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Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Cartilha de Serra também pode ser considerada "doutrinação para o homossexualismo"

Serra, o conservador progressista:
Haddad, meu kit gay agrada mais aos "cons" do que o seu
O candidato tucano à Prefeitura de São Paulo, José Serra, aprovou, durante sua gestão como governador do estado, um conjunto de publicações para escolas, Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar,  abordando várias formas de lidar com diferentes tipos de preconceitos. Na parte em que o material se refere aos homossexuais, a abordagem do tema é moderna, tratando a homossexualidade como ela é, ou seja, como uma variante da sexualidade humana, e orientando a combater a discriminação.

Inclusive consta do material de apoio, dois vídeos, Boneca na Mochila e Medo de quê?, que chegaram a integrar o projeto Escola Sem Homofobia apelidado, pelo truculento deputado Jair Bolsonaro, de "kit gay" (parece que não foram confirmados). Da perspectiva conservadora, esse material pode ser considerado tão "doutrinador para o homossexualismo" quanto o projeto petista do Escola Sem Homofobia. O fato do material aprovado por Serra não tratar exclusivamente do preconceito contra a homossexualidade não muda a realidade de que a abordagem da cartilha tucana e a do demonizado kit gay, no referente aos LGBT, é a mesma.

Parece que Serra decididamente resolveu virar um bicho de duas cabeças, o conservador progressista, e fazer aliança com as trevas do reacionarismo para tentar vencer as trevas do mensalão. Que feio! Como eu não gosto de certas incoerências e não sou cúmplice delas, transcrevo abaixo um texto da secretaria de Educação da época do lançamento da cartilha, a cartilha propriamente dita e o vídeo Medo de Quê indicado pelo material de Serra que também seria utilizado no kit anti-homofobia do MEC. E depois me digam qual seria mesmo a diferença entre esse vídeo e os demais do tal kit anti-homofobia.

Secretaria distribui publicações sobre preconceito e discriminação na adolescência
 
Data da Notícia: 21/09/2009

A Secretaria de Estado da Educação iniciou a entrega de um conjunto de publicações para todas as escolas do Estado que discute o preconceito e a discriminação na infância e na adolescência. Os 13 títulos, sendo 11 livros e dois DVD's, foram selecionados pelo Departamento de Educação Preventiva dos projetos Prevenção Também se Ensina e Comunidade Presente e contemplam temas como sexualidade, Aids, uso de álcool, tabaco e outras drogas, bullying diversidade étnica, entre outros.

Dentre os autores dos livros, estão o médico Jairo Bauer, que fala de sexualidade na juventude, e o psicanalista Contardo Calligaris, com uma publicação sobre o período da adolescência. Os alunos terão contato com o material em sala de aula e nas bibliotecas, de acordo com a organização de cada escola, tendo como eixo metodológico ações preventivas referendadas nos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais).

Cada um dos kits acompanha ainda o guia Preconceito e Discriminação no contexto escolar: guia com sugestões de atividades preventivas para os HTPC e sala de aula, elaborado para nortear os educadores com instrumentos que facilitem e favoreçam a transversalidade dos temas nas diferentes disciplinas que compõem os currículos do Ensino Fundamental e Ensino Médio.

"São livros educativos que vão estimular nesses jovens a reflexão sobre assuntos muito presentes no cotidiano. Nossa intenção é informá-los bem para que possam lidar melhor com essas questões", afirma o secretário de Estado da Educação, Paulo Renato Souza.

Além do guia, as Diretorias de Ensino irão agendar as Orientações Técnicas para os professores coordenadores das escolas. Esse material está sendo encaminhado a todas as escolas e Diretorias de Ensino, sendo dois kits para as Oficinas Pedagógicas e 1 por escola.

Prevenção também se ensina
O projeto Prevenção Também se Ensina é desenvolvido pela Pasta desde 1996 e tem o objetivo de orientar o jovem estudante da rede estadual de ensino sobre temas relacionados à saúde e à sexualidade. Por meio da iniciativa, temas como o câncer, gravidez na adolescência, uso de drogas e doenças sexualmente transmissíveis são levados para discussão dentro da sala de aula.Fonte: Secretaria da Educação
 

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Se é bom para o José Dirceu, é péssimo para você

Bom clipe da campanha de José Serra sobre Haddad: se é bom para Zé Dirceu, é péssimo para você.

Concordo!

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A encruzilhada de Serra ou os Conservadores precisam de um partido para chamar de seu

A encruzilhada de Serra
Segue o texto na versão escrita e, estreando no blog, também a versão em áudio. 

Aproveito para apontar duas correções no áudio, quando digo, já no finzinho, "sem um partido de centro, democrático, moderno, inclusive, para nos representar", de fato é inclusivo. Também há um "homossexual" a mais após "população" em "De fato, o projeto foi feito por alguns militantes petistas e afins e simplesmente apresentado para a população,..."



Nas grandes democracias ocidentais, o pensamento conservador se expressa em uma ou mais representações partidárias com as quais busca participar do jogo democrático. No Brasil, contudo, ele não tem representação ideológica de peso, à altura do expressivo eleitorado que se identifica com essa visão de mundo, e em condições de ganhar um pleito. O que existem são pequenos partidos de verniz conservador e parlamentares dessa linha espalhados por diversas siglas, sobretudo os conhecidos parlamentares da chamada bancada evangélica que, de qualquer forma, não representam o perfil conservador em geral. Para exemplificar o que digo, basta lembrar que muitos desses evangélicos têm relações para lá de íntimas com o petismo, uma miscelânea de tendências da esquerda autoritária (ainda que pose de social-democrata). Na prática, hoje de fato o PT age como neofascista, com sua política de fusão do Estado com empresas, mas isso não é assunto para este texto.

Retomando, na ausência de um partido que os represente, os conservadores têm pegado carona nas candidaturas do tucano José Serra nos dois últimos pleitos em que ele concorreu: para a presidência, em 2010, e agora para prefeito de São Paulo. Em 2010, conseguiram colocar a pauta do aborto como vedete da eleição. Nesta querem porque querem emplacar contra o candidato petista Haddad a pecha de autor do apelidado kit gay (de fato Escola sem Homofobia), fundamentalmente alguns vídeos sobre a questão homossexual que provocaram a ira conservadora. 

Por razões que só conservadores entendem (não há cenas de sexo nem sequer de carícias nas fitas), os vídeos chinfrins foram considerados chocantes e arma de proselitismo homossexual junto às crianças indefesas. De fato, o projeto foi feito por alguns militantes petistas e afins e simplesmente apresentado para a população, ou vazado para a população em geral, incluindo aí a própria população homossexual, pelo deputado Jair Bolsonaro (boçalnaro para os íntimos). Juntando alhos com bugalhos, o assunto virou mais uma daquelas polêmicas que alimentam as páginas de sites, blogs e redes sociais e, no meio do zum-zum-zum, e por pressão da bancada evangélica, Dilma Roussef acabou vetando o material (segundo Haddad, com sua colaboração).

Histórico de ações de Serra em prol da população LGBT

Mas voltando a Serra e seus caronistas conservadores, acontece que ele nunca foi conservador, embora de formação católica. Ele é social-democrata, de centro-esquerda, inclusive com vários projetos aprovados em prol dos direitos LGBT tanto no Estado quanto na cidade de São Paulo. Fora outras pautas ditas progressistas que apoia (não gosto desse termo progressista, mas assim são definidas certas pautas). Como exemplo, cito texto do núcleo LGBT do PSDB  (Diversidade Tucana) sobre os projetos que Serra aprovou em prol da comunidade homossexual:

- instituiu, em 2005, o primeiro órgão de administração pública brasileira voltado à diversidade sexual na cidade de São Paulo, a Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual;
- instituiu, também em 2005, o Conselho Municipal em Atenção à Diversidade Sexual bem como o Centro de Referência e Combate à Homofobia;
-  criou a Coordenação de Políticas Públicas para a Diversidade Sexual no âmbito da Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo;
-  instituiu o Comitê Intersecretarial de Defesa da Diversidade Sexual e o Conselho Estadual de Defesa da Diversidade Sexual ;
-  realizou a I Conferencia Estadual LGBT de São Paulo;
-  regulamentou a Lei 10.948 (que pune a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero) e publicou decreto acerca do uso do nome social de transgêneros na administração pública;
- criou, para travestis e transexuais,  o Ambulatório de Saúde Integral;
- na reforma do Sistema Previdenciário do Estado de São Paulo, em 2007, instituiu o direito de pensão aos parceiros homossexuais e fundou o Núcleo de Combate à Discriminação, Racismo e Preconceito no âmbito de Defensoria Pública do Estado de São Paulo.

Enfim, um conservador não aprovaria nada disso, como se sabe, pelo menos não no Brasil, já que, na Inglaterra, o partido conservador de David Cameron encampa abertamente até o casamento homossexual. O conservadorismo brasileiro é contra todas as demandas da modernidade, as quais julga uma ameaça à família tradicional, à cristandade e ao pleno funcionamento da via láctea. Tende para o obscurantismo mesmo.

