segunda-feira, 10 de junho de 2024

"1984" é uma crítica aos regimes totalitários em geral, mas cai como uma luva na esquerda atual

Fido Nesti: Divulgação
No artigo 1984': livro de George Orwell é uma crítica 'contra a esquerda?, postado no site da BBC Brasil, o jornalista Edison Veiga lista algumas opiniões sobre a obra-prima do escritor inglês buscando provar que o romance criticou fundamentalmente os regimes totalitários e não a esquerda.
  
Difícil Orwell não ter pensado no nazifascismo quando escreveu o incrível "1984". Inclusive porque combateu o fascismo na Guerra Civil Espanhola. Entretanto, "1984" mirou mesmo foi a esquerda totalitária do período, tanto que o partido do mundo distópico do romance se chama Socing (abreviatura de Socialismo Inglês) e não Fascing (seria abreviatura de fascismo inglês).

Acho inclusive que sua obra visionária critica mais a esquerda de hoje do que a do passado. (Num aparte, embora ainda exista a esquerda democrática, ela parece respirar por aparelhos. Como enquanto há vida há esperança, esperemos que saia do coma.) 

(Wikimedia Commons/Reprodução) Queda do Muro de Berlim, 9/11/1989
A esquerda de hoje, contudo, é majoritariamente uma cruza do capeta entre as viúvas do Muro de Berlim, eternamente carpindo o fim de seus regimes totalitários do coração e sonhando em ressuscitá-los de alguma forma, e a esquerda identitária, woke, uma degeneração dos muito justos movimentos civis do passado, por exemplo, de mulheres, negros, gays, degeneração promovida pelas teorias pós-modernas, a saber teoria queer, teoria crítica racial, teoria decolonial, multiculturalismos, etc. 

Sara Milliken tem obesidade mórbida e
não é nada bonita para ter sido eleita miss
O resultado dessa cruza infernal é uma esquerda contrailuminista, regressiva, antiocidental, antidemocrática, antissemita, antimulher, antihomossexual. Ninguém descreve melhor essa esquerda do que o "1984": o minuto de ódio está aí multiplicado por horas de marchas antissemitas pelo mundo afora e outras formas de rancor intenso. O duplipensar esta aí na afirmação de paradoxos, na quebra do pensamento lógico, na visceral hipocrisia esquerdista. A novilíngua esta aí na linguagem neutra dos múltiplos gêneros, na obscuridade da linguagem das teses das ciências humanas que viraram uma espécie de armazém de secos e molhados, onde se encontra de tudo, menos ciência. O Ministério da Verdade, estaí na permanente reescritura do passado e do presente tão típicas dos governos de esquerda e seus "jornalistas e pensadores". 

Alguém pode argumentar que essas degenerações também são vistas na extrema-direita. Não posso discordar. Autoritários de qualquer coloração ideológica praticam ao menos algumas das variantes do menu orwelliano. Mas o fato é que quem está me obrigando a aceitar que "existem" mulheres do sexo masculino e homens do sexo feminino, que obesidade mórbida é algo belo a ponto de virar miss, que há index proibitório de palavras de etimologias supostamente racistas que não devo usar, que simplesmente constatar a verdade, por exemplo sobre o Islã, me torna uma fóbica qualquer, uma criminosa do pensamento, é a dita esquerda. E isso não há como negar.

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