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Mulheres samurais

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Quando Deus era mulher:

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Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

FHC pondo as coisas no seu devido lugar: FHC diz a aliados que campanha de Serra flerta com conservadorismo

Dá-lhe, Fernandão! 
FHC diz a aliados que campanha de Serra flerta com conservadorismo

Tucanos acham que kit anti-homofobia não deveria ser abordado
CATIA SEABRA
MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem criticado duramente a campanha do tucano José Serra à prefeitura, especialmente o flerte do candidato com o que chama de setores conservadores.

Segundo tucanos, FHC lamenta, por exemplo, a aliança de Serra com os opositores da cartilha anti-homofobia produzida na gestão de Fernando Haddad no Ministério da Educação. O kit não foi distribuído por determinação da presidente Dilma Rousseff após pressão da bancada religiosa no Congresso.

Presidente de honra do PSDB, FHC alerta os aliados para o risco de Serra sair desta eleição com o rótulo de conservador após a exploração de temas como o kit contra a homofobia e o aborto -questão que abordou na sua campanha à Presidência em 2010.

AÉCIO

FHC também se queixa da resistência de Serra a conselhos, como o de levar o senador Aécio Neves à propaganda eleitoral já no primeiro turno numa tentativa de afastar os rumores de que, se eleito, deixaria a prefeitura para concorrer à Presidência.

FHC não é o único contrariado com os rumos da campanha. Amigo de Serra, de quem foi vice na chapa para o Palácio dos Bandeirantes em 2006, o ex-governador Alberto Goldman diz que não alimentaria o debate sobre o chamado "kit gay".

"Não foi Serra quem abordou. Mas, se fosse ele, não responderia. Diria que não tem nada a ver com a eleição para a prefeitura", disse.

Ministro da Justiça no governo FHC, José Gregori também demonstra desconforto com o tema. Segundo ele, a opinião de apoiadores de Serra, como o pastor Silas Malafaia, não retrata a do próprio candidato. Mas, numa campanha eleitoral, diz, essas discussões afloram. "O velho Serra, nesta altura da vida, não mudou", afirma.

Fonte: Folha de São Paulo, 18/10/12

Em São Paulo não se trata apenas de escolher um prefeito — é preciso brecar um projeto hegemônico do PT que ameaça a democracia

SP, não sou conduzido,
conduzo
O jornalista Ricardo Setti, com coluna na Veja, sumarizou muito bem as razões pelas quais, apesar de muitos pesares, ainda mantenho meu voto  em José Serra: brecar o projeto hegemônico do PT que ameaça a democracia.

Da mesma forma que não quero um Brasil socialista (como bem disse Ferreira Gulllar, quem ainda acredita nisso é maluco) não quero um Brasil reacionário, moralista e com tendências teocráticas. No fundo, esses são dois extremos que praticamente se tocam.

Quero um Brasil democrático, inclusivo, laico, liberal (nas diferentes acepções do termo) mas que também combata os diversos preconceitos que dividem as pessoas e impedem que todos tenham a mesma condição de largada na vida.

É perfeitamente possível combater preconceitos e discriminações sem partir para cotas e privilégios. Com boa educação para todos e um ambiente de livre expressão, sem os extremistas de plantão que hoje nos reprimem, podemos sim, na base do diálogo, da troca de ideias, promover um país melhor. Mas para isso é fundamental que se mantenha presente essa senhora tão polêmica mas tão imprescindível chamada democracia. Portanto, FORA PT!

Até o 
 sabe:
O importante agora é derrotar o Haddad porque ele é incompetente e porque sua vitoria fortalece o Lula e a turma do Mensalão.

