8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Mais um questiona o esquerdireitismo: Sou de esquerda ou de direita?

Contardo Calligaris
Contardo Calligaris (psicanalista, doutor em psicologia clínica e escritor) escreveu o ótimo artigo abaixo, Sou de Esquerda ou de Direita?, para sua coluna de ontem (12/12/13), na Folha de São Paulo, questionando essa divisão maniqueísta, pela qual muitos se batem, mas que está longe de ter uma definição precisa. 

Só não concordo quando diz que a direita nos EUA era libertária (como se espera da direita, ela não gostava que o governo se metesse na vida da gente) mas hoje adora tutelar os cidadãos (todos vulneráveis e meio incapazes, não é?) e tenta promover leis que regrem o comportamento de todos segundo seus "princípios".

Mesmo, nos EUA, os conservadores sempre integraram a direita (aliás, a direita nasce com eles na época da Revolução Francesa), e eles sempre adoraram e continuando adorando querer reger o comportamento de todos segundo seus "princípios". Pessoalmente, acho que os libertários (como, aliás, vem acontecendo) devem deixar a direita para os conservas e seguir um caminho independente. A escritora Ayn Rand já alertava sobre a contraproducência desse enlace para quem de fato defende a liberdade 
 não só econômica mas também individual.

No mais, o texto é ótimo e mostra bem o quanto é confuso, para qualquer pessoa mais exigente, essa polarização esquerda-direita neste início de século XXI.

Sou de esquerda ou de direita?

Li a pesquisa do Datafolha publicada na Folha de domingo passado, e tentei entender se sou de esquerda ou de direita. Não consegui concluir. As frases propostas à apreciação dos entrevistados me deixam hesitante; sempre preciso completá-las (com adversativas e reservas) para poder concordar ou discordar.

Por exemplo, o "governo deve ser o maior responsável por investir para a economia crescer". É uma ideia que deveria seduzir meu lado esquerdo. Mas não sei se houve uma época da minha vida em que eu não desconfiasse da intervenção do Estado na vida da gente. No Brasil de hoje, então, nem se fala: qualquer aumento da presença do governo agita visões pavorosas de corrupções crônicas e de burocracias acomodadas e ineficientes.

Em geral, a geração à qual pertenço, a dos baby boomers, não gosta de Estados e governos. Alguns de nós (uma pequena minoria) cresceram e militaram num isolamento cultural que os deixou à margem da revolução libertária dos anos 60 --isso, sobretudo em países que, na época, eram dominados por ditaduras, como o Brasil. Mas, para a grande maioria dos baby boomers, sonhar com justiça e dignidade para todos nunca significou confiar em Estados, governos, entidades coletivas, partidos e opiniões dominantes.

Conheci de perto (apesar do cheiro) alguns moradores de rua de Paris e Nova York que não se deixam levar para um abrigo nem nas piores noites do inverno, porque não aceitam ter que ouvir um sermão ou uma missa em troca de calor, sopa e colchão. Eles são meus heróis. Nossa tendência é outra: aceitamos facilmente a tutela moral de Estados e governos, como se fosse normal retribuir assim os benefícios da social-democracia.

Regra: o Estado que parece pagar a conta (embora ele pague com nossos impostos) sempre se sente autorizado a expandir sua tutela moral sobre nós. E eu tenho repulsa por qualquer tipo de tutela. Nisso e por isso, sou libertário. Como isso funciona com direita e esquerda?

Houve uma época em que, nos EUA, a direita era libertária (como se espera da direita, ela não gostava que o governo se metesse na vida da gente). Por exemplo, a direita libertária podia detestar gays e lésbicas, mas não por isso reconheceria ao Estado o direito de dizer o que se pode e o que não se pode na vida sexual e afetiva das pessoas.

Isso acabou: a direita de hoje adora tutelar os cidadãos (todos vulneráveis e meio incapazes, não é?) e tenta promover leis que regrem o comportamento de todos segundo seus "princípios".

Será que a esquerda, então, herdou o antigo espírito libertário da direita? Nem um pouco. Quando a direita começou a querer transformar suas crenças em legislação, a esquerda fez a mesma coisa, com um agravante: ela se tornou hipócrita (ela sempre declara querer o bem de todos, até dos que ela persegue).

Um exemplo. Hoje o Brasil recebe François Hollande, presidente da França. O governo (de esquerda) de Hollande é responsável por uma recente proposta de lei pela qual 1) é preciso abolir a prostituição e 2) o jeito é penalizar os clientes das prostitutas, com multas e prisão (leis parecidas já foram tentadas na Suécia e na Noruega, com resultados pífios e sinistros para as prostitutas).

Sugiro que nossa presidente ofereça a seu colega francês o livro de Adriana Piscitelli, "Trânsitos - Brasileiras nos Mercados Transnacionais do Sexo" (Uerj).

Além de ser um bom exemplo da qualidade de nossas pesquisas, o livro lembraria a Hollande que somos menos hipócritas que seu governo: sabemos que o verdadeiro problema que o governo francês quer resolver não é a prostituição (e ainda menos a prostituição forçada), mas a imigração de mulheres, que tentam ser livres trabalhadoras do sexo e que, em geral, não são vítimas nem de traficantes, nem de cafetões, nem de seus clientes.

Cher M. Hollande, bem-vindo ao Brasil. A França pode tomar decisões erradas, como todo mundo, mas, pela cultura e pelas ideias que ela representa sobretudo nos últimos dois séculos, ela não pode, não deve se permitir ser ridícula. Merci.

Agora, uma palavra, em aparte, a Dilma Rousseff: Presidente, pode ser que a gente já tenha decidido comprar os Rafales, mas os franceses não sabem disso. Será que poderíamos negociar? Vamos comprar seus caças, mas vocês deixem suas prostitutas em paz? Seria generoso, e alguns brasileiros e brasileiras na França agradeceriam.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Dracula Episódio nº: 4: From darkness to light (Das sombras à luz)



Grayson decide que é hora de ganhar o coração de Lady Jayne. Enquanto isso, Lucy esconde, em meio aos planos entusiasmados de organização da festa de noivado de Mina e Harker, seus sentimentos pela amiga. Greyson utiliza um velho amigo para seus planos de vingança. Já os esforços para Dracula conquistar a luz do Sol avançam, mas logo enfrentam um obstáculo. As pesquisas de Van Helsing para permitir que Grayson ande sob a luz do dia encontra como obstáculo o fato do vampiro não ter coração.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

"Tempestade perfeita" dos economistas significa que nosso bolso pode passar por séria crise


Economistas discutem a chamada "tempestade perfeita" que, resumidamente, segundo a economista Claudia Safatle, é o
Mercado externo praticamente fechado para novos créditos a países emergentes, economia da China em franca desaceleração, aperto do crédito doméstico pelos bancos privados, famílias endividadas, queda da produção industrial, fim do crescimento acelerado do emprego, inflação resistente e juros em alta. (A tempestade perfeita)
Abaixo também texto de Celso Ming e o áudio do Globo News Painel, deste último sábado, sobre o tema, com os economistas Luiz Gonzaga Beluzzo, da Facamp, Monica de Bolle, sócia-diretora da Galanto Consultoria e professora da PUC-RJ e Samuel Pessoa, sócio da Reliance Consultoria e pesquisador do Ibre/FGV.

Para nós, leigos, significa que podem vir raios e trovoadas para nossos bolsos. Um pouco de paciência com o tal do Beluzzo, chatinho mesmo, porque o áudio vale a pena.

Tempestade perfeita

Celso Ming - O Estado de S.Paulo

O ex-ministro da Fazenda Delfim Netto vem advertindo, como na entrevista publicada nesta edição na página B4, que a economia brasileira corre o risco de ter de enfrentar uma tempestade perfeita se a presidente Dilma não der um passo decisivo para a recuperação da confiança.

A desconfiança é fato repisado, ainda que o governo a todo tempo tente desqualificá-la como obra de pessimistas profissionais. Mas não dá para negar os problemas. O crescimento econômico é insatisfatório, como ainda ontem atestou o IBC-Br, do Banco Central (veja o Confira): o governo federal gasta mais do que pode; as contas externas estão em deterioração e os dólares continuam saindo mais do que entrando; a inflação anual continua no sexto andar e por aí vai. Nesse ambiente pouco animador, o empresário trava seus investimentos por aqui e começa a sair do Brasil.

A tempestade perfeita, para o ex-ministro Delfim Netto, acontecerá se esse clima persistir na temporada de reversão da política monetária, fortemente expansionista, empreendida pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). À medida que menos dólares forem emitidos (hoje são à proporção de US$ 85 bilhões por mês) e que a oferta de moeda estrangeira escassear, o câmbio interno poderá passar pelas turbulências já conhecidas.

Outro rombo que se abriria no casco do navio seria o rebaixamento da qualidade da dívida brasileira pelas agências de qualificação de risco, fator que provocaria rejeições de títulos e outros ativos do Brasil. Mas não precisaria tudo isso. Efeito parecido com esse poderia ser causado pelo simples rebaixamento da dívida da Petrobrás, que teria alto poder de contaminação na economia.

