8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Partido membro do Foro de São Paulo cumprimenta Dilma pela vitória três dias antes das eleições


A eleição de Dilma Roussef foi tão legítima quanto nota de 3 reais. Se estivéssemos em um país de democracia plena, a candidatura dessa sra. teria sido impugnada por injuriar, difamar e até caluniar adversários, além de por uso e abuso do Estado brasileiro, transformado em casa da mãe joana petista, a fim de fazer propaganda para ela e contra os oponentes, o que configura crime eleitoral.

A eleição de Dona Dilma foi tão legítima quanto nota de 3 reais também em razão de inúmeras suspeitas de fraude tanto na votação quanto na apuração dos votos. Vários eventos estranhos e problemas com as urnas foram relatados por eleitores de distintos pontos do país. Lembrando que essas urnas, neste ano, deveriam já ter implementado o registro impresso dos votos, o que não ocorreu porque o autocrático Tribunal Superior Eleitoral conseguiu vetar, em novembro do ano passado, o artigo 5 da lei Lei nº 12.034, que previa essa atualização. Destaque-se que essa lei foi aprovada em 2009. Isso sem falar na suspeita atitude dos cumpanheros petistas comemorando a "vitória" da megera quando Aécio ainda estava à frente dela na contagem de votos.

Como se não bastasse, agora começou a circular pelas redes sociais carta, datada de 22 de outubro, de um partido da Guatemala e membro do Foro de São Paulo (clube de viúvas do Muro de Berlim,) chamado Alternativa Nueva Nacción, cumprimentando Dilma pela "vitória" ocorrida nas eleições do dia 26 de outubro. E inclusive destacando que a vitória se deu por mais de 3 milhões de votos.

Poderíamos aventar a hipótese pouco provável de que a carta elogiosa à Dilma tenha sido escrita no dia 22, contando com a possibilidade de ela ser eleita, e, posteriormente, tenham esquecido de alterar a data quando da publicação do documento. Entretanto, como poderiam antecipar que a vitória se daria por mais de 3 milhões de votos, um valor tão preciso? Na página da entidade, no facebook, a carta foi publicada no dia 29 de outubro, mas com a data do dia 22. Videntes esses guatelmatecos, não?

Segue a imagem da carta e abaixo dela link para a mesma também publicada no site do Foro de São Paulo. Pelo andar da carruagem, parece que de fato Dilma não ganhou limpo nem nos votos. E ficará por isso mesmo?







































Cópia da carta em PDF

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

PT escancara em resolução seus velhos sonhos autoritários


O PT sem a pele de cordeiro

A direção do PT considera que a reeleição da presidente Dilma Rousseff é a oportunidade para fazer uma profunda mudança na organização do Estado, na direção daquilo que o partido chama de "reformas democrático-populares".

Uma resolução da sua Comissão Executiva Nacional - que reúne a nata do comando petista - deixa claro que o partido está convencido de que já pode despir-se da pele de cordeiro que Lula precisou vestir quando se elegeu pela primeira vez, em 2002. Naquela ocasião, recorde-se, o ex-metalúrgico - que em 1989 prometia estatizar tudo e tratar com desprezo os credores internacionais, aos quais chamava de "agiotas" - mudou o discurso e passou a prometer o "respeito aos contratos e obrigações".

Passado o susto da apertadíssima eleição, em que Dilma venceu basicamente porque sua equipe de marketing levou o "vale-tudo" eleitoral a dimensões inéditas, o PT quer tomar a dianteira e pautar o novo mandato da presidente - desta vez na direção de seu antigo projeto de 1989. No radical programa de governo para a campanha eleitoral daquele ano, o texto assinado por Lula dizia: "Se me pedissem para resumir numa frase o sentido do nosso programa, eu diria: reorganizar a sociedade brasileira, conferindo o papel de direção àqueles que vivem no mundo do trabalho e da cultura".

As semelhanças daquele programa de Lula com o adotado pelo atual comando do PT na resolução divulgada nesta semana são claras (ver resolução abaixo). Entre as prioridades escolhidas pelo partido para o novo mandato de Dilma, os petistas dizem que "é urgente construir hegemonia na sociedade" e "promover reformas estruturais, com destaque para a reforma política e a democratização da mídia".