A Sindrome de Estocolmo eleitoral de Serra e seus sequestradores conservadores

Apesar de seu histórico de homem liberal, Serra temerariamente começou a trilhar os passos do PT (um dos grandes responsáveis pela ascenção dos evangélicos no país, vide suas relações com Edir Macedo, Garotinho, Bispa Sônia, entre outros),  fazendo média com conservadores, além do democraticamente aceitável, para tentar ganhar a eleição.  Parece estar sofrendo de síndrome de Estocolmo eleitoral,  tentando conquistar  a simpatia dos conservadores que  tentam sequestrar sua trajetória política.  Esses conservadores sabem que Serra não é conservador mas estão barganhando voto para que o tucano inclusive contrarie sua natureza política  supostamente como única forma de vencer Haddad. Nas palavras de um conhecido representante dessa vertente, Nivaldo Cordeiro, no vídeo O Desafio de Serra:

 “O espectro esquerdista tem o monopólio do PT. Se José Serra quiser tirar a diferença (positiva em relação a Haddad, no momento) vai ter que imitar o Mitt Romney dos EUA. Vai ter que fazer um discurso conservador, uma mensagem clara , direta, sem subterfúgios. ... É uma coisa muito irônica porque Serra é um homem genuinamente esquerdista, abraçou a causa de esquerda na juventude e nunca largou. E agora se defronta com a situação de que só poderá ser eleito e manter o projeto do PSDB, e defender a sociedade aberta e cumprir uma missão histórica muito importante que está reservada a ele, se fizer um discurso provavelmente contrário a sua crença mais íntima. Mas terá que fazê-lo porque a questão agora é uma única: como ganhar a eleição. E não se ganha eleição  com certos pruridos e excesso de coerência não. José Serra terá que empolgar o eleitorado conservador porque essa gente está doida por um candidato que apele a seu voto. Esses conservadores vão se transformar em cabos eleitorais gratuitos, automáticos, entusiastas. Buscarão voto na rua para elegê-lo. Mas só o farão se ele tiver um discurso para essa gente. Até agora ele não teve. Terá que abraçar bandeiras que ele não gosta pessoalmente provavelmente, mas terá que fazê-lo porque isso é do profissionalismo político: terá que ser contra o aborto, terá que ser contra o gayzismo, terá que denunciar fortemente a tramoia do mensalão , botar isso em evidência, levar para a população mais simples. A classe média está bem informada sobre o mensalão mas a periferia nem sabe o que é... Tem que associar o Haddad àquela proposta maldita do kit gay. Tem que fazer a agenda conservadora, fazer o discurso conservador ... ou faz isso e se diferencia e ganha a eleição... ou não faz e perde a eleição. Essa é a encruzilhada.“

Sério que essa é uma das falas mais inacreditáveis que já ouvi na vida. Seu autor, arauto do conservadorismo, esse mesmo conservadorismo que tanto condena a desonestidade, a falta de ética do PT, quer que o candidato José Serra faça um discurso contrário às suas crenças mais íntimas, que jogue fora sua trajetória política, ou seja, que seja completamente desonesto, para vencer o PT. Além do que a argumentação do tal Nivaldo é uma falácia cabeluda. Vários fatores podem levar Serra a perder as eleições, mas com certeza não será por não encampar a agenda conservadora que isso ocorrerá. Aliás, se o PT ganhar, pode-se atribuir a vitória, entre outras coisas, a incompetência desses conservadores que não conseguem concretizar um partido próprio e parasitariamente tentam desfigurar um candidato de outra corrente política para defender suas bandeiras. Eles de fato estão mais preocupados com suas bandeiras do que com a vitória de Serra. 

E como disse antes, Serra parece estar sofrendo de Síndrome de Estocolmo, querendo agradar seus potenciais sequestradores. Sábado, deu entrevista ao Estadão onde afirma que o apelidado kit gay não foi feito para educar e sim para doutrinar. O tal suposto kit é mesmo bem ruinzinho, poderia se discutir sua abordagem, naturalmente, mas essa história de doutrinar é ridícula. A verdade é que as outras variantes da sexualidade humana, a homo e a bissexualidade, são apresentadas nos vídeos do kit como naturais, um conceito que bate de frente com a visão conservadora de que a heterossexualidade é a única forma normal, natural de relacionamento entre seres humanos. Seria o caso de perguntar porque, se é tão natural, a simples menção das outras variantes da sexualidade humana poderia destruí-la, não é mesmo? Será que atestar a existência dos cavalos ameaça a vida dos cachorros? 

Não há como combater a homofobia sem apresentar a homo e a bissexualidade como variantes naturais da sexualidade humana

O fato é que não há como combater a homofobia sem apresentar a homossexualidade ou a bissexualidade como variantes naturais da sexualidade humana. Pela perspectiva conservadora, contudo, qualquer projeto de educação sexual nas escolas que fale de maneira natural da homossexualidade corre o risco de ser vetado sob acusação de fazer proselitismo homossexual, como se fosse possível induzir alguém a ser o que não é (pode-se no máximo forçar alguém, através da repressão, a fingir ser o que não é). Independente de como se aborde a questão, o objetivo é combater o preconceito contra os alunos homossexuais e não arrebanhar criancinhas para o homossexualismo. Como Serra também afirma que é preciso combater a homofobia, resta saber qual solução apresentará para esse impasse, caso eleito.

Agora há um aspecto do discurso do citado conservador com o qual concordo: Serra está mesmo numa encruzilhada. Como também disse editorial da Folha de São Paulo, intitulado Kit Evangélico, fazendo média com conservadores, Serra pode conseguir votos dos mesmos, quem sabe até ganhar as eleições (por essa via torta eu duvido), “mas não há como comer do bolo conservador e, ao mesmo tempo, passar-se por liderança moderna, arejada.” Estaria Serra disposto a jogar fora toda uma trajetória política por uma eleição, mesmo considerando a importância desta atual em São Paulo? Sabe-se que, pelas deficiências da política eleitoral brasileira, as alianças mais insólitas acabam rolando no país (haja vista que gente do PSOL apoiou o ACM na Bahia), mas há barganhas que colocam em risco toda a credibilidade da pessoa. E Serra não tem mais idade para se recuperar de tamanho tombo.

O que é pior, essa situação coloca a todas nós, pessoas moderadas, não autoritárias, igualmente numa encruzilhada entre as viúvas do Muro de Berlim e a Santa Inquisição conservadora, sem um partido de centro, democrático, moderno, inclusivo, para nos representar, já que o PSDB também agora resolveu flertar com coisas do arco da velha.

Pior ainda, o PT, com seu proverbial cinismo, embora tenha inúmeras ligações com evangélicos, embora Haddad, sem qualquer histórico de apoio à comunidade LGBT, tenha inclusive vetado o tal kit gay com Dilma, igualmente com base na falácia da doutrinação, já está atacando Serra como homofóbico por conta de sua declação sobre o kit. Lembremos que a única coisa que petistas sabem fazer bem é mentir. Suas mentiras têm uma cola das mais aderentes. Assim, Serra, apesar de todo seu currículo de políticas contra o preconceito, pode ficar também rotulado como homofóbico por um sujeito que nada fez pelos LGBT. 

Tempos difíceis. Vamos torcer para que a Síndrome de Estocolmo de Serra fique restrita a essa declaração conceitualmente equivocada de que o kit faria doutrinação (?!) da homo e da bissexualidade. Se a síndrome avançar, pessoalmente, mesmo sabendo da importância de se votar contra o PT, vou repensar meu apoio ao tucano, salientando que, meu voto, depois dessa fala sobre doutrinação, já se encontra constrangido. Afinal, trocar 6 por meia dúzia não é escolha verdadeira.

O Fantasma da Ópera!

Minhas paixões musicais ou cinematográficas são assim: à primeira vista ou audição e à segunda ou terceira vista ou audição. No caso do filme O Fantasma da Ópera, de 2004, foi o segundo caso que me ocorreu. Gostei principalmente das músicas, na primeira vez que assisti o filme; na segunda, gostei mais ainda das músicas, mas também dos cenários, do figurino e dos personagens. Gosto de personagens intensos, meio dark, meio outsider, como o gótico fantasma da ópera e sua triste história, um dos maiores sucessos de bilheteria de todos os tempos seja em teatro ou cinema.

O filme é baseado na conhecida e bem-sucedida  peça musical de Andrew Llyod Webber que, por sua vez, foi baseada na obra homônima de Gaston Leroux (clique aqui para baixar). No filme, o gênio da música desfigurado, o Fantasma (Gerard Butler), que vive nas galerias do luxuoso Teatro de Paris, tutela, nas sombras, a jovem Christine Daaé (Emmy Rossum),  a fim de torná-la cantora de suas músicas. Quando a diva temperamental La Carlotta (Minnie Driver) abandona os ensaios do espetáculo da ópera em cartaz pouco antes da estreia, Christine é indicada para o papel principal por intermédio do Fantasma.

Na noite da estreia, enquanto o Fantasma assiste ao début de sua protegida em um dos camarotes, um amigo de infância de Christine, o Visconde Raoul de Chagny (Patrick Wilson), que se tornara financiador do teatro, também se encanta com o talento da moça e a reconhece dos tempos de criança. Inicia-se aí uma espécie de triângulo amoroso entre a jovem, o Visconde, moço bonito mas insosso, e o dramático e passional Fantasma da Ópera. Christine acaba descobrindo o rosto desfigurado de seu tutor, que chamava "Anjo da Música", e prefere o moço bonitinho, embora seu coração permaneça meio balançado  até o fim do filme. Enciumado e rejeitado, o Fantasma sequestra a amada, após fazer um dueto com ela, no palco do teatro, quando interpreta Don Juan, uma das cenas mais bonitas e sensuais da história, e literalmente bota fogo no circo. No fim, por amor, ele abdica da moça e a deixa seguir com o Visconde.

