8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

quinta-feira, 11 de abril de 2019

Katie Bouman, a jovem cientista que revelou como é um buraco negro


Quem é Katie Bouman, a jovem cientista que revelou como é um buraco negro

São Paulo — Em 1919, Albert Einstein previu a aparência de um buraco negro pela primeira vez. Cem anos depois, em uma quarta-feira aparentemente normal de abril, a equação de Einstein foi confirmada por Katherine (ou Katie) Bouman, a cientista por trás dos algoritmos responsáveis pela primeira imagem de um buraco negro.

A primeira imagem é uma simulação de computador que utiliza equação de Einstein para mostrar como seria um buraco negro. A teoria foi formulada por Einstein em 1919.

A segunda é a primeira foto já feita de um buraco negro, revelada em 10 de abril, 100 anos depois de Einstein.

— Jurunense (@o_jurunense) April 10, 2019
Aos 29 anos, Katie é doutora em engenharia elétrica e ciência da computação pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) e está cursando um pós-doutorado em Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics.

Ela trabalhou no código por quase seis anos, desde a época em que era aluna da graduação no MIT, e agora colhe os frutos de seus estudos. Toda a pesquisa foi feita em conjunto ao projeto Telescópio de Horizonte de Eventos (EHT, em inglês) e a cientista liderou outros 200 cientistas na empreitada para chegar na imagem perfeita do buraco negro.

Para comemorar o feito, Katie alterou a foto de seu perfil no Facebook.
Observando sem acreditar enquanto a primeira imagem que eu já fiz de um buraco negro estava no processo de ser reconstruída”, escreveu ela na legenda.
Segundo o site MIT News, apenas um telescópio não seria grande o suficiente para enxergar um buraco negro. Para isso, então, o algoritmo desenvolvido pela cientista armazenou dados de oito radiotelescópios nos quatro cantos do mundo. O escaneamento do buraco negro, que mede 40 bilhões de quilômetros, ou três milhões de vezes o tamanho da Terra, demorou 10 dias.

Margaret Hamilton, responsável pelo código que ajudou a colocar astronautas na lua (acima) e Katie Bouman, a cientista por trás dos algoritmos responsáveis pela primeira imagem de um buraco negro.
Para armazenar tantos dados, foram necessários 5 petabytes. De acordo com a revista Superinteressante, apenas 1,5 petabyte equivale a 10 bilhões de fotos do Facebook. Com os 5 petabytes de informação utilizados para abrigar os dados que compuseram a foto do buraco negro, seria possível armazenar os efeitos especiais do filme Avatar (2009) por cinco vezes, de James Cameron.

Para guardar tantas informações assim, uma pilha de HDs externos foi necessária, todas com gás hélio em seu interior para evitar danos aos discos e a perda de dados. Depois disso, eles foram transportados de avião até chegarem aos supercomputadores no Instituto Max Planck de Radioastronomia, na Alemanha, e no Observatório Haystack, do MIT, nos Estados Unidos.

A foto nasceu da união de todos os dados.
Nós borramos duas imagens e então as sobrepusemos para conseguir a foto”, explicou ela ao jornal diário norte-americano The Washington Post.
Katie posou para uma foto “abraçando” a pilha de discos rígidos e foi comparada à cientista Margaret Hamilton, responsável pelo código que ajudou a colocar o homem na lua (ver acima).

Fonte: Exame, 11/04/2019


terça-feira, 9 de abril de 2019

Histórias de cientistas brasileiras no e-book "Mulher faz Ciência"

Para inspirar garotas, jovens e mulheres a seguir a carreira científica
“Quando nós analisamos os números, as estatísticas, no mundo inteiro, apenas um terço dos cientistas são mulheres. Quando analisamos os cargos mais elevados, só cerca de 10% são ocupados por mulheres. Então, nós ainda temos um problema, sim, de desigualdade”.
A análise é da bióloga Rafaela Salgado Ferreira, uma das 15 jovens cientistas de todo o mundo que receberam um prêmio international para talentos promissores da ciência, o International Rising Talents, em 2018.

Rafaela é uma das dez personagens reunidas no e-book Mulher faz Ciência: dez cientistas, muitas histórias, que o projeto Minas Faz Ciência lançou para marcar o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, comemorado em 11 de fevereiro. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2016.

Objetivo da publicação é inspirar meninas e mulheres que tenham o desejo de seguir a carreira científica

No e-book, Rafaela relembra sua trajetória, iniciada como aluna do Colégio Técnico da UFMG, Coltec, depois como participante do programa de vocação científica do Centro de Pesquisas René Rachou, ligado à Fundação Oswaldo Cruz, em Belo Horizonte, até se tornar professora do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG.

Num trecho inédito da entrevista, que você pode ouvir a seguir, Rafaela comenta a situação do Brasil em comparação a outros países e cita um estudo que ilustra o “preconceito implícito”.
Foi dado a várias pessoas exatamente o mesmo currículo para elas avaliarem. A única diferença era que em um currículo foi colocado o nome de um homem e, no outro, o nome de uma mulher. O currículo do homem foi melhor avaliado e o salário proposto para o homem foi mais alto”, revela.
DEZ CIENTISTAS, MUITAS HISTÓRIAS
O e-book Mulher faz ciência: dez cientistas, muitas histórias traz também os depoimentos da historiadora e escritora indígena Aline Pachamama; da bióloga Fernanda Staniscuaski, fundadora do projeto Parent in Science[leia entrevista na edição nº 74 da revista Minas faz Ciência]; da cientista da computação Ingrid Splangler; da física Márcia Barbosa; da técnica em Meio Ambiente Myllena Crystina da Silva; da bióloga Natália Oliveira; da arquiteta e urbanista Priscila Gama; da astrônoma e vulcanóloga Rosaly Lopes e da professora de Física Experimental Sônia Guimarães.

Primeira mulher negra a obter o título de doutora em Física no Brasil, Sônia Guimarães avalia que a política de cotas, recentemente instituída no País, foi um importante avanço para ampliar o acesso de estudantes negros às instituições públicas de ensino superior. Ouça um trecho da entrevista:

HISTÓRIA REESCRITA

Assim como o racismo é um obstáculo a mais para mulheres negras na carreira científica, o apagamento das narrativas indígenas é outro equívoco histórico que a escritora Aline Pachamama, fundadora da Pachamama editora, busca contornar com seu trabalho acadêmico. Ouça:
O E-Book está disponível para download aqui

Fonte: Minas Faz Ciência, por Alessandra Ribeiro, 11/02/2019

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Documentários sobre guerras brasileiras: Questão indígena, Palmares, Paraguai, Revolução de 30, Crime Organizado

No Canal Curtas, você pode conferir a série documental, Guerras do Brasil, de cinco episódios de 26 minutos, sobre os fatos e as diferentes versões dos principais conflitos armados da história do país, como as guerras da conquista, Palmares, Guerra do Paraguai, Revolução de 30 e a guerra do tráfico. A narrativa será costurada pelos depoimentos dos principais conhecedores dos fatos. Clips de imagens com trilha utilizando imagens de arquivo e ilustrações darão um ritmo ágil aos programas, permitindo ao espectador visualizar os acontecimentos e compreender a história do país a partir do seu cerne: o conflito.

Segue abaixo os horários e dias das exibições em abril e maio. Clique nos títulos para ir ao site de exibição.

Trecho disponível
As Guerras da Conquista 
De Luiz Bolognesi
Com Ailton Krenak, Carlos Fausto, João Pacheco de
 Oliveira
, Pedro Luis Puntoni, Sônia Guajajara
A guerra da conquista ainda não acabou.Veja como,
ao longo da história, a população indígena foi dizimada e segue sua
luta, até os dias de hoje, pela demarcação de terras.
Próxima Exibição: Sexta-feira, 19/04/2019 às 23:30 [daqui a 16 dias]
Trecho disponível
As Guerras de Palmares 
Com Jean Marcel Carvalho França, Laura Perazza
 Mendes
, Luiz Felipe de Alencastro, Marcelo Salete,
  Zezito de Araújo
"A guerra dos Palmares" escancara um período que deixa marcas no
país até hoje, desenvolvendo uma  sociedade racista e preconceituosa.
Próxima Exibição: Sexta-feira, 26/04/2019 às 23:30 [daqui a 23 dias]
Trecho disponível
A Guerra do Paraguai 
De Luiz Bolognesi
Com Francisco Doratioto, Guido Rodrí­guez Alcalá,
Júlio Chiavenato, Mary Del Priore, Rodrigo Goyena
Soares

Entenda o maior conflito armado da América do sul, a "Guerra do
Paraguai".
Próxima Exibição: Sexta-feira, 3/05/2019 às 23:30 [daqui a 30 dias]
Trecho disponível
A Revolução de 1930 
De Luiz Bolognesi
Com Andréa Casa Nova, Angela de Castro Gomes,
Boris Fausto, Cláudia Viscardi, Mauricio Puls
Os acontecimentos que puseram fim a velha república. Entenda a
disputa eleitoral que levaria ao poder, no voto, o Paulista Júlio Prestes e
a ascensão do Gaúcho Getúlio Vargas.
Próxima Exibição: Sexta-feira, 10/05/2019 às 23:30 [daqui a 37 dias]
Trecho disponível
Universidade do Crime 
De Luiz Bolognesi
Com
Bruno Paes Manso, Camila Nunes Dias, Carlos
Amorim
, Hélio Luz, José Beltrame
“A Guerra do Tráfico" Relata a falência do sistema prisional Brasileiro
 e apresenta um pouco da estrutura do crime organizado no país.
Próxima Exibição: Sexta-feira, 17/05/2019 às 23:35 [daqui a 44 dias]

Fonte: Canal Curta, Guerras Brasileiras.

quinta-feira, 28 de março de 2019

Vícios de linguagem politicamente correta: nem tudo é preto ou branco

Eduardo Afonso, colunista do jornal O Globo, questiona o politicamente correto na linguagem, mostrando que termos, hoje considerados ofensivos, como "mulato", não têm, em sua etimologia, conotação pejorativa.

O preto no branco na linguagem

Palavras são armas poderosas. Talvez por isso haja tanta gente empenhada num estatuto do desarmamento do vocabulário, e a treta (sobre quem pode falar sobre o quê e quais termos estão autorizados) não dá trégua.

Todos, todas e todxs já devem ter ouvido que uma linguagem neutra ajudaria a criar uma sociedade mais justa — mesmo que para isto brasileiros, brasileiras e brasileirxs tenham que ser redundantes e pronunciar coisas impronunciáveis como todxs e brasileirxs .

Claro que para neutralizar a linguagem será preciso rever a concepção de que claro queira dizer exato, correto, inequívoco, luminoso, e que escuro seja sinistro, sombrio, suspeito. Será preciso revogar a dicotomia entre luzes e trevas que nos acompanha desde o big bang bíblico, e reparar a injustiça de o branco ser a soma de todas as cores e o preto, a ausência de luz. Tarefa complicada — mas não para quem acredita que branco e preto , claro e escuro, onde quer que apareçam, estejam a serviço da opressão racial.

Por isso não se deveria mais falar em magia negra, mercado negro, buraco negro, lista negra ou ovelha negra, que têm tanto a ver com afrodescendência quanto amarelar tem com os asiáticos ou vermelho de raivacom os apaches. (Sem contar a caixa-preta dos aviões, da qual só se tem notícia quando acontece uma tragédia, e a inveja branca, uma improvável inveja do bem.)

Dois milênios antes de haver tráfico humano da África para as Américas, a palavra grega mélas já significava não só negro, escuro, mas também triste, funesto. E esta acepção não tinha qualquer vínculo com cor de pele: era uma metáfora, uma construção cultural. Se o verbo denegrir é um insulto e merece ser eliminado, a eugenia linguística deveria atingir também a palavra “melancolia”, que vem de melanós (negro) + kholé (bílis, veneno). E levar junto a “Aquarela do Brasil” com sua merencória (variação de melancólica) luz da lua e o mulato inzoneiro.
O mulato é objeto (ou sujeito) de outra falsa polêmica. Venha do latim mulus (ser híbrido, não necessariamente uma mula), ou de muladi (mestiço de árabe com não árabe), a palavra não evoca animais de carga, mas miscigenação. Negar palavras que definam as nuances étnicas (pardo, moreno, mulato, mameluco) é ter em mente um mundo em preto e branco, uma espécie de apartheid lexical.
Quanto a judiar (outro termo teoricamente a ser proscrito), é o rabino Henry Sobel quem diz:
O significado está claro: não há nada de pejorativo. Não fomos nós que maltratamos. Nós, os judeus, fomos maltratados. (...) O termo não deve ser eliminado. Pelo contrário, é bom que o mundo se lembre do preconceito do passado, para que não o permita no presente e no futuro.”
Mesmo não tendo originalmente cunho racista, muitas palavras podem vir a ferir suscetibilidades. Evitar usá-las com quem se sinta ofendido é uma questão de empatia. Uma espécie de “não falar de corda em casa de enforcado” — o que não implica banir corda, cordão e cordel dos dicionários.

Haveria motivos de sobra para qualquer um de nós se magoar ao ser chamado de brasileiro (e brasileira e brasileirx). Os nascidos nesta terra eram conhecidos como brasis, brasílicos ou brasilienses. Brasileiro não era nacionalidade; era profissão. Ser brasileiro era depreciativo, sinônimo de gente xucra, incivilizada, que vivia da exploração do pau-brasil. O que fazer se parte da população entrar nessa vaibe e resolver que não é mais brasileiro com muito orgulho, com muito amor, exigindo a abolição de termos que evoquem desmatamento ou cor de brasa?

Era melhor focar no combate às atitudes discriminatórias concretas e em expressões como “serviço de preto”, “programa de índio” ou “coisa de mulherzinha”. Aí, sim, há discriminação, etnocentrismo, misoginia — e se está falando de gente de carne e osso, não de metáforas cromáticas. Por aí se perpetuam o racismo e o machismo estruturais. Mas parece que os justiceiros (e justiceiras e justiceirxs) do vernáculo estão mais focados em nos salvar dos monstros que eles mesmos inventaram.

Fonte: O Globo,  por Eduardo Afonso, 14/03/2019

terça-feira, 26 de março de 2019

A americana Karen Uhlenbeck vence um dos prêmios mais importantes da matemática


A americana Karen Uhlenbeck, especialista em equações derivadas parciais  
Imagem: Andrea KaneNorwegian Academy of Science and Letters/AFP

Pela 1ª vez, mulher vence um dos prêmios mais importantes da matemática


O Prêmio Abel de Matemáticas foi atribuído pela primeira vez a uma mulher, a americana Karen Uhlenbeck, especialista em equações derivadas parciais - anunciou a Academia Norueguesa de Ciências e Letras nesta terça-feira (19).
Karen Uhlenbeck recebe o Prêmio Abel 2019 por seu trabalho fundamental em análise geométrica e teoria de calibre, que transformou dramaticamente o cenário matemático", afirmou o presidente da comissão Abel, Hans Munthe-Kaas, em um comunicado.
Suas teorias revolucionaram nossa compreensão de superfícies mínimas, como a formada por bolhas de sabão, e problemas de minimização gerais em dimensões mais altas", acrescentou.
Uhlenbeck, de 76 anos, é professora visitante na Universidade de Princeton e professora associada do Instituto de Estudos Avançados (IAS) dos Estados Unidos.

Nascida em Cleveland, "desenvolveu técnicas e métodos de análise global que estão atualmente na caixa de ferramentas de cada geômetra e analista", indicou a Academia Norueguesa de Ciências e Letras.

Também é uma ativista em favor da igualdade de sexos nas ciências e matemáticas.

É a primeira mulher a receber o Prêmio Abel, criado em 2003 pelo governo norueguês com o objetivo de compensar a ausência de um Prêmio Nobel para matemática.

O prêmio é uma homenagem ao matemático norueguês Niels Henrik Abel (1802-1829) e é dotado com seis milhões de coroas (620.000 euros), sendo uma das mais prestigiosas distinções no mundo das matemáticas, junto com a Medalha Fields.

Fonte: UOL Ciência, via AFP, 19/03/2019

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