8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

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terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Festival de filmes franceses online até o dia 17 de fevereiro


Estreou na última sexta, 17, a quarta edição do My French Film Festival.com - título em inglês para facilitar a divulgação, em que dez curtas e dez longas ficam disponíveis até 17 de fevereiro. Em meio à disputa de serviços pagos de vídeo sob demanda no País, os amantes do cinema francês terão a chance de ver gratuitamente pela internet as produções de lá durante um mês.

Para assistir, basta acessar o www.myfrenchfilmfestival.com e preencher um cadastro. Quem não quiser ver pela página pode ver pela loja virtual iTunes. No Brasil, o acesso é gratuito e todos os filmes têm legendas em português.

Segundo a Unifrance Films, que organiza o festival com a Embaixada da França, o Brasil está entre os cinco países que mais acessam o conteúdo, disponível em 189 territórios, em 13 idiomas diferentes.

O público poderá votar nos melhores filmes. Há ainda um júri especializado, liderado pelo cineasta Jean-Pierre Jeunet, diretor de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. No grupo, está ainda o italiano Marco Bellocchio. O filme vencedor ficará disponível no catálogo de voos 400 de companhias aéreas.

Com informações do Estado de São Paulo e do site do festival  

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Passeando através de diferentes décadas através da dança

Dois filmes e um vídeo sobre dança que retratam, através de diferentes ritmos, períodos da história humana. Em O Baile, de 1983, de Ettora Scola, passeia-se por diferentes épocas, começando em 1920 e seguindo pelos 50 anos seguintes, através da trilha sonora, da maneira de dançar e do figurino dos personagens. Guardadas às devidas proporções, o mesmo se passa com o comercial do shopping londrino que mostra cem anos de moda em cem segundos de imagens. 

Ainda por essa via segue o filme Chega de Saudade (2008), de Laís Bodansky, onde, via flashbacks, o passado e  o presente convivem num mesmo local, através da música brasileira de diferentes gerações e da dança entre os casais, com cada personagem tendo uma música-tema que remete a situações vividas no salão de baile. Para apreciar sem moderação.
  

100 years of fashion in 100 seconds from aneel on Vimeo.
100 years of East London style in 100 seconds. Sept 13th 1911 - Sept 13th 2011.

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/feira-livre/imagens-em-movimento-a-7a-arte-vai-ao-baile/#more-816037

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A "pedofilia" dos conservadores contra a veracidade dos fatos

Conservas sem parâmetro algum de comportamento decente
Ontem rolou, nas redes sociais, a notícia do site cristão Charisma News, de que a American Psychiatric Association (APA - Associação de Psiquiatria Americana) teria redefinido a pedofilia de transtorno ou desordem mental para orientação sexual. Não tardou para um conservador, Rodrigo Constantino, veicular a notícia, em sua coluna na VEJA, como um sinal do "esquerdismo doente, que relativiza tudo e não encontra mais parâmetro algum de comportamento decente".

Embora tenha acusado a esquerda de comportamento indecente, o fato é que a postagem de Constantino não foi nada decente. Pelo contrário, foi bem leviana já que ele não buscou confirmar a notícia junto à APA, limitando-se a reproduzir texto de site pra lá de duvidoso apenas como pretexto para a divulgação de trecho de seu livreto a "esquerda caviar". Inclusive, mesmo após ser refutado por várias pessoas, com base em declarações da própria APA, não tratou de apresentar resumo dessas declarações esclarecedoras como fez o próprio site cristão citado. E aí a esquerda é a única corrente desonesta, hipócrita e gananciosa do país. 

De fato, a primeira informação obtida sobre o assunto dava conta de que a APA teria feito uma distinção entre a pedofilia passiva (sem prática real, só fantasias) e a ativa (prática real envolvendo crianças), denominando a passiva de "orientação sexual" e a ativa de "desordem ou transtorno pedofílico". Já por aí ficava claro que não era a pedofilia propriamente dita que teria sido reformulada como mera orientação sexual. Posteriormente, porém, divulgou-se nota da própria APA esclarecendo ter sido o termo "orientação sexual" um erro de impressão que será corrigido nas próximas edições do manual e substituído pelo termo correto "interesse sexual". Embora a distinção seja meramente linguística, o uso do termo "interesse sexual" é mais adequado, pois orientação sexual já ficou marcado como referente às sexualidades não patológicas (hétero, homo e bissexualidade). Assim também cala-se de vez a boca dos histéricos de plantão.

Na verdade, essa falsa polêmica sobre a pedofilia visa de fato deslegitimar os direitos homossexuais (além de, no caso de Constantino, fazer propaganda de seu livro). Para os conservadores, o fato de a homossexualidade ter sido retirada do rol das parafilias da APA, em 1990, passando a ser reconhecida como orientação sexual, abriu as portas para a naturalização das outras "perversões" elencadas no 5º Manual Estatístico e Diagnóstico dos Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders- DSM-5).

É bem provável que realmente as relações sadomasoquistas venham a sair da lista das parafilias em breve, pois a sociedade já as naturalizou e erotizou o suficiente para até produzir best-sellers como 50 Tons de Cinza, uma espécie de aventuras de Sabrina in chains (acorrentada). Provavelmente também os conservadores darão seu show de puritanismo hipócrita quando isso acontecer.

Entretanto, as relações SM são, bizarrices à parte, relações entre pessoas adultas estabelecidas de livre e espontânea vontade. Cada um que saiba a dor e a delícia de ser o que é. Por outro lado, a pedofilia, a zoofilia (relações com animais), o assédio sexual, o estupro, a prostituição forçada são relações de violência, pois não existe nelas o componente fundamental da sexualidade saudável que é o consenso entre as partes envolvidas. Se as pessoas que têm desejos dessa natureza os mantém no nível da fantasia, não há o que se fazer sobre o assunto (ver abaixo o bom  filme O Lenhador a respeito do tema). Se partem da fantasia para a ação, precisam ser contidas pela sociedade pois seus atos se configuram como criminosos.

Qualquer pessoa razoável sabe bem diferenciar as relações consensuais das forçadas. Os conservadores buscam misturar as coisas porque são simplesmente vigaristas morais e intelectuais.  


