Maria Lacerda de Moura |
Maria Lacerda de Moura (Manhuaçu - MG-, 16 de maio de 1887 — Rio
de Janeiro, 20 de março de 1945) foi uma militante anarquista brasileira que
se destacou por intensa atividade política e intelectual, incluindo a luta
pelos direitos das mulheres. Formou-se na Escola Normal de Barbacena, em 1904,
começando logo a lecionar nessa mesma escola. Como educadora, adotou a
pedagogia libertária de Francisco Ferrer Guardia.
Participou de várias organizações como fundadora, tais como a Liga Contra o
Analfabetismo e, com Bertha Lutz,
a Liga pela Emancipação
Intelectual da Mulher que, em 1922, passou a se chamar Federação pelo Progresso Feminino. Escreveu artigos para vários
periódicos anarquistas e progressistas como jornal A Plebe (SP), O Combate, de
São Paulo e O Ceará (1928), de Fortaleza. Em Fevereiro de 1923, lançou a
revista Renascença, com foco na formação intelectual e moral das mulheres, que
foi divulgada no movimento anarquista e entre setores progressistas e
livre-pensadores.
Os temas que mais abordava, em periódicos,
livros e em suas palestras como conferencista, versavam sobre a educação sexual
dos jovens, a virgindade, o amor livre, o direito ao prazer sexual, o divórcio,
a maternidade consciente e a prostituição, assuntos considerados tabu
em sua época. De fato, o feminismo brasileiro só vai começar a falar da
sexualidade feminina, ainda timidamente, a partir dos anos 80.
Entre os seus vários livros
destacam-se: Em torno da educação (1918); A mulher moderna e o seu papel na
sociedade atual (1923); Amai e não vos multipliqueis (1932); Han Ryner e o amor
plural (1928), Fascismo: filho dileto da Igreja e do Capital e Religião
do amor e da beleza. E Maria
Lacerda não apenas falava de temas muito avante de seu tempo. Ela também os
colocava em prática, tendo vivido, entre 1928 e 1937, numa comunidade em
Guararema (SP), no período mais intenso da sua atividade intelectual, período que
definiu como uma época em que esteve "livre
de escolas, livre de igrejas, livre de dogmas, livre de academias, livre de
muletas, livre de prejuízos governamentais, religiosos e sociais".
No final de sua vida, Maria Lacerda se
distanciou da militância política, retirando-se socialmente e abraçando o
espiritismo, religião de sua formação. Para mais informações sobre essa
pioneira, ler Entre o anarquismo e o feminismo: Maria
Lacerda de Moura e Luce Fabbri, de Margareth Rago, e Outra
Face do Feminismo: Maria Lacerda de Moura, de Míriam
Moreira Leite. Ver também abaixo o vídeo Maria
Lacerda de Moura - Trajetória de uma Rebelde.
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