A "hegemonia" perseguida pelo PT é o poder de determinar o que é a verdade, o que é certo e o que é errado. Para isso, é necessário "promover reformas estruturais", especialmente a reforma política - que, no modelo petista, significa submeter o Estado a organizações "populares" que respondem ao partido -, e "democratizar a mídia", que é o outro nome para a censura e a tentativa de propagar o pensamento único.

Assim, para o atual comando petista, nostálgico dos anos de sua fundação, a tarefa de "transformar o Brasil" demanda agora uma combinação de ação institucional, de mobilização social e de "revolução cultural". Para isso, o partido quer ampliar a importância de áreas como comunicação, educação, cultura e esporte, "pois as grandes mudanças políticas, econômicas e sociais precisam criar raízes no tecido mais profundo da sociedade brasileira". Eis aí a fórmula da hegemonia proposta pelo PT.

Com esses objetivos em mente, a liderança petista pretende, segundo suas palavras, "incidir na disputa principal em curso neste início do segundo mandato", isto é, "as definições sobre os rumos da política econômica". A pressão pública sobre Dilma - que, recorde-se, só se tornou petista em 2001 e enfrenta desconfiança dentro do partido desde sempre - é uma tentativa de forçá-la a abandonar os compromissos políticos do primeiro mandato, oferecendo-lhe em troca o apoio de sua militância nas ruas.

Nesse sentido, o aceno à oposição feito por Dilma logo após sua vitória foi desdenhado explicitamente na resolução petista. Os mais de 50 milhões de eleitores que votaram em Aécio Neves (PSDB) foram tratados como simpatizantes do "retrocesso neoliberal" e das "piores práticas políticas", a saber: "O machismo, o racismo, o preconceito, o ódio, a intolerância, a nostalgia da ditadura militar".

Aqueles que ousam se opor ao governo são, segundo os petistas, "apoiados pela direita, pelo oligopólio da mídia, pelo grande capital e seus aliados internacionais" e, portanto, não fazem parte do "povo brasileiro". Este, por sua vez, é somente aquele que vota no PT. Por essa razão, o partido diz que "precisa honrar a confiança que, mais uma vez, o povo brasileiro depositou em nós" e anuncia: "Não o decepcionaremos: com a estrela vermelha no peito e um coração valente, avançaremos em direção a um Brasil democrático-popular".

Este é o verdadeiro rosto do PT, que nem mesmo a imensa dificuldade para a reeleição de Dilma conseguiu alterar.

Fonte: Editorial Estado de São Paulo, 05/11/2014


Resolução Política

A reeleição da companheira Dilma Rousseff para presidir o Brasil até 31 de dezembro de 2018 é uma grande vitória do povo brasileiro. Uma vitória comemorada por todos os setores democráticos, progressistas e de esquerda no mundo e, particularmente, na América Latina e no Caribe.Uma vitória sobretudo do PT e do nosso projeto, que conquista um quarto mandato, algo que nenhum outra força política havia alcançado até agora no País.

Foi uma disputa duríssima, contra adversários apoiados pela direita, pelo oligopólio da mídia, pelo grande capital e seus aliados internacionais. Vencemos graças à consciência política de importantes parcelas de nosso povo, da mobilização da antiga e da nova militância de esquerda, da participação de partidos de esquerda e da dedicação e liderança do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma.

Nossa candidata soube conduzir a campanha com firmeza e sem recuos, mesmo nos momentos mais difíceis. O enfrentamento com o adversário em debates comprovou o preparo e a diferença da nossa presidenta para vencer os desafios da atual conjuntura. 

A oposição, encabeçada por Aécio Neves, além de representar o retrocesso neoliberal, incorreu nas piores práticas políticas: o machismo, o racismo, o preconceito, o ódio, a intolerância, a nostalgia da ditadura militar. Inconformada com a derrota, a oposição cai no ridículo ao questionar o resultado eleitoral no TSE. Ainda ressentida, insiste na divisão do País e investe contra a normalidade institucional. Tenta chantagear o governo eleito para que adote o programa dos derrotados.

Para afastar as manobras golpistas e assegurar à presidenta Dilma um segundo mandato ainda melhor que o primeiro, o processo de balanço das eleições — que este documento abre mas não encerra —
deve apontar para iniciativas de curto, médio e longo prazo, que dizem respeito, inclusive, ao desempenho e funcionamento do PT. Os textos apresentados como contribuição ao balanço devem ser amplamente divulgados no site do partido, até a próxima reunião do Diretório Nacional. 

Cabe, desde já, analisar os resultados das eleições estaduais, majoritárias e proporcionais; o comportamento das classes e setores sociais na campanha; o papel dos movimentos sociais; a atuação dos partidos políticos, inclusive a dos aliados; a movimentação do campo democrático-popular; a batalha da cultura e da comunicação; a  mídia e as redes sociais — enfim, variáveis importantes não apenas para avaliar o resultado eleitoral, mas, sobretudo, para construir uma estratégia e um novo padrão de organização-atuação, necessários para seguir governando, indispensáveis para continuar transformando o Brasil. É urgente construir hegemonia na sociedade, promover reformas estruturais, com destaque para a reforma política e a democratização da mídia.

Para tanto, antes de tudo é preciso dialogar com o povo, condição vital para um partido de trabalhadores. Para que a presidenta Dilma possa fazer um segundo mandato superior ao primeiro, será necessário, em conjunto com partidos de esquerda, desencadear um amplo processo de mobilização e organização dos milhões de brasileiros e brasileiras que saíram às ruas para apoiar Dilma Rousseff, mas também para defender nossos direitos humanos, nossos direitos à democracia, ao bem estar social, ao desenvolvimento, à soberania nacional. As eleições de 2014 reafirmaram a validade de uma ideia que vem desde os anos 1980: para transformar o Brasil, é preciso combinar ação institucional, mobilização social e revolução cultural. 

O Partido dos Trabalhadores, como principal partido da esquerda brasileira, está convocado a encabeçar este processo de mobilização cultural, social e política. Que exigirá renovar nossa capacidade de compreender a sociedade brasileira, a natureza do seu desenvolvimento capitalista, a luta de classes que aqui se trava sob as mais variadas formas.

Realizar um balanço como propomos demandará um certo tempo, necessário para analisar variados aspectos, consolidar os dados mensuráveis, ouvir as distintas opiniões, produzir uma reflexão à altura do processo extraordinariamente rico que vivemos, só comparável à campanha de 1989.  

O 5º Congresso do Partido dos Trabalhadores deve converter-se neste processo de diálogo entre o Partido e estes milhões que foram às ruas defender a reeleição de Dilma Rousseff. Um diálogo tanto com os petistas quanto com aqueles que não são do PT e que criticam, sob diferentes ângulos, nosso Partido.

Cabe ao Diretório Nacional do PT, convocado para os dias 28 e 29 de novembro de 2014, aprovar uma agenda congressual que preveja debates abertos a toda a militância que se engajou em defesa da candidatura Dilma, bem como um momento final que possibilite a síntese e o salto de qualidade tão necessários para que o Partido seja capaz de, tanto quanto superar seus problemas atuais, contribuir para que o segundo mandato de Dilma seja superior ao primeiro. Porém, certas medidas, impostas pela realidade internacional e nacional, mas principalmente pela atitude de reação permanente da 5 oposição, precisam ser tomadas imediatamente.

Por isso, propomos: 

1. Conclamar a militância a participar dos atos em defesa da democracia (sic) e da reforma política, previstos para a semana de 9 a 15 de novembro;

2. Adotar iniciativas para dar organicidade ao grande movimento político-social que venceu o segundo turno das eleições presidenciais. Compor uma ampla frente onde movimentos sociais, partidos e setores de partidos, intelectuais, juventudes, sindicalistas possam debater e articular ações comuns, seja em defesa da democracia, seja em defesa de reformas democrático-populares;

3. Priorizar ações de comunicação, fortalecendo nossa agência de notícias, articulando-a com mídias digitais, com ação permanente nas redes sociais. Integrar nossas ações de comunicação com o rico movimento cultural em curso no País.

