8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Com os documentos nas nuvens: sites de armazenamento de documentos




Muita gente ainda reluta, mas é cada vez maior o número de pessoas que opta por guardar seus documentos em sites de armazenamento. Para quem cogita usar os serviços, seguem abaixo 4 dicas de sites do gênero. Clique nos nomes dos sites para acessá-los.

Dropbox
Um dos precursores dos serviços de armazenamento online, o Dropbox tem várias vantagens. Ele possui aplicativos oficiais em praticamente todas as plataformas, seja no desktop, smartphone ou tablet. A lista de apps para smartphone que lêem e gravam arquivos diretamente do Dropbox é extensa. Mas o serviço também tem pontos fracos. O principal é o espaço oferecido gratuitamente, de 2 GB. É suficiente para documentos e planilhas, mas não para fotos e vídeos. É possível receber espaço extra, sincronizando imagens de câmeras e smartphones e indicando amigos. Os valores dos planos pagos do Dropbox são bem mais altos do que os de seus principais concorrentes.

Plataformas: Windows, Mac, Linux, Android, iOS, BlackBerry / Tamanho máximo do arquivo: 2 GB / Espaço gratuito: 2 GB/ Plano pago mais barato: 9,99 dólares por mês [10 GB] / É a melhor opção para: todos os usos, desde que não haja a necessidade de um espaço gratuito maior

Em abril, a Microsoft adicionou os recursos de sin-cronia ao serviço de HD online Skydrive, tornando-o mais completo. Mas ainda assim ele parece um pouco verde. Seu ponto forte está no espaço gratuito, maior do q"ue o oferecido pelo Dropbox. Quem já utilizava o serviço e o acessou até o final de abril conseguiu manter o espaço original gratuito do Skydrive, de 25 GB. Os novos usuários recebem 7 GB. Os planos pagos têm preços acessíveis. Outra vantagem é a possibilidade de compartilhar arquivos usando links reduzidos do Bit.ly. Isso permite a visualização de estatísticas e outros dados úteis fornecidos pelo encurtador de URLs.

Plataformas: Windows, Mac, iGS, Windows Phone/Tamanho máximo do arquivo:  2 GB, Espaço gratuito: 7 BB / Plano pago mais barato: 10 dólares ao ano [adiciona 20 GB] / É a melhor opção para:  guardar muitos arquivos e compartilhá-los na web.

Um dos mais novos serviços de armazenamento online conta com uma vantagem em relação aos concorrentes: a integração direta com o Google Does. Como muita gente utiliza as planilhas e documentos online do Google, compartilhar um arquivo pelo novo serviço fica bem mais fácil. Além disso, a empresa deverá adicionar recursos para facilitar a gravação de anexos no Drive, assim como o envio rápido de arquivos pelo Gmail. Outra provável vantagem vem da compra pelo Google do app Quickoffice, que permite aos usuários acessar e editar documentos do pacote Office, produzido pela Microsoft. Ele deverá ser integrado de forma mais profunda ao Drive, dando mais opções a quem usa smartphones e tablets.

Plataformas: Windows, Mac, Android /Tamanho máximo do arquivo:  10 GB, Espaço gratuito:  GB / Plano pago mais barato: 2,49 dólares ao mês [25 GB]/ É a melhor opção para:  quem já centraliza documentos e planilhas no GoogleDocs

Apesar de ser o menos conhecido entre os serviços testados, o SugarSync tem vários pontos fortes. Ele roda nas principais plataformas para desktop, smartphone e tablet. Além disso, tem mais opções para resolver problemas de sincronia, como quando o mesmo arquivo é editado em vários computadores diferentes, O Dropbox mantém ambas as cópias com nomes distintos, enquanto o SugarSync tenta verificar o conteúdo do arquivo, além da data de modificação, para facilitar a decisão de qual item será mantido. Por ser um serviço quase tão antigo quanto o Dropbox, o SugarSync permite a integração com vários programas para smartphones e tablets

Plataformas: Windows V3C Android, iOS, BlackBerry / Tamanho máximo do arquivo:  não tem limite / Espaço gratuito: 5 GB/ Plano pago mais barato: 4,99 dólares ao mês: [30 GB] / É a melhor opção para:  trabalhar simultaneamente com várias máquinas, com opções avançadas de sincronia.