Posto abaixo, em vídeo, a cena citada,  de quando o Fantasma interpreta Don Juan num dueto com Christine, na música The Point of No Return, seguida da letra, uma verdadeira alegoria da sedução. E aqui um senão importante que vejo no filme. O Fantasma aparece com uma máscara completa nessa cena, cobrindo os dois lados do rosto, onde se observa, em ambos, uma costeleta bem definida e o cabelo escuro e penteado todo para trás por igual. Ao final do dueto, Christine retira a máscara do Fantasma e, de repente, a costeleta some, parte do cabelo também, devido à face desfigurada do personagem, e ele de bela estampa passa a péssima em alguns segundos. Reparem. Embora o Fantasma usasse uma espécie de aplique para cobrir a parte do couro cabeludo sumida pelo desfiguramento, a transformação não convence! Tanto cuidado com os figurinos e um erro desses. Mas dá para relevar porque a música e a cena são muito bonitas.

Vale a pena ver e rever o Fantasma da Ópera. Belo filme, lindas músicas!



The Point of No Return
Fantasma da Ópera
Composição : Andrew Lloyd Weber / Charles Hart
DON JUAN (PHANTOM )
Passarino - go away!
For the trap is set and waits for its prey . . .

You have come here
in pursuit of your deepest urge,
in pursuit of that wish, which till now
has been silent...
Silent...

I have brought you, that our passions
may fuse and merge - in your mind
you've already succumbed to me
dropped all defences
completely succumbed to me
now you are here with me:
no second thoughts, you've decided...
Decided ...

Past the point of no return -
no backward glances:
our games of make-believe are at an end...
Past all thought of "if" or "when" -
no use resisting:
abandon thought,
and let the dream descend ...

What raging fire shall flood the soul
What rich desire unlocks its door
What sweet seduction lies before us?

Past the point of no return
The final threshold
What warm unspoken secrets
Will we learn
beyond the point of no return?

You have brought me
To that moment when words run dry
To that moment when speech disappears
Into silence...
Silence...

I have come here,
Hardly knowing the reason why
In my mind I've already imagined
Our bodies entwining
Defenseless and silent,
Now I am here with you
No second thoughts
I've decided...
Decided...

Past the point of no return
No going back now
Our passion-play has now at last begun.

Past all thought of right or wrong
One final question
How long should we two wait before we're one?

When will the blood begin to race
The sleeping bud burst into bloom
When will the flames at last consume us?

Past the point of no return
The final threshold
The bridge is crossed
So stand and watch it burn
We've passed the point of no return.

O Fantasma da Ópera (2004)
Atores: Gerard Butler, Emmy Rossum, Patrick Wilson, Miranda Richardson, Minnie Driver, Simon Callow, Ciarán Hinds, Jennifer Ellison, James Fleet, Victor McGuire; Direção Joel Schumacher,  141 minutos, EUA

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Dia 9 histórico: petistas condenados no mensalão e Maluf condenado a devolver nosso dinheiro


Terça-feira foi um dia histórico para o Brasil: não só os mensaleiros petistas começaram a ser condenados como também o grande picareta Paulo Maluf foi condenado a devolver mais de R$ 21 milhões à Prefeitura de São Paulo até o final de outubro, por obra e graça da juíza Liliane Keyko Hioki, da 3ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, e ironicamente devido a representação apresentada pelo PT em 1996. 

Espero que, desta vez, Maluf efetivamente não saia impune de mais um de seus incontáveis delitos. De qualquer forma, Maluf é fichinha perto dos mensaleiros petralhas que devem tomar uma caninha ao menos ao fim do julgamento do mensalão. Como dizem por aí, corrupto de direita rouba individualmente; corrupto de esquerda, rouba coletiva e sistemicamente. 

E pior, os petralhas mensaleiros são bandidos como outros quaisquer, mas não aceitam esse estatuto. Para eles, o roubo deles é diferente dos demais porque seria pela causa social, pelos frascos e comprimidos. Acham-se acima da lei, acima de todos nós. Os juízes do STF, vários indicados por Lula e Dilma, decidiram em sua maioria ser apenas juízes e julgar os réus do mensalão com base nos autos do quilométrico processo. Com a mais inacreditável desfaçatez, contudo, os petralhas veem as condenações como perseguição ao partido pela mídia e as elites conservadoras contra a independência da classe trabalhadora brasileira. A velha lenga-lenga de sempre.

No entanto, muitos brasileiros, entre os quais me incluo, não acham que os petistas sejam melhores de quem quer que seja para não serem julgados como quaisquer outros nas mesmas circunstâncias. A igualdade perante a lei, a famosa isonomia, é um dos pilares da democracia. No caso das cotas raciais, o STF feriu esse preceito equivocadamente. No caso do mensalão, foi o contrário: agiu como a luz no fim do túnel que eu sonhava que o julgamento pudesse ser para a sociedade brasileira.

Acho que foi um turning point na história do Brasil, a hora da virada. Claro que os petistas continuarão aí lutando para subverter a ordem democrática, mas o golpe em sua empáfia foi grande. Ajudou também a amenizar a frustração pela vitória do tiranete Chávez na Venezuela e a passagem do petista Haddad para o segundo turno. Em outras palavras, ainda há juízes no Brasil!

E vejam abaixo o funk do Haddad.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Katyn, filme que demonstra como nazistas e comunistas tinham coisas em comum

Loja de Brasília vende camiseta com referência à invasão da Polônia
por nazistas e comunistas
Certas coincidências são realmente intrigantes. Estava para escrever sobre o filme Katyn, que posto abaixo com legendas em espanhol, mas acabei adiando o momento de fazê-lo até que esta semana dois episódios me impulsionaram a abordá-lo de vez.

O primeiro se refere a um texto intitulado Foi-se o Martelo, do Eurípedes Alcântara, sobre o historiador Eric Hobsbawm, recentemente falecido, e sua devoção ao comunismo. Neste texto, imperdível, o autor lembra da invasão da Polônia, em 1939, pelos nazistas e comunistas, e o Massacre da Floresta de Katyn, pelo exército soviético, a mando de Stálin, quando 20.000 oficiais poloneses foram mortos com tiros de pistola ou por estrangulamento. 

Detalhe da camiseta com o logo do Mal
O segundo é relativo a uma notícia sobre a venda de uma camiseta (vejam a foto inteira e no detalhe), numa loja de Shopping em Brasília, estampada com logo ostentando os símbolos nazista e comunista em referência à invasão da Polônia (Poland, 1939). A camiseta virou notícia por causa do símbolo nazista cuja exibição, por qualquer via, é considerada crime. Entretanto, na notícia, não há qualquer crítica ao maléfico símbolo do comunismo (a foice e o martelo), bem mais assassino do que seu irmão nazista. Pelo contrário, temos inclusive que aturá-lo em sigla de partido brasileiro, como se fosse coisa natural e não um insulto à humanidade. De qualquer forma, esse logo aparece na camiseta porque ela faz parte de uma Polo Collection World War (Coleção Polo Segunda Guerra Mundial), época em que a pobre Polônia foi invadida pelos dois monstros genocidas do século passado a um só tempo. Desgraça pouca é bobagem.

O fato é que Hitler e Stálin haviam assinado o infame tratado Molotov-Ribbentrop, em 23 de agosto de 1939, supostamente de não-agressão, mas de fato de cooperação entre os dois regimes totalitários com vistas a repartir a Europa, após a ocupação e destruição das democracias liberais. Em seguida, em setembro, primeiro os nazistas, depois os comunistas invadiram a Polônia e fizeram um monte de barbaridades no país, entre os quais se destaca o Massacre da Floresta de Katyn. Vale lembrar que o dia 23 de agosto foi recentemente reconhecido, na Europa,  como Dia da Memória das Vítimas de todos os regimes autoritários e totalitários. Vale também sempre rever a análise do cientista político francês Alain Besançon sobre as razões pelas quais as barbáries cometidas pelo comunismo são tão pouco conhecidas. 

Entre essas razões, ressalta-se o fato de que o nazismo perdeu a guerra enquanto a URSS posou inclusive de aliada, no fim das contas, para a derrota de Hitler. E como diz o velho ditado, a história é escrita pelo vencedor. Como Hitler pirou de vez e resolveu atacar inclusive seu até então amigo Stálin (em junho de 1941), não restou ao sanguinário comunista outra opção que não defender-se e se unir aos inimigos do seu inimigo. Depois, tratou de reescrever a história ao sabor de seus interesses, pondo a culpa de muitas de suas atrocidades nas costas dos ex-colegas nazistas.

O caso do Massacre da Floresta de Katyn foi um desses episódios em que os soviéticos culparam os nazistas por um crime que de fato eles próprios cometeram. Mas como tem gente que nunca esquece, em 2007, o diretor polonês Andrzej Wajda , trouxe à luz a verdade sobre esse evento trágico para seu povo e para sua própria família, já que perdeu o pai no massacre.