Em São Paulo não se trata apenas de escolher um prefeito — é preciso brecar um projeto hegemônico do PT que ameaça a democracia
Por Ricardo Setti 

No próximo dia 28, em São Paulo, a maior e mais importante cidade do Brasil, não estará sendo apenas eleito um novo prefeito, escolhido entre José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT).
Estará em jogo, mais que isso, decidir se o PT prosseguirá, ou não, com seu projeto hegemônico, de “cristinakirchnerização” da vida pública brasileira, de ocupar com seus quadros todos os espaços possíveis, de tornar difícil, se conseguir, a vida da imprensa livre, de permanecer no poder custe o que custar, mesmo depois do mensalão.
Estará em jogo, em última instância, uma fatia importante da democracia brasileira.
O tucano José Serra, então, é um novo Messias? É o melhor candidato da história da República? É um super-herói sem máculas que barrará o avanço dos malvados vilões da fita?
O petista Fernando Haddad, por sua vez, seria o demônio personificado? Um troglodita político que esmagará a porretadas as liberdades públicas, de seu gabinete no Viaduto do Chá?
Nada disso, é claro.
Serra tem qualidades que o ódio de seus inimigos não reconhece: enorme experiência, um saldo muito positivo como secretário do Planejamento do governador Franco Montoro (1983-1987), como um dos deputados mais ativos da Constituinte, um senador profícuo, um ministro da Saúde que marcou época, um prefeito efêmero, mas eficaz, da cidade de São Paulo, um excelente governador do Estado durante três anos e meio.
Tem defeitos? Deus sabe que sim: é excessivamente centralizador, não ouve quase ninguém, deveria ser menos arrogante e ter mais respeito pelos adversários (e, às vezes, pelos próprios aliados), ostenta um péssimo humor que não ajuda em nada suas tarefas.
Pesam contra ele acusações? Sim, pesam, a começar pela tal história do tal Paulo Preto. Mas não custa lembrar que o PT está há dez anos no poder, há dez anos tem o Ministério da Justiça, há dez anos manda na Polícia Federal. Se trabalharmos com fatos, a pergunta é obrigatória: onde estão as investigações, ou sequer os indícios de qualquer irregularidade?
Haddad é um quadro novo, relativamente jovem (além de não aparentar seus 49 anos) e promissor do PT. Professor da USP, bacharel, mestre e doutor e, diferentemente da maioria dos graduados petistas trabalhou, sim, na iniciativa privada, e ainda mais no setor financeiro. Já está na vida pública há 11 anos, com passagem pela área de economia e planejamento tanto na Prefeitura de São Paulo como trabalhando com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Seus sete anos como ministro da Educação do lulalato e de Dilma foram um período de altos e baixos, e o saldo, a despeito de seus esforços, não passou de medíocre e controvertido.
O problema não está em Haddad, cujas qualidades incluem a afabilidade pessoal e o bom trato com assessores e subordinados.
Lula leva Haddad a tiracolo para a fato antes inimaginável: mendigando minutos na TV de Maluf na casa de Maluf (Foto: Folhapress)
O problema é o projeto de que Haddad – por força do dedazo de Lula, que o empurrou como candidato goela abaixo do PT paulistano — faz parte. Haddad, que Lula levou pela mão no humilhante e outrora absolutamente inimaginável peregrinação até a casa de Paulo Maluf, quando vendeu mais uma parte da alma do PTem troca e menos de 2 minutos de tempo na TV.
O projeto de Lula, que é também…
* o projeto de comprar o Congresso com dinheiro sujo, e subordiná-lo ao Executivo,
* o projeto de José Dirceu, do “bater neles nas urnas e nas ruas”,
* o projeto de que cooptou quase todo o leque partidário à custa de cargos, vantagens e tudo o que antes se criticava da “velha política” brasileira no afã de alcançar, dispor de e manter o poder até onde a vista alcança,
* o projeto de um “núcleo duro” que, com raríssimas exceções, nunca escondeu seu desprezo pela “democracia burguesa”,
* o projeto de Rui Falcão, aquele que, embora membro dela desde sempre, denuncia “a elite” e ofende o Supremo Tribunal Federal ao incluí-lo entre a oposição “conservadora, suja e reacionária”,