4. Relançar a campanha pela reforma política e pela mídia democrática, contribuindo para que o governo possa tomar medidas avançadas nestas áreas e para sustentar a batalha que travaremos a respeito no Congresso Nacional.

5. Organizar caravanas a Brasília para realizar uma grande festa popular no dia da segunda posse da presidenta Dilma Rousseff.

6. Reafirmar o compromisso do PT com a seguinte plataforma:

a) a reforma política, precedida de um plebiscito, através de uma Constituinte exclusiva; b) democracia na comunicação, com uma Lei da Mídia Democrática; 


c) democracia representativa, democracia direta e democracia participativa, para que a mobilização e luta social influenciem a ação dos governos, das bancadas e dos partidos políticos. O governo precisa dar continuidade à participação social na definição e acompanhamento das políticas públicas e tomar as medidas para reverter a derrubada da Política Nacional de Participação Social, objeto de um decreto presidencial cancelado pela maioria conservadora da Câmara dos Deputados no dia 28 de outubro de 2014;

d) a agenda reivindicada pela Central Única dos Trabalhadores, na qual se destacam o fim do fator previdenciário e a implantação da jornada de 40 horas sem redução de salários; e) o compromisso com as reformas estruturais, com destaque para a reforma política, as reformas agrária e urbana, a desmilitarização das Polícias Militares;

f) salto na oferta e na qualidade dos serviços públicos oferecidos ao povo brasileiro, em especial na educação pública, no transporte público, na segurança pública e no Sistema Único de Saúde, sobre o qual reafirmamos nosso compromisso com a universalização do atendimento e o repasse efetivo e integral de 10% das receitas correntes brutas da União para a saúde pública;

g) ampliar a importância e os recursos destinados às áreas da comunicação, da educação, da cultura e do esporte, pois as grandes mudanças políticas, econômicas e sociais precisam criar raízes no tecido mais profundo da sociedade brasileira; 

h) proteção dos direitos humanos de todos e de todas. Salientamos a defesa dos direitos das mulheres, a necessidade de criminalizar a homofobia, o enfrentamento dos que tentam criminalizar os movimentos sociais. Afirmamos o compromisso com a revisão da Lei da Anistia de 1979 e com a punição dos torturadores. Assim como com a reforma das polícias e a urgente desmilitarização das PMs, cuja ineficiência no combate ao crime só é superada pela violência genocida contra a juventude negra e pobre das periferias e favelas;

i) total soberania sobre as riquezas nacionais, entre as quais o Pré-Sal, e controle democrático e republicano sobre as instituições que administram a economia brasileira, entre as quais o Banco Central, a quem compete entre outras missões combater a especulação financeira. 

O Partido dos Trabalhadores considera que são medidas políticas e diretrizes programáticas amplas, envolventes, de natureza mais social que institucional, que farão a diferença nos próximos quatro anos. Desde 1989, o PT polariza as eleições presidenciais. Nas sete eleições presidenciais realizadas desde então, perdemos 3 e vencemos 4. Mas esta de 2014 foi a mais difícil já disputada por nós, em que ganhamos enfrentando um vendaval de acusações não apenas sobre nossa política, mas sobre nosso partido. 

Neste sentido, o Partido tem que retomar sua capacidade de fazer política cotidiana, sua independência frente ao Estado, e ser muito mais proativo no enfrentamento das acusações de corrupção, em especial no ambiente dos próximos meses, em que setores da direita vão continuar premiando delatores. 

O PT deve buscar participar ativamente das decisões acerca das primeiras medidas do segundo mandato, em particular sugerir medidas claras no debate sobre a política econômica, sobre a reforma política e em defesa da democracia nos meios de comunicação. É preciso incidir na disputa principal em curso neste início do segundo mandato: as definições sobre os rumos da política econômica.

O PT precisa estar à altura dos desafios deste novo período histórico. Sobretudo, precisa honrar a confiança que, mais uma vez, o povo brasileiro depositou em nós. Não o decepcionaremos: com a estrela vermelha no peito e um coração valente, avançaremos em direção a um Brasil democrático-popular.

