8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Black Blocs: anarquistas de araque que atuam como tropa de choque dos políticos bandidos

Na mesma linha do meu texto Quero game over para os black blocs (ou Batman nunca esteve ao lado de Bane), o jornalista Nelson Motta publicou, em O Globo de 13/09/2013, o artigo abaixo em que também tira a máscara dos revolucionários de araque dos black bostas, ou belas bostas, se preferirem, e mostra o poder de sua ação deletéria sobre a democracia brasileira. Não podia deixar de registrar.

O poder da burrice

Atuando como tropa de choque dos políticos bandidos, esses anarquistas de araque não sabem que são apenas fascistas, e usam as liberdades e garantias da democracia para ameaçá-la

Todos os governantes, políticos, empresários, juízes, policiais e burocratas corruptos estão aliviados e serão eternamente gratos aos black blocs e vândalos em geral, que lhes prestaram o grande serviço de expulsar das ruas as manifestações populares que exigem mudanças urgentes e têm neles os seus principais alvos. Por ignorância e estupidez, fazem de graça o trabalho sujo em favor do que há de pior no Brasil. E ainda se acham revolucionários… rsrs

Em São Paulo, um idiota mascarado dizia na televisão que o seu objetivo era dar prejuízos a empresas multinacionais do bairro. Se fosse o repórter, eu lhe perguntaria se ele nunca imaginou que a única consequência de uma vitrine de banco quebrada é o seguro pagar uma nova. E, se o seguro ficar mais caro, os bancos repassam o aumento para todos os seus clientes. Mas a anta encapuzada acha que está combatendo o capitalismo… rsrs

Outro bobalhão, no Rio, encurralado por um policial, exibia o cartaz “não há revolução sem violência”, mas não quer que o Estado democrático se defenda da revolução dele com todos os meios, inclusive a violência. As cenas das turbas desembestadas escoiceando vitrines, pulando em cima de carros, derrubando e incendiando latas de lixo, não evocam a queda da Bastilha ou as revoltas de maio de 68, mas as imagens grotescas e os grunhidos do “Planeta dos macacos”.

A violência é humana e pode ser legítima, criminosa, doentia, perversa, criadora, gratuita, justa ou inevitável, pode até ser o motor da história, e a sociedade democrática tem que conviver com ela e encontrar um equilíbrio entre os direitos individuais e coletivos. Mas nunca foi tão burra como agora no Brasil.

Atuando como tropa de choque dos políticos bandidos, esses anarquistas de araque não sabem que são apenas fascistas, e usam as liberdades e garantias da democracia para ameaçá-la, impedindo que a população ocupe as ruas duramente reconquistadas da ditadura e livrando os verdadeiros inimigos do povo da pressão popular. Nunca tão poucos, e tão burros, deram tanto prejuízo a tantos, não a bancos e seguradoras, mas à democracia no Brasil.

Nelson Motta é jornalista

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Quero game over para os black blocs (ou Batman nunca esteve ao lado de Bane)

Batman nunca esteve ao lado de Bane
Depredações de pontos de ônibus, bancas de jornal, sinais de trânsito, orelhões, semáforos, lixeiras, vitrines de lojas e agências bancárias, etc. afetam apenas a vida da população e não a qualquer “sistema”. Os “eike batista” não pegam ônibus, não pagam contas em caixa eletrônico, são amigos do rei, e ficam tão incomodados com as ações dos revolucionários de araque quanto ao ser picados por um mosquito.

Pela imprevisibilidade de suas consequências, ações violentas só se justificam em situações muito específicas, contra alvos muito focados, com objetivos bem determinados e logística precisa. Senão são mera expressão de indignação irracional que frequentemente se torna tiro no pé. É a velha história do pessoal que incendia ônibus em protesto pela precariedade do transporte público tornando o transporte ainda mais deficiente.