* o projeto da turma de Franklin Martins, que ressurge dentro do PT querendo o “controle social” da imprensa, sinônimo de calar a imprensa livre,
* o projeto dos que consideram as consideram as condenações impostas pelo Supremo Tribunal Federal a mensaleiros e ladravazes como um “golpe” da oposição –coitadinha dela — e da imprensa, um improvável e espantoso golpe contra um EX-presidente, não aceitando as regras mais elementares da democracia e do Estado de Direito,
* o projeto de quem, propositalmente, martela nos ouvidos da opinião pública que quem se opõe aos desígnios do PT “é contra o Brasil” — como fazia a ditadura militar com o “ame-o ou deixe-o”,
* o projeto de quem esvaziou, desmoralizou e politizou as agências reguladoras — criadas para serem entes de Estado, e não de governo, com padrão e ação técnicos –, distribuindo-as como moeda de troca entre partidos,
* o projeto de quem inchou com milhares de militantes partidários os quadros da administração pública,
* o projeto de quem distribuiu cargos gordíssimos e bem remunerados em conselhos de estatais e de fundos de pensão de funcionários de estatais a sindicalistas “companheiros” — não pela competência, mas pela afinidade ideológica,
* o projeto de quem prestou, e em menor grau ainda continua prestando, seguidas homenagens a regimes párias como o de Cuba e o do Irã, e estende tapete vermelho a demagogos autoritários como Hugo Chávez ou governantes que pisam nos interesses brasileiros, como Evo Morales,
* o projeto de quem tratou os narco-terroristas das chamadas “Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia”, as Farc, como grupo político no cenário colombiano, e não como os bandidos, sequestradores e assassinos que são, tendo por eles mais consideração do que com os governos democráticos, mas “de direita”, de Bogotá,
* o projeto de quem envergonhou o Brasil se abstendo de condenar, na ONU, regimes que pisoteiam os direitos humanos, concedendo prioridade em desferir caneladas em aliados ocidentais, a começar pelos Estados Unidos,
* o projeto de quem, qual república de bananas, abriu generosamente os braços ao terrorista e assassino Cesare Battisti, concedendo-lhe o status de refugiado político e ferindo os brios de uma democracia exemplar como a Itália, país amigo e terra dos ancestrais de mais de 30 milhões de brasileiros,
* o projeto de quem, na oposição, por décadas se opôs sistematicamente, por razões ideológicas, a medidas que beneficiavam o Brasil, de tal forma que nada que a atual oposição faça possa nem de longe lembrar o comportamento deletério e derrotista manifestado por Lula e o lulo-petismo ao longo de sucessivos governos,
* o projeto a que resiste, como uma rocha, há 18 anos, o eleitorado do Estado de São Paulo, acompanhado há menos tempo pelos eleitores Minas Gerais e, aqui e ali, pelo de Estados como o Paraná, o Pará e Goiás, razão pela qual a conquista da cidade de São Paulo é vista como um passo importante para “descontruir” a administração tucana do Estado e tentar abocanhá-lo em 2014..
Tancredo discursa já como presidente eleito para restaurar a democracia, em 1985: o PT não apoiou sua eleição (Foto: Dedoc / Editora Abril)
Quase todo mundo sabe, mas, como nossa memória é curta, e a memória de boa parte dos lulo-petistas extremamente seletiva, vale lembrar que Lula e sua turma, entre outros episódios que vou deixar de lado…
*… foram contra a eleição de Tancredo Neves como presidente da República em 1985, ato que encerraria a ditadura militar, dando lugar a um regime civil que restauraria as liberdades públicas e a democracia. Os então deputados petistas que votaram em Tancredo – Ayrton Soares (SP), Bete Mendes (SP) e José Eudes (RJ) — foram expulsos do partido. 
*… não participaram da solenidade de homologação da nova Constituição democrática, a 5 de outubro de 1988, e deixaram claras suas “ressalvas” ao texto aprovado por todos os deputados e senadores de todos os partidos.
Os petistas assinam a nova Constituição, porque era uma formalidade inescapável, mas o próprio Lula, então deputado constituinte, pronunciou um longo discurso 12 dias antes da promulgação, a 23 de setembro de 1988, dizendo, com todas as letras: “O partido [PT] vota contra o texto, e amanhã, por decisão do nosso Diretório – decisão majoritária – assinará a Constituição, porque entende que é o cumprimento formal da sua participação nessa Constituinte”.
* … defenderam em 1989 o calote da dívida externa brasileira, com Lula candidato à Presidência – seria derrotado no segundo turno por Fernando Color –, medida que levaria o Brasil à bancarrota e à desegraça, faria secar os investimentos externos por tempo indeterminado e transformaria o país em pária internacional.
* … recusaram-se num momento de gravíssima crise institucional, no final de 1992, a colaborar com o vice Itamar Franco, que assumiu em definitivo a Presidência com o afastamento de Fernando Collor e, no Planalto, tentou fazer um governo de grande acordo nacional para tirar o país do caos econômico e da derrocada moral a que o levara seu antecessor. A ex-prefeita petista de São Paulo Luiza Erundina, uma exceção, cometeu o “crime” de cooperar com o presidente Itamar como ministra da Administração e viu-se obrigada a deixar o PT.
O então ministro da Fazenda Rubens Ricupero e o presidente Itamar Franco com as primeiras cédulas do Real, em 1994: o plano que estabilizou a economia foi ferozmente combatido pelos petistas -- cujos governos, depois, tanto se beneficiaram dele (Foto: Dedoc / Editora Abril)
* … combateram sem tréguas o Plano Real, classificando como “eleitoreiro” o mais bem sucedido programa de estabilização da moeda da história econômica do país, concebido por equipe reunida pelo ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, e bancado pelo presidente Itamar. Sem ele, como se sabe, os proclamados êxitos econômicos do lulalato não existiriam.
 * … se opuseram ferozmente a todas as privatizações que, durante os dois mandatos de FHC (1995-2003), dinamizaram e modernizaram a economia do país, aumentaram a arrecadação de impostos, diminuíram o peso do Estado, melhoraram a competitividade do Brasil no mercado internacional e tornaram o país terreno fértil para investimentos estrangeiros.
A oposição do lulo-petismo, que não esteve alheio à participação em atos de hostilidade e mesmo da agressão física a empresários e autoridades durante leilões na Bolsa de Valores, incluiu a da telefonia, que permitiu entre outros resultados que o país pulasse em menos de duas décadas de 800 mil celulares para os mais de 200 milhões que tem hoje.
* … manifestaram-se em 1999 inteiramente contra a adoção de um dos três pilares da estabilidade do país – a política de câmbio flutuante. No mesmo ano, declararam-se contrário ao segundo deles, a política de metas de inflação. No ano seguinte, combateram e votaram contra o terceiro pilar do tripé que, ironicamente, propiciaria um governo extremamente favorável ao próprio Lula – a Lei de Responsabilidade Fiscal .
* … inventaram e propagaram uma campanha de teor golpista e antidemocrática, o “Fora FHC”, tão logo o presidente iniciou em 1999 o segundo mandato, para o qual, derrotando Lula, foi eleito por MAIORIA ABSOLUTA dos eleitores brasileiros, e no PRIMEIRO TURNO.
* combateram e criticaram, a partir de 2001, várias medidas da chamada “rede de proteção social” estabelecida pelo governo FHC, como o Bolsa Escola, o vale-alimentação, o vale-gás, o auxílio a mulheres grávidas que fizessem todos os exames do prénatal e o auxílio a famílias que evitassem o trabalho infantil de seus integrantes. Os distintos programas que Lula e seus seguidores, na oposição, consideravam “esmola” e parte de uma suposta ação eleitoreira viriam a ser unificados durante o lulalato e transformados em sua principal vitrine: o Bolsa Família — utilizado, como todos sabemos como O instrumento eleitoreiro por excelência.
Por tudo isso, e por mais que se poderia relacionar aqui, o voto CONTRA o PT em São Paulo se impõe — para impedir que um projeto hegemônico que, misturando belas palavras e sorrisos com ameaças, pretende moldar a democracia brasileira a seus desígnios.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Cartilha de Serra também pode ser considerada "doutrinação para o homossexualismo"