Brasília, 03 de novembro de 2014
Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Tucanos, virando oposição de fato, pedem auditoria especial na eleição presidencial ao Tribunal Superior Eleitoral


Também ver abaixo vídeo da entrevista do professor de computação Diego Aranha, no programa do Danilo Gentili, sobre as urnas eletrônicas e seus problemas. Precisamos exigir o comprovante impresso de nossos votos. Ver ainda:

Risco de fraude nas eleições: a OAB não referenda as urnas eletrônicas! (2010)
Clipping legal: Outra vez em foco as discutíveis urnas eletrônicas do Brasil (2011)
Clipping legal: Pesquisadores da UnB apontam fragilidade na urna eletrônica (2012)
Apoie o projeto de lei que reivindica o voto impresso (2012)

PSDB pede auditoria especial na eleição presidencial ao Tribunal Superior Eleitoral

Partido ressaltou que confia no sistema e só tomou a medida atendendo a dúvidas levantadas nas redes sociais

Superior Eleitoral (TSE) de auditoria especial nas eleições deste ano. A solicitação foi protocolada nesta quinta-feira pelo deputado Carlos Sampaio, coordenador jurídico da campanha presidencial de Aécio Neves. A intenção é formar uma comissão de especialistas indicados pelos partidos políticos para verificar a lisura do processo. O resultado proclamado pelo TSE foi de 51,64% dos votos válidos para Dilma Rousseff (PT) e 48,36% para o tucano, uma diferença inferior a 3,5 milhões de votos.

No pedido, há a ressalva de que o partido confia no sistema e só tomou a medida atendendo a dúvidas levantadas nas redes sociais, onde há até a defesa da recontagem dos votos. O partido argumenta que a credibilidade do sistema brasileiro precisa ser reafirmada.
A legitimidade da representação popular, em qualquer país democrático, está diretamente relacionada com a confiança do povo brasileiro no processo eleitoral e nas instituições públicas. Neste momento, as manifestações de uma parte considerável da sociedade brasileira não estão em consonância com esta esperada confiança, o que exige dos órgãos responsáveis pelo processo eleitoral e dos agentes que participaram das eleições, ações concretas para que quaisquer dúvidas sejam dissipadas”, argumenta.
O pedido é que a comissão tenha acesso a cópias dos boletins de urna e demais documentos gerados em todas as sessões eleitorais, dos arquivos eletrônicos com a memória dos resultados, além dos logs originais e completos das urnas eletrônicas e de transmissão e recebimento dos dados da apuração. Solicita-se ainda acesso a todas as ordens de serviço e registros técnicos sobre manutenção e atualização dos serviços técnicos relativos ao segundo turno, aos programas de totalização de votos e aos programas e arquivos de urnas utilizadas, que seriam escolhidas aleatoriamente em todos os estados e em pelo menos dez cidades de cada um.

O documento ressalta que a impressão do voto, que seria uma forma de auditoria automática, foi considerado inconstitucional. Por isso, na visão do partido, seria necessário formar a comissão para dissipar quaisquer dúvidas sobre a lisura do processo.

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Em nota divulgada junto com o pedido, o PSDB afirma que as formas de fiscalização atuais “têm se mostrado ineficientes para tranquilizar os eleitores quanto a não intervenção de terceiros nos sistemas informatizados”. Diz ser seu objetivo buscar garantir certeza de que os eleitos são mesmos os escolhidos pela população.
Reiteramos nossa confiança na Justiça Eleitoral. Portanto, o que pretendemos com essa medida judicial é garantir que todo e qualquer cidadão também possa ter a certeza de que nossos representantes políticos são, de fato, aqueles que foram escolhidos pelo titular da soberania nacional: o povo brasileiro”, diz a nota.
Fonte: O Globo, por Eduardo Bresciani, 30/10/2014

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Reescrever a História é coisa de autoritários como o PT

Ataques à História

Deveria ser a safra dos debates profundos sobre o país, sobre suas dificuldades reais e a procura de solução para os inúmeros problemas que já existem e os que podem ser previstos. Mas os marqueteiros vestem a realidade com frases de fantasia, confortáveis para os candidatos, e afiam armas. Alguns fatos são deturpados e a história recente é reescrita até ficar irreconhecível.

