quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Kassab: melhor negócio que Judas fazes tu, Joaquim Silvério!

Melhor negócio que Judas fazes tu, Joaquim Silvério....
Não que seja novidade, pois, ao largar a prefeitura de São Paulo meio de lado para criar seu partido, o PSD, posteriormente dar terreno para Lula e outras cositas mais, Gilberto Kassab já estava paparicando o PT com vistas ao seu (dele) futuro político. Apoiou Serra em função de seus compromissos pessoais com o tucano, apoio aliás mais danoso para a candidatura do que o de Maluf a Haddad, pois sua gestão foi  um dos pontos mais atacados pelo petista. 

Mal eleito Haddad, porém, Kassab já perdoou as críticas, mudou de lado e ordenou à bancada psdista na câmara que vire situação, passando agora a receber elogios dos petralhas e elogiando-os igualmente. Sonha com ministérios de polpudos orçamentos para fazer seu pé de meia em Brasília. Até regateia: "quero o ministério das Cidades, no mínimo o dos Transportes".

Tanta baixeza me fez lembrar do célebre Romanceiro da Inconfidência, da Cecília Meireles, em seu Romance XXXIV, uma homenagem aos traíras de todos os tempos. Destaco o verso: "Pelos caminhos do mundo, nenhum destino se perde: há os grandes sonhos dos homens e a surda força dos vermes." 

Mas todo o Romance XXXIV vale a leitura pois é lindo! Para desopilar um pouco o fígado que não esta fácil filtrar tantas substâncias tóxicas ao mesmo tempo.

Romance XXXIV ou de Joaquim Silvério

Melhor negócio que Judas
fazes tu, Joaquim Silvério:
que ele traiu Jesus Cristo,
tu trais um simples Alferes.

Recebeu trinta dinheiros...
-- e tu muitas coisas pedes:
pensão para toda a vida,
perdão para quanto deves,
comenda para o pescoço,
honras, glória, privilégios.
E andas tão bem na cobrança
que quase tudo recebes!

Melhor negócio que Judas
fazes tu, Joaquim Silvério!
Pois ele encontra remorso,
coisa que não te acomete.

Ele topa uma figueira,
tu calmamente envelheces,
orgulhoso impenitente,
com teus sombrios mistérios.

(Pelos caminhos do mundo,
nenhum destino se perde:
há os grandes sonhos dos homens,
e a surda força dos vermes.)

(Cecília Meirelles, Romanceiro da Inconfidência.)

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