Com informações da revista INFO

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Exposição sobre o rock paulistano dos anos 70

Mutantes, destaque do rock da década de 70

Vai até 10 de março, no Sesc Belenzinho o projeto Sonoridades – São Paulo Rock 70. Essa é a segunda edição do projeto, que traz, além de uma programação de shows (R$ 24), uma exposição sobre as bandas e artistas que definiram uma estética que consolidou o rock no Brasil nessa década. A entrada é livre.

A exposição SP Rock 70 Imagem, com curadoria de Moisés Santana, aberta em 19 de janeiro e  exibe fotos das bandas e capas de seus discos na São Paulo dos anos 1970.
Entre os fotógrafos estão Ana Arantes, Antonio Freitas, Carlos Hyra, Flavia Lobo, Hermano Penna, Leila Lisboa, Márcia Rebello, Mario Luiz Thompson e Vania Toledo.

E capas de Apokalypsis, Arnaldo Baptista, Casa das Máquinas, Joelho de Porco, Made in Brazil, Mutantes, Odair Cabeça de Poeta & grupo Capote, Patrulha do Espaço, Sá, Rodrix & Guarabyra, Papa Poluição, Rita Lee & Tutti Frutti, Sindicato, Terreno Baldio, entre outros.

Os fotógrafos, artistas gráficos e plásticos da exposição também viviam o momento de descobrir e inventar inspirados no rock’n'roll.

Documentário

A exposição tem ainda a exibição de trechos do documentário SP ROCK-70 DOC, dirigido por Moisés Santana.

O filme faz um panorama da cena musical em São Paulo por meio de alguns dos seus principais personagens. São entrevistas com integrantes de bandas como Made in Brazil (Oswaldo Vecchione), Joelho de Porco (Próspero Albanese), Zé Brasil (Apokalypsis), Sérgio Hinds e César de Mercês (O Terço), Luiz Carlini (Tutti Frutti), Pedrão Baldanza (Som Nosso de Cada Dia), Terreno Baldio (João Kurk), Lucinha Turnbull, dentre outros.

Até 10/03
Terças, Quartas, Quintas e Sextas das 10:00 às 21:00
Sábados e Domingos das 10:00 às 18:00

SESC BELENZINHO
http://www.sescsp.org.br/sesc
Rua Padre Adelino, 1000
elenzinho - Leste
(11) 2076-9700

Segue abaixo um outro documentário sobre o Rock dos anos 70 feito pela 4P Produções para entrar no clima da época.

Com informações do Catraca Livre
Fonte do Vídeo:  4P Produções apresenta Rock 70

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Heterrorismo avança na Rússia

Duas mulheres se beijam em frente ao parlamento russo
 em protesto contra a nova lei

A vida das pessoas homossexuais nunca foi fácil na Rússia. Na época da URSS, durante o período stalinista, artigos contra a homossexualidade foram introduzidos em todos os códigos penais das Repúblicas Soviéticas. Como justificativa para a perseguição, o comissário do povo para a "Justiça", Nikolai Krylenko, afirmava que o "homossexualismo" era  produto da decadência das classes exploradoras ociosas e que não havia lugar para tais pessoas em uma sociedade democrática fundada sobre princípios sadios (sic).

Na Rússia atual, o ex-agente da KGB, Vladimir Putin, não esqueceu os tempos totalitários e vem, desta feita com a ajuda da Igreja Ortodoxa (quando digo que essa gente ironicamente tem muito em comum...), não só investindo na destruição da democracia local, a fim de perpetuar-se no poder, como também reproduzindo, como nos velhos tempos, a criminalização da homossexualidade.

Num crescendo de ataques aos direitos humanos dos LGBT, agora o parlamento russo também aprovou um projeto que proíbe a chamada "propaganda da homossexualidade". Em nosso país, a conservalha brasileira gostaria de fazer o mesmo, porque os direitos homossexuais fariam parte de uma conspiração comunista (sic) para acabar com a sagrada família cristã.

Abaixo, notícia da Folha de São Paulo sobre o assunto e, ao fim da postagem, vídeo do Globo News, de antes da aprovação da lei, que deixa claro que Putin está usando os homossexuais como bodes expiatórios por supostamente contribuírem para destruição dos valores tradicionais russos que fomentam as críticas ao seu governo autoritário. Depois vídeo do The Huffington Post com imagens da repressão aos ativistas que protestavam contra a lei em frente ao parlamento.

Parlamento da Rússia aprova lei contra 'propaganda homossexual'


O Parlamento da Rússia aprovou ontem (dia 25/01), em primeira leitura, o projeto de lei que proíbe a chamada "propaganda da homossexualidade", que limita atos públicos e manifestações dos gays.

A medida faz parte de uma série de leis criadas pelo governo do presidente Vladimir Putin diminuindo os direitos dos homossexuais na Rússia, um dos países mais preconceituosos em relação à orientação sexual da Europa.

A proposta foi aprovada com 388 votos a favor, um contra e uma abstenção. O projeto de lei ainda passará pela Câmara alta do Parlamento antes de ser enviado à sanção de Putin.

Caso aprovada, permitirá a cobrança de multas de até 50 mil rublos (R$ 3.379) por manifestações, atos de campanha e ativismo pelo fim da discriminação de homossexuais.

Durante o debate no Parlamento, o deputado do governista Rússia Unida Serguei Dorofeyev disse que era preciso proteger crianças e adolescentes do que chamou de "consequências da homossexualidade".

A deputada Elena Mizulina, do Rússia Justa, considerou que a exposição das crianças demonstrações afetivas com pessoas do mesmo sexo "limitam o direito dos menores a se desenvolverem livremente".

Os homossexuais sofrem forte discriminação na Rússia, um dos países mais homofóbicos da Europa. Até 1993, ter relações com pessoas do mesmo sexo era crime e até 1999 era considerado uma doença mental.

PROTESTOS

Enquanto acontecia a sessão no Parlamento, ativistas gays e cristãos ortodoxos entraram em confronto pela segunda vez nesta semana. O estopim das agressões foi o beijo dado por duas mulheres na porta da casa legislativa.

Em seguida, os simpatizantes da lei começaram a jogar ovos, tinta, e tentaram atacar o grupo, mas foram impedidos pela presença policial. Os agentes prenderam os manifestantes mais exaltados e os militantes foram dispersados.

A Igreja Ortodoxa Russa pediu para que a nova lei seja estendida por toda a Rússia, ela que já vigora em outras cidades, como São Petesburgo, a segunda maior do país.




quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Porque vale a pena ser contra o coro dos contentes: a descoberta da causadora da gastrite e da úlcera

Os pesquisadores australianos Barry J. Marshall e J. Robin Warren
receberam o Prêmio Nobel de Medicina de 2005
 pela descoberta da bactéria causadora da úlcera e da gastrite
A humanidade evolui por conta de indivíduos ou grupos de indivíduos que olham para o mundo que nos circunda de uma forma diferente da tradicional. A princípio são ridicularizados, hostilizados, até mesmo perseguidos e mortos, mas suas ideias são em geral depois incorporadas ao ideário comum. E isso se dá não só no terreno dos costumes mas também no das ciências.

Giordano Bruno, Copérnico e Galileu Galilei, precursores da visão heliocêntrica e da que o universo era infinito e povoado por estrelas, como o Sol, a Terra e outros planetas, tiveram sérios problemas com a nada santa madre Igreja que considerou suas teorias como heresias e os puniu via Tribunal da Inquisição (no caso de Giordano Bruno com a morte na fogueira). Obviamente, eles estavam certos, e a Igreja, errada. E seus insights e invenções foram decisivos para a ciência como hoje a conhecemos.

Mas não é preciso ir tão longe no tempo para mostrar o quanto a humanidade em geral se apega ao conforto das tradições e teme o novo que lhe pode ser bem mais propício. Lendo sobre um assunto relativamente prosaico, a gastrite, aquela inflamação da mucosa do nosso estômago que afeta a tantos de nós, descobri que uma de suas principais causas, a bactéria Helicobacter pylori (HP), foi negada por muitos cientistas no período de sua descoberta em 1979.

Os pesquisadores australianos Robin Warren e Barry Marshall conseguiram identificá-la, na biópsia de pacientes com gastrite crônica e úlcera péptica, e passaram a apontá-la como uma das causas dessas doenças e não apenas outros fatores (como pimenta e estresse) até então tidos como única origem das moléstias.

Como a comunidade médica se recusou a aceitar a pesquisa, Marshall decidiu inclusive bancar a cobaia de sua própria teoria e ingeriu uma cultura da bactéria, o que o levou  a desenvolver um quadro de gastrite aguda em pouco tempo. Mais estudos se seguiram, e o repúdio dos tradicionalistas à  nova descoberta  foi se diluindo. Obviamente, Warren e Marshall estavam certos, e os conformistas errados. 

O resultado da pesquisa dos dois foi o fim das cirurgias de remoção de parte do estômago de pacientes acometidos por úlceras e gastrites, solução encontrada para um problema  aparentemente incurável até a descoberta da H. Pylori. Seu trabalho, por fim, foi considerado de tal relevância  para a medicina, que eles foram laureados com o Nobel em 2005. 

Moral da história: ao buscar o novo, ao romper com o rotineiro, esses cientistas fizeram a humanidade dar mais um passo na direção do controle sobre as doenças que nos afetam, no caso no controle de uma enfermidade deveras dolorosa e debilitante que, em boa parte dos casos, precisa apenas ser combatida com um antibiótico.

Vejam abaixo um vídeo onde o próprio Marshall relata a trajetória que o levou ao prêmio Nobel por desafinar do coro dos contentes. E siga o exemplo!
 

Com informações do ScienceBlogs 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Moralidades anacrônicas e o histórico fascista da Igreja Católica

Em pacto com a Igreja, Mussolini criou o Estado do Vaticano
 e tornou o catolicismo religião de Estado
Ainda na esteira das manifestações contra o casamento LGBT em Paris, segue abaixo entrevista, publicada no Estadão de sábado (19/1), com o sociólogo Ricardo Mariano, sobre a ofensiva da Igreja Católica e outras denominações cristãs (também judias e muçulmanas) contra a modernidade, as liberdades individuais e a isonomia de direitos.

E já que essa instituição nefasta insiste em posicionar-se contra a universalização e a equalização de direitos, cabe a todos os democratas lembrar um pouco o histórico recente da dita. Nem vamos retornar à Idade Média onde a "santa" reinou despoticamente sobre a Europa, dando início ao terror como forma de subjugação dos povos, via torturas e execuções de pessoas - sobretudo mulheres - afogadas ou queimadas vivas em praças públicas.

Lembremos apenas do passado recente desta "santa" e seu apoio, no século passado, ao nazifascismo. Lembremos que foi para simbolizar o pacto entre o Fascismo e a Igreja, que Mussolini assinou o famoso tratado de Latrão, em 1929, criando o Estado do Vaticano e tornando o catolicismo religião de estado. Em retribuição, as associações católicas, com raras exceções, passaram a integrar as organizações fascistas e, em 1932, o papa outorgou ao Duce a Ordem da Espora de Ouro, a mais alta distinção concedida pelo Estado do Vaticano.

Lembremos também que, na Alemanha, em março de 1933, o partido católico Zentrum, liderado por um prelado católico (padre Kaas), votou a favor de dar plenos poderes a Hitler, permitindo que o tirano pudesse atingir a maioria de dois terços necessária para suspender os direitos garantidos pela Constituição alemã. 

Bandeira do Deutschen Christen
Lembremos ainda que Hitler também foi apoiado pela igreja protestante, a ponto dessa igreja criar o movimento nazi-protestante chamado Deutschen Christen liderado pelo pastor Ludwig Müller. Müller e outros religiosos (católicos e protestantes) se tornariam membros do NSDAP (partido nazista). 

O Führer, que se dizia católico, retribuiu a gentileza, tornando obrigatória uma prece a Jesus nas escolas públicas alemãs (como os evangélicos tentam fazer aqui no Brasil), e reintroduziu a frase Gott mit uns (Deus está conosco) nos uniformes do exército alemão.

Hitler saúda padre e o pastor luterano Ludwig Müller
Por fim, ver, ao final da entrevista do sociólogo Ricardo Mariano, um vídeo sobre as ligações da Igreja Católica com o nazifascismo e outros governos autoritários do século passado. Em alguns momentos, é preciso pausar o vídeo para ler o texto (há descompasso entre as imagens e o texto), mas vale a pena.

Não eram novidade para mim as intimidades da Igreja com o nazifascismo, mas admito que não sabia de tantos detalhes. Quando disse, em meu texto sobre a marcha dos reacionários franceses, no dia 13 último, que se tratava de uma manifestação fascista, me referia naturalmente ao fato de ser uma manifestação antidemocrática, pois que contra a igualdade de todos perante a lei, contra os direitos de um determinado grupo social.

Fica claro, contudo, por essas informações sobre a relação da Igreja e de pastores com o nazifascismo, que a expressão fascista, no referente à Igreja, tem também um lastro histórico e que a oposição da mesma ao comunismo não se deu pela questão dos direitos humanos, tão infringidos pelos regimes totalitários comunistas, mas sim apenas porque o comunismo atentava contra seus interesses por ser ateu e perseguir a Igreja (as religiões e os religiosos em geral).

Daí que concluo repetindo mais uma vez o meu mantra: entre socialistas e conservadores, sobretudo religiosos, o páreo é duríssimo para saber quem ganha o prêmio de maior autor de crimes contra a humanidade.



Com informações de CMI Brasil, A cumplicidade da igreja com o fascismo  

‘Moralidades anacrônicas’


Para sociólogo, apesar da resistência da Igreja Católica, a modernidade aponta para novos modelos de família

Hoje não levantam mais os bracinhos,
mas a mentalidade fascista permanece a mesma
Destaque: Recorrem a fantasias delirantes de que, no caso da legalização das adoções por casais gays, a sexualidade dos pais poderá influenciar a sexualidade das crianças, prejudicando-as pela ausência de uma referência de gêneros. Como se não bastasse, acusam, absurdamente, os homossexuais de serem responsáveis pelo aumento dos casos de pedofilia. A partir de preconceitos infundados, leituras bíblicas fundamentalistas, teologias de matiz integrista e moralidades religiosas extemporâneas, defendem a discriminação de pessoas por suas orientações sexuais, propondo publicamente que o Estado as trate de modo desigual. Portanto, opõem-se à isonomia de direitos. Essa é justamente a reivindicação dos movimentos LGBT: igualdade de direitos. Só querem assegurar o direito jurídico de casar e de adotar crianças, como qualquer outra família.

Por séculos, a Igreja Católica lutou contra as liberdades de expressão e de pensamento, contra o princípio da tolerância, contra a modernidade. Mas mudou muito, sobretudo a partir do Vaticano II, ao sucumbir e se adaptar a valores, princípios e instituições da democracia liberal. Nas últimas décadas, seus pendores conservadores falaram alto, ficando obcecados pela defesa da família e da vida. A garantia do Estado laico depende da vigilância e da mobilização política constante por parte dos defensores da laicidade.

Paris parou. Desta vez não foram intelectuais e críticos franceses hasteando incendiárias bandeiras liberais na Champs-Elysées. Foram milhares de manifestantes religiosos - católicos, evangélicos e muçulmanos, entre outros - em marcha contra o casamento gay, que o presidente François Hollande pretende legalizar. “Foi uma reação de diferentes forças da direita francesa - e nada melhor que escolher Paris para conferir visibilidade ao movimento político”, comenta o sociólogo Ricardo Mariano nesta entrevista.

No paralelo, no mesmo domingo, militantes feministas fizeram topless mirando a janelinha de Bento XVI, em Roma. Contra o Angelus que recitava o papa, as ativistas do Femen mostraram corpos ilustrados com provocativos slogans como In Gay We Trust - e foram rapidamente cobertas por policiais e fiéis. “Foi uma resposta, uma provocação. Ali, na sede da Santa Sé, a manifestação não passaria em branco”, diz Mariano. 

Para o sociólogo, a hierarquia eclesiástica católica tem como ideal de modelo familiar o núcleo formado por um casal heterossexual, unido pelo casamento monogâmico, e sob a autoridade masculina. “Mas tal modelo está em rápido declínio. Crescem as uniões estáveis, as famílias monoparentais, os casais sem filhos”, afirma. 
Onze países reconhecem o casamento gay, como Argentina, Bélgica, Canadá, Holanda, Islândia, Noruega e Suécia. No Brasil, desde as rodadas de discussões no Supremo Tribunal Federal em 2011, é reconhecida a união civil homoafetiva. Nos últimos tempos, Estados Unidos e França parecem caminhar nessa linha, para legalizar o casamento gay. “Aos poucos, os políticos estão perdendo o medo de se insurgirem contra moralidades anacrônicas”, continua Mariano, um estudioso das relações espinhosas entre política e religião, e autor de Laicidades em Debate (EdiPUCRS) e de Neopentecostais: Sociologia do Novo Pentecostalismo no Brasil (Loyola). De Porto Alegre, ele falou ao Aliás.

Mussolini, com as bençãos de Deus
No domingo passado, uma manifestação massiva contra o casamento gay tomou as ruas de Paris. Isso pode ser interpretado como uma ofensiva da Igreja Católica? 

Foi uma reação que mobilizou diferentes forças da direita francesa - e nada melhor do que escolher Paris para conferir visibilidade a qualquer movimento político reivindicativo. Entre essas forças, a Igreja Católica, zelosa defensora da discriminação estatal das minorias sexuais. Historicamente, as direitas se posicionam contra a universalização e a equalização de direitos. A hierarquia eclesiástica católica e a maioria dos grupos protestantes têm como modelo familiar ideal o núcleo formado por um casal heterossexual, unido pelo casamento monogâmico (que se pretende indissolúvel, pois sagrado), com ou sem filhos, sob a autoridade masculina. Porém, tal modelo está em rápido declínio. Crescem as uniões estáveis, as famílias monoparentais, os casais sem filhos. E as famílias resultantes das mais diversas recomposições de indivíduos divorciados e seus filhos de outras uniões. Além disso, o casamento religioso e civil não é mais o principal vínculo das relações conjugais. Atualmente, o que une os casais são os laços afetivos, independentemente de qualquer rito religioso ou documento. E a área do direito da família, cada vez mais secularizada, tem isso em alta conta. Mas lideranças católicas e evangélicas tendem a considerar legítimos - quer dizer, “normais” e “naturais” - o casamento heterossexual e a família nuclear, que seriam inspirados por Deus. Salvo algumas exceções (como as igrejas evangélicas compostas por gays), as lideranças consideram as práticas homossexuais antibíblicas, imorais, patológicas, pecaminosas e promíscuas. Inferiorizam, estigmatizam e discriminam as minorias sexuais. Assim, estabelecem hierarquias de gênero. 

Por quê? 
Esses grupos religiosos acreditam que as práticas sexuais e os arranjos familiares dos gays atentam contra normas e valores cristãos, culturalmente dominantes. Normas e valores que consideram universais, os únicos corretos e desejados por Deus. Recorrem a fantasias delirantes de que, no caso da legalização das adoções por casais gays, a sexualidade dos pais poderá influenciar a sexualidade das crianças, prejudicando-as pela ausência de uma referência de gêneros. Como se não bastasse, acusam, absurdamente, os homossexuais de serem responsáveis pelo aumento dos casos de pedofilia. A partir de preconceitos infundados, leituras bíblicas fundamentalistas, teologias de matiz integrista e moralidades religiosas extemporâneas, defendem a discriminação de pessoas por suas orientações sexuais, propondo publicamente que o Estado as trate de modo desigual. Portanto, opõem-se à isonomia de direitos. Essa é justamente a reivindicação dos movimentos LGBT: igualdade de direitos. Só querem assegurar o direito jurídico de casar e de adotar crianças, como qualquer outra família. 


Que impacto isso causa na sociedade? 

Esses grupos religiosos legitimam a homofobia. No Brasil, o Projeto de Lei 122/2006 (que propõe a criminalização da homofobia) provocou diversas reações contrárias e homofóbicas de grupos cristãos, principalmente evangélicos. Entre outros absurdos, dizem que os homossexuais querem estabelecer uma “ditadura gay” no País. Nas suas igrejas, tentam “libertar” as supostas vítimas do demônio da homossexualidade, tentam curá-las por intervenção divina e práticas psicoterápicas proibidas, pois anticientíficas e antiéticas, segundo o Conselho Federal de Psicologia. Frente às mudanças culturais, aos novos e pluralistas arranjos familiares e ao surgimento do movimento gay nas últimas décadas, os grupos cristãos conservadores reagiram fortemente, mobilizando-se para fazer lobbies e pressionar partidos, parlamentares e governantes, para impor obstáculos morais e políticos a quaisquer mudanças jurídicas a respeito do casamento, da família, da união civil. 

Le Monde cita uma ofensiva midiática do Vaticano, tanto que o papa estreou no Twitter. Bento XVI está tentando se modernizar? 

Decididamente, os dois últimos pontificados não se preocuparam nem agiram para empreender nenhuma espécie de novo aggiornamento, muito menos no plano da moralidade sexual e da família. Ao contrário. Eles parecem voltados a um passado menos pluralista e menos democrático. Desconectado com seu tempo e com suas urgências, João Paulo II se manteve firme, vetando o uso da camisinha em pleno auge da epidemia da aids. A moral sexual defendida pela Igreja Católica tem se mantido reacionária, marcada por posições tradicionalistas, em crescente descompasso com o avanço dos direitos humanos nessas matérias. Quanto aos jovens, a defesa de abstinência sexual para solteiros, por exemplo, está a anos-luz de constituir uma estratégia razoável para conquistá-los. Proposta de um anacronismo infindo, ainda mais diante da crescente emancipação individual e individualizante em relação a moralidades e instituições religiosas tradicionais. 
O sociólogo argentino Juan Marcio Vaggione diz que a política é uma dimensão constitutiva da Igreja Católica. Bento XVI tem sido acentuadamente político? 

Não me parece que o pontificado de Bento XVI seja mais político e politizado que o de seus antecessores. A questão é que a Igreja Católica, assim como outras instituições religiosas tradicionais, está cada vez mais pressionada pela secularização desenfreada de diversas áreas da vida, com o avanço do pluralismo cultural, os desafios éticos impostos pelas descobertas científicas, os outros movimentos religiosos, as rápidas transformações comportamentais e culturais, etc. Por certo, a rápida descatolicização da Europa e da América Latina vem pesando na forte reação defensiva e conservadora da Igreja contra quaisquer mudanças legislativas na família e na moralidade sexual. Na modernidade, um dos principais redutos das instituições religiosas tem sido justamente a esfera da moralidade focada na vida privada. Mas convenhamos que, na prática, as instituições religiosas perderam há tempos o poder que outrora tinham sobre a conduta dos indivíduos. Basta observar que a Igreja Católica não tem mais poder sobre as mudanças demográficas na América Latina para questões como o uso de métodos contraceptivos, os novos padrões de relacionamento afetivo e namoro, os hábitos sexuais. Tais mudanças comportamentais agora passam a ser legitimadas em diferentes países. Pipocam aprovações da união civil de homossexuais. Aos poucos, os políticos estão perdendo o medo de se insurgirem contra moralidades sexuais anacrônicas. Em plena campanha presidencial norte-americana, Barack Obama se manifestou favorável ao casamento gay. Agora, na laica república francesa, é a vez de François Hollande bancar a ideia. 
Enquanto milhares desfilam em Paris contra o casamento gay, a Catedral Nacional passará a realizar essas uniões em Washington... 

Atualmente, a Igreja Católica é internamente bastante diversificada - apesar de correntes teológicas conservadoras serem hegemônicas no momento. Por séculos, a Igreja Católica lutou contra as liberdades de expressão e de pensamento, contra o princípio da tolerância, contra a modernidade. Mas mudou muito, sobretudo a partir do Vaticano II, ao sucumbir e se adaptar a valores, princípios e instituições da democracia liberal. Nas últimas décadas, seus pendores conservadores falaram alto, ficando obcecados pela defesa da família e da vida. A garantia do Estado laico depende da vigilância e da mobilização política constante por parte dos defensores da laicidade. 

A religião deve ocupar o espaço público? 

A democracia moderna é agonística por natureza. Em sociedades pluralistas, espera-se que ocorram divergências, disputas, conflitos entre diferentes atores sociais que sustentam distintos interesses, ideologias, moralidades e valores. As instituições e autoridades públicas devem resguardar a paz, a ordem social, o cumprimento da lei e o próprio direito fundamental de todos para manifestar livremente suas ideias, suas preferências e seus valores no espaço público. Se se quer assegurar a democracia, não se pode negar o direito dos grupos religiosos de vir a público para defender seus interesses, protestar contra atos do governo, politizar suas demandas. É constitutivo da democracia. Além disso, os grupos religiosos não são intrinsecamente conservadores na política, nem tradicionalistas na moral. Por exemplo, as seitas protestantes desempenharam destacado papel na formação da democracia norte-americana, enquanto as igrejas protestantes dos negros foram fundamentais na luta pelos direitos civis. Por sua vez, a Igreja Católica também passou por mudanças teológicas e políticas consideráveis. A partir da década de 1960, após o aggiornamento promovido pelo Concílio Vaticano II, que reconheceu o direito à liberdade religiosa e deu relativa abertura ao princípio da laicidade, a ala católica progressista avançou celeremente na América Latina. Disseminou a Teologia da Libertação, as comunidades eclesiais de base, as pastorais sociais. Quatro anos depois do golpe militar no Brasil, a Igreja Católica rompeu com a ditadura e se tornou um baluarte da defesa das liberdades civis, dos direitos humanos e da redemocratização. A guinada ideológica da Igreja Católica demonstra empiricamente que não se pode definir qualquer religião, incluindo aí as distintas vertentes islâmicas, como intrinsecamente conservadoras ou incompatíveis com a democracia e os princípios basilares da modernidade. 

Encíclicas de João Paulo II e Bento XVI criticam a modernidade. Numa mirada de longo prazo, o sr. diria que o Vaticano vem mesmo na linha da politização? 

Na primeira carta de seu pontificado, no dia 25 de dezembro de 2005, Bento XVI afirma que “a justa ordem da sociedade e do Estado é dever central da política”. Após reconhecer a distinção entre Estado e Igreja, o papa admite que a política não pode ser encargo imediato da Igreja. Para o pontífice, “a Igreja não pode nem deve tomar nas próprias mãos a batalha política para realizar a sociedade mais justa possível”. Mas, a seu ver, não pode ficar à margem na luta pela justiça. Essa observação preconiza a atuação da Igreja na esfera pública lato sensu, embora não necessariamente na política partidária. Porém, para definir a justiça, o Estado precisa recorrer à razão. O inconveniente disso é que a razão, a seu ver, tende a padecer de uma “cegueira ética, derivada da prevalência do interesse e do poder que a deslumbram”. Por isso, para o pontífice, cabe à fé católica o papel de descortinar novos horizontes para além do âmbito da razão e purificá-la de sua cegueira. No intento de colaborar para a construção de uma sociedade justa, atribui à Igreja um papel de mediadora da política. Assim, apesar de salvaguardar, parcialmente, a moderna autonomia do Estado e da política em relação aos poderes religiosos, Bento XVI defende um papel decisivo da Igreja na confirmação da ética. Com sua “laicidade sã”, o papa procura mobilizar e municiar doutrinariamente suas bases para lutar a fim de manter a Igreja influente na esfera pública. A perspectiva de Bento XVI repousa numa crítica tipicamente conservadora aos preceitos racionais e seculares das esferas jurídica e política e à razão científica, numa visão religiosa que deprecia a modernidade. 

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