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Gravidade: saga de superação contada com requinte técnico e imagens deslumbrantes

Sandra Bullock e George Clooney em Gravidade

Estreei no 4D, com o filme Gravidade, bem à altura da nova tecnologia. O filme é uma maravilha técnica de imagens deslumbrantes que só mesmo o 3D ou o 4D podem trazer em sua plenitude ao espectador. Então, havendo a possibilidade, assistir preferencialmente em 4D, para chacoalhar um bocado na poltrona e levar lufadas de ar no rosto ao ritmo da história que rola na tela. Se não, em Imax ou simplesmente 3D.

Quanto ao filme, o roteiro é quase um fio de tão simples. Equipe de astronautas do ônibus espacial Explorer, fazendo consertos no telescópio Hubble, é atingida por onda de destroços de um satélite que mata praticamente a todos. Apenas dois da equipe sobrevivem a princípio. Depois apenas uma, a doutora Ryan Stone (Sandra Bullock em atuação inspirada), lutando desesperadamente pela sobrevivência em meio a percalços sem fim. No começo, à deriva no espaço sideral, em claustrofóbico traje de astronauta, seu objetivo é alcançar uma das estações espaciais, em órbita ao redor da Terra, a partir da qual tomar uma cápsula espacial de volta ao planeta.

Gravidade, portanto, relata uma história comum (quantas histórias de sobreviventes já não se viu?), mas contada com um requinte técnico impressionante, imagens muito belas filmadas de perspectivas inusitadas e um ritmo a um tempo frenético e angustiante. No filme do diretor mexicano Alfonso Cuarón, as imagens são soberanas seja nos grandes planos ou nos detalhes, "falando" bem mais do que seus dois personagens. No aspecto simbólico, apresenta a saga de superação dos dramas pessoais da protagonista através de sua luta renhida pela sobrevivência, por sua vida ameaçada até os últimos minutos da história.

Cenas de 2001 - Uma Odisseia no Espaço e Gravidade
Gravidade faz de quebra referência a duas obras-primas da ficção científica: 2001 - Uma Odisseia no Espaço (1968) e Alien - O Oitavo Passageiro (1979). Há quem fale em outras referências, mas fico com estas duas mais evidentes. Óbvio que 2001 tem uma abordagem cerebral, filosófica, que Gravidade, um filme marcadamente sensorial, não tem. Entretanto, ambos tematizam de forma mais ou menos profunda a solidão e a fragilidade humanas diante das adversidades e da imensidão do espaço sideral. Apesar da distância de décadas e técnicas, ambos têm imagens grandiosas e parecidas da Terra vista do espaço, das naves e estações orbitais, dos astronautas à deriva entre as estrelas. Mesmo uma das cenas internas, quando a doutora Ryan flutua pelo interior de uma das estações orbitais em forma de tubo, me fez lembrar uma cena de 2001.

Protagonistas de Alien e Gravidade em momento relax

A referência a Alien fica por conta do roteiro. Em ambos, quem protagoniza a história é uma mulher, única sobrevivente de uma tripulação atingida por um desastre. Em Alien, o desastre é o monstro. Em Gravidade, o desastre são os destroços de um satélite que se multiplicam no choque com outros satélites e estações espaciais. Ambos os desastres vão exigir das heroínas da história uma coragem e tenacidade capazes de superar o medo e as dúvidas quanto à própria condição de lidar com forças que parecem destinadas a sobrepujá-las.

Também ambos os contextos em que atuam são marcados pela claustrofobia. Pelos corredores escuros e estreitos da nave Nostromo prestes a explodir, a tenente Ripley se arrasta quase sem fôlego, com o alien à espreita, para alcançar a nave auxiliar onde supõe estará livre do monstro. Ironicamente na amplidão do espaço sideral, a doutora Ryan também se vê quase sem ar, pois o oxigênio, em seu traje de astronauta, desce a níveis críticos enquanto ela luta, prestes a desmaiar, para chegar a uma das estações espaciais e abrir sua porta salvadora.

Há até uma cena similar. No porto temporariamente seguro da nave auxiliar ou do módulo espacial, as heroínas vão dar um respiro e se sentir relaxadas o suficiente para despir o macacão ou traje de astronauta e ficar só de calcinha (ou shorts) e camiseta. Nesses trajes mínimos, a doutora Ryan inclusive flutua meio adormecida em posição fetal. Naturalmente, trata-se apenas de um tempinho antes da luta pela sobrevivência recomeçar.

A diferença entre as duas protagonistas de Alien e Gravidade reside no grau ou tipo de feminismo de cada uma. Ripley derrota o Alien e sobrevive unica e exclusivamente graças a sua própria capacidade e determinação. Nenhum homem a ajuda ou orienta. Aliás, pelo contrário, em toda a quadrilogia Alien, as referências ao sexo masculino não são nada lisonjeiras. Em Gravidade, porém, a doutora Ryan conta com a inestimável orientação do comandante Matt Kowalsk, interpretado por George Clooney, astronauta experiente que, até em sonho, dá dicas fundamentais para a sobrevivência da novata Stone. Kowalsk parece até um mestre Zen que, mesmo diante da morte iminente, não deixa de admirar a beleza do pôr-do-sol na Terra visto lá de cima.  

Essas similaridades que aponto entre Gravidade (2013) e as obras-primas de Stanley Kubrick (2001 - Uma Odisseia no Espaço, 1968) e  Ridley Scott (Alien, 1979), contudo, não desmerecem em nada o trabalho do diretor  Alfonso Cuarón. Boas citações engrandecem qualquer obra. Gravidade supera esses dois clássicos da ficção científica na perícia técnica, na plasticidade e na verossimilhança. Tudo no filme parece muito real, a despeito de possíveis, mas mínimas, imprecisões científicas e de descrever uma situação que a maioria das pessoas jamais viverá (quantos são os astronautas no mundo?).

Supera os dois clássicos também no apelo aos sentidos e aos sentimentos. Não tem a racionalidade de 2001 ou o terror literalmente visceral de Alien, mas tem a capacidade de fazer o espectador sentir a vertigem de girar no espaço sem rumo e trombar com detritos e estações espaciais (principalmente em 4D). Sobretudo tem a capacidade de emocionar, ainda que com um leve sentimentalismo. Em Alien, vertem-se lágrimas também, mas de puro terror. Em Gravidade, dentro de um dos módulos espaciais, as lágrimas da doutora Ryan, que flutuam em nossa direção pelo efeito 3D, são daquelas que a gente chora pelas mesmas razões da personagem (por saudades de casa, pelo choro de uma criança, o latido de um cachorro, por nossas perdas, pelo medo da morte). 

Em suma, Gravidade se afirma por seus méritos próprios como um novo patamar técnico e artístico não só para os filmes de ficção-científica como para o cinema em geral. Já pode constar no panteão da sci-fi ao lado dos citados 2001- Uma Odisseia no Espaço, Alien, O Oitavo Passageiro e também de Blade Runner, Matrix, entre outros clássicos do gênero. É forte concorrente ao Oscar 2014 pelos prêmios de melhor filme, melhor diretor e melhor atriz. Comentaristas dizem inclusive que se trata da melhor atuação da carreira de Sandra Bullock. Como não acompanho o trabalho da atriz, não tenho como confirmar ou negar essa análise. Mas que ela está muito bem no papel não resta dúvida. Parece que, assim como sua personagem, vive um caso de superação. Enfim, Gravidade é para se ver e rever. Imperdível. 

À guisa de ilustração desse artigo posto vídeos com imagens de Gravidade naturalmente (com depoimentos do diretor e dos atores inclusive) mas também de 2001 e de Alien. Lamento a edição que fizeram da cena em que a tenente Ripley, em Alien, despe-se, na nave auxiliar, mas não encontrei outra. Um mané se empolgou com a Sigourney Weaver de calcinha e deu conotações eróticas a uma cena onde tal elemento não existe. Só para comparar com a imagem da doutora Ryan em situação análoga.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Documentário Uma Noite em 67, registro imperdível do III Festival de Música Popular Brasileira


Era 21 de outubro de 1967. No Teatro Paramount, centro de São Paulo, acontecia a final do III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record. Diante de uma plateia fervorosa - disposta a aplaudir ou vaiar com igual intensidade -, alguns dos artistas hoje considerados de importância fundamental para a MPB se revezavam no palco para competir entre si. As canções se tornariam emblemáticas, mas até aquele momento permaneciam inéditas. Entre os 12 finalistas, Chico Buarque e o MPB 4 vinham com "Roda Viva"; Caetano Veloso, com "Alegria, Alegria"'; Gilberto Gil e os Mutantes, com "Domingo no Parque"; Edu Lobo, com "Ponteio"; Roberto Carlos, com o samba "Maria, Carnaval e Cinzas"; e Sérgio Ricardo, com "Beto Bom de Bola". A briga tinha tudo para ser boa. E foi. Entrou para a história dos festivais, da música popular e da cultura do País. 

"É naquele momento que o Tropicalismo explode, a MPB racha, Caetano e Gil se tornam ídolos instantâneos, e se confrontam as diversas correntes musicais e políticas da época", resume o produtor musical, escritor e compositor Nelson Motta. O Festival de 1967 teve o seu ápice naquela noite. Uma noite que se notabilizou não só pelas revoluções artísticas, mas também por alguns dramas bem peculiares, em um período de grandes tensões e expectativas. Foi naquele dia, por exemplo, que Sérgio Ricardo selou seu destino artístico ao quebrar o violão e atirá-lo à plateia depois de ser duramente vaiado pela canção "Beto Bom de Bola". 

O documentário Uma Noite em 67, dirigido por Renato Terra e Ricardo Calil, mostra os elementos que transformaram aquela final de festival no clímax da produção musical dos anos 60 no Brasil. Para tanto, o filme resgata imagens históricas e traz depoimentos inéditos dos principais personagens: Chico, Caetano, Roberto, Gil, Edu e Sérgio Ricardo. Além deles, algumas testemunhas privilegiadas da festa/batalha, como o jornalista Sérgio Cabral (um dos jurados) e o produtor Solano Ribeiro, partilham suas memórias de uma noite inesquecível.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Katyn, filme que demonstra como nazistas e comunistas tinham coisas em comum

Loja de Brasília vende camiseta com referência à invasão da Polônia
por nazistas e comunistas
Certas coincidências são realmente intrigantes. Estava para escrever sobre o filme Katyn, que posto abaixo com legendas em espanhol, mas acabei adiando o momento de fazê-lo até que esta semana dois episódios me impulsionaram a abordá-lo de vez.

O primeiro se refere a um texto intitulado Foi-se o Martelo, do Eurípedes Alcântara, sobre o historiador Eric Hobsbawm, recentemente falecido, e sua devoção ao comunismo. Neste texto, imperdível, o autor lembra da invasão da Polônia, em 1939, pelos nazistas e comunistas, e o Massacre da Floresta de Katyn, pelo exército soviético, a mando de Stálin, quando 20.000 oficiais poloneses foram mortos com tiros de pistola ou por estrangulamento. 

Detalhe da camiseta com o logo do Mal
O segundo é relativo a uma notícia sobre a venda de uma camiseta (vejam a foto inteira e no detalhe), numa loja de Shopping em Brasília, estampada com logo ostentando os símbolos nazista e comunista em referência à invasão da Polônia (Poland, 1939). A camiseta virou notícia por causa do símbolo nazista cuja exibição, por qualquer via, é considerada crime. Entretanto, na notícia, não há qualquer crítica ao maléfico símbolo do comunismo (a foice e o martelo), bem mais assassino do que seu irmão nazista. Pelo contrário, temos inclusive que aturá-lo em sigla de partido brasileiro, como se fosse coisa natural e não um insulto à humanidade. De qualquer forma, esse logo aparece na camiseta porque ela faz parte de uma Polo Collection World War (Coleção Polo Segunda Guerra Mundial), época em que a pobre Polônia foi invadida pelos dois monstros genocidas do século passado a um só tempo. Desgraça pouca é bobagem.

O fato é que Hitler e Stálin haviam assinado o infame tratado Molotov-Ribbentrop, em 23 de agosto de 1939, supostamente de não-agressão, mas de fato de cooperação entre os dois regimes totalitários com vistas a repartir a Europa, após a ocupação e destruição das democracias liberais. Em seguida, em setembro, primeiro os nazistas, depois os comunistas invadiram a Polônia e fizeram um monte de barbaridades no país, entre os quais se destaca o Massacre da Floresta de Katyn. Vale lembrar que o dia 23 de agosto foi recentemente reconhecido, na Europa,  como Dia da Memória das Vítimas de todos os regimes autoritários e totalitários. Vale também sempre rever a análise do cientista político francês Alain Besançon sobre as razões pelas quais as barbáries cometidas pelo comunismo são tão pouco conhecidas. 