O resultado da “estratégia” violenta dos black blocs é um desastre:

· Onera ainda mais a população (usuária dos serviços quebrados a ser recuperados com o dinheiro dos “contribuintes” via impostos) e dá mais trabalho ao garis;

· Afasta a população das manifestações de rua, isso num momento do país quando elas precisariam virar rotina. (Os coxinhas não querem ficar no fogo cruzado entre a polícia e os anarcotários e correr o risco de levar na coxinha, nos olhinhos, na cabecinha, como costuma acontecer. E foram os coxinhas que fizeram das manifestações de junho um fato memorável, para ficar nos anais da História);

· Prejudica a economia (calcula-se já em 15 bilhões de reais o prejuízo causado pelas manifestações de rua desde junho), levando os comerciantes a buscar empréstimos nos bancos para arcar com as perdas inesperadas, ironicamente contribuindo com o sistema capitalista que os BB dizem combater;

· Mela a imagem de todos os libertários, pois reforça o estereótipo do anarquista como meramente um desordeiro acéfalo e violento que quer espalhar o caos. É a anarquia na acepção popular e pejorativa do termo;

. Leva a medidas repressivas, como a recente proibição do uso de máscaras em manifestações, sendo que algumas máscaras, como a do Anonymous (V de Vingança), já eram até marca registrada dos últimos protestos de rua. Naturalmente que as máscaras não são o problema, mas quando usadas para esconder a identidade de quem pratica vandalismo, tudo muda de figura;

· Dá munição aos conservadores que, por causa das depredações, desde junho, procuram desqualificar todos os protestos, embora a princípio estes tenham sido majoritariamente pacíficos. A cada vandalismo dos black bostas, os conservadores marcam um ponto.

Concluindo, em um texto sobre os black blocs, li que os ditos, considerando que a estratégia da não-violência empregada por Gandhi, Luther King, Mandela, etc., não chamaria mais a atenção da grande imprensa (?), decidiram partir para campanhas de destruição de propriedade privada a fim de resgatar a atenção dos meios de comunicação e demonstrar simbolicamente seu repúdio a alguns símbolos do avanço do capitalismo transnacional.

Primeiro, há que se questionar de onde tiraram a ideia de que ações não-violentas não chamam mais a atenção da mídia. As grandes paradas gays, mundo afora, festivas e pacíficas, atraem permanente atenção da mídia e cumprem seu propósito de combater o preconceito contra as pessoas homossexuais. As próprias manifestações de junho, majoritariamente pacíficas, atrairam a atenção da imprensa por sua grandeza, por serem fato notável, e não por causa do vandalismo que, aliás, a maioria da população repudia.

Segundo, Gandhi, Luther King e Mandela, com ações não-violentas e conciliatórias, tinham propósitos claros e foram muito bem sucedidos. Tiraram o império britânico da Índia, acabaram com a segregação e o apartheid raciais em seus países sem banhos de sangue. Sua intenção não era chamar a atenção da mídia e sim combater o colonialismo e o racismo e libertar seus povos com o mínimo de perdas humanas. A mídia foi apenas um instrumento a mais para a multiplicação dos ideais desses grandes homens. Qual o objetivo dos black bostas? Chamar a atenção da mídia para seu repúdio ao capitalismo transnacional? Tenham dó! Já imaginou se todos fossem para as ruas demonstrar de forma violenta seu repúdio contra todas as mazelas do país e do mundo? Estaríamos numa guerra civil, o que ninguém duvide ser o sonho de muitos desses psicopatas.

Os black bostas apenas jogam um game violento com os robocops do Estado para ver quem ganha o troféu da estupidez e da truculência. Ao que tudo indica, buscam uma vítima fatal para ostentar como prova da brutalidade da polícia e do sistema, em um cenário por eles mesmos armado com atos de violência que a polícia se vê obrigada a reprimir, pois para isso é paga. Dada à deficiência de formação democrática da polícia brasileira (inclinada à truculência e ao autoritarismo, fora a inépcia estratégica das ações de contenção de arruaceiros), do resultado atual das manifestações, com gente ferida, atropelada, cega por balas de borracha, intoxicada por sprays de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo, pode-se passar, se essa rotina de depredações continuar, para a produção de um cadáver a ser debitado unicamente na conta dos robocops, como se os black bostas fossem apenas vítimas e não também protagonistas e cúmplices desse cenário explosivo.