É óbvio que foi o ex-presidente Fernando Henrique quem venceu a hiperinflação. Foi ele quem levou para o governo Itamar Franco os economistas com a tecnologia e a destreza para montar um plano que atendia a dois pedidos dos cidadãos: ser feito às claras, sem sustos e perdas, e matar o dragão que sobrevivera a cinco planos e devorava as finanças das famílias. Foi FH quem superou os desafios para consolidar o real e começou a reorganizar o estado. Acusar aquele governo de inflação alta é desonestidade.

Na distopia de George Orwell, 1984, os poderosos reescrevem a história. Quem viu a longa luta do Brasil para ter uma moeda estável sabe quem liderou a vitória sobre a inflação e lembra dos benefícios dessa conquista para as pessoas.

As ideias do PT sobre o combate à inflação eram toscas e perigosas. Seus economistas defenderam teses que nunca deram nem dariam certo; ou, o que é pior, um plebiscito sobre pagar ou não a dívida interna. Não pagá-la seria tomar o dinheiro de quem investiu em títulos públicos, como fez o ex-presidente Collor. O plebiscito e uma auditoria nas aplicações dos brasileiros foram defendidos pelo PT dois anos antes de assumir o poder. Se aplicasse o programa em 2003 teria destruído o real. Cotejar números descarnados dos fatos é um desrespeito à memória do país.

O PT não faria a estabilização e hoje a ameaça. Não são “choques de preços” que explicam a inflação estar acima do teto da meta. Inesperados sempre ocorrem e é por isso que existe a margem de flutuação. O governo atual aceitou uma inflação mais alta. A taxa passou o mandato inteiro arranhando ou furando o teto, porque perdeu o espaço para acomodar os choques. O PT deve a Antonio Palocci e à ajuda de Arminio Fraga ter vencido as naturais desconfianças sobre a capacidade do partido de conduzir a economia. Arminio socorreu o país em dois momentos-chave: ao assumir o Banco Central no meio da crise cambial, em 1999, e na transição política, em 2002. Ninguém é obrigado a gostar dele, mas esses são os fatos.

Da mesma forma que o PSDB tem o mérito de ter atendido a demanda do país por uma moeda estável; o PT tem o mérito de ter atendido a demanda do país por redução da pobreza e da miséria, e por ter ampliado os programas de renda mínima. Quem começou a defendê-los como política pública foi o senador Eduardo Suplicy. Repórteres iam ouvi-lo sobre qualquer assunto, e tinham uma aula sobre as políticas de transferência de renda.

Estudos foram feitos por especialistas em combate à pobreza. A política foi testada em municípios dirigidos por partidos diferentes: Campinas, PSDB; Brasília, PT; Belo Horizonte, PSB. Quando chegou ao governo federal, o valor da bolsa era pequeno. Mas aquela experiência trouxe dois avanços: iniciou a montagem de um cadastro dos beneficiários e vinculou o benefício à presença na escola. Outra preocupação do governo FH é que a bolsa não fosse vista como uma concessão partidária, mas um direito do cidadão.

A ideia inicial do PT, o Fome Zero, seria um retrocesso: era entregar selos para serem trocados por comidas, como os “food stamps", política testada nos Estados Unidos na Depressão e que virou programa social a partir dos anos 1960. O Fome Zero não saiu do papel, o governo corrigiu a rota e criou o Bolsa Família. A presidente Dilma colocou os focos nos mais pobres e o governo dedicou-se à busca ativa, que é procurar os que mais precisam. Prisioneiros das armadilhas do Brasil profundo, eles não tinham sequer noção dos seus direitos. A estabilização e a redução da pobreza são conquistas do país que nenhum governo deve ameaçar.

O combate à corrupção é uma demanda do Brasil e a presidente Dilma a enfraquece quando bate no peito e diz “a minha Polícia Federal”. Lembra muito a frase: “o Estado sou eu”.