Para uma análise do filme Katyn propriamente dito, resgatei uma resenha da Isabela Boscov, para a Veja de 8 de abril de 2009. Depois é conferir o filme e divulgar esta postagem como um serviço de utilidade pública a todas as democracias, pois, como diz a Isabela, e vide a "reeleição" de Hugo Chávez, o filme fala de "uma calamidade que o presente está longe de erradicar – a dos regimes ditatoriais e como - eles desfiguram não uma liberdade abstrata e sim cada indivíduo, até seu âmago."  

Em Katyn, Andrzej Wajda reabre uma ferida que ainda hoje dói nos poloneses:
o massacre de 20.000 oficiais pelos soviéticos, em 1940.
Mas por que só um octogenário se interessou em tratar dela?

Sob a névoa da guerra

por Isabela Boscov

Na primeira cena de Katyn (Polônia, 2007), já em cartaz no Rio de Janeiro e com estreia prevista para esta sexta-feira também em São Paulo, dois grupos de refugiados encontram-se no meio de uma ponte, em algum lugar da Polônia. Parte deles vem do oeste, fugindo dos invasores nazistas, enquanto a outra parte vem do leste, tentando escapar dos invasores soviéticos. Ou seja: chegou-se ao ponto onde não há mais saída – e essa é a imagem ao mesmo tempo literal e metafórica da terrível má sorte que desabou sobre os poloneses em 1939.

Imprensada pela geografia entre os dois regimes totalitários mais cruéis do período, a Polônia virou um palco para as piores tensões da II Guerra. Sua invasão pelos nazistas foi, primeiro, o estopim do conflito. Depois, enquanto o farsesco pacto de não agressão entre Adolf Hitler e Josef Stalin vigorou, o país se viu repartido entre dois exércitos de nacionalidades e métodos diferentes, mas objetivos idênticos – quebrar a espinha do ocupado e ensaiar as práticas expansionistas que logo estenderiam pelo mundo. Finalmente, quando ficou claro que nenhum acordo poderia conter o choque entre as ambições de Hitler e Stalin, o país passou a ser sistematicamente eviscerado pelos dois adversários.

Um episódio central simboliza esse processo: em abril de 1940, os soviéticos fuzilaram cerca de12.000 oficiais poloneses na floresta de Katyn. Contando-se os fuzilamentos em outros campos de prisioneiros, o total de assassinados chegou a 20.000. Muitos destes eram reservistas e atuavam como engenheiros, técnicos ou cientistas. Sem eles, calculava Stalin, seria muito mais difícil à Polônia reerguer-se (Hitler, por sua vez, já se havia incumbido do extermínio dos intelectuais poloneses). Em 1943, quando as valas comuns foram descobertas, os nazistas aproveitaram-se ao máximo delas para propaganda antissoviética. Em menos de dois anos, porém, a Alemanha foi derrotada, e a Polônia caiu na órbita da União Soviética – a qual reescreveu a história, atribuindo o massacre de Katyn aos nazistas e alardeando-se de ser a verdadeira esperança dos poloneses. A Polônia inteira sabia tratar-se de uma mentira; mas quem o dissesse enfrentaria tortura, exílio ou morte. Eis, então, como uma nação foi refundada sobre uma farsa.

Essa é a história que o grande diretor polonês Andrzej Wajda conta, pela primeira vez na história do cinema de seu país, em Katyn. O pai de Wajda foi uma das vítimas do massacre, e durante anos sua mulher e filho aguardaram que ele voltasse. Quando souberam de sua morte, mal puderam cumprir o luto. Logo, como todos os outros parentes dos fuzilados, tiveram de assumir a falsidade. O massacre e sua subsequente dissimulação feriram a Polônia até a alma: como Wajda mostra em seu filme, numa brilhante recriação não apenas do episódio, mas da dimensão emocional que ele adquiriu, o ocorrido em Katyn pisoteou a identidade dos poloneses, violentou sua história e anulou, por décadas, sua esperança de um futuro livre. Se esse futuro não tivesse afinal se concretizado,Katyn não poderia existir, claro.

Mas é intrigante que só Wajda, que acaba de completar 83 anos, tenha se ocupado de reabrir essa ferida para começar a arejá-la. Intrigante, mas também sintomático: Wajda é um dos remanescentes de uma fraternidade de diretores que, iniciando a carreira entre o fim da II Guerra e a década de 70, imaginou o cinema não apenas como espetáculo – aspecto que a maioria deles nunca menosprezou –, mas também como um novo fórum, de alcance e apelo sem precedentes.

Federico Fellini, Michelangelo Antonioni, Bernardo Bertolucci, Luchino Visconti, Ingmar Bergman, Akira Kurosawa, François Truffaut, Louis Malle, Martin Scorsese, Francis Ford Coppola e Stanley Kubrick, para ficar apenas nos nomes mais óbvios, foram alguns dos expoentes desse grupo que Wajda integra desde sua estreia, na década de 50, com a "Trilogia da Guerra", formada por Geração,Kanal e Cinzas e Diamantes.

Nem todos os diretores surgidos nesse período de transformação se dedicaram a temas políticos ou ideológicos, como Wajda quase sempre continuou a fazer. De sexo a relações humanas, de identidade cultural a filosofia, todas as grandes questões encontraram um espaço nesse fórum. A base comum para esses cineastas e os filmes que eles produziram, porém, é clara: o espírito inquisitivo e a aspiração de intervir em seu tempo. Esse é o espírito que abriu para eles um lugar não apenas na história do cinema, mas no cânone cultural contemporâneo. E esse é também o espírito que move Wajda a dissipar a névoa da guerra em Katyn. Se não se trabalhar para encontrar no passado seu sentido verdadeiro, argumenta o filme, tudo o que repousa sobre ele será também em alguma medida uma falsificação.

O mais triste em Katyn é quanto ele é solitário em sua ambição. Outros veteranos como Wajda continuam a fazer um cinema de busca e indagação, a exemplo de Clint Eastwood e Werner Herzog. Mas, nas fileiras de diretores que despontaram a partir da década de 80, os casos de inquietude intelectual são escassos – Pedro Almodóvar, na Espanha; Paul Thomas Anderson, de Sangue Negro, nos Estados Unidos; Cristian Mungiu, de 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, na Romênia; Florian Henckel von Donnersmarck, de A Vida dos Outros, na Alemanha. Wajda, que não é nenhum esnobe – uma de suas críticas ao cinema europeu é que ele em geral se recusa a aprender com o americano como conduzir a emoção da plateia –, tem uma teoria sobre o problema. "Certa vez, perguntei a Kurosawa como ele conseguira interpretar Macbeth, de Shakespeare, de maneira tão profunda e acurada em Trono Manchado de Sangue", contou o polonês em uma entrevista recente à revista Sight & Sound. "‘Senhor Wajda, tive uma educação clássica em Tóquio’, ele me respondeu. Bergman e Fellini também tinham esse tipo de formação – assim como muitos de seus espectadores. Hoje, as escolas não ensinam mais esses valores."

Se o diagnóstico de Wajda estiver correto, portanto, não são o cinema ou os cineastas que estão menores. É a própria cultura que está perdendo seu sentido de continuidade e acumulação e, assim, se apequenando. O cinema, afinal, não depende só de quem o faz para provocar impacto: depende igualmente de quem o vê. Katyn prova que essa contração não é necessária. O filme de Wajda tem uma experiência fundamental a transmitir sobre uma calamidade que o presente está longe de erradicar – a dos regimes ditatoriais e como - eles desfiguram não uma liberdade abstrata e sim cada indivíduo, até seu âmago. Mas ele a transmite com arte, e espetáculo, e emoção.

Fonte: Revista Veja, 8 de abril de 2009

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sábado, 6 de outubro de 2012

Em dois países, Venezuela e Brasil, vota-se pela democracia amanhã

Voto corrupticida
Amanhã temos eleições e precisamos votar pela democracia. Chega a ser paradoxal dizer que é preciso votar pela democracia sendo o sistema eleitoral - supostamente - uma prova de que um país tem regime democrático. 

Entretanto, os autoritários sempre inventam uma forma de tentar destruir essa senhora tão importante e tão criticada. Especialmente, os de esquerda, nos últimos tempos, decidiram substituir a luta armada, para a chegada ao poder, pela via das urnas. Então, uma vez alojados no Estado, começam a corroer as instituições democráticas a fim de se perpetuar nos governos e irem instalando sua "revolução".  É a chamada revolução-cupim: chegam aparentado ser simples insetos voadores, esvoaçando em torno das lâmpadas, de repente perdem as asas, instalam-se no madeirame ou no concreto das casas e só dão sinais de sua obra quando já roeram um bocado da estrutura do imóvel. Aí, para salvar a casa, só chamando uma boa agência descupinizadora.

No caso das eleições, esse efeito inseticida (ou corrupticida) se dá pelo voto consciente fruto de gente que se interessa por política e sabe do que rola em seu país, na região onde seu país se situa, no mundo em geral. O Brasil começa a dar passos no sentido de descupinizar a política brasileira com políticos corruptos sendo punidos, em vários níveis, destacando o julgamento do mensalão. Vamos colaborar com essa nova consciência não votando em corruptos amanhã e, sobretudo, não votando em Russomano nem no PT que, além de corrupto, é francamente autoritário.

Por outro lado, em nossa região, na Venezuela, amanhã também ocorrerá uma eleição para lá de importante pela presidência do país, onde o candidato da oposição, Hugo Capriles, tem condições de vencer o caudilho Hugo Chávez, há 14 anos no poder, e tirar a nação das garras do Foro de São Paulo, organização de esquerdistas autoritários que ameaça todo o continente. Nesse caso, só podemos torcer e mandar energias positivas para que os venezuelanos consigam derrubar o tiranete Chávez do poder.

Exemplificando, segue abaixo notícia sobre a possível vitória de Capriles e trecho do editorial do Estado de São Paulo sobre o voto consciente. Segue também animação muito bem feita, a partir dos quadrinhos do Angeli, sobre a história do mensalão. E bom voto amanhã! Eu vou de 45!

"A ironia é que um ingrediente importante dessa salada eleitoral foi introduzido pelo próprio Lula, ao estimular o crescimento do PRB de Russomanno e da Igreja Universal. O modelo lulista, que inclui abraçar Paulo Maluf e o bispo Edir Macedo, aposta na confusão ideológica, levando ao esvaziamento da política e abrindo caminho ao mais raso dos populismos.


Amanhã estará nas mãos do eleitor paulistano, portanto, o poder de impedir que tal situação prospere. É na cabine de votação que os cidadãos interessados em abortar o arrivismo político, representado por Russomanno, e o aparelhamento do Estado a serviço de um partido e de seu projeto hegemônico, como pretende fazer o lulismo em São Paulo, poderão exercer o enorme poder que a democracia lhes confere." (ESP)


Torcendo pela Venezuela

Capriles lidera pesquisa na Venezuela; Chávez cai na intenção de votos

Caracas - O candidato à presidência da Venezuela Hugo Capriles aumentou sua liderança sobre o presidente Hugo Chávez, que tenta a reeleição, na mais recente pesquisa de intenção de voto do instituto Consultores 21, divulgada nesta sexta-feira. Capriles tem apoio de 51,8% dos eleitores e Chávez caiu para 47,2%. A margem de erro é de 2,58%.
Os venezuelanos vão às urnas no domingo, dia 7. Após 14 anos no cargo, este será o maior desafio de Chávez. Ele prometeu ampliar sua "revolução socialista do século 21" e as políticas de estatização se conseguir outro mandato de seis anos. Sua campanha foi prejudicada durante 2012, quando passou por tratamento de câncer.
A pesquisa entrevistou 1,5 mil venezuelanos entre 27 de setembro e 02 de outubro. O último levantamento do Consultores 21, divulgado em setembro, mostrava Capriles com 48,9% das intenções de voto e Chávez com 45,7%. A arena política da Venezuela continua polarizada e alguns críticos questionam a validade das pesquisas.
A quinta-feira foi o último dia de campanha eleitoral. Chávez e Capriles passaram a semana percorrendo a Venezuela, visitando às vezes dois Estados no mesmo dia e pedindo aos eleitores que compareçam às urnas no domingo.

Fonte: D24am.com

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Inferno astral petralha

Apesar do Livrandowski e sua enorme cara de pau, a maré não está mesmo para petralhas. Que ótimo! O que é ruim para eles é bom para o Brasil. Fora o julgamento do mensalão, que transformou o Ministro Joaquim Barbosa em herói nacional, pela contundência de seu discurso condenatório do maior esquema de desvio de recursos públicos de que se tem história no país, a bruxa, ou a justiça, parece andar a solta entre as hostes petistas. 

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), quando prefeito de Nova Iguaçu (RJ) manteve sem licitação um contrato com uma empresa de manutenção elétrica, e agora foi condenado por improbidade administrativa. Se a decisão for mantida, além de multa de R$ 200 mil, Lindbergh perderá os direitos políticos, por cinco anos, e não poderá concorrer ao governo do Rio, em 2014, como tanto queria.

Em  Parauapebas (PA), na última terça-feira, a Justiça Eleitoral apreendeu  R$ 1,134 milhão a serem entregues a Alex Pamplona Ohana, ex-secretário de Saúde do município e apontado como coordenador da campanha do candidato José das Dores Couto, conhecido como "Coutinho do PT". O delegado da Polícia Federal de Marabá, Antonio José Silva Carvalho suspeita que o dinheiro seria usado para compra de votos em Parauapebas. Caso se confirme a suspeita, os envolvidos serão processados por formação de quadrilha. Soa familiar, não?

Fora que o desempenho dos candidatos petistas anda meio sofrível Brasil afora. Mas eles não perdem a pose nem o cinismo. Continuam negando o mensalão (de fato, os juízes é que se venderam para a direita, as elites, blá-blá) e atacando, da forma mais baixa e racista possível, o Ministro Joaquim Barbosa  por sua independência. Queriam um negrinho, agradecido pelo posto dado e obediente aos que o indicaram, e se depararam com um juiz de verdade, analisando os autos. Aí a baba racista passou a escorrer entre os dentes das feras enraivecidas, revelando-lhes não só a verdadeira fuça mas também a completa incompreensão que têm da democracia, acostumados com a política dos cumpadres e das cumadres. É ler para crer os seguintes tuítes:

Joaquim Barbosa está parecendo aqueles negros que o dono da senzala escolhia para surrar os próprios negros no pelourinho.

Coronel Gilmar Mendes e seu capitão do mato, Joaquim Barbosa.

Age como um capitão do mato, quem vê o debate na TV Justiça, vê claramente a postura, se acha um popstar...

Joaquim Barbosa é um capitão do mato da Casa Grande. Ilude-se achando que os coronéis o aceitam como um dos seus.

Covarde. Negro alçado a ministro graças a Lula e aos ventos democráticos e que se vende para a direita? Calhorda. 

Joaquim Brabosa é um negro vadio que só está lá por causa do Lula, A dilma devia tirar ele de lá e meter ele na cadeia.

Apesar de Joaquim Barbosa, eu sempre defenderei as cotas raciais.

O Ministro de Ébano teria que ser interpelado seriamente por um de seus pares a fim de declarar-se suspeito, tamanho o ódio que destila.

E aí a gente faz aquela pergunta que não quer calar. Onde está o movimento negro que - até onde sei - não se manifestou contra tantos insultos racistas proferidos pela esgotoesfera petista? Mais preocupado em censurar obras passadas de Monteiro Lobato do que as falas presentes de seus cumpanheros petralhas!? Vergonha alheia tão grande que estou da cor do tomate.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Ótimo texto de Pereira Coutinho: Caminhando com Ferreira Gullar

O cientista-social português João Pereira Coutinho é um dos poucos conservadores que, em geral, consigo ler com gosto e, inclusive, com quem consigo concordar algumas vezes. Seus congêneres brasileiros são, em geral, reacionários demais para o meu gosto.  No texto abaixo, Coutinho vai além do flaflu direita x esquerda e afirma, comentando a entrevista de Ferreira Gullar à VEJA:

A entrevista é sobretudo uma lição de política só possível em alguém que, permanecendo à esquerda no que a esquerda tem de melhor (uma insubordinação instintiva perante abusos ou privilégios injustificáveis), aprendeu e refletiu com a experiência histórica. (....)

Ferreira Gullar não alinha em farsas. O capitalismo tem páginas abomináveis de miséria e exploração, sobretudo nas incipientes sociedades industriais do século 19? (....)
 
Fato: sem freios éticos ou legais, o capitalismo é destrutivo e autodestrutivo. Mas quando existem esses freios, e nenhum liberal clássico prescinde deles (Adam Smith, antes de escrever "A Riqueza das Nações", escreveu primeiro a sua "Teoria dos Sentimentos Morais", base ética de qualquer sociedade civilizada), não há outra forma, historicamente comprovada, de gerar riqueza.

Destaco esse trecho, mas todo o artigo é muito bom. Vale a pena a leitura!

Caminhando com Ferreira Gullar

Viajo para Londres. Na mala, algumas revistas para ler nas duas horas de voo. Tiro a primeira. Folheio as páginas iniciais. Encontro Ferreira Gullar em entrevista à "Veja". O dia está ganho.

Sobre o poeta, não vale a pena dizer o óbvio: depois da morte do lusitano Mário Cesariny (1923-2006), Ferreira Gullar é o único poeta de língua portuguesa que merece a honraria do Nobel.
Embora, atendendo às anedotas recentes da academia sueca (Elfriede Jelinek, Herta Müller etc.), talvez seja mais correto dizer que é o Nobel que precisa do prestígio de Gullar.

Mas a entrevista é sobretudo uma lição de política só possível em alguém que, permanecendo à esquerda no que a esquerda tem de melhor (uma insubordinação instintiva perante abusos ou privilégios injustificáveis), aprendeu e refletiu com a experiência histórica.

"Quando ser de esquerda dava cadeia, ninguém era. Agora que dá prêmio, todo mundo é", diz o poeta. Eis o "espírito do tempo", feito de oportunismo e farsa ideológica.

Ferreira Gullar não alinha em farsas. O capitalismo tem páginas abomináveis de miséria e exploração, sobretudo nas incipientes sociedades industriais do século 19? Sem dúvida --e ler Charles Dickens é, nesse quesito, mais relevante do que ler Marx, que nunca pôs os pés numa fábrica e tinha Engels para sustentá-lo.

Mas o capitalismo, apesar de tudo, "é forte porque é instintivo", diz o poeta. Em apenas uma frase, Gullar resume o que Adam Smith escreveu em dois volumes, 250 anos atrás.

Existe nos seres humanos um desejo natural para "melhorarem a sua condição", escrevia o filósofo escocês. E essa melhoria material só se consegue quando o açougueiro, o cervejeiro e o padeiro perseguem o seu próprio interesse, negociando os seus produtos e procurando aumentar os seus lucros.

Fato: sem freios éticos ou legais, o capitalismo é destrutivo e autodestrutivo. Mas quando existem esses freios, e nenhum liberal clássico prescinde deles (Adam Smith, antes de escrever "A Riqueza das Nações", escreveu primeiro a sua "Teoria dos Sentimentos Morais", base ética de qualquer sociedade civilizada), não há outra forma, historicamente comprovada, de gerar riqueza.

Claro que, para um marxista puro e duro, o capitalista nunca gera riqueza; ele explora quem trabalha e vive do suor alheio, de preferência fumando o seu charuto e brandindo o chicote. Raymond Aron, o mais incisivo crítico do marxismo que conheço, tem páginas notáveis onde desmonta essa dicotomia caricatural entre "capital" e "trabalho".

Ferreira Gullar prefere uma metáfora: "O empresário é um intelectual que, em vez de escrever poesias, monta empresas". E acrescenta, para os lentos de raciocínio: "A visão de que só um lado produz riqueza e o outro só explora é radical, sectária, primária".

Finalmente, as lições da história: Ferreira Gullar não se limita a relembrar os crimes do "socialismo real", hoje uma evidência para qualquer pessoa com dois neurônios em funcionamento.

Ele deixa uma pergunta devastadora: quantos dos defensores de Cuba estariam dispostos a viver lá? Sim, a viver enjaulados em uma ilha de onde é difícil sair, onde publicar um livro implica uma permissão governamental --e onde a igualdade na miséria é a única igualdade que existe e resiste?

É um bom princípio de responsabilidade política: só defendermos regimes sob os quais estamos dispostos a viver. Todo resto é pose pornográfica.

Infelizmente, não sobra espaço para as meditações estéticas propriamente ditas. Mas Ferreira Gullar, relembrando a morte de um filho, deixa esta definição (meta) poética primorosa: "Os mortos veem o mundo pelos olhos dos vivos".

Nem mais: escrever é continuar essa revelação interminável do ainda não-dito, do ainda não-experimentado, como se o poeta fosse o elo presente de uma corrente interminável.

Ou, como o próprio Gullar escreveu nos seus velhinhos "Poemas Portugueses", que praticamente aprendi de cor: "Caminhos não há/ Mas os pés na grama/ os inventarão/ Aqui se inicia/ uma viagem clara/ para a encantação".

Caminhar com Ferreira Gullar tem sido, hoje e sempre, uma lição e um privilégio.

Fonte: Folha de São Paulo, 02/10/2012

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Divulgando Petição 33 razões para não votar em Celso Russomanno



Por que isto é importante?  33 razões para não votar no Celso Russomanno (e assinar/divulgar esta petição!) Link da petição ao final do texto.

 1) Você sabia que Celso Russomanno tentou derrubar o projeto Ficha Limpa, que proíbe a candidatura de políticos corruptos? Na votação dos destaques da proposta, Russomanno, juntamente com Paulo Maluf, votou para que fosse retirado do projeto o período em que um político se tornaria inelegível por compra de votos ou abuso de poder, o que desfiguraria o projeto e o tornaria praticamente nulo. Graças à pressão popular, a proposta de Russomanno e Maluf foi rejeitada pela maioria da Câmara. Após a derrota na tentativa de desfigurar a lei e beneficiar os políticos corruptos, Russomanno demagogicamente votou a favor do texto final que aprovou o projeto. A Lei Ficha Limpa foi aprovada graças à mobilização de milhões de brasileiros e se tornou um marco fundamental para a democracia e para a luta contra a corrupção e a impunidade no país. Trata-se de uma conquista de todos os brasileiros, que Russomanno tentou derrubar. Por que será? Veja mais informações: http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/camara-dribla-destaques-que-anulavam-ficha-limpa/ 

 2) Você sabia que Celso Russomanno apoia (publicamente inclusive, conforme vídeo citado logo abaixo) o projeto que Maluf criou para tentar impedir que o Ministério Público investigue os políticos corruptos? A Lei de Maluf apoiada por Russomanno prevê a criminalização, inclusive com pena de prisão, de promotores e procuradores. Paulo Maluf foi incluído na lista de procurados pela Interpol e pode ser preso se pisar em um dos 181 países que mantêm representação com a polícia internacional. Por que será que Russomanno quer, juntamente com Maluf, punir o Ministério Público por investigar políticos corruptos? Veja neste vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=RNYdR8X55lo 

3) Você sabia que Russomanno apresentou, como deputado, um projeto que aumenta a pena de quem caluniar políticos? Contra políticos que caluniam, Russomanno não apresentou nenhum projeto, mas votou contra o Ficha Limpa e foi favorável à lei de Paulo Maluf, para tentar calar o Ministério Público (Folha de S. Paulo – 26/07/2012). 

 4) Você sabia que Russomanno denuncia empresas com uma mão e mantém contratos com as concorrentes com a outra? Deu na Veja. Nas eleições de 1994, Russomanno se elegeu deputado federal usando e enganando os cidadãos humildes no seu programa Aqui Agora, onde denunciava empresas que não cumpriam suas obrigações com os clientes. Ao mesmo tempo ele mantinha contratos de publicidade com empresas concorrentes. Russomanno vendia blindagem para as empresas que não quisessem ser expostas em um programa de TV. (Revista Veja – 19/10/1994)

 5) Você sabia que, apesar de se apresentar como "um homem simples e do povo", Celso Russomanno é, na verdade, um grande empresário muito rico? É dono de quatro empresas, um instituto e uma rádio. Segundo dados declarados pelo próprio ao TSE, seu patrimônio é de mais de R$ 2 milhões de reais. 

6) Você sabia que, apesar de se apresentar como "um homem simples" que gosta de "andar no meio do povo", Russomanno é, na verdade, um homem muito rico, mas muito rico mesmo? Na sua declaração de bens à Justiça Eleitoral constam cinco casas: mansões no Morumbi, na praia, em Brasília, em Campos do Jordão, dois apartamentos em áreas nobres da cidade de São Paulo, sete carros (entre eles uma Mercedes Bens, uma Blazer e um Passat), uma lancha Pahton, uma moto Italiana Duccati e 22 bicicletas para pedalar nas horas vagas. 

7) Você sabia que Celso Russomanno sempre se apresentou como jornalista, mas na verdade o que ele sempre fez foram transações comerciais camufladas como se fossem entrevistas e reportagens? Veja o que disse à Folha de São Paulo a diretora comercial do Circuito Night and Day, programa em que Russomanno se apresentava como "repórter e jornalista": "Sobrevivemos de merchandising e matérias comerciais (…) começamos a entrevista com um bate-papo descontraído e só depois falamos da empresa ou do produto" (Folha de S. Paulo – 16/10/1994). 

8) Você sabia que, apesar de se apresentar como "advogado", Russomanno nunca passou no exame da Ordem dos Advogados do Brasil? O candidato é bacharel em Direito pelas Faculdades Integradas de Guarulhos, mas não é advogado uma vez que ele não passou no exame da OAB para obter o registro que autoriza o exercício da profissão. Segundo a OAB, Russomanno está infringindo as normas da Lei 8.906/94 e o exercício ilegal da profissão é crime tipificado no Código Penal. (Consultor Jurídico – 13/08/1988). Veja mais no link abaixo: http://www.conjur.com.br/1998-ago-13/entidade_mover_acao_deputado_stf 


9) Você sabia que a OAB processou Russomanno por advogar ilegalmente? (O Estado de S. Paulo – 21/08/1998) 

10) Você sabia que Russomanno também foi denunciado na OAB pela prática ilegal de aliciamento de clientes? Na queixa apresentada pela 86ª subseção da OAB de Itapecerica da Serra (SP), além do exercício ilegal da profissão de advogado Russomanno foi denunciado por prática de aliciamento de clientes. A denúncia foi motivada por anúncios do Plantão Jurídico veiculado pela TV. Russomanno mantinha o serviço Plantão Jurídico pelo sistema 0900, em que oferecia pelo telefone uma "orientação dos seus direitos" (conforme dizia a gravação que atendia as ligações com a voz do candidato). O serviço custava R$ 3,95 por minuto. Russomanno reconheceu que o Plantão Jurídico (0900-112.222) foi criado com o objetivo de levantar dinheiro para o Inadec (instituto que preside). Ainda que ele fosse advogado - o que não é -, Russomanno estaria errado porque a captação de clientes através de anúncio é ilegal, segundo a OAB. (Consultor Jurídico – 13/08/1988)

11) Você sabia que o vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (a mesma entidade que já denunciou Russomanno por exercício ilegal da profissão e aliciamento de clientes) é Luiz Flávio D’Urso, que também é vice da sua chapa a prefeito? Russomanno coliga-se assim justamente com um dos chefes da entidade que já o acusou de charlatanismo. Talvez por isso o caso tenha sido esquecido pela OAB… (Brasil 247 – 29/06/2012)

12) Você sabia que Russomanno virou réu no STF por falsidade ideológica após ter se candidatado a prefeito de Santo André, em 2000, sem nunca ter morado na cidade? Ele transferiu seu domicílio eleitoral por puro oportunismo, até que foi proibido pelo TRE de participar do horário eleitoral. Por causa deste episódio, Russomanno virou réu no STF, mas o processo foi direcionado para a primeira instância em razão dele ter perdido o foro especial de Deputado Federal que tinha em 2010. (Folha de S. Paulo – 29/09/2000) 

13) Você sabia que Russomanno já foi réu no STF por lesão corporal? Segundo denúncia do MPF, ussomanno teria desacatado e agredido um funcionário do Incor (Instituto do Coração) de São Paulo que estava no exercício de suas funções, além de ter danificado a porta do pronto-socorro. O incidente ocorreu no dia 23 de outubro de 2002. O Supremo Tribunal Federal recebeu do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo os autos do processo (INQ 1794) em que o então deputado federal Celso Russomanno respondia por lesão corporal dolosa contra Luiz Antônio Pessin, funcionário do Incor na época. (Folha Online – 01/03/2007)

14) Você sabia que Russomanno já foi acusado de suborno na CPI do Narcotráfico? Durante a CPI do Narcotráfico, ocorrida em 1999, o motorista Adilson Frederico Dias Luz acusou Russomanno, que era sub-relator da comissão, de suborno. O objetivo, segundo Adilson, era que ele acusasse o advogado de Campinas, Artur Eugênio Matias. O motorista afirma ter implicado o advogado em troca de sua liberdade. Na época a OAB-SP comunicou o fato às corregedorias do Tribunal de Justiça e do Ministério Público de São Paulo (Consultor Jurídico – 15/12/2009). 

15) Você sabia que Celso Russomanno foi denunciado no STF por peculato por pagar com dinheiro público uma funcionária particular? É o mesmo crime que está levando o mensaleiro João Paulo Cunha para a cadeia. Segundo o STF, ao indicar e manter Sandra de Jesus para ocupar cargo em comissão (secretária parlamentar) vinculado ao seu gabinete junto à Câmara dos Deputados, Celso Russomanno teria possibilitado o desvio de recursos públicos, uma vez que a servidora continuava a administrar e a gerir a empresa de Russomanno localizada em São Paulo. O ministro Cezar Peluso alegou na época: “Reconheceu-se a falsidade da rescisão contratual, uma vez que mesmo após ser demitida pela empresa foi mantida a relação de emprego com o dinheiro público”. (Portal Terra – 10/10/2008 e Folha de S. Paulo – 11/05/2005). 

16) Você sabia que Russomanno já defendeu na Câmara os interesses do seu sócio e maior doador de campanha, que foi condenado a cinco anos de prisão por crime contra a ordem tributária? Em 2004, ele apresentou à Comissão de Defesa do Consumidor, na Câmara dos Deputados, o requerimento de número 301, no qual pedia para que fossem investigadas denúncias sobre suposta concorrência desleal da Coca-Cola contra a Dolly. Depois de defendido por Russomanno, Laerte Codonho (dono da Dolly) tornou-se, além de seu sócio, o maior doador de campanha do ex-deputado federal na disputa ao governo paulista em 2010, além de ser patrocinador de um de seus programas de TV. Codonho foi condenado a cinco anos de prisão em regime semiaberto em novembro de 2011 por crime contra a ordem tributária. Em recente entrevista ao Estado de S. Paulo, Russomanno defendeu novamente Codonho afirmando que “ele é um grande brasileiro” e que tem “muito orgulho de ser seu sócio” (O Estado de S. Paulo – 30/07/2012). 

17) Você sabia que a agência de publicidade de Celso Russomanno, a AND Comunicação, está com os bens bloqueados por irregularidades na justiça? A agência está com os bens indisponíveis. O bloqueio, pedido pela Fazenda Nacional e autorizado pela Vara da Fazenda Pública de Diadema, tem como alvo o sócio de Russomanno (aquele mesmo que ele defendeu na Câmara), o empresário Laerte Codonho, que foi condenado a cinco anos de prisão. (O Estado de S. Paulo – 31/07/2012) 

18) Você sabia que Russomanno e seu sócio (aquele mesmo que foi condenado à prisão) mantinham um heliporto clandestino na Zona Norte de São Paulo? O mesmo local era usado como estúdio de gravação dos programas de Russomanno na empresa em que ele e Laerte Codonho (ele mesmo, o dono da Dolly) mantém. Na época, uma assessora de Russomanno ligou para a Subprefeitura da Casa Verde querendo explicações por terem retirado o heliporto. Mesmo clandestino, Russomanno acreditava ter o direito de ter um heliporto (Folha de S. Paulo – 28/12/2006). 

19) Você sabia que Russomanno, apesar de se apresentar como um “homem muito humilde”, humilha os mais simples na base do “você sabe com quem está falando”? Deu no Painel da Folha. Em 2006, Celso Russomanno bateu boca no estacionamento da Câmara com um taxista que obstruía a passagem de seu carro. Aos berros, o deputado destratou o motorista. Em seguida, chamou um segurança para deter o taxista, que já havia se desculpado. Quando o passageiro tentou acalmar Russomanno, o parlamentar disparou: “Não me chame de você! Sou deputado federal!” (Folha de S. Paulo – 07/09/2006). 

20) Você sabia que Celso Russomanno “sai no braço” com mulher? Segundo a Folha de S. Paulo, “Durante uma reunião do Partido Progressista, em 2008, em Brasília, os deputados Celso Russomanno e Aline Corrêa saíram no braço.” (Folha de S. Paulo – 02/07/2008). 

21) Você sabia que um funcionário do Metrô registrou boletim de ocorrência por lesões corporais e constrangimento ilegal contra Celso Russomanno? Vicente Gilmarino Neto, responsável pela estação Ana Rosa, disse que Russomanno o pegou pelo braço e lhe deu voz de prisão para obrigá-lo a dar explicações sobre uma pane num elevador (Folha de S. Paulo – 19/03/2012). 

22) Você sabia que Russomanno foi flagrado fazendo uma emenda parlamentar destinando R$ 1,1 milhão de dinheiro público para uma empresa dele próprio? O dinheiro iria para a entidade que ele preside, o Instituto Nacional de Defesa do Consumidor. Flagrado pela reportagem do Portal IG, Russomanno recuou e abortou a operação (IG – 08/12/2010). 

23) Você sabia que, durante 15 anos, Russomanno esteve lado a lado com Maluf? Ele fez a vida política ao lado de Maluf, que é seu padrinho e mentor. Ingrato, hoje ele o renega. Mas a verdade é que em 1979 conseguiu um cargo comissionado no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista (então ocupado por Paulo Maluf). “Ele levava e trazia papel para lá e para cá, era office-boy do Calim Eid”, contou Maluf (Revista Piauí). 

24) Você sabia que, depois de romper com Maluf, Russomanno se aliou à Igreja Universal do Reino de Deus? Após 15 anos ao lado de Paulo Maluf, o ex-deputado Celso Russomanno rompeu os laços com o padrinho e deixou o PP para se filiar ao PRB (sigla nanica controlada pela Igreja Universal). O apresentador de TV tem um perfil distante do estilo de vida pregado pelos evangélicos: namorou capas da Playboy e começou a carreira vendendo fitas com cenas picantes do carnaval. O plano da Universal para Russomanno é claro: usar sua popularidade para repetir em São Paulo seu sucesso no Rio com o senador Marcelo Crivella, reeleito em 2010. Profissionais vinculados à TV Record e à Universal participam ativamente do Programa Eleitoral de Celso Russomanno (Folha de S. Paulo 10 de dezembro de 2011). 

25) Você sabia que a família de Russomanno já viajou pelo mundo com passagens pagas com dinheiro público (o seu dinheiro)? Russomanno foi ativo participante do escândalo das passagens da Câmara. O candidato usou a cota parlamentar, de uso exclusivo do dono do cargo, para fornecer passagens aéreas enquanto deputado federal para levar a filha a Nova York e a mulher a Montevidéu. De acordo com relatório de passagens emitidas para o gabinete do ex-deputado, entre 2008 e 2009 foram emitidos 8 bilhetes de sua cota para familiares ou terceiros. Russomanno acha normal e alega não haver ilegalidade nem imoralidade em pagar pelas férias da família com dinheiro público. 

26) Você sabia que até mesmo o comitê da campanha de Russomanno está irregular? O comitê da campanha foi instalado em um casarão da Avenida Itacira, na zona sul da cidade, sem obter licença da prefeitura (Folha de São Paulo – 02/08/2012). 

27) Você sabia que, como deputado, Russomanno apresentou uma proposta defendendo porte de arma para todos os congressistas? Em 2010, a Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições doou (de R$ 1,7 milhão arrecadado) R$ 100 mil à sua campanha ao governo paulista (Folha de S. Paulo – 26/07/2012). 

28) Você sabia que Russomanno opera uma rádio sem autorização, e que a rádio funciona em Leme, no interior de São Paulo, mas a concessão pertence a uma empresa do Pará? Apesar de não possuir concessão do Ministério das Comunicações para exercer a radiodifusão, o candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, opera ao menos desde 2011 uma rádio no interior do Estado. O candidato declarou à Justiça Eleitoral ser dono de empresa de rádio em Leme (SP) em sociedade com familiares, mas a concessão pertence a uma empresa de Cametá, cidade do interior do Pará. A Rede Brasil FM 101,1, que funciona no endereço da empresa de Russomanno, usa a concessão dada em novembro de 2010 à Amazônia Comunicações, que está registrada em nome de um médico de Cametá, João Batista Silva Nunes (Folha de S. Paulo). 

29) Você sabia que, por causa de uma reportagem sensacionalista feita por Russomanno no Aqui Agora, uma família humilde foi muito prejudicada? Deu na Folha de S. Paulo. Russomanno fez uma “reportagem” acusando o cachorro de uma família simples de ter matado o gato da vizinha. Ele nunca ouviu a versão da família e foi pessoalmente cobrar satisfações sobre uma suposta indenização que a família deveria dar à dona do gato morto. Um mês depois o Juizado Especial de Pequenas Causas concluiu que o cachorro não atacou a gata, já que a cadela estava em outro bairro. A família prejudicada sofreu uma série danos morais na vizinhança e entrou com processos contra o SBT (Folha de S. Paulo – 25/03/1994). 

30) Você sabia que, em 1994, Russomanno (então candidato a Deputado Federal) foi acusado de não ter honrado o contrato de compra da casa onde morava, uma bela mansão no Morumbi no valor de 300 mil dólares? Atualmente a mesma propriedade deve valer mais de R$ 5 milhões (Fonte: Revista Veja 19/10/1994). 

31) Você sabia que Russomanno constrangeu um homem em uma situação dramática por puro sensacionalismo? Durante o seu programa Aqui Agora, Russomanno filmou o resgate de homem que ficou preso nas ferragens do carro após um acidente. Por mais de 80 minutos ele e sua equipe atrapalharam os bombeiros e constrangeram o acidentado, que ficou seminu na frente das câmeras. Renato Lopes nunca autorizou o uso dessas imagens e, mesmo assim, elas foram exibidas no programa, trazendo constrangimentos e danos morais para a vítima (O Estado de S. Paulo – 25/03/1994). 

32) Você sabia que Russomanno utilizou a estrutura de seu gabinete em Brasília para distribuir convites e ajudar na divulgação do Miss Brasil? Russomanno levou, em 1998, as candidatas a Miss Brasil para passear por Brasília, e suspendeu uma sessão no Congresso para que os deputados pudessem cumprimentar todas as candidatas (O Estado de S. Paulo – 18/03/1998).

33) Você sabia que Russomanno tem poderes paranormais? A parte exótica de sua personalidade é destacada através dos seus autodeclarados dons exotéricos. Ele se diz parapsicólogo e hipnólogo. E emenda: “hipnotizo para fazer o bem, como ajudar as pessoas a parar de fumar” (Vejinha SP). Fonte: http://forarussomanno.tumblr.com Siga-nos: http://twitter.com/RussoNaoMano

Link da petição

sábado, 29 de setembro de 2012

7 de outubro: Dia Nacional sem Mensalão (homenagem a Joaquim Barbosa)


Uma homenagem muito justa ao Ministro Joaquim Barbosa, um dos grandes responsáveis por dar esperança aos brasileiros de ver enfim alguma justiça neste país.

Obrigada, Ministro, e fique calmo. Não perca a cabeça com as provocações do Livrandowski ou qualquer outro. E continue o bom trabalho, apesar das pressões. No dia 7 de outubro, faremos nossa parte e celebraremos o dia nacional sem mensalão.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A teoria política da corrupção


Na linha do "quanta gente se vendeu ao lulopetismo", mais um ótimo texto do sociólogo Demétrio Magnoli sobre os notáveis malabarismos de pensamento de que os apoiadores da quadrilha se valem, para distorcer a realidade, na tentativa de desacreditar o STF e livrar a cara dos mensaleiros petistas (os graúdos ao menos).

Por Demétrio Magnoli

Nos idos de 2005, o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos formulou o discurso adotado pelo PT em face do escândalo do mensalão. O noticiário, ensinou, constituiria uma tentativa de "golpe das elites" contra o "governo popular" de Lula. No ano passado o autor da tese assumiu a presidência da Casa de Rui Barbosa, cargo de confiança subordinado ao Ministério da Cultura. É nessa condição que, em entrevista ao jornal Valor (21/9), ele reativa sua linha de montagem de discursos "científicos" adaptados às conveniências do lulismo. Desta vez, para crismar o julgamento do mensalão como "julgamento de exceção" conduzido por uma Corte "pré-democrática".

A entrevista diz algo sobre o jornalismo do Valor. As perguntas não são indagações, no sentido preciso do termo, mas introduções propícias à exposição da tese do entrevistado - como se (oh, não, impossível!) jornalista e intelectual engajado preparassem o texto a quatro mãos. Mas a peça diz uma coisa mais importante sobre o tema do compromisso entre os intelectuais e o poder: o discurso científico sucumbe no pântano da fraude quando é rebaixado ao estatuto de ferramenta política de ocasião.

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) narraram uma história de apropriação criminosa de recursos públicos e de fabricação de empréstimos fraudulentos pela direção do PT, que se utilizou para tanto das prerrogativas de quem detém o poder de Estado. Wanderley Guilherme, contudo, transita em universo paralelo, circundando o tema da origem do dinheiro e repetindo a versão desmoralizada da defesa: "O que os ministros expuseram até agora é a intimidade do caixa 2 de campanhas eleitorais (...). Isso eles se recusam a discutir, como se o que eles estão julgando não fosse algo comum (...), como se fosse algum projeto maligno".

Wanderley Guilherme não parece incomodado com a condenação dos operadores financeiros do esquema, mas interpreta os veredictos dos ministros contra os operadores políticos (ou seja, os dirigentes do PT) como frutos de um "desprezo aristocrático" pela "política profissional". O dinheiro desviado serviu para construir uma coalizão governista destituída de um mínimo de consenso político, explicou a maioria do STF. O cientista político, porém, atribui o diagnóstico a uma natureza "pré-democrática" de juízes incapazes de compreender tanto os defeitos da legislação eleitoral brasileira quanto o funcionamento dos "sistemas de representação proporcional", que "são governados por coalizões das mais variadas".

O núcleo do argumento serviria para a defesa de todo e qualquer "mensalão". Os acusados tucanos do "mensalão mineiro" e os acusados do DEM do "mensalão de Brasília" estão tão amparados quanto os petistas por uma concepção da "política profissional" que invoca a democracia para justificar a fraude do sistema de representação popular e qualifica como aristocráticos os esforços para separar a esfera pública da esfera privada. A teoria política da corrupção formulada pelo intelectual deve ser lida como um manifesto em defesa de privilégios de impunidade judicial do conjunto da elite política brasileira.

Mas, obviamente, o argumento perde a força persuasiva se for lido como o que, de fato, é. Para ocultar seu sentido, conferindo à obra uma coloração "progressista", Wanderley Guilherme acrescenta-lhe uma camada de tinta fresca. A insurreição "aristocrática" do STF contra a "política democrática" derivaria da rejeição a uma novidade histórica: a irrupção da "política popular de mobilização", representada pelo PT. A Corte Suprema estaria "reagindo à democracia em ação" por meio de um "julgamento de exceção", um evento singular que "jamais vai acontecer de novo".

É nesse ponto do raciocínio que a teoria política da corrupção se transforma na corrupção da teoria política. Uma regra inviolável do discurso científico, explicou Karl Popper, é a exigência de consistência interna. Um discurso só tem estatuto científico se estiver aberto a argumentos racionais contrários. Quando apela à profecia de que os tribunais não julgarão outros casos com base na jurisprudência estabelecida nos veredictos do mensalão, Wanderley Guilherme embrenha-se pela vereda da fraude científica. A sua hipótese sobre o futuro - que, logicamente, não pode ser confirmada ou falseada - impede a aplicação do teste de Popper.

Há duas leituras contrastantes, ambas coerentes, sobre o "mensalão do PT". A primeira acusa o partido de agir "como os outros", entregando-se às práticas convencionais da tradição patrimonial brasileira e levando-as a consequências extremas. O diagnóstico, uma "crítica pela esquerda", interpreta o extenso arco de alianças organizado pelo lulismo como fonte de corrupção e atestado da falência da natureza transformadora do PT. A segunda acusa o partido de operar, sob o impulso de um projeto de poder autoritário, com a finalidade de quebrar os contrapesos parlamentares ao Executivo e se perpetuar no governo. A "crítica pela direita" distingue o "mensalão do PT" de outros casos de corrupção política, enfatizando o caráter centralizado e as metas de longo prazo do conjunto da operação.

A leitura corrompida de Wanderley Guilherme forma uma curiosa alternativa às duas interpretações. Seu núcleo é uma celebração da corrupção inerente à política patrimonial tradicional, que seria a "política profissional" nos "sistemas de representação proporcional". Seu verniz aparente, por outro lado, é um elogio exclusivo da corrupção petista, que expressaria a "irrupção da política de mobilização popular" e a "democracia em ação". Na fronteira em que o pensamento acadêmico se conecta com a empulhação militante, o paradoxo pode até ser batizado como dialética. Contudo mais apropriado é reconhecê-lo como um reflexo especular da fotografia na qual Paulo Maluf e Lula da Silva reelaboram os significados dos termos "direita" e "esquerda".

Fonte: ESP (27/09/12): SOCIÓLOGO E DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP
E-MAIL: DEMETRIO.MAGNOLI@UOL.COM.BR

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