Quero game over para os black bostas, esses paladinos do niilismo que, embora se digam anarquistas, apenas reforçam o poder do Estado, legitimando sua necessidade e suas ações mais repressivas.

E antes que me esqueça. Batman nunca esteve do mesmo lado que Bane!

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Fernando Gabeira: A esquerda sensata!

CORRUPÇÃO O jornalista Fernando Gabeira. “A condenação dos acusados
 no mensalão foi uma advertência” (Foto: André Arruda/ÉPOCA)
A entrevista de Gabeira à Época merece registro por ser exemplo de uma esquerda sensata, com o pé na realidade, que pode ser a interlocutora privilegiada das vozes liberais-libertárias que começam a se expandir no Brasil. 

Sublinho os trechos que me pareceram mais relevantes na versão impressa (se bem que a entrevista toda valha a pena) e destaco o seguinte trecho da fala do vídeo que segue ao fim da postagem.
"O que é uma atividade pedagógica para um black bloc? É quebrar, queimar, entende?, na perspectiva de que todo o mundo vá quebrar e queimar também. Na verdade, é uma expectativa equivocada porque a maioria da população brasileira desde aquela época (se refere à época da luta armada nos anos 60/70) rejeita as soluções violentas para a política."
Fernando Gabeira: "O Estado se tornou uma extensão do PT"
Afastado da política, o jornalista e escritor diz que ainda se considera de esquerda, critica os governos petistas e não vê mais o socialismo como alternativa viável

JOSÉ FUCS
Ex-guerrilheiro, ex-deputado federal, jornalista e escritor, Fernando Gabeira já se reinventou várias vezes. Aos 72 anos, decidiu deixar a política – embora continue filiado ao PV e ainda dê palestras ocasionais para militantes do partido – e voltar ao jornalismo. Em seus artigos, publicados quinzenalmente no jornal O Estado de S. Paulo, tem batido no PT, no governo e no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Gabeira lançará um programa de reportagens na GloboNews, com estreia prevista para domingo dia 8. Nesta entrevista a ÉPOCA, ele afirma que o socialismo deixou de ser uma opção viável de poder e critica o aparelhamento do Estado pelo PT. 

ÉPOCA – Ao longo de sua trajetória política, o senhor passou pela luta armada, pelo PT e pelo PV. Hoje tem sido um crítico do PT, do governo e da esquerda. O que aconteceu?
Fernando Gabeira – O que mais me incomoda é a sensação de que você é detentor de uma verdade importantíssima e de que todos os seus atos devem ser relevados por isso. O que me distingue dessa esquerda é que, para mim, os fins não justificam os meios. É preciso trabalhar dentro dos critérios democráticos. Também me incomoda que, uma vez no poder, eles se sentem os donos do Estado. O Estado brasileiro passou a ser uma extensão do PT. A política externa brasileira é do partido, e não nacional. Isso também me incomoda muito. O Brasil se apresenta ao mundo com as limitações mentais, ideológicas, do PT. Tenho vergonha de um presidente da República, como o Lula, que diz que a oposição no Irã parece uma torcida de futebol. Tenho vergonha de um presidente que diz que os presos políticos em Cuba são semelhantes aos presos comuns no Brasil. Ao se atrelar a alguns países da América do Sul, abandonando a possibilidade de relações com o resto do mundo, eles prestam um desserviço. Não que a integração regional não seja importante, mas o Brasil precisa se abrir também para outros centros, com uma capacidade tecnológica maior. Você não pode associar seu destino a esse grupo de países, como eles fizeram, por causas ideológicas.

ÉPOCA – Como o senhor analisa os 12 anos do PT no poder, com Lula e Dilma, do ponto de vista político?
Gabeira – Politicamente, o grande problema do PT foi ter prometido uma renovação ética no Brasil – e, ao chegar ao governo, aliar-se aos políticos que eles criticavam, recorrer aos mesmos métodos usados antes e incorporar outros igualmente condenáveis. Nesse aspecto, o PT significou algo muito negativo para o Brasil, porque, no fundo, dizia que quem propõe mudar ou traz a esperança está apenas enganando a população, e que os artífices da esperança são os mesmos que construirão uma nova armadilha. Isso acaba se transformando em aumento do voto nulo e do voto em branco. Leva a um rebaixamento da legitimidade do poder constituído.

ÉPOCA – Em sua opinião, a condenação dos réus no processo do mensalão poderá levar a uma mudança na forma de fazer política no Brasil?
Gabeira – Considero a condenação dos acusados no mensalão uma grande advertência. Primeiro, porque ataca a corrupção política. Segundo, porque mostra ao homem comum que o acesso à Justiça não é impossível. Eles gastaram mais de R$ 60 milhões com honorários de advogados e perderam. Isso traz uma expectativa de que haja mais cuidado na prática política e de que a Justiça seja feita com mais frequência. Agora, pelo que conheço do Congresso, jamais haverá mudança que não seja imposta. Eles só mudarão forçados pelo instinto de sobrevivência. Existe no Brasil uma tendência de o eleitor esquecer em quem votou. Esquecendo em quem votou, você não tem a quem cobrar. A população precisa ter o nível de vigilância e de cobrança permanente que os americanos têm em relação a seus congressistas."O brasileiro precisa cobrar seu congressista como os americanos cobram"

ÉPOCA – Até que ponto as manifestações de junho devem contribuir para essa mudança?
Gabeira – Essas manifestações foram muito positivas. Elas desfizeram a sensação de que tudo ia bem, de que vivíamos numa prosperidade e estávamos supersatisfeitos. Mostraram que a população está insatisfeita com os serviços que recebe pelos impostos que paga, com a corrupção e com o governo. Essa demonstração alterou muito o quadro, inclusive a psicologia e o comportamento dos próprios políticos. Pelo menos, aquela arrogância, aquela distância em relação à população, desapareceu. Isso tudo constituiu algo novo e bom no Brasil. Como todas as manifestações de massa, há um momento em que elas refluem. As pessoas não podem ficar permanentemente na rua, a não ser que haja um objetivo claro, que você esteja prestes a derrubar um governo. Não era esse o caso, uma vez que, no Brasil, vivemos numa democracia, e os governos se sucedem por eleições.

ÉPOCA – Como o senhor analisa a violência que tomou conta das manifestações?
Gabeira – Desde o princípio, houve atos de violência, contrapostos pela imensa maioria que participava da manifestação de forma pacífica. Uma vez que os grupos que se manifestavam pacificamente refluíram, sobrou o território para a violência. Hoje, você continua vendo as manifestações como se fossem uma continuidade daquelas que aconteceram em junho, mas não há vínculo real entre esse pessoal que está nas ruas e as multidões que, dois meses atrás, saíram às ruas das principais cidades do país.

ÉPOCA – Durante as manifestações de junho, surgiu o fenômeno da Mídia Ninja. Eles afirmam que a imprensa profissional é parcial. Como o senhor vê essa questão?
Gabeira – Se examinar friamente as manifestações, todos os temas levantados ali nasceram do trabalho da grande imprensa. Queiram ou não, as redes sociais metabolizam o material que vem da grande imprensa. Dentro de suas limitações, a grande imprensa tem de estar atenta a tudo. Se houver alguma coisa nas redes sociais para ela metabolizar, ela metaboliza também. Não tem espaço proibido. Então, não é justo dizer que a grande imprensa manipulou as informações sobre o que aconteceu nesse período. A grande imprensa denunciou insistentemente os fatos que indignaram as pessoas.

ÉPOCA – Parte do PT e outros grupos de esquerda têm uma visão semelhante da imprensa profissional e defendem o “controle social da mídia”. O que o senhor pensa disso?
Gabeira – Na Inglaterra, a partir da experiência dos tabloides, que romperam certos limites e invadiram a privacidade de autoridades e de cidadãos comuns para obter informações, caminhou-se no sentido de equacionar a questão. Só que lá quem comandou o processo foi um governo conservador, nitidamente desinteressado em controlar a imprensa. No Brasil, todas as manifestações em defesa do controle social da mídia surgem do PT, num contexto latino-americano em que os controles são, na verdade, tentativas de censura – com o uso de instrumentos clássicos da esquerda, chamados de “sociais”, mas que são aparelhados pela própria esquerda. Quando o PT diz “é preciso o controle social da mídia”, está dizendo “é preciso o controle social da mídia, sobretudo o controle social por parte de entidades que nós controlamos”.

ÉPOCA – Hoje, 25 anos depois da queda do Muro de Berlim, o socialismo ainda faz algum sentido? O capitalismo venceu?
Gabeira – Não há dúvida de que o capitalismo predominou e o socialismo deixou de ser uma alternativa desejável. Isso não significa que algumas ideias de esquerda e de direita não continuem presentes no universo político. Certas ideias de que as pessoas são culpadas pela própria pobreza continuam existindo. Certas ideias de que as pessoas precisam ser protegidas na velhice, ter uma aposentadoria digna, também continuam aí. Hoje, não se fala mais tanto em capitalismo versus socialismo. Fala-se mais numa forma de modernizar e democratizar o capitalismo.

ÉPOCA – Vários de seus artigos recentes geraram críticas duras da esquerda. Até de “reacionário” já o chamaram. O senhor ainda se considera alguém de esquerda?
Gabeira – Considero-me uma pessoa de esquerda. Não me importo muito com as críticas, vejo como algo normal na política. Pessoas que admiro muito, como o poe­ta Octavio Paz, também foram chamadas de reacionárias em vários contextos. Às vezes, também chamo o pessoal do PT de reacionário, porque, no meu entender, tudo o que detém o avanço é um gesto reacionário. Tudo depende do ponto de vista.

ÉPOCA – O senhor ainda acredita na transformação do homem, no surgimento de um “novo homem”?
Gabeira – Não acredito mais nisso. Não acredito em “novo homem”. Aliás, essa coisa de criar o “novo homem” serviu para muita repressão. Os homens que não cabiam nesse modelo costumavam ser fuzilados. Entre os obstáculos para o Brasil atual está uma série de ideias e de comportamentos que seguram o país. Existe uma vontade normal de, pelo menos, sintonizar o país com o que ele tem de mais moderno. Hoje, a província da política não está sintonizada com o que o Brasil tem de mais moderno. Acredito hoje em ajustar esse polos.

Francisco Weffort: “O PT se desnaturou completamente” 
Alain Belda: "O país melhorou, mas o governo não" 

sábado, 7 de setembro de 2013

A Burka dos Boçais ou Os Cavalheiros da Tristíssima Figura!


Caetano Veloso, o cavalheiro da tristíssima figura
O Tico Santa Cruz não ficou tão ridículo de burka porque ainda é jovem, mas Caetano Veloso e Chico Buarque ficaram prakabá nessas fotos, como dizem nas redes sociais. Vergonha alheia. Tristíssimas figuras decadentes endossando comportamentos delinquentes. Lamento sobretudo por Caetano essa decadência, já que é compositor de mérito, a quem admiro artisticamente.

Em termos políticos, contudo, todo o mundo - que não é desonesto - sabe que o problema não são as máscaras e sim o vandalismo dos que se escondem atrás delas. Pessoas sempre foram a manifestações com várias indumentárias e, nas manifestações contra a corrupção, as máscaras do V de Vingança se firmaram inclusive como uma das marcas registradas dos protestos. Não eram problema porque não estavam escondendo vândalos. Agora estão.

Tristíssima Figura 2
Por isso, as autoridades meio atabalhoadamente primeiro decidiram proscrevê-las nas manifestações, agora parece que vão permitir. Uma palhaçada que não tem fim. A falta de pulso das autoridades no sentido de coibir a violência desses manés ameaça o Estado de Direito no país. O Brasil está ficando refém dessa gente absurda, medíocre, niilista, com aval de figuras decadentes, atuando deleteriamente não se sabe se para aparecer ou se por coisa pior. Caetano e Chico estão jogando a própria imagem no lixo e, com ela, até sua obra artística que é relevante. Tristes tempos vivemos novamente.

Gilberto Dimenstein, que ninguém pode acusar de direitista, acertou em cheio na análise (06/09, FSP) que fez do comportamento de Caetano Veloso, análise que também serve para os demais. Transcrevo:

Máscara de Caetano é uma bobagem

Caetano Veloso se imagina transgressor atacando a proibição de usar máscaras durante a passeata. Estaria defendendo a democracia.

Sua posição é, porém, apenas uma bobagem. E não vejo nada de democrática.

Não vou discutir aqui se proibir máscara é legal ou não, deixo o debate para os juristas.

Muito menos democracia se faz com depredação. Mané!
O que discuto é ser solidário com os mascarados: eles usam o artifício para cometer atos ilegais e vândalos, contrários à democracia.

Não vivemos numa ditadura. Qualquer um pode protestar. E mostrar seu rosto protestando.

Para o que tem servido a máscara?

Apenas para tumultuar manifestações sérias e pacíficas, descambando para a violência.

Por acaso atacar lojas e bancos, quebrar o patrimônio público, é democrático?

Caetano quis parecer jovem. Mas apenas se mostrou velho.

Marcelo D2, outro da turma da burka dos boçais
Nada mais velho do que gente que não respeita a lei e usa a violência.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Combate ao vandalismo: Só quem respeita limites sabe o que de fato significa a palavra liberdade

As manifestações de rua, depois de junho deste ano, ficaram reduzidas a pequenos grupos de pessoas em geral mais preocupados em vandalizar o patrimônio público e privado, além de interromper o trânsito, do que em reivindicar qualquer coisa objetiva. Agora, a Justiça decidiu (antes tarde do que nunca) interromper esse ciclo de depredações autorizando a polícia a deter gente mascarada e a impedir bloqueios de estradas. 

Como não podia deixar de ser, distorcendo os fatos e a lógica, o pessoal do Black Bloc e o grupo Anonymous estão chorando a repressão estatal que eles próprios criaram. Obviamente, a questão não está nas máscaras com as quais escondem os rostos. O problema reside nos atos de vandalismo perpetrados pelos que ocultam a cara. 

No caso dos Black Blocs, desde que apareceram, seu nome está relacionado com o quebra-quebra de lojas, agências bancárias, sinalizações de trânsito, etc.. Por isso, eu os apelidei de Black Bostas. Bando de manés simplesmente, com excesso de testosterona e escassez de neurônios. No caso do Anonymous é diferente. Participei de algumas marchas contra a corrupção aqui em Sampa e, em todas, pude ver várias pessoas, esparsamente ou em grupo, usando a máscara do V de Vingança. Fora as máscaras, estavam, como os outros manifestantes, protestando pacificamente. Nunca a polícia os deteve nem os manifestantes se incomodaram com sua presença. Pelo contrário, até lhes tinham simpatia, conhecendo todos a simbologia do personagem. Nesse caso, a máscara do V de Vingança aparecia então como algo simbólico, não como tentativa de ocultar a identidade a fim de cometer delitos.

De junho deste ano para cá, contudo, esconder o rosto passou a ser fundamentado SIM na ideia de ocultar a identidade a fim de cometer crimes impunemente. E agora, no Rio ao menos, a polícia  está autorizada a conduzir à delegacia pessoas que usem máscaras em manifestações, para serem identificadas civil e criminalmente, mesmo que não sejam flagradas cometendo algum delito.

É o que dá a falta de senso das pessoas. Não havia restrição ao uso das máscaras do Anonymous porque eles não estavam envolvidos em ações violentas. Misturaram-se aos black bostas e passaram a agir de forma inaceitável para uma democracia. Embora pra lá de capenga, a democracia brasileira funciona ao menos para dar as pessoas o direito constitucional de se manifestar nas ruas contra qualquer coisa. Na Inglaterra do sr. V, por exemplo, uma tirania, ninguém podia se manifestar contra o governo.

Então, usar máscaras nunca foi o problema. O problema é sim o vandalismo dos que têm usado máscaras para agir impunemente, achando que, ao depredar agências bancárias, vão abalar o capitalismo, entre outras pérolas otárias. No vídeo que posto abaixo, diz-se que o país já perdeu 15 bilhões de reais com as depredações e que elas, ao contrário do que pensam os manés anarcotários, só beneficiam os bancos. Assista e entenda o porquê.

Combate ao vandalismo
Estado de S.Paulo

Finalmente a Justiça começa a criar as condições necessárias para coibir a ação de grupos que se infiltram em manifestações pacíficas para promover atos de vandalismo e de outros que delas se aproveitam para perturbar a circulação, provocar congestionamentos e, assim, à custa dos que neles ficam presos horas a fio, chamar a atenção para suas reivindicações.

Poucos dias depois de o juiz Samuel de Castro Barbosa Melo, da 2.ª Vara Federal de São José dos Campos, proibir o Sindicato dos Metalúrgicos da cidade de bloquear as avenidas paralelas à Rodovia Presidente Dutra, durante uma passeata, foi a vez de a Justiça do Estado do Rio atacar o problema dos grupos de baderneiros mascarados, responsáveis pelas depredações que desvirtuam as manifestações.

Já não era sem tempo, porque a destruição por eles causada vem revoltando a população que aceita e vê mesmo com simpatia apenas os protestos pacíficos. Desde terça-feira, por decisão da Justiça do Rio, a polícia local está autorizada a conduzir a uma delegacia pessoas que usem máscaras em manifestações, para serem identificadas civil e criminalmente, mesmo que não sejam flagradas cometendo algum delito. Foram tomados todos os cuidados para garantir que a medida, tomada a pedido da Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas (Ceiv), não seja burlada.

Para isso, ficou estabelecido, por exemplo, que quem se recusar poderá ser levado à delegacia à força. E ainda que a medida se aplica a todo manifestante que utilizar máscaras ou quaisquer objetos que escondam seu rosto, tais como camisas, capuzes e lenços. Para evitar que policiais cometam excessos, toda abordagem dos mascarados deverá ser filmada. Na delegacia, o manifestante será fotografado e terá suas impressões digitais cadastradas. Essas informações serão enviadas aos responsáveis pelos inquéritos que buscam identificar os vândalos.

A decisão judicial contornou com habilidade a polêmica - que vinha inibindo a tomada de medidas contra os vândalos - sobre a legalidade ou não de proibir o uso de máscara. Segundo o promotor Décio Alonso Gomes, ela não foi proibida, "mas quem esconder o rosto será levado à delegacia para cadastro criminal e depois liberado". Pode recolocar a máscara, retornar à manifestação e ser levado de novo à delegacia. "Os mascarados serão abordados quantas vezes forem necessárias. É uma tentativa de vencê-los pelo cansaço."

Uma outra medida foi adotada para coibir eventuais excessos cometidos por policiais, com base nos quais os advogados dos mascarados conseguem relaxar suas prisões. Os policiais militares (PMs) que atuam em manifestações terão de utilizar coletes com identificação alfanumérica visível, o que deve levá-los a ser mais cautelosos.

Esses cuidados são necessários, pois o que se tem visto com muita frequência é qualquer deslize, por menor que seja, servir para livrar os baderneiros de pagar pelos seus atos. Além disso, as críticas pela dureza com que a PM agiu na repressão às primeiras manifestações, em junho, fez com que os governos dos principais Estados - São Paulo e Rio de Janeiro, logo seguidos pelos outros - determinassem moderação à polícia, que passou de um extremo a outro.

Tudo isso criou para os grupos violentos que se infiltram nas manifestações a certeza da impunidade, levando-os a agir com audácia crescente.

A depredação de bens públicos - como lixeiras, sinalização de trânsito e placas de ruas - e de agências bancárias e revendedoras de automóveis, promovida por grupos como o Black Bloc, que se autointitula anarquista, passou a fazer parte das manifestações, apesar da oposição da maioria pacífica e da população.

É hora de pôr um fim a essa situação, porque os vândalos mascarados fizeram os protestos perder seu sentido original. É preciso separá-los dos verdadeiros manifestantes e tratá-los com todo o rigor que merecem. Para isso, um dos caminho a seguir acaba de ser apontado pela Justiça do Rio.

Fonte: Estado de São Paulo, 05/09/2013

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