quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Clipping Médicos cubanos no Brasil: discriminados pelos governos Dilma e Castro


Fiz um clipping das últimas notícias sobre esse tema que tem ocupado as manchetes das últimas duas semanas. Há controvérsias sobre a qualidade dos médicos cubanos que são exportados para outros países (abaixo, dois deles, fugitivos da ilha-prisão têm opiniões diferentes sobre o assunto), mas não há dúvidas de que chegam ao Brasil em condições de semiescravidão, recebendo apenas pequena porcentagem do que deveriam receber, porque a ditadura castrista se apodera da maior parte de seus salários, sem poder trazer a família, que fica como que sequestrada em Cuba, sem poder pedir asilo.

Com a vinda desses médicos, nessas circunstâncias, o governo e o petismo mergulharam de vez na lama. E os verdadeiros problemas de saúde do Brasil - a falta de infraestrutura, a ausência de um plano de carreira para os médicos - permanece inalterado. Tempos de fezes estes!

Conferir também vídeo sobre o tema ao fim das postagens.

Médicos questionam infraestrutura e exigências e abandonam programa
Profissionais desistem de bolsa federal alegando de precariedade a desconhecimento de regras

Nova fase de inscrições mantém baixa adesão; para ministro, cidades vivem 'drama' igual ao de quando há concurso

Daniel Carvalho, Nelson Barros Neto

A carreira de Nailton Galdino de Oliveira, 34, no programa Mais Médicos, bandeira de Dilma Rousseff (PT) para levar atendimento de saúde ao interior e às periferias, durou menos de 48 horas e exatos 55 atendimentos.

Alegando estar impressionado com a estrutura precária da unidade em Camaragibe (região metropolitana do Recife), onde atuou por dois dias, pediu desligamento.

"É uma aberração: teto caindo, muito mofo e infiltração, uma parede que dá choque, sem ventilação no consultório, sala de vacina em local inapropriado, falta de medicamentos", afirmou.

Casos de desistência como esse frustraram parte dos municípios que deveriam receber anteontem 1.096 médicos brasileiros da primeira etapa do programa (os estrangeiros só vão começar depois).

A Folha encontrou exemplos espalhados pelo país, com justificativas variadas alegadas pelos profissionais --incluindo falta de infraestrutura, planos profissionais e pessoais e desconhecimento de algumas condições.

Na prática, as desistências de brasileiros devem reforçar a dependência do programa por profissionais estrangeiros.

Um balanço da segunda rodada do Mais Médicos mostra baixa adesão de novos interessados na bolsa de R$ 10 mil por mês. Houve só 3.016 inscrições --mais de metade de formados no exterior.

Enquanto isso, a demanda por médicos ultrapassou 16 mil --menos de 10% foi suprida na primeira etapa.

O ministro Alexandre Padilha (Saúde) disse que, após a nova fase, deve pensar "outras estratégias" para atrair mais médicos. Ele comparou as baixas às dificuldades cotidianas de contratação.

"As secretarias estão vivendo o drama que toda vez vivem quando fazem um concurso público", afirmou.

Ele disse que, se houve boicote de médicos contrários ao programa, "é de uma perversidade quase inimaginável".

BAIXAS

Em Vitória da Conquista (BA), dos cinco médicos que deveriam ter começado, três já desistiram. Na região metropolitana de Campinas, dos 13 selecionados, 5 pediram para sair. Na capital paulista, 1 de 6 voltou atrás.

Em Salvador, 5 dos 32 convocados já abandonaram, assim como 11 dos 26 profissionais previstos em Fortaleza. No Recife, 2 desistências foram confirmadas de um total de 12 médicos selecionados.

A Secretaria da Saúde de Salvador disse que três desistiram porque passaram em concursos, enquanto outros dois alegaram problemas com a carga horária.

A baiana Clarissa Oliveira, 27, disse que recuou devido "à falta de estrutura" da unidade em que trabalharia na periferia da capital baiana.

Em Caratinga (MG), um médico de 26 anos disse que abandonou devido à vinculação obrigatória de três anos.

O coordenador do Mais Médicos em Fortaleza, José Carlos de Souza Filho, disse que médicos desistiram logo que "ressaltamos que era necessário cumprir a carga horária de 40 horas e que iriam ficar em bairros mais distantes".

Segundo ele, profissionais acharam que poderiam usar parte da carga horária para se dedicar à especialização.

Em Camaragibe, Nailton Oliveira também alegou não ter recebido alimentação nem moradia individual. A prefeitura nega, diz que ele "demonstrou má vontade" e afirma que a unidade precisa de reparos, mas "nada que impeça seu funcionamento".

Fonte: Folha de São Paulo, 04/09/2013

"Cubanos se preparam há mais de um ano", diz médico
O médico cubano Carlos Rafael Jorge Jimenez, que mora no Brasil há 14 anos, afirma que colegas que ficaram na ilha foram avisados há mais de um ano pelo Ministério da Saúde local sobre missão

Anunciado em julho como uma das principais soluções para o déficit da saúde brasileira, o programa Mais Médicos já era um velho conhecido dos profissionais cubanos. De acordo com o médico cubano Carlos Rafael Jorge Jimenez, seus conterrâneos tanto sabiam da proposta que já se preparavam estudando a língua portuguesa e as condições do Sistema Único de Saúde (SUS). Jimenez participou nesta quarta-feira de uma comissão geral realizada pela Câmara dos Deputados para discutir o programa federal. Também estiveram presentes o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams. 

Carlos Jimenez chegou ao Brasil há 14 anos por vias diferentes dos seus 4.000 conterrâneos — que o governo brasileiro pretender trazer até o fim do ano para atuar em regiões carentes. O profissional fugiu da ditadura cubana e, após uma passagem pela Bolívia, desembarcou no país. Assim como qualquer profissional estrangeiro, fez o exame de revalidação do diploma, requisito para estrangeiros poderem atuar no país, e estudou português. Jimenez teve o direito de trazer seus familiares para Aracaú, no interior do Ceará, onde trabalha no programa de atenção à família e recebe tratamento igualitário ao dos demais profissionais — realidade bem diferente da dos cubanos que integrarão o Mais Médicos.

Apesar de ter fugido da ilha há mais de uma década, ele ainda mantém contato com colegas e amigos que ficaram por lá. Foi em uma conversa com um dos médicos que ainda moram em Cuba, que Jimenez recebeu a notícia de que os cubanos já sabiam da missão ao Brasil. Segundo o colega, eles foram avisados pelo Ministério da Saúde local e, então, começaram os preparativos. “Médicos de outros países vêm com família, livres. Os cubanos têm de deixar seus familiares, trabalham para receber 25%, 30% do salário, não podem sair de seus alojamentos e nem se comunicar com o resto das pessoas. Sou a favor do programa, mas que seja de uma forma correta, sem exploração.” 

Até o final deste ano, o Brasil receberá 4.000 médicos cubanos, que serão distribuídos em 701 municípios, segundo acordo fechado entre o governo e a Organização Panamericana de Saúde (Opas). O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira que 91% dos profissionais cubanos estarão concentrados em regiões do Norte e do Nordeste do país. 

Governo — Em discurso no plenário da Câmara dos Deputados, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, rebateu as críticas de que o Brasil estaria impondo o regime ditatorial aos profissionais cubanos. “O que nós estamos trazendo não é o regime cubano, não é o seu modelo econômico ou de sociedade”, afirmou. “O que outros países fazem é trazer a experiência de atenção básica. Esse é um país democrático.” 

Padilha usou como exemplo países como Portugal e Canadá para justificar a não-obrigatoriedade da revalidação do diploma para profissionais estrangeiros. Segundo ele, os países utilizam apenas o modelo que está sendo adotado no Brasil: a avaliação de três semanas na universidade. Após isso, os médicos podem atuar — mas apenas na atenção básica. 

Já o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, saiu em defesa da constitucionalidade do programa. Adams apontou que desde a criação houve 53 ações judiciais contra o programa. Todas, porém, foram negadas. “Do ponto de vista constitucional, não vemos nenhuma fragilidade, como vem sendo comprovado nas recorrentes decisões judiciais que vem sendo apresentadas”, apontou.

Fonte: Veja, Marcela Mattos, de Brasília, 04/09/2013

Cubano naturalizado diz que médicos estão sendo explorados
Médico de família no Ceará, com 30 anos de formado, Carlos Jiménez avalia que os cubanos estão sendo discriminados no país


BRASÍLIA - Os médicos de Cuba possuem uma boa formação, mas ganham pouco e têm condições de trabalho ruins quando saem da ilha para trabalhar em outros países, avalia o cubano Carlos Rafael Jorge Jiménez, que fugiu da ilha e, há três anos, trabalha como médico da família no Ceará.

— O Brasil precisa de médicos nas áreas mais carentes, mas que seja de forma correta, e não explorando como estão explorando os médicos cubanos - declarou Jiménez, que tem 30 anos de formado.

Segundo ele, os cubanos dos Mais Médicos, ao ganharem menos que os médicos de outros países e ao não poderem trazer a família, estão sendo discriminados pelos governos do Brasil e de Cuba. Ele afirmou que, em geral, os médicos cubanos em missão no exterior ganham entre 25% e 40% do que é pago pelo país que os recebe ao governo de Cuba. No caso brasileiro, o salário ficaria entre R$ 2,5 mil e R$ 4 mil, frente aos R$ 10 mil que os outros médicos do programa vão receber.

Jiménez saiu de Cuba rumo à Bolívia e, de lá, veio ao Brasil, onde fez o exame de revalidação do diploma e se naturalizou. A esposa e o filho vieram depois. A filha, diz ele, ficou oito anos retida em Cuba, mas conseguiu fugir de barco. Ele se diz representante do Movimento Cristão Liberação, de oposição em Cuba, e está em Brasília para participar de um debate na Câmara sobre o programa Mais Médicos, que já trouxe 400 cubanos ao Brasil.

— Saí de Cuba como turista e fiquei. Não voltei.

Apesar dos problemas, Carlos Rafael destaca que o trabalho no exterior é uma oportunidade cobiçada pelos cubanos.

— É pouco em relação ao que fica com os outros médicos. Mas para os cubanos é muito bom. Um cubano ganha em Cuba 25 dólares por mês, ao redor de R$ 60, R$ 70, com uma carga horária de 60, 70 horas por semana. Então, chegar aqui e ganhar 200, 300, 400 dólares, para eles, é uma coisa muito boa. Eu concordo que os médicos cubanos venham ao Brasil, mas em condições iguais às dos outros médicos — afirmou Carlos Rafael.

Questionado sobre a existência de espiões entre os médicos cubanos, para evitar que eles desertem, Carlos Rafael disse:

— Normalmente vêm. Mas falar se estão vindo ou não, eu não posso falar. É normal que viajem com essas missões. São os coordenadores da missão. (A função deles) É custodiar esses médicos para que não se desvirtuem.

Aulas de português e sobre o SUS começaram no ano passado

No caso dos médicos cubanos que vêm ao Brasil, a preparação para trabalhar por aqui começou já no ano passado, com aulas de português e sobre o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS), contou Jiménez.

— Esses médicos cubanos estão há mais de um ano se preparando em Cuba para vir ao Brasil. Não foi uma coisa de agora. Estão há mais de um ano tendo aula de português e vendo as características do SUS em Cuba — afirmou ele.

Fonte: O Globo, André de Souza, 04/09/2013

"Nossa medicina é quase de curandeirismo", diz doutor cubano
Gilberto Velazco Serrano, de 32 anos, conta por que, em 2006, desertou de uma missão de seu país na Bolívia - na qual os médicos eram vigiados por paramilitares
Aretha Yarak

O cubano Gilberto Velazco Serrano, de 32 anos, é médico. Na ilha dos irmãos Castro ele aprendeu seu ofício em meio a livros desatualizados e à falta crônica de medicamentos e de equipamentos. Os sonhos de ajudar os desamparados bateram de frente, ainda durante sua formação universitária, com a dura realidade de seu país: falta de infraestrutura, doutrinação política e arbitrariedade por parte do governo. "É triste, mas eu diria que o que se pratica em Cuba é uma medicina quase de curandeirismo”, diz Velazco. 

Ao ser enviado à Bolívia em 2006, para o que seria uma ação humanitária, o médico se viu em meio a uma manobra política, que visava pregar a ideologia comunista. “A brigada tinha cerca de 10 paramilitares, que estavam ali para nos dizer o que fazer”. Velazco não suportou a servidão forçada e fugiu. Sua primeira parada foi pedir abrigo político no Brasil, que permitiu sua estada apenas de maneira provisória. Hoje, ele mora com a família em Miami, nos Estados Unidos, onde tem asilo político e estuda para revalidar seu diploma. De lá, ele concedeu a seguinte entrevista ao site de VEJA:

Como os médicos são selecionados para as missões?
Eles são obrigados a participar. Em Cuba, se é obrigado a tudo, o governo diz até o que você deve comer e o que estudar. As brigadas médicas são apenas uma extensão disso. Se eles precisam de 100 médicos para uma missão, você precisa estar disponível. Normalmente, eles faziam uma filtragem ideológica, selecionavam pessoas alinhadas ao regime. Mas com tantas colaborações internacionais, acredito que essa filtragem esteja menos rígida ou tenha até acabado.

Como foi sua missão?
Fomos enviados 140 médicos para a Bolívia em 2006. Disseram que íamos ficar no país por três meses para ajudar a população após uma enchente. Quando cheguei lá, fiquei sabendo que não chovia há meses. Era tudo mentira. Os três meses iniciais viraram dois anos. O pior de tudo é que o grupo de 140 pessoas não era formado apenas por médicos - havia pelo menos 10 paramilitares. A chefe da brigada, por exemplo, não era médica. Os paramilitares estavam infiltrados para impedir que a gente fugisse.

Paramilitares?
Vi armas dentro das casas onde eles moravam. Eles andavam com dinheiro e viviam em mansões, enquanto nós éramos obrigados a morar nos hospitais com os pacientes internados. Quando chegamos a Havana para embarcar para a Bolívia, assinamos uma lista para registro. Eram 14 listas com 10 nomes cada. Em uma delas, nenhum dos médicos pode assinar. Essa era a lista que tinha os nomes dos paramilitares.

Como era o trabalho dos paramilitares?
Não me esqueço do que a chefe da brigada disse: “Vocês são guerrilheiros, não médicos. Não viemos à Bolívia tratar doenças parasitárias, vocês são guerrilheiros que vieram ganhar a luta que Che Guevara não pode terminar”. Eles nos diziam o que fazer, como nos comportar e eram os responsáveis por evitar deserções e impedir que fugíssemos. Na Bolívia, ela nos disse que deveríamos estudar a catarata. Estávamos lá, a priori, para a atenção básica – não para operações como catarata. Mas tratar a catarata, uma cirurgia muito simples, tinha um efeito psicológico no paciente e também na família. Todos ficariam agradecidos à brigada cubana.

Você foi obrigado a fazer algo que não quisesse?
Certa vez, eu fui para Santa Cruz para uma reunião, lá me disseram que eu teria de ficar no telefone, para atender informações dos médicos e fazer estatísticas. O objetivo era cadastrar o número de atendimentos feitos naquele dia. Alguns médicos ligavam para passar informações, outros não. Eu precisava falar com todos, do contrário os líderes saíam à caça daquele com quem eu não havia conversado. Quando terminei o relatório, 603 pacientes tinham sido atendidos. Na teoria, estávamos em 140 médicos na Bolívia, mas foi divulgado oficialmente que o grupo seria de 680. Então como poderiam ter sido feitas apenas 603 consultas? Acabei tendo que alterar os dados, já que o estabelecido era um mínimo de 72 atendimentos por médico ao dia. Os dados foram falsificados.

Como é a formação de um médico em Cuba?
Muito ruim. É uma graduação extremamente ideologizada, as aulas são teóricas, os livros são velhos e desatualizados. Alguns tinham até páginas perdidas. Aprendi sobre as doenças na literatura médica, porque não tinha reativo de glicemia para fazer um exame, por exemplo. Não dava para fazer hemograma. A máquina de raio-X só podia ser usada em casos extremos. Os hospitais tinham barata, ratos e, às vezes, faltava até água. Vi diversos pacientes que só foram medicados porque os parentes mandavam remédios dos Estados Unidos. Aspirina, por exemplo, era artigo raro. É triste, mas eu diria que é uma medicina quase de curandeiro. Você fala para o paciente que ele deveria tomar tal remédio. Mas não tem. Aí você acaba tendo que indicar um chá, um suco.

Como era feita essa "graduação extremamente ideologizada" que o senhor menciona?
Tínhamos uma disciplina chamada preparação militar. Ficávamos duas semanas por ano fora da universidade para atender a essa demanda. Segundo o governo cubano, o imperialismo iria atacar a ilha e tínhamos que nos defender. Assim, estudávamos tudo sobre bombas químicas, aprendíamos a atirar com rifle, a fazer maquiagem de guerra e a nos arrastar no chão. Mas isso não é algo exclusivo na faculdade de medicina, são ensinamentos dados até a crianças.

Como é o sistema de saúde de Cuba?
O país está vivendo uma epidemia de cólera. Nas últimas décadas não havia registro dessa doença. Agora, até a capital Havana está em crise. A cólera é uma doença típica da pobreza extrema, ela não é facilmente transmissível. Isso acontece porque o sistema público de saúde está deteriorado. Quase não existem mais médicos em Cuba, em função das missões.

Por que você resolveu fugir da missão na Bolívia?
Nasci em Cuba, estudei em Cuba, passei minha vida na ilha. Minha realidade era: ao me formar médico eu teria um salário de 25 dólares, sem permissão para sair do país, tendo que fazer o que o governo me obrigasse a fazer. Em Cuba, o paramédico é uma propriedade do governo. A Bolívia era um país um pouco mais livre, mas, supostamente, eu tinha sido enviado para trabalhar por apenas três meses. Lá, me avisaram que eu teria de ficar por dois anos. Eu não tinha opção. Eram pagos 5.000 dólares por médico, mas eu recebia apenas 100 dólares: 80 em alimentos que eles me davam e os 20 em dinheiro. A verdade é que eu nunca fui pago corretamente, já que médico cubano não pode ter dinheiro em mãos, se não compra a fuga. Todas essas condições eram insustentáveis.

Você pediu asilo no Brasil?
Pedi que o Brasil me ajudasse no refúgio. Aleguei que faria o Revalida e iria para o Nordeste trabalhar em regiões pobres, mas a Polícia Federal disse que não poderia regularizar minha situação. Consegui um refúgio temporário, válido de 1 de novembro de 2006 a 4 de fevereiro de 2007. Nesse meio tempo, fui à embaixada dos Estados Unidos e fui aprovado.

Após a sua deserção, sua família sofreu algum tipo de punição?
Eles foram penalizados e tiveram de ficar três anos sem poder sair de Cuba. Meus pais nunca receberam um centavo do governo cubano enquanto estive na Bolívia, mas sofreram represálias depois que eu decidi fugir.

Quando você foi enviado à Bolívia era um recém-formado. A primeira leva de cubanos no Brasil é composta por médicos mais experientes...
Pelo o que vivi, sei que isso é tudo uma montagem de doutrinação. Essas pessoas são mais velhas porque os jovens como eu não querem a ditadura. Eu saí de Cuba e não voltei mais. No caso das pessoas mais velhas, talvez eles tenham família, marido, filhos em Cuba. É mais improvável que optem pela fuga e deixem seus familiares para trás. Geralmente, são pessoas que vivem aterrorizadas, que só podem falar com a imprensa quando autorizadas.

Os médicos cubanos que estão no Brasil deveriam fazer o Revalida?
Sim. Em Cuba, os médicos têm de passar por uma revalidação para praticar a medicina dentro do país. Sou favorável que os médicos estrangeiros trabalhem no Brasil, mas eles precisam se adequar à legislação local. Além do mais, a formação médica em Cuba está muito crítica. Eu passei o fim da minha graduação dentro de um programa especial de emergência. A ideia era que eles reduzissem em um ano minha formação, para que eu pudesse ser enviado à Bolívia. O governo cubano está fazendo isso: acelerando a graduação para poder enviar os médicos em missões ao exterior.

Fonte: Veja, 31/08/2013

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