No começo de julho (dia 4), o deputado Jean Wyllys, em entrevista a Marcelo Tas (programa Tas Ao Vivo ) e em resposta a um espectador, afirmou não considerar alto o salário de R$26.700,00 dos deputados porque, no caso dele, com os descontos de Imposto de Renda e Contribuição Partidária, tiraria líquido "apenas" R$ 15 mil. Segundo Wyllys, o espectador que o indagou deveria - à guisa de comparação - questionar os ganhos dos executivos das empresas privadas.
Além de não levar em conta que os executivos são pagos por suas empresas e não pelos impostos sacados de todos nós, contribuintes, e que fazem parte do setor produtivo da sociedade, na qual não se encaixam suas excelências políticos, Wyllys também "esqueceu" de todos os outros benefícios que recebe por ter sido eleito pelo voto proporcional para um cargo na Câmara Federal.
Tive a oportunidade de defender Wyllys em outras situações porque me ficou claro que as críticas que recebia derivavam fundamentalmente do fato de ser gay assumido e lutar pelos direitos homossexuais no Congresso. Neste caso de sua opinião sobre o salário dos deputados federais, não há como defendê-lo porque sua opinião é equivocada bem como a da maioria dos políticos sobre esse mesmo tema.
Para que fique claro porque a opinião de Wyllys é equivocada, seguem abaixo todas as mordomias que recebem suas excelências, além do salário. Acompanha também vídeo bem didático sobre o tema. Acho que quem quer melhorar o Brasil deve divulgar esses dados. Vale também rever a postagem "Suécia: um exemplo de como os políticos devem proceder!" para se constatar como, em partes mais civilizadas do mundo, político não é tratado como ser especial.
Verba para custear salários de assessores chega a R$ 78 mil por mês
POR EDUARDO MILITÃO
BENEFÍCIOS SEM VALOR ESTIMADO
Carros oficiais. São 11 carros para uso dos seguintes deputados: o presidente da Câmara; os outros 6 integrantes da Mesa (vice e secretários, mas não os suplentes); o procurador parlamentar; a procuradora da Mulher; o ouvidor da Casa; e o presidente do Conselho de Ética.
Impressões e materiais
até 15 mil A4 por mês,
até 2 mil A5 por mês
até 4 mil exemplares de 50 páginas por ano (200 mil páginas por ano)
até 1 mil pastas por ano
até 2 mil folhas de ofício por ano
até 50 blocos de 100 folhas por ano
até 5 mil cartões de visita por ano
até 2 mil cartões de cumprimentos por ano
até 5 mil cartões de gabinete por ano
até 1 mil cartões de gabinete duplo por ano
OBSERVAÇÕES
(1) Ajuda de custo. O 14º e o 15º salários foram extintos em 2013, restando apenas a ajuda de custo. O valor remanescente se refere à média anual do valor dessa ajuda de custo, que é paga apenas duas vezes em 4 anos.
(2) Cotão. Valor se refere à média dos 513 deputados, consideradas as diferenças entre estados. A média não computa adicional de R$ 1.244,54 devido a líderes e vice-líderes partidários. A Câmara decidiu aumentar o valor do cotão este ano em 12%. Cotão inclui passagens aéreas, fretamento de aeronaves, alimentação do parlamentar, cota postal e telefônica, combustíveis e lubrificantes, consultorias, divulgação do mandato, aluguel e demais despesas de escritórios políticos, assinatura de publicações e serviços de TV e internet, contratação de serviços de segurança. O telefone dos imóveis funcionais está fora do cotão: é de uso livre, sem franquia.
(3) Auxílio-moradia. O valor indicado representa a média de gastos de acordo com o uso do benefício em cada época. Em 2011, o valor era de R$ 3 mil por mês. Em 2013, vai subir para R$ 3.800, aumento de 26,67%. Mas só quem não usa apartamento funcional tem direito ao benefício. Em março de 2011, 270 deputados não usavam apartamentos e, portanto, recebiam auxílio. Em março de 2013, 207 deputados usavam o benefício, 300 moravam em um dos 432 imóveis existentes e 5 não usavam os apartamentos funcionais e nem recebiam o auxílio.
(4) Saúde. O valor se refere à média de gastos por parlamentar. Em 2011, foram R$ 2,01 milhões; em 2012 (último ano fechado), R$ 1,47 milhão. Os deputados só são ressarcidos em serviços médicos que não puderem ser prestados no Departamento Médico (Demed) da Câmara, em Brasília.
Fonte: Congresso em Foco, 13/07/2013 08:01