Para Delfim, bastaria que a presidente Dilma assumisse o compromisso firme de que o governo fará uma economia de 2% do PIB (cerca de R$ 96 bilhões) por ano, destinada a amortizar a dívida (superávit primário), para que a política econômica começasse a passar firmeza e, nessas condições, a tempestade poderia ser enfrentada sem avarias de monta para o navio. Nesse caso, teria de basear-se em cálculo transparente das contas públicas, sem os truques contábeis inventados em 2012 pelo secretário do Tesouro, Arno Augustin, o mesmo que vem denunciando a existência de ataques especulativos contra as finanças do governo.

A outra ideia destinada a aumentar a credibilidade do governo, sugerida também por Delfim, seria a aprovação da Lei Complementar que desse autonomia ao Banco Central. Mas a presidente Dilma tratou de esvaziar esse balão.

Se não por outras razões, pelo menos por ser trunfo eleitoral não desprezível, a presidente Dilma parece mesmo precisada de um par de asas que pudesse ser proporcionado por uma nova Carta ao Povo Brasileiro, o compromisso solene feito em 2002 pelo então candidato Lula à Presidência da República. Por enquanto, não há sinais disso. Mas, se os serviços de meteorologia confirmarem a formação da tal tempestade perfeita, o governo será pressionado a fazer alguma coisa.

Fonte: Estadão, 15 de novembro de 2013

Ouça abaixo o Globo News Painel, 07/12/2013

Economistas falam sobre o andamento e sobre o futuro da economia brasileira Debate com William Waack e três economistas: Luiz Gonzaga Beluzzo, da Facamp, Monica de Bolle, sócia-diretora da Galanto Consultoria e professora da PUC-RJ e Samuel Pessoa, sócio da Reliance Consultoria e pesquisador do Ibre/FGV.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Dois textos contra o esquerdireitismo: Tempo de radicais e Párias do Bom senso

Ser extremista é fácil porque não exige muito esforço intelectual. Basta tratar as coisas na base do preto ou branco, arrumar algum bode-expiatório, para culpar pelas mazelas do país e da vida, e sair combatendo esse suposto inimigo. Nesses tempos de guerra, também não há lugar para dubiedades, vacilos. Então, quem não estiver do seu lado estará contra você. Incluindo aí a realidade. Daí que melhor acabar com ela.

Assim se encontra a situação em que vivemos no Brasil de hoje: como sempre digo, um fla-flu permanente entre esquerdistas e direitistas, onde “ou se torce apenas pelo cordão vermelho ou pelo cordão azul”. Sério que faz tempo não via tanta gente estúpida assim reunida. Até as recentes celebrações pela vida e obra de Nelson Mandela viraram pretexto para as duas torcidas vomitaram seu besteirol infindável.

Felizmente, contudo, há luz no fim do túnel: cada vez mais pessoas de bom senso se dão conta desse fla-flu e buscam, ainda tateando, uma saída para o contexto preocupante. Cito dois textos que questionam essa tendência de polarização imbecil. Tempo de radicais é do Pedro Doria e Párias do bom senso do Luiz Caversan. Apreciem, nesse caso, sem moderação. 

Tempo de radicais

O diálogo político se tornou impossível. Ninguém mais busca o meio termo. E parte da culpa é da internet

O incômodo é visível. Em sua coluna na Folha de S. Paulo, o veterano jornalista Luiz Caversan anunciou que pretendia tirar férias de Facebook. O radicalismo das pessoas na rede está intolerável. Em um artigo recente, Frei Betto foi outro a se queixar dos radicais à esquerda e à direita. Cá no GLOBO, ontem, Ricardo Noblat desdenhou do país onde, on-line, “se torce apenas pelo cordão vermelho ou pelo cordão azul”. Míriam Leitão foi uma das primeiras, uns domingos atrás. Os radicais, em sua opinião, pioram a qualidade do debate. A polarização política é um fenômeno muito mais nocivo do que parece. Não é um fenômeno apenas brasileiro. E, não à toa, coincide com a popularização da internet. A tendência, aliás, é de que piore.

Em Israel, a esquerda foi sufocada e o governo de direita se radicalizou como nunca na história do país. Na Espanha, da virada do século para cá, o espaço de diálogo entre eleitores do socialista PSOE e do PP praticamente se extinguiu. Idem nos EUA, onde republicanos e democratas não se entendem desde o dolorido embate eleitoral que culminou com a questionável eleição de George W. Bush, em 2000. Este período, entre finais dos anos 1990 e o início da década seguinte é marcado pelo surgimento dos blogs e, com eles, as caixas de comentários. A partir daí, o crescimento das redes sociais. Não há coincidência.

