quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Maria Lacerda de Moura: pioneira da luta pelos direitos das mulheres no Brasil

Maria Lacerda de Moura
"...livre de escolas, livre de igrejas, livre de dogmas, livre de academias, livre de muletas, livre de prejuízos governamentais, religiosos e sociais".

Maria Lacerda de Moura (Manhuaçu - MG-, 16 de maio de 1887 — Rio de Janeiro, 20 de março de 1945) foi uma militante anarquista brasileira que se destacou por intensa atividade política e intelectual, incluindo a luta pelos direitos das mulheres. Formou-se na Escola Normal de Barbacena, em 1904, começando logo a lecionar nessa mesma escola. Como educadora, adotou a pedagogia libertária de Francisco Ferrer Guardia.

Participou de várias organizações como fundadora, tais como a Liga Contra o Analfabetismo e, com Bertha Lutz, a Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher que, em 1922, passou a se chamar Federação pelo Progresso Feminino. Escreveu artigos para vários periódicos anarquistas e progressistas como jornal A Plebe (SP), O Combate, de São Paulo e O Ceará (1928), de Fortaleza. Em Fevereiro de 1923, lançou a revista Renascença, com foco na formação intelectual e moral das mulheres, que foi divulgada no movimento anarquista e entre setores progressistas e livre-pensadores.

Os temas que mais abordava, em periódicos, livros e em suas palestras como conferencista, versavam sobre a educação sexual dos jovens, a virgindade, o amor livre, o direito ao prazer sexual, o divórcio, a maternidade consciente e a prostituição, assuntos considerados tabu em sua época. De fato, o feminismo brasileiro só vai começar a falar da sexualidade feminina, ainda timidamente, a partir dos anos 80.  

Entre os seus vários livros destacam-se: Em torno da educação (1918); A mulher moderna e o seu papel na sociedade atual (1923); Amai e não vos multipliqueis (1932); Han Ryner e o amor plural (1928), Fascismo: filho dileto da Igreja e do Capital e Religião do amor e da beleza.  E Maria Lacerda não apenas falava de temas muito avante de seu tempo. Ela também os colocava em prática, tendo vivido, entre 1928 e 1937, numa comunidade em Guararema (SP), no período mais intenso da sua atividade intelectual, período que definiu como uma época em que esteve "livre de escolas, livre de igrejas, livre de dogmas, livre de academias, livre de muletas, livre de prejuízos governamentais, religiosos e sociais".

No final de sua vida, Maria Lacerda se distanciou da militância política, retirando-se socialmente e abraçando o espiritismo, religião de sua formação. Para mais informações sobre essa pioneira, ler Entre o anarquismo e o feminismo: Maria Lacerda de Moura e Luce Fabbri, de Margareth Rago, e Outra Face do Feminismo: Maria Lacerda de Moura, de Míriam Moreira Leite. Ver também abaixo o vídeo Maria Lacerda de Moura - Trajetória de uma Rebelde.

0 comentários:

Postar um comentário

Compartilhe

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites