram um tento com o horrendo ataque ao World Trade Center  e fizeram o mundo ficar mais à sua feia imagem e semelhança. Apesar de ferida, contudo, a América - como os americanos do Norte chamam os EUA - permanece um bastião do mundo livre num entorno nada simpático à liberdade. Seu modelo de sociedade - apesar dos pesares - se mantém como um paradigma a se seguir. Só para citar um exemplo desse mérito, políticos e celebridades também vão para cadeia por lá, quando cometem algum delito.

Neste 11 de setembro de 2011, portanto, me solidarizo novamente com os americanos, ao assistir as homenagens que prestam às vítimas do ataque terrorista de 2001 (quase 3000), e torço por sua recuperação moral e econômica, pois sua presença é fundamental para a permanência dos ideais democráticos em nível internacional.  E, claro, oro para que imagens como essas abaixo não mais se vejam, embora duvide que não possam se repetir. A estupidez humana parece não ter limites.


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