Polarização não ocorre apenas quando o centro desaparece. A coisa é mais complexa. É natural que todos tenhamos paixões por certos temas. Pode ser o casamento gay para um, educação para outro, política econômica na cabeça do terceiro. Duas ou três questões costumam nos ser caras. Para as outras, na maioria das vezes somos ambivalentes, no máximo simpáticos a uma opção.

Quando o ambiente se polariza, porém, as pessoas se alinham a um ou outro grupo ideológico. Sentem-se na obrigação de defender até aquilo que não lhes é caro. O resultado é que as possibilidades de diálogo desaparecem. Afinal, quando tudo é muito importante, ninguém cede. Acordos tornam-se inviáveis.

Jogue “polarização política” no Google, porém, e poucos artigos científicos aparecerão. O tema mais definidor da política brasileira no momento é pouco estudado. Talvez porque, polarizadas, as pessoas que se interessam por política andam mais preocupadas em derrotar o outro lado do que dar um passo atrás e perceber que há algo de errado.

Nos EUA, onde o número de cientistas é inacreditável e tudo se estuda, já há pistas fartas. A primeira é que, para a maioria das pessoas, nada mudou. A população continua onde sempre esteve, não se radicalizou. Quem se radicalizou foi o pequeno grupo de eleitores que mais acompanha política. Como é para este grupo que políticos costuram seus discursos, também eles tornam-se mais radicais. Um estudo do professor Markus Prior, da Universidade de Princeton, avaliou se houve mudança na imprensa nas últimas décadas. Não a descobriu na imprensa tradicional: a cobertura dos fatos, nos EUA, se dá por um ponto de vista de centro. Nas páginas editoriais há uma tendência ligeira à esquerda, mas pouca. Não é assim, lá, para a imprensa que surgiu mais recentemente: canais a cabo de notícias, por exemplo, além de sites e blogs. Aí é tudo extremo, à direita ou à esquerda.

A internet cria o que o ativista Eli Pariser, autor do livro The Filter Bubble, chama de bolha. Lá, as pessoas procuram apenas aqueles sites onde lerão o que reitera suas crenças. Quando comentam em comunidades nas quais todos concordam, só há uma maneira de se destacar. Ou seja, sendo mais puro ideologicamente.

Na opinião de Pariser, aquela que já é uma tendência humana é amplificada pela maneira como a internet contemporânea funciona. Facebook e Google aprendem com aquilo que curtimos, clicamos, lemos, comentamos. Como querem nos ajudar a encontrar o que nos interessa, mostram mais do mesmo. E mais do mesmo é a reiteração da bolha. Lemos tanta gente com quem concordamos que o diálogo com os outros vai ficando mais difícil.

É uma febre. Depende de cada um escolher alimentá-la ou buscar o diálogo com quem discorda.

Fonte: Pedro Doria, O Globo, 26/11/2013

Párias do bom senso

No tempo de faculdade, em plena ditadura militar, havia, como se sabe, o que se convencionou chamar de movimento estudantil: diversas agremiações de tendências também diversas, mas todas pendendo à esquerda do espectro político, que faziam o que podiam (muito pouco na verdade) para se opor à opressão política, cultural, comportamental imposta pelo regime militar.

Você tinha que pertencer a alguma desses grupos (Libelu, Refazendo, Caminhando, outras menores e mais radicais...), caso contrário era identificado ou como inocente útil, jargão que definia quem ingenuamente se permitia ser manipulado pela ditadura, ou adesista mesmo, um perigo, posto que poderia eventualmente ser um delator, condição abominável quando pessoas eram mortas nos porões da polícia política.

De outro lado, os agentes da repressão, infiltrados ou não, entendiam que todos os que não fossem fiéis à ideologia fardada que regia o país eram subversivos em potencial, portanto precisavam ser identificados, monitorados, eventualmente punidos.

Não havia como querer ter um posicionamento público e ao mesmo tempo ser neutro, pensar diferente, procurar algo novo para você mesmo, era preto ou branco, ou o Brasil do AI-5 ou o Brasil do sonho revolucionário.

Quer dizer, até havia o comportamento derivado contracultura, que passou pelos movimentos beatnik, hippies e pós hippie, com pitadas do punk inglês então nascente e algum anarquismo. Era a pegada com a mais me identificava, embora fosse simpático e apoiasse tantas das posições dos grupos de esquerda, mas me recusasse a me alinhar incontinenti.

Grosso modo, quem não pertencia a nenhum dos grupos do movimento estudantil nem era adepto da ditadura, mas mantinha posições político-ideológica independentes acabava sendo tratado mais ou menos como pária.

Não adiantava você ser simpático a algumas posições da Libelu, mas gostar de certas propostas da Caminhando, tampouco frequentar ambientes do Refazendo sem levantar suspeitas.
Neste contexto, o bom senso cedia inexoravelmente ao "centralismo democrático", no qual você tinha que fazer o que a direção do grupo decidia. Ponto. Ou então vai ser de direita na vida, meu filho.

Em maior ou menos escala dependendo do grupo era assim, e talvez tivesse mesmo que ser assim, porque, como disse, do outro lado estava a farda, o camburão, o pau de arara, tortura, desaparecimentos, mortes.

Estou falando aqui de 1974/1980, ou seja, quase 40 anos atrás.

Nestas décadas que se seguiram houve de um tudo: o regime se abriu, a anistia chegou, os militares se foram, os exilados voltaram, houve a Constituinte, as eleições tornaram-se novamente diretas e legais, os comunistas também, acabou o bipartidarismo, teve Collor, teve impeachment, teve a transição mineira do Itamar, teve Sir-Ney, teve oito anos de tucanos, mais tantos anos de lulismo, o Brasil cresceu, a inflação de incontáveis dígitos se foi, veio o rótulo de emergente Bric, vive-se o estado democrático de direito tão sonhado durante tanto tempo.

PETRALHAS E TUCANÓIDES

Este resumo infiel e impreciso serve apenas para descrever um desalento, uma tristeza de constatar que depois de tudo isso cá estamos nós a viver sem nuances, sem meios termos, em meio a iras inconformadas, estimuladas sobretudo pela proteção covarde oferecida pelas redes sociais.

Mais uma vez, é preto ou é branco, é contra ou a favor, governo ou oposição, Dilma heroína, Dilma pulha.

Se você elogia qualquer coisa que o governo faça ou proponha, pobre de ti, será escorraçado como adesista, lulista, dilmista, petralha, canalha.

Se você faz crítica a alguma falha deste governo, danou-se: fascista, burguês, coxinha, tucanóide, daí para baixo.

Os ambientes de debate público, do botequim ao Face, tornaram-se o tanque onde se lava a roupa suja de uma história mal resolvida e de um percurso em que aparentemente muito pouco se aprendeu.

Assim como nos anos 70, quem ousa discordar é colocado à margem, como se fosse obrigado ou a ser revolucionário ou a ser fascista.

Não basta ter bom senso, não basta ser a favor do Brasil.

Mas a luta continua!

Fonte: Luiz Caversan, Folha de São Paulo, 28/09/2013

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Músicas em homenagem a Nelson Mandela


Lista de músicas em homenagem a Nelson Mandela. Fora a música tema do filme Invictus que já publiquei anteriormente, desta leva abaixo, a mais bonita, para mim é a Mandela Day do Simple Minds (de 1989). Seguem a letra e a música abaixo. Publico também a lista do Sérgio Martins (VEJA) das melhores homenagens musicais ao líder sul-africano.

Mandela Day
It was 25 years they take that man away
Now the freedom moves in closer every day
Wipe the tears down from your saddened eyes
They say Mandela's free so step outside
Oh oh oh oh Mandela day
Oh oh oh oh Mandela's free

It was 25 years ago this very day
Held behind four walls all through night and day
Still the children know the story of that man
And I know what's going on right through your land

25 years ago
Na na na na Mandela day
Oh oh oh Mandela's free

If the tears are flowing wipe them from your face
I can feel his heartbeat moving deep inside
It was 25 years they took that man away
And now the world come down say Nelson Mandela's free

Oh oh oh oh Mandela's free

The rising suns sets Mandela on his way
Its been 25 years around this very day
From the one outside to the ones inside we say
Oh oh oh oh Mandela's free
Oh oh oh set Mandela free

Na na na na Mandela day
Na na na na Mandela's free

25 years ago
What's going on
And we know what's going on
Cos we know what's going on

Fonte:Vagalume

U2: “Ordinary Love”



 The Specials: “Free Nelson Mandela”

 Hugh Masakela: “Mandela (Bring him back home)”

Santana: “Mandela”


Youssou N’Dour: “Nelson Mandela” 

Tracy Chapman: “Freedom Now” 

Simple Minds: “Mandela Day”


Johnny Clegg: “Asimbonanga” 


Invictus


Fonte da compilação: Amo la Musica, 06/12/2013

Lista de Sérgio Martins das melhores homenagens musicais ao líder sul-africano

Compartilhe

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites