quinta-feira, 3 de maio de 2012

O direito de achar que se pode levar a vida sem ofensas é uma quimera

Philip Pullman é o escritor britânico que escreveu a premiada trilogia Fronteiras do Universo: A Bússola de Ouro, A Faca Sutil e A Luneta Âmbar. A Bússola de Ouro foi inclusive filmada, em 2007, tendo Pullman como co-roteirista. 

Na fala abaixo, sobre seu livro O Bom Homem Jesus e o Salafrário Cristo, ele resume, em poucas frases, o que é de fato ter liberdade de expressão. Cai como uma luva para essa Era dos Melindrados, onde os autoritários politicamente corretos (e não só eles) veem ofensas em toda a parte e as usam como desculpa para querer censurar aquilo que não é espelho. 

Em democracias verdadeiras, a liberdade de dizer o que se quer tem que vir acompanhada da imprescindível tolerância quanto ao que os outros dizem por mais desagradável que pareça. 

"Ninguém tem o direito de achar que pode levar a vida sem se chocar. Ninguém tem o direito de achar que pode levar a vida sem ser ofendido. Ninguém é obrigado a ler meu livro, mas, se o ler, não será obrigado a apreciá-lo. 

Se você não gostar do que leu, não é obrigado a ficar calado(a). Pode escrever para mim e reclamar do conteúdo, pode escrever para a editora do livro, se queixar nos jornais, pode até escrever seu próprio livro a respeito do assunto.

Pode fazer tudo isso, mas seus direitos terminam aí. Ninguém tem o direito de me impedir de escrever esse livro. Ninguém tem o direito de impedir que ele seja publicado, vendido, comprado ou lido. 
Ninguém tem o direito de me impedir de escrever nada. Ninguém tem o direito de impedir que minhas opiniões sejam publicadas e lidas.

E isso é tudo o que tenho a dizer sobre o assunto."

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