Serra, o conservador progressista:
Haddad, meu kit gay agrada mais aos "cons" do que o seu
O candidato tucano à Prefeitura de São Paulo, José Serra, aprovou, durante sua gestão como governador do estado, um conjunto de publicações para escolas, Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar,  abordando várias formas de lidar com diferentes tipos de preconceitos. Na parte em que o material se refere aos homossexuais, a abordagem do tema é moderna, tratando a homossexualidade como ela é, ou seja, como uma variante da sexualidade humana, e orientando a combater a discriminação.

Inclusive consta do material de apoio, dois vídeos, Boneca na Mochila e Medo de quê?, que chegaram a integrar o projeto Escola Sem Homofobia apelidado, pelo truculento deputado Jair Bolsonaro, de "kit gay" (parece que não foram confirmados). Da perspectiva conservadora, esse material pode ser considerado tão "doutrinador para o homossexualismo" quanto o projeto petista do Escola Sem Homofobia. O fato do material aprovado por Serra não tratar exclusivamente do preconceito contra a homossexualidade não muda a realidade de que a abordagem da cartilha tucana e a do demonizado kit gay, no referente aos LGBT, é a mesma.

Parece que Serra decididamente resolveu virar um bicho de duas cabeças, o conservador progressista, e fazer aliança com as trevas do reacionarismo para tentar vencer as trevas do mensalão. Que feio! Como eu não gosto de certas incoerências e não sou cúmplice delas, transcrevo abaixo um texto da secretaria de Educação da época do lançamento da cartilha, a cartilha propriamente dita e o vídeo Medo de Quê indicado pelo material de Serra que também seria utilizado no kit anti-homofobia do MEC. E depois me digam qual seria mesmo a diferença entre esse vídeo e os demais do tal kit anti-homofobia.

Secretaria distribui publicações sobre preconceito e discriminação na adolescência
 
Data da Notícia: 21/09/2009

A Secretaria de Estado da Educação iniciou a entrega de um conjunto de publicações para todas as escolas do Estado que discute o preconceito e a discriminação na infância e na adolescência. Os 13 títulos, sendo 11 livros e dois DVD's, foram selecionados pelo Departamento de Educação Preventiva dos projetos Prevenção Também se Ensina e Comunidade Presente e contemplam temas como sexualidade, Aids, uso de álcool, tabaco e outras drogas, bullying diversidade étnica, entre outros.

Dentre os autores dos livros, estão o médico Jairo Bauer, que fala de sexualidade na juventude, e o psicanalista Contardo Calligaris, com uma publicação sobre o período da adolescência. Os alunos terão contato com o material em sala de aula e nas bibliotecas, de acordo com a organização de cada escola, tendo como eixo metodológico ações preventivas referendadas nos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais).

Cada um dos kits acompanha ainda o guia Preconceito e Discriminação no contexto escolar: guia com sugestões de atividades preventivas para os HTPC e sala de aula, elaborado para nortear os educadores com instrumentos que facilitem e favoreçam a transversalidade dos temas nas diferentes disciplinas que compõem os currículos do Ensino Fundamental e Ensino Médio.

"São livros educativos que vão estimular nesses jovens a reflexão sobre assuntos muito presentes no cotidiano. Nossa intenção é informá-los bem para que possam lidar melhor com essas questões", afirma o secretário de Estado da Educação, Paulo Renato Souza.

Além do guia, as Diretorias de Ensino irão agendar as Orientações Técnicas para os professores coordenadores das escolas. Esse material está sendo encaminhado a todas as escolas e Diretorias de Ensino, sendo dois kits para as Oficinas Pedagógicas e 1 por escola.

Prevenção também se ensina
O projeto Prevenção Também se Ensina é desenvolvido pela Pasta desde 1996 e tem o objetivo de orientar o jovem estudante da rede estadual de ensino sobre temas relacionados à saúde e à sexualidade. Por meio da iniciativa, temas como o câncer, gravidez na adolescência, uso de drogas e doenças sexualmente transmissíveis são levados para discussão dentro da sala de aula.Fonte: Secretaria da Educação
 

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Se é bom para o José Dirceu, é péssimo para você

Bom clipe da campanha de José Serra sobre Haddad: se é bom para Zé Dirceu, é péssimo para você.

Concordo!

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A encruzilhada de Serra ou os Conservadores precisam de um partido para chamar de seu

A encruzilhada de Serra
Segue o texto na versão escrita e, estreando no blog, também a versão em áudio. 

Aproveito para apontar duas correções no áudio, quando digo, já no finzinho, "sem um partido de centro, democrático, moderno, inclusive, para nos representar", de fato é inclusivo. Também há um "homossexual" a mais após "população" em "De fato, o projeto foi feito por alguns militantes petistas e afins e simplesmente apresentado para a população,..."



Nas grandes democracias ocidentais, o pensamento conservador se expressa em uma ou mais representações partidárias com as quais busca participar do jogo democrático. No Brasil, contudo, ele não tem representação ideológica de peso, à altura do expressivo eleitorado que se identifica com essa visão de mundo, e em condições de ganhar um pleito. O que existem são pequenos partidos de verniz conservador e parlamentares dessa linha espalhados por diversas siglas, sobretudo os conhecidos parlamentares da chamada bancada evangélica que, de qualquer forma, não representam o perfil conservador em geral. Para exemplificar o que digo, basta lembrar que muitos desses evangélicos têm relações para lá de íntimas com o petismo, uma miscelânea de tendências da esquerda autoritária (ainda que pose de social-democrata). Na prática, hoje de fato o PT age como neofascista, com sua política de fusão do Estado com empresas, mas isso não é assunto para este texto.

Retomando, na ausência de um partido que os represente, os conservadores têm pegado carona nas candidaturas do tucano José Serra nos dois últimos pleitos em que ele concorreu: para a presidência, em 2010, e agora para prefeito de São Paulo. Em 2010, conseguiram colocar a pauta do aborto como vedete da eleição. Nesta querem porque querem emplacar contra o candidato petista Haddad a pecha de autor do apelidado kit gay (de fato Escola sem Homofobia), fundamentalmente alguns vídeos sobre a questão homossexual que provocaram a ira conservadora. 

Por razões que só conservadores entendem (não há cenas de sexo nem sequer de carícias nas fitas), os vídeos chinfrins foram considerados chocantes e arma de proselitismo homossexual junto às crianças indefesas. De fato, o projeto foi feito por alguns militantes petistas e afins e simplesmente apresentado para a população, ou vazado para a população em geral, incluindo aí a própria população homossexual, pelo deputado Jair Bolsonaro (boçalnaro para os íntimos). Juntando alhos com bugalhos, o assunto virou mais uma daquelas polêmicas que alimentam as páginas de sites, blogs e redes sociais e, no meio do zum-zum-zum, e por pressão da bancada evangélica, Dilma Roussef acabou vetando o material (segundo Haddad, com sua colaboração).

Histórico de ações de Serra em prol da população LGBT

Mas voltando a Serra e seus caronistas conservadores, acontece que ele nunca foi conservador, embora de formação católica. Ele é social-democrata, de centro-esquerda, inclusive com vários projetos aprovados em prol dos direitos LGBT tanto no Estado quanto na cidade de São Paulo. Fora outras pautas ditas progressistas que apoia (não gosto desse termo progressista, mas assim são definidas certas pautas). Como exemplo, cito texto do núcleo LGBT do PSDB  (Diversidade Tucana) sobre os projetos que Serra aprovou em prol da comunidade homossexual:

- instituiu, em 2005, o primeiro órgão de administração pública brasileira voltado à diversidade sexual na cidade de São Paulo, a Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual;
- instituiu, também em 2005, o Conselho Municipal em Atenção à Diversidade Sexual bem como o Centro de Referência e Combate à Homofobia;
-  criou a Coordenação de Políticas Públicas para a Diversidade Sexual no âmbito da Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo;
-  instituiu o Comitê Intersecretarial de Defesa da Diversidade Sexual e o Conselho Estadual de Defesa da Diversidade Sexual ;
-  realizou a I Conferencia Estadual LGBT de São Paulo;
-  regulamentou a Lei 10.948 (que pune a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero) e publicou decreto acerca do uso do nome social de transgêneros na administração pública;
- criou, para travestis e transexuais,  o Ambulatório de Saúde Integral;
- na reforma do Sistema Previdenciário do Estado de São Paulo, em 2007, instituiu o direito de pensão aos parceiros homossexuais e fundou o Núcleo de Combate à Discriminação, Racismo e Preconceito no âmbito de Defensoria Pública do Estado de São Paulo.

Enfim, um conservador não aprovaria nada disso, como se sabe, pelo menos não no Brasil, já que, na Inglaterra, o partido conservador de David Cameron encampa abertamente até o casamento homossexual. O conservadorismo brasileiro é contra todas as demandas da modernidade, as quais julga uma ameaça à família tradicional, à cristandade e ao pleno funcionamento da via láctea. Tende para o obscurantismo mesmo.

A Sindrome de Estocolmo eleitoral de Serra e seus sequestradores conservadores

Apesar de seu histórico de homem liberal, Serra temerariamente começou a trilhar os passos do PT (um dos grandes responsáveis pela ascenção dos evangélicos no país, vide suas relações com Edir Macedo, Garotinho, Bispa Sônia, entre outros),  fazendo média com conservadores, além do democraticamente aceitável, para tentar ganhar a eleição.  Parece estar sofrendo de síndrome de Estocolmo eleitoral,  tentando conquistar  a simpatia dos conservadores que  tentam sequestrar sua trajetória política.  Esses conservadores sabem que Serra não é conservador mas estão barganhando voto para que o tucano inclusive contrarie sua natureza política  supostamente como única forma de vencer Haddad. Nas palavras de um conhecido representante dessa vertente, Nivaldo Cordeiro, no vídeo O Desafio de Serra:

 “O espectro esquerdista tem o monopólio do PT. Se José Serra quiser tirar a diferença (positiva em relação a Haddad, no momento) vai ter que imitar o Mitt Romney dos EUA. Vai ter que fazer um discurso conservador, uma mensagem clara , direta, sem subterfúgios. ... É uma coisa muito irônica porque Serra é um homem genuinamente esquerdista, abraçou a causa de esquerda na juventude e nunca largou. E agora se defronta com a situação de que só poderá ser eleito e manter o projeto do PSDB, e defender a sociedade aberta e cumprir uma missão histórica muito importante que está reservada a ele, se fizer um discurso provavelmente contrário a sua crença mais íntima. Mas terá que fazê-lo porque a questão agora é uma única: como ganhar a eleição. E não se ganha eleição  com certos pruridos e excesso de coerência não. José Serra terá que empolgar o eleitorado conservador porque essa gente está doida por um candidato que apele a seu voto. Esses conservadores vão se transformar em cabos eleitorais gratuitos, automáticos, entusiastas. Buscarão voto na rua para elegê-lo. Mas só o farão se ele tiver um discurso para essa gente. Até agora ele não teve. Terá que abraçar bandeiras que ele não gosta pessoalmente provavelmente, mas terá que fazê-lo porque isso é do profissionalismo político: terá que ser contra o aborto, terá que ser contra o gayzismo, terá que denunciar fortemente a tramoia do mensalão , botar isso em evidência, levar para a população mais simples. A classe média está bem informada sobre o mensalão mas a periferia nem sabe o que é... Tem que associar o Haddad àquela proposta maldita do kit gay. Tem que fazer a agenda conservadora, fazer o discurso conservador ... ou faz isso e se diferencia e ganha a eleição... ou não faz e perde a eleição. Essa é a encruzilhada.“

Sério que essa é uma das falas mais inacreditáveis que já ouvi na vida. Seu autor, arauto do conservadorismo, esse mesmo conservadorismo que tanto condena a desonestidade, a falta de ética do PT, quer que o candidato José Serra faça um discurso contrário às suas crenças mais íntimas, que jogue fora sua trajetória política, ou seja, que seja completamente desonesto, para vencer o PT. Além do que a argumentação do tal Nivaldo é uma falácia cabeluda. Vários fatores podem levar Serra a perder as eleições, mas com certeza não será por não encampar a agenda conservadora que isso ocorrerá. Aliás, se o PT ganhar, pode-se atribuir a vitória, entre outras coisas, a incompetência desses conservadores que não conseguem concretizar um partido próprio e parasitariamente tentam desfigurar um candidato de outra corrente política para defender suas bandeiras. Eles de fato estão mais preocupados com suas bandeiras do que com a vitória de Serra. 

E como disse antes, Serra parece estar sofrendo de Síndrome de Estocolmo, querendo agradar seus potenciais sequestradores. Sábado, deu entrevista ao Estadão onde afirma que o apelidado kit gay não foi feito para educar e sim para doutrinar. O tal suposto kit é mesmo bem ruinzinho, poderia se discutir sua abordagem, naturalmente, mas essa história de doutrinar é ridícula. A verdade é que as outras variantes da sexualidade humana, a homo e a bissexualidade, são apresentadas nos vídeos do kit como naturais, um conceito que bate de frente com a visão conservadora de que a heterossexualidade é a única forma normal, natural de relacionamento entre seres humanos. Seria o caso de perguntar porque, se é tão natural, a simples menção das outras variantes da sexualidade humana poderia destruí-la, não é mesmo? Será que atestar a existência dos cavalos ameaça a vida dos cachorros? 

Não há como combater a homofobia sem apresentar a homo e a bissexualidade como variantes naturais da sexualidade humana

O fato é que não há como combater a homofobia sem apresentar a homossexualidade ou a bissexualidade como variantes naturais da sexualidade humana. Pela perspectiva conservadora, contudo, qualquer projeto de educação sexual nas escolas que fale de maneira natural da homossexualidade corre o risco de ser vetado sob acusação de fazer proselitismo homossexual, como se fosse possível induzir alguém a ser o que não é (pode-se no máximo forçar alguém, através da repressão, a fingir ser o que não é). Independente de como se aborde a questão, o objetivo é combater o preconceito contra os alunos homossexuais e não arrebanhar criancinhas para o homossexualismo. Como Serra também afirma que é preciso combater a homofobia, resta saber qual solução apresentará para esse impasse, caso eleito.

Agora há um aspecto do discurso do citado conservador com o qual concordo: Serra está mesmo numa encruzilhada. Como também disse editorial da Folha de São Paulo, intitulado Kit Evangélico, fazendo média com conservadores, Serra pode conseguir votos dos mesmos, quem sabe até ganhar as eleições (por essa via torta eu duvido), “mas não há como comer do bolo conservador e, ao mesmo tempo, passar-se por liderança moderna, arejada.” Estaria Serra disposto a jogar fora toda uma trajetória política por uma eleição, mesmo considerando a importância desta atual em São Paulo? Sabe-se que, pelas deficiências da política eleitoral brasileira, as alianças mais insólitas acabam rolando no país (haja vista que gente do PSOL apoiou o ACM na Bahia), mas há barganhas que colocam em risco toda a credibilidade da pessoa. E Serra não tem mais idade para se recuperar de tamanho tombo.

O que é pior, essa situação coloca a todas nós, pessoas moderadas, não autoritárias, igualmente numa encruzilhada entre as viúvas do Muro de Berlim e a Santa Inquisição conservadora, sem um partido de centro, democrático, moderno, inclusivo, para nos representar, já que o PSDB também agora resolveu flertar com coisas do arco da velha.

Pior ainda, o PT, com seu proverbial cinismo, embora tenha inúmeras ligações com evangélicos, embora Haddad, sem qualquer histórico de apoio à comunidade LGBT, tenha inclusive vetado o tal kit gay com Dilma, igualmente com base na falácia da doutrinação, já está atacando Serra como homofóbico por conta de sua declação sobre o kit. Lembremos que a única coisa que petistas sabem fazer bem é mentir. Suas mentiras têm uma cola das mais aderentes. Assim, Serra, apesar de todo seu currículo de políticas contra o preconceito, pode ficar também rotulado como homofóbico por um sujeito que nada fez pelos LGBT. 

Tempos difíceis. Vamos torcer para que a Síndrome de Estocolmo de Serra fique restrita a essa declaração conceitualmente equivocada de que o kit faria doutrinação (?!) da homo e da bissexualidade. Se a síndrome avançar, pessoalmente, mesmo sabendo da importância de se votar contra o PT, vou repensar meu apoio ao tucano, salientando que, meu voto, depois dessa fala sobre doutrinação, já se encontra constrangido. Afinal, trocar 6 por meia dúzia não é escolha verdadeira.

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