Entre essas razões, ressalta-se o fato de que o nazismo perdeu a guerra enquanto a URSS posou inclusive de aliada, no fim das contas, para a derrota de Hitler. E como diz o velho ditado, a história é escrita pelo vencedor. Como Hitler pirou de vez e resolveu atacar inclusive seu até então amigo Stálin (em junho de 1941), não restou ao sanguinário comunista outra opção que não defender-se e se unir aos inimigos do seu inimigo. Depois, tratou de reescrever a história ao sabor de seus interesses, pondo a culpa de muitas de suas atrocidades nas costas dos ex-colegas nazistas.

O caso do Massacre da Floresta de Katyn foi um desses episódios em que os soviéticos culparam os nazistas por um crime que de fato eles próprios cometeram. Mas como tem gente que nunca esquece, em 2007, o diretor polonês Andrzej Wajda , trouxe à luz a verdade sobre esse evento trágico para seu povo e para sua própria família, já que perdeu o pai no massacre.

Para uma análise do filme Katyn propriamente dito, resgatei uma resenha da Isabela Boscov, para a Veja de 8 de abril de 2009. Depois é conferir o filme e divulgar esta postagem como um serviço de utilidade pública a todas as democracias, pois, como diz a Isabela, e vide a "reeleição" de Hugo Chávez, o filme fala de "uma calamidade que o presente está longe de erradicar – a dos regimes ditatoriais e como - eles desfiguram não uma liberdade abstrata e sim cada indivíduo, até seu âmago."  

Em Katyn, Andrzej Wajda reabre uma ferida que ainda hoje dói nos poloneses:
o massacre de 20.000 oficiais pelos soviéticos, em 1940.
Mas por que só um octogenário se interessou em tratar dela?

Sob a névoa da guerra

por Isabela Boscov

Na primeira cena de Katyn (Polônia, 2007), já em cartaz no Rio de Janeiro e com estreia prevista para esta sexta-feira também em São Paulo, dois grupos de refugiados encontram-se no meio de uma ponte, em algum lugar da Polônia. Parte deles vem do oeste, fugindo dos invasores nazistas, enquanto a outra parte vem do leste, tentando escapar dos invasores soviéticos. Ou seja: chegou-se ao ponto onde não há mais saída – e essa é a imagem ao mesmo tempo literal e metafórica da terrível má sorte que desabou sobre os poloneses em 1939.

Imprensada pela geografia entre os dois regimes totalitários mais cruéis do período, a Polônia virou um palco para as piores tensões da II Guerra. Sua invasão pelos nazistas foi, primeiro, o estopim do conflito. Depois, enquanto o farsesco pacto de não agressão entre Adolf Hitler e Josef Stalin vigorou, o país se viu repartido entre dois exércitos de nacionalidades e métodos diferentes, mas objetivos idênticos – quebrar a espinha do ocupado e ensaiar as práticas expansionistas que logo estenderiam pelo mundo. Finalmente, quando ficou claro que nenhum acordo poderia conter o choque entre as ambições de Hitler e Stalin, o país passou a ser sistematicamente eviscerado pelos dois adversários.

Um episódio central simboliza esse processo: em abril de 1940, os soviéticos fuzilaram cerca de12.000 oficiais poloneses na floresta de Katyn. Contando-se os fuzilamentos em outros campos de prisioneiros, o total de assassinados chegou a 20.000. Muitos destes eram reservistas e atuavam como engenheiros, técnicos ou cientistas. Sem eles, calculava Stalin, seria muito mais difícil à Polônia reerguer-se (Hitler, por sua vez, já se havia incumbido do extermínio dos intelectuais poloneses). Em 1943, quando as valas comuns foram descobertas, os nazistas aproveitaram-se ao máximo delas para propaganda antissoviética. Em menos de dois anos, porém, a Alemanha foi derrotada, e a Polônia caiu na órbita da União Soviética – a qual reescreveu a história, atribuindo o massacre de Katyn aos nazistas e alardeando-se de ser a verdadeira esperança dos poloneses. A Polônia inteira sabia tratar-se de uma mentira; mas quem o dissesse enfrentaria tortura, exílio ou morte. Eis, então, como uma nação foi refundada sobre uma farsa.

Essa é a história que o grande diretor polonês Andrzej Wajda conta, pela primeira vez na história do cinema de seu país, em Katyn. O pai de Wajda foi uma das vítimas do massacre, e durante anos sua mulher e filho aguardaram que ele voltasse. Quando souberam de sua morte, mal puderam cumprir o luto. Logo, como todos os outros parentes dos fuzilados, tiveram de assumir a falsidade. O massacre e sua subsequente dissimulação feriram a Polônia até a alma: como Wajda mostra em seu filme, numa brilhante recriação não apenas do episódio, mas da dimensão emocional que ele adquiriu, o ocorrido em Katyn pisoteou a identidade dos poloneses, violentou sua história e anulou, por décadas, sua esperança de um futuro livre. Se esse futuro não tivesse afinal se concretizado,Katyn não poderia existir, claro.

Mas é intrigante que só Wajda, que acaba de completar 83 anos, tenha se ocupado de reabrir essa ferida para começar a arejá-la. Intrigante, mas também sintomático: Wajda é um dos remanescentes de uma fraternidade de diretores que, iniciando a carreira entre o fim da II Guerra e a década de 70, imaginou o cinema não apenas como espetáculo – aspecto que a maioria deles nunca menosprezou –, mas também como um novo fórum, de alcance e apelo sem precedentes.

Federico Fellini, Michelangelo Antonioni, Bernardo Bertolucci, Luchino Visconti, Ingmar Bergman, Akira Kurosawa, François Truffaut, Louis Malle, Martin Scorsese, Francis Ford Coppola e Stanley Kubrick, para ficar apenas nos nomes mais óbvios, foram alguns dos expoentes desse grupo que Wajda integra desde sua estreia, na década de 50, com a "Trilogia da Guerra", formada por Geração,Kanal e Cinzas e Diamantes.

Nem todos os diretores surgidos nesse período de transformação se dedicaram a temas políticos ou ideológicos, como Wajda quase sempre continuou a fazer. De sexo a relações humanas, de identidade cultural a filosofia, todas as grandes questões encontraram um espaço nesse fórum. A base comum para esses cineastas e os filmes que eles produziram, porém, é clara: o espírito inquisitivo e a aspiração de intervir em seu tempo. Esse é o espírito que abriu para eles um lugar não apenas na história do cinema, mas no cânone cultural contemporâneo. E esse é também o espírito que move Wajda a dissipar a névoa da guerra em Katyn. Se não se trabalhar para encontrar no passado seu sentido verdadeiro, argumenta o filme, tudo o que repousa sobre ele será também em alguma medida uma falsificação.

O mais triste em Katyn é quanto ele é solitário em sua ambição. Outros veteranos como Wajda continuam a fazer um cinema de busca e indagação, a exemplo de Clint Eastwood e Werner Herzog. Mas, nas fileiras de diretores que despontaram a partir da década de 80, os casos de inquietude intelectual são escassos – Pedro Almodóvar, na Espanha; Paul Thomas Anderson, de Sangue Negro, nos Estados Unidos; Cristian Mungiu, de 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, na Romênia; Florian Henckel von Donnersmarck, de A Vida dos Outros, na Alemanha. Wajda, que não é nenhum esnobe – uma de suas críticas ao cinema europeu é que ele em geral se recusa a aprender com o americano como conduzir a emoção da plateia –, tem uma teoria sobre o problema. "Certa vez, perguntei a Kurosawa como ele conseguira interpretar Macbeth, de Shakespeare, de maneira tão profunda e acurada em Trono Manchado de Sangue", contou o polonês em uma entrevista recente à revista Sight & Sound. "‘Senhor Wajda, tive uma educação clássica em Tóquio’, ele me respondeu. Bergman e Fellini também tinham esse tipo de formação – assim como muitos de seus espectadores. Hoje, as escolas não ensinam mais esses valores."

Se o diagnóstico de Wajda estiver correto, portanto, não são o cinema ou os cineastas que estão menores. É a própria cultura que está perdendo seu sentido de continuidade e acumulação e, assim, se apequenando. O cinema, afinal, não depende só de quem o faz para provocar impacto: depende igualmente de quem o vê. Katyn prova que essa contração não é necessária. O filme de Wajda tem uma experiência fundamental a transmitir sobre uma calamidade que o presente está longe de erradicar – a dos regimes ditatoriais e como - eles desfiguram não uma liberdade abstrata e sim cada indivíduo, até seu âmago. Mas ele a transmite com arte, e espetáculo, e emoção.

Fonte: Revista Veja, 8 de abril de 2009

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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

V de Vingança - Completo e Dublado


Guy Fawkes foi um soldado inglês católico que participou de uma tentativa de levante, em 1605, contra o rei protestante Jaime I e  parlamentares ingleses, que ficou conhecida como Conspiração da Pólvora. Os revoltosos pretendiam implodir o parlamento e seus membros como primeiro passo do levante, e Guy era o sujeito que tomava conta dos barris de pólvora que seriam utilizados no atentado. Entretanto a conspiração foi descoberta e Guy preso, torturado e executado no dia 5 de novembro. Até hoje é tradição, na Inglaterra, malhar e queimar bonecos de Fawkes todo os 5 de novembro de cada ano, como fazemos com os bonecos de Judas nos sábados de aleluia.

Apesar de considerado traidor, Fawkes foi inspirador de mitos libertários, como a graphic novel V de Vendetta (V de Vingança), onde um rebelde, que usa uma máscara baseada em seu rosto, consegue detonar o parlamento inglês, num dia 5 de novembro, numa Inglaterra dominada por um regime fascista. A HQ ganhou, por sua vez, uma versão cinematográfica, entre outros, com HugoWeaving, Natalie Portman, Stephen Rea, John Hurt, em 2006, que ajudou a divulgar a história do católico conspirador.

Abaixo segue o filme completo em versão dublada, já que não encontrei a versão legendada. O filme vale a pena de qualquer jeito. 

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Meryl Streep em A Dama de Ferro

Meryl Streep como A Dama de Ferro
Meryl Streep encarna  Margaret Thatcher, a ex-Primeira Ministra britânica, que tirou a Inglaterra do buraco, durante seus mandatos entre 1979 e 1990, e impôs uma derrota humilhante aos generais argentinos na guerra das Ilhas Falkland/Malvinas. (Incrível que estejam querendo ressuscitar o conflito).

O filme acompanha a trajetória de Thatcher, através de uma série de flashbacks, com destaque exatamente para os 17 dias que antecederam a Guerra das Malvinas em 1982, mas também foca a vida particular dessa mulher polêmica que desempenhou um papel determinante na cena mundial por mais de uma década. Tudo isso numa época em que mulheres ainda eram raras em posições de mando. Bem mais raras do que hoje seguramente.

Pelo papel de Thachter, em A Dama de Ferro, da diretora  Phyllida Lloyd, com quem já trabalhara no grande sucesso Mamma Mia, Meryl Streep  já ganhou o Bafta em Londres e o Globo de Ouro. E está cotadíssima para receber o Oscar no dia 26 próximo. 

Abaixo veja comentário, da crítica de cinema Isabela Boscov, sobre o filme que estreia na sexta-feira em todo o Brasil. 

sexta-feira, 4 de março de 2011

O poster animado de Conan, o Bárbaro!

Jason Momoa
Vejam abaixo o poster animado do filme Conan, o Bárbaro, que estreia nos EUA em 19 de agosto de 2011 (desta feita interpretado por Jason Momoa), onde o personagem aparece sobre uma pilha de crânios, com as vestes e os cabelos ao vento, sob um céu incandescente e som fantasmagórico. Incrível, não? Anúncios animados em revistas, cartazes animados dos filmes. O avanço incrível da fascinante tecnologia.

Conan, o Bárbaro é criação do escritor Robert E. Howard, de 1932, que foi transposta para as HQ nos anos 70 e delas para o cinema na pele de Arnold Schwarzenegger.  Schwarzenegger representou o guerreiro em Conan, o Bárbaro e Conan, o Destruidor.

Neste novo Conan, em 3D, com direção de Marcus Nispel (Sexta-Feira 13: Bem Vindo a Crystal Lake) além de Jason Momoa, como o protagonista, também estão no elenco Ron Perlman (Caça às Bruxas), Stephen Lang (Inimigos Públicos), Rose McGowan (O Espião), Rachel Nichols (Jogos do Poder) e Bob Sapp (Golpe Baixo) .

A adolescente nerd que mora em mim aguarda a película...hehehe Na base do poster, você pode desligar o som, se quiser.


quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Retrospectiva 270 filmes de 2010

Videomaker americano Genrock reuniu fragmentos de 270 produções lançadas este ano apenas para relembrar alguns dos  longas que passaram pelas salas de cinema em 2010.

A montagem de 6 minutos, muito bem editada, em termos dos cortes e da música, ficou bem legal. Alguns desses filmes ainda não estrearam no Brasil, como Tron - O Legado, que estreia nesta sexta (17), Enrolados e Cisne Negro.

Veja se identifica os outros. Abaixo a lista dos 270 para ajudar. Ao fim da postagem, o vídeo do Genrock.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Tropa de Elite 2 e Rio de Janeiro: quando a realidade imita a ficção!

Fui ontem finalmente assistir Tropa de Elite 2, o mega sucesso do diretor José Padilha (10 milhões de espectadores), na esteira da primeira versão da história dos homens de preto do Batalhão de Operações Policiais Especiais, o BOPE.

De antemão, digo que prefiro o Tropa 1, mais dinâmico como filme de ação, mais empoderante ao contar a história de um grupo de policiais de formação especial e moral incorruptível. Neste Tropa 2, o BOPE aparece menos do que nas recentes batalhas travadas no Rio, contra os diferentes comandos de traficantes, desde o dia 21 de novembro. Ao contrário, os heróis do BOPE, apesar do aumento do efetivo,  são demitidos, desancados e até mortos, caso do capitão André Matias, um dos recrutas do primeiro filme.

O emblemático capitão Nascimento, agora tenente-coronel, é exonerado de seu comando no BOPE, após uma desastrada intervenção num motim do presídio Bangu 1, de alta segurança, exponenciada por um defensor de direitos humanos, chamado Diogo Fraga, e vai parar na Secretaria de Segurança do Rio, como subsecretário, onde acaba descobrindo a extensão das ações dos policiais corruptos, nas favelas cariocas, e sua ligação com os políticos locais, incluindo o governador.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Trailer da animação Rio: que bonitinho!

Do mesmo pessoal de A Era do Gelo, vem aí Rio. Vejam o trailer. Que gracinha! Pra gente esquecer um pouco da convenção do PT ontem que oficializou a candidatura da Roussiê. Aaarrrgggghhhhh!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Predadores: Eles estão de volta!

Para quem, como eu, gosta de filmes de ficção e terror, bom saber que logo chegará às telas um novo filme da série Predador. Gostei do primeiro e do segundo, com o Arnold Schwarzenegger (1987) e o Danny Glover (1990) respectivamente, e da última sequência em que o Predador se vê as turras com um bando de Aliens (2004). Na categoria monstro, ninguém bate o Alien, aquela força bruta destrutiva que se instala no peito das pessoas e depois explode esse útero improvisado, matando o hospedeiro. O primeiro Alien é uma obra-prima do gênero.

O Predador, apesar da aparência, é mais próximo de nós, é mais humano, racional, um caçador poderoso e cruel que gosta de se afirmar matando. Humanos têm sido suas presas prediletas quando eles aportam na Terra ou quando, como na sequência em pauta, são levados para o planeta dos alienígenas a fim de divertí-los.

Na próxima sequência, estão Alice Braga, nossa conterrânea que já esteve em Eu sou a Lenda, Lawrence Fishburne (Matrix), Adrien Brody (King Kong), Topher Grace, Danny Trejo, Walton Goggins, Oleg Taktarov, Mahershalalhashbaz Ali e Louiz Ozawa.

O estúdio do filme já liberou algumas sequências como aperitivo. Veja abaixo.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Invictus


Invictus é o filme de Clint Eastwood, com Morgan Freeman e Matt Damon, que conta a estratégia do então presidente da África do Sul, Nelson Mandela, no primeiro ano de governo, para unir seu país dilacerado por anos de apartheid. Ele utiliza de um campeonato internacional de rúgbi, onde seu time não parecia ter qualquer chance de vitória, para juntar negros e brancos em prol de um objetivo comum. Neste nosso Brasil, hoje marcado por racialistas e revanchistas de todo o tipo, a moral do propósito de Mandela é exemplar: ganha-se mais em encontrar o ponto comum em meio as diferenças do que fomentar o círculo vicioso do ódio de classe, de etnia, de gênero, seja do que for.

Mandela ficou preso 27 anos, antes de se tornar presidente de seu país. Dizem que, para manter a coragem, quando a vontade era de desabar, declamava para si mesmo o poema Invictus que dá nome ao filme de Eastwood. Segue abaixo a letra no original em inglês e uma tradução um pouco pomposa (pois o tradutor optou por rimar os versos como no original, o que nem sempre é uma boa solução), mas correta. Adoráveis os versos Eu sou dono e senhor de meu destino; Eu sou o comandante de minha alma. Segue também o trailer do filme. O blog contra a racialização do Brasil, que sempre recomendo, também comenta Invictus. E por último a letra da inspirada trilha sonora. 

Invictus
William E Henley

Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate;
I am the captain of my soul.

Poema traduzido por André C S Masini
Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer Deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

Invictus Theme Song

Out of the night, that covers me
I'm unafraid, I believe
Beyond this place of wrath and tears
Beyond the hours that turned to years
I thank whatever, whatever gods may be

9000 days were set aside
9000 days of destiny
9000 days to thank gods wherever they maybe

It matters not, the circumstance
We rise above, we took a chance
And I thank whatever, whatever gods maybe

9000 days were set aside
9000 days of destiny
9000 days to thank gods, wherever they may be

A broken heart that turned to stone
Can break a man, but not his soul
9000 days were set aside
9000 days of destiny
9000 days to thank gods,
wherever they may be
I thank whatever, whatever gods may be

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Reparação ou a Memória ideológica

Concluído no final do ano passado, o longa metragem Reparação aborda a saga do então piloto Orlando Lovecchio Filho, que teve parte da perna esquerda amputada devido a uma bomba colocada junto à biblioteca do consulado dos EUA, em São Paulo, no dia 19 de março de 1968, auge da ditadura militar. Anistiado como vítima da repressão, o autor do atentado, Diógenes Carvalho de Oliveira, do grupo Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), foi contemplado pela Comissão de Anistia com uma pensão vitalícia de R$ 1.627 mil, além de ter recebido R$ 400 mil por atrasados. Já Orlando, obteve, tão somente, em 2004, uma pensão do INSS por invalidez, hoje no valor de R$ 635,79.
"Decidi fazer o filme quando tomei conhecimento do caso do Orlando, há cerca de três anos. Afinal, qual o conceito para estabelecer o valor de uma indenização?", diz Moreno. Na opinião do diretor, o que existe são grupos no poder que direcionam as diretrizes de concessão de indenizações conforme os seus interesses ideológicos. "Usando o conceito marxista, parece que o conceito de luta de classes esteve presente no momento da reparação", afirma, no filme, o historiador Marco Antonio Villa.
Sempre centrado no drama de Lovecchio pela busca de uma indenização que considera mais justa, o filme (de Daniel Moreno) conta com depoimentos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do historiador e professor da Universidade Federal de São Carlos, Marco Antonio Villa, do geógrafo e sociólogo Demetrio Magnoli, e da pesquisadora da Unicamp, Glenda Mezarobba, autora do livro "Um Acerto de Contas com o Futuro - a anistia e suas consequências: um estudo do caso brasileiro" (Editora Humanitas), entre outros.
Abaixo trailer do Reparação. O texto acima foi editado de trechos da matéria de Guilherme Meirelles, da Agência Estado, 'Reparação', fala sobre vítima das 'vítimas da ditadura'

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Avatar

Fui ver Avatar e gostei, apesar de ter ficado um pouco frustrada com os efeitos especiais. Mas disso falo depois. Primeiro, prefiro falar no aspecto paradoxal do filme de James Cameron que é ao mesmo tempo convencional e inovador.
Convencional porque a história (o roteiro) é convencional. Parece um conjunto de citações de outros filmes. Das sequências Alien (lembrando que Cameron fez uma delas), temos o mercenário, em busca de um minério valiosíssimo no subsolo da aldeia dos Na'vi, no planeta Pandora, sem nenhuma ética quanto ao modo de obter o objeto de sua cobiça; temos o militar estereotipado que acha que tudo se resolve na base da força bruta e é custeado pelo mercenário; e temos o cientista, aqui de fato a cientista, interpretada por Sigourney Weaver, a Tenente Ripley de Alien, e sua equipe. A diferença com Alien é que, em Avatar, a cientista, embora também um pouco estereotipada, tem uma relação mais respeitosa com seu objeto de estudo, ou seja, a natureza e a população humanóide de Pandora, pondo-se a seu lado quando estas se veem ameaçadas.

De O Último Samurai, entre outros, temos a história de um militar que é contratado para atacar um determinado povo estranho, ou bancar o espião desse povo, acaba convivendo com ele e, nesse convívio, encontra uma nova forma de ver a vida, passando a integrar a comunidade que deveria ser sua vítima e a lutar ao lado dela contra seus agressores. Fora isso, há também os velhos embates entre o Bem e o Mal, a carcomida civilização humana versus a vital, porque ligada à Natureza, civilização Na'vi, a Civilização versus a Natureza e um romance entre os protagonistas da história, tudo temperado com o bom e velho sentimentalismo de sempre, ainda que sem exageros.

Por outro lado, Avatar é inovador pela tecnologia que  apresenta ao nosso olhar cinematográfico bidimensional. E aqui explico meu comentário inicial. Fiquei meio frustrada com os efeitos especiais de 3D porque os esperava mais exuberantes, com os objetos saltando da tela, aquelas coisas. Mas isso não acontece. Nas primeiras cenas do filme, a imagem aparece claramente 3D mas, depois, é como se nossos olhos se acostumassem à tecnologia apresentada, e ela ficasse quase imperceptível. De fato, o 3D de Avatar é bem sutil e parece simplesmente imitar a realidade. E aqui reside o grande salto inovador do filme. Tudo é tão bem feito, parece tão real (mesmo os personagens e o cenário fantástico) que é como se fosse real.

Muitos falaram que a tecnologia usada visa criar uma sensação de imersão no filme. Não senti assim. Me vi o tempo inteiro como espectadora apenas, com uma ou outra sensação de que alguns objetos da tela estavam ao alcance de minhas mãos, mas assistindo algo tão verossímel que parecia verdadeiro. De fato, Cameron, com seu Avatar, estabeleceu como será o novo padrão do cinema daqui para frente, dando o sinal definitivo para o enterro das películas bidimensionais. A partir de Avatar, os filmes 3D deixam de ter simplesmente o apelo do inusitado para se firmar como o padrão do presente do futuro.

Imperdível de qualquer forma não só pela inovação tecnológica mas também, a despeito dos clichês, por fazer a apologia da Natureza e da imprescindível interconexão que temos que ter com tudo que existe. No filme o mesmo processo, feito pela tecnologia, que permite que a consciência do soldado Jake Sullivan se incorpore em seu Avatar, êmulo de um Na'vi real, acaba reproduzido por vias naturais. Para esses nossos tempos de tantas ameaças ao meio-ambiente, a mensagem é clara.

Abaixo trailer de Avatar.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

33 Mostra Internacional de Cinema de São Paulo - 23/10-05/11 no The Auteurs

O site The Auteurs disponibiliza filmes clássicos e independentes de todas as nacionalidades gratuitamente. Basta se inscrever. Depois é só logar e assistir filmes com imagem e som excelentes. Para cinéfilo nenhum botar defeito. Incrível!

No momento, numa parceria com a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o site está disponibilizando alguns dos filmes do festival. Neste ano, são mais de 400 filmes, incluindo um concurso para novos cineastas, retrospectivas, tributos e um enfoque especial sobre o cinema sueco.

domingo, 25 de outubro de 2009

Filme "A Onda" ou como se constrói a submissão ao totalitarismo!

Ao lecionar sobre o nazismo e o holocausto, o professor de História Burt Ross fica sem saber explicar aos alunos como os alemães concordaram com todo o horror do Terceiro Reich. Buscando uma resposta, Ross aprofunda-se no nazismo e decide pôr em prática, com seus estudantes, o que aprendeu, realizando uma arriscada experiência pedagógica que reproduz na sala de aula a doutrinação nazista: com base no slogan 'Poder, Disciplina e Superioridade', cria um símbolo gráfico chamado 'A onda' para o grupo, exorta a disciplina e a coletividade em detrimento das individualidades e se auto-intitula líder. A experiência "cola", e o fanatismo toma conta de toda a escola, excluindo quem não entrava na Onda.

O filme de 45 minutos, feito para a TV, foi baseado num experimento real ocorrido em uma escola de Palo Alto, na Califórnia, em 1967. A experiência virou livro em 1988 e, no ano passado, o filme alemão Die Welle  (A Onda) que está em cartaz nos cinemas brasileiros desde fins de agosto. Uma boa comparar a versão original - que posto abaixo - com a atual das bilheterias. Ambos alertam para o  fascínio que a manada exerce, sobre as pessoas, e seus perigos.

Para ver o filme em tela inteira, clique sobre o símbolo com as setinhas no canto inferior direito. A imagem fica um pouco desfocada, mas é possível escalonar a tela. No formato abaixo, o filme fica bem nítido.
Filme: “A onda” [ The wave] – Dur.: 45 minutos – Direção: Alex Grasshof - País: EUA - Ano: 1981 Elenco: Bruce Davison, Lori Lethins, John Putch, Jonny Doran,Pasha Gray, Valery Ann Pfening.









terça-feira, 8 de setembro de 2009

A AIDS é um genocida


Campanha alemã polêmica coloca Adolf Hitler fazendo sexo com uma mulher em vídeo. Para alguns, a campanha estigmatiza os portadores do vírus, além de ser de mau-gosto e não ensinar métodos preventivos.

Por outro lado, para os organizadores da campanha, Regenbogen (arco-íris), que também tem cartazes e mais materiais publicitários, com outros ditadores como Stálin e Saddham Hussein, a intenção é impactar a opinião pública e chamar a atenção para os cerca de 28 milhões de pessoas que já faleceram em decorrência da síndrome, o que a torna uma grande genocida.

Veja o vídeo* e o cartaz e diga o que acha.

* O vídeo foi retirado pelo You Tube.

terça-feira, 5 de maio de 2009

O Procurado

Não fui ver Wanted (O Procurado), em agosto do ano passado nos cinemas nem comprei o DVD, e fiquei quase tão frustrada quanto o personagem principal da história, pois adoro filmes de ação e ficção, e este estava bem cotado pela crítica. Por fim, neste final de semana, assisti o filme em pay-per-view.

A sinopse é a seguinte: contador (Wesley) leva vida medíocre, espezinhado pela chefe, traído pela namorada com um "amigo", tendo ao que parece ataques de pânico que controla com ansiolíticos. De repente, num supermercado, é abordado por ninguém menos que Angelina Jolie (Fox) dizendo que conheceu seu pai (dele). Ato contínuo, a bela começa a atirar contra um sujeito que parece querer matar o rapaz. Daí em diante, segue-se uma fuga automobolística cheia de efeitos especiais, com Angelina acabando por despistar o perseguidor e levando Wesley para um local onde conhece a Fraternidade dos Assassinos, organização que mata pessoas com vistas a evitar que estas matem muita gente. Nela, Wesley é convencido de que seu perseguidor é o mesmo homem que matou seu pai e passa a treinar para a vingança, tornando-se também um assassino. No fim das contas, Wesley vai perceber que pagou um mico, mas isso só vendo para saber e entender.

Bem superior a outras adaptações de graphic novels para o cinema (uma moda inesgotável), Wanted é inovador nos efeitos especiais, tem ritmo vigoroso, é diferente e violento, além de reservar uma bela surpresa no final. Tem algumas coisas nada verossímeis, mas as qualidades do filme superam esse defeito.

Angelina Jolie está magra mas bonita, cheia de tatuagens e de sensualidade. Morgan Freeman segura a onda perfeitamente como o chefe da Fraternidade dos Assassinos, e o ator escocês James McAvoy (Narnia, O Último Rei da Escócia, Desejo e Reparação) convence no papel do contador que vira uma espécie de super-herói. A trilha sonora também é muito legal, com destaque para The Little Things que posto abaixo. Quem não viu ainda, e gosta do gênero, não deve deixar de conhecer.

FICHA DO FILME
Título original: Wanted
Diretor: Timur Bekmambetov
Elenco: James McAvoy, Morgan Freeman, Angelina Jolie, Terence Stamp, Thomas Kretschmann, Common, Kristen Hager, Marc Warren
Gênero: Aventura
Ano: 2008
País: EUA
DADOS DO DVD
Extras: Angelina Jolie, Morgan, Freeman, James McAvoy, Common, Thomas Kretschmann, Terence Stamp, David O'Hara
Idioma: inglês, português
Legendas: inglês, português
Ano: 2008

The Little ThingsDanny Elfman



Have you heard the news?
Bad things come in twos.
But I never knew
'Bout the little things.

Every single day
Things get in my way.
Someone has to pay
For the little things.

And I'm through with the stories
And I'm sick to my shoes.
And the walking and the talking,
It's got nothing to do with
The final solution.
It's a box full of tricks.
And I'm through with repairs
When there's nothing to fix,
When there's nothing to fix,
When there's nothing to fix,
And it all comes down to you.

Let the headlines wait,
Armies hesitate.
I can deal with fate
But not the little things.

Armageddon may
Arrive anyday.
I can't get away
From the little things.

With a pile of cares
And a bucket of tears,
I could look at the sunlight
And I feel no fear.
With a mountain of maybes
And some Icarus wings,
And I'm armed with delusions
And one little thing,
And that one little thing,
And that one little thing,
And it all comes down to you.

Have you heard the news?
Bad things come in twos.
But I never knew
'Bout the little things.

Every single day
Things get in my way.
Someone has to pay
For the little things.


Have you heard the news?
Bad things come in twos.
But I never knew
'Bout the little things.

Every single day
Things get in my way.
Someone has to pay
For the little things.

And I'm through with the stories
And I'm sick to my shoes.
And the walking and the talking,
It's got nothing to do with
The final solution.
It's a box full of tricks.
And I'm through with repairs
When there's nothing to fix,
When there's nothing to fix,
When there's nothing to fix,
And it all comes down to you.

Let the headlines wait,
Armies hesitate.
I can deal with fate
But not the little things.

Armageddon may
Arrive anyday.
I can't get away
From the little things.

With a pile of cares
And a bucket of tears,
I could look at the sunlight
And I feel no fear.
With a mountain of maybes
And some Icarus wings,
And I'm armed with delusions
And one little thing,
And that one little thing,
And that one little thing,
And it all comes down to you.

Have you heard the news?
Bad things come in twos.
But I never knew
'Bout the little things.

Every single day
Things get in my way.
Someone has to pay
For the little things.

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