Fonte: Blog da Míriam Leitão, 20/10/2014

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Cotidiano Petista ou Zoando Chico Buarque


Tucanos gravam vídeo em resposta a apoio de Chico Buarque à campanha de Dilma Rousseff
Turma do Chapéu fez versão de “Cotidiano”, clássico da MPB

BRASÍLIA - Para responder ao apoio de Chico Buarque, os integrantes do grupo Turma do Chapéu distribuíram hoje na internet e em grupos de Whatsapp um clipe com a paródia de um dos sucessos do compositor “Cotidiano”. Na versão tucana, a letra da música trata dos quatro anos da administração da presidente Dilma Rousseff e do embate com seu adversário Aécio Neves, do PSDB.

Citando a letra do clássico da MPB, os músicos dizem que todo dia Dilma faz tudo sempre igual. “Como pode errar tanto a cidadã? Presidir dando perda total, essa dona não pode estar sã”. Fala também que a presidente tem 39 ministros pra governar, mas não conhece nenhum. Ainda ironiza a declaração do secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, que sugeriu a troca de carne e ovos na dieta do brasileiro.

O clipe foi gravado com o criador do grupo Gabriel Azevedo nos vocais e por os outros integrantes, Marcel Beghni, Sam Joavana, Alberto Lage e Guilherme Henrique nos instrumentos. O coordenador de web da campanha, Xico Graziano faz participação especial na banda.

O cantor e compositor Guarabyra, da dupla Sá e Guarabyra, também fez um clipe para “pacificar” a guerra entre petistas e tucanos. A música se chama “O Brasil te chama”. O clipe foi postado pelo compositor e é encerrado com discurso de Aécio no dia do lançamento de sua candidatura, em São Paulo, dizendo que vai governar para todos os brasileiros.


Cotidiano Petista - Turma do Chapéu from Turma do Chapéu on Vimeo. Fonte: O Globo, por Maria Lima, 19/10/2014

sábado, 18 de outubro de 2014

Você quer mais 4 anos disso?

Veja tudo o que Dilma fez, ou melhor, não fez para entregar um país pior do que recebeu ao seu sucessor. Não é por acaso que a maioria dos brasileiros quer mudança. Quer um governo que valorize a ética e a eficiência em vez de um projeto de poder. Agora, vamos todos juntos com Aécio!

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Conforme Lula, o Bolsa Família é junção de programas de FHC proposta pelo tucano Marconi Perillo

Há quatro anos, na última eleição, eu já havia publicado postagem sobre a autoria do Bolsa Família (E não é que até o Bolsa Família saiu da cabeça de um tucano?).

Ontem, durante o debate da Band, quando a Dilma negou que o Bolsa Família tivesse origem nos projetos iniciados pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, tuitei e postei no facebook o vídeo onde o próprio Lula confirma ser o Bolsa Família junção dos programas do tucano e, mais ainda, que a ideia da junção é de outro tucano, Marconi Perillo (de Goiás). Repito, pois, nesta postagem, o vídeo acompanhado da imagem do decreto que une os citados programas do governo FHC no chamado Bolsa Família!

A presidente do país desconhece a história do Brasil e de seu próprio partido. Aécio precisa trabalhar mais essa questão e retornar ao tema do Petrolão. Ele foi naturalmente superior a Dilma no debate, mas ela não foi tão mal como se previa, o que deu a impressão de empate. E o tucano não pode marcar bobeira porque a diferença dele para sua adversária, nas pesquisas, é pequena, e o inimigo, vil, contando ainda com o poder do Estado, pros petistas, a casa da mãe Joana petralha.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Aumentar a participação popular através do voto distrital com recall

Fernando Lara Mesquista: voto distrital com recall, ou "retomada" permite eleitor cassar o mandato do representante que não honrar sua representação
Estes últimos tristes anos de quase hegemonia petista e esquerdista anacrônica serviram ao menos para que eu passasse a respeitar mais a democracia representativa, apesar de suas limitações. Quando ela se enfraquece, ou não se estabelece como devido, invariavelmente o que advem é a barbárie autoritária de algum tipo. Por isso, vejo com muita desconfiança essa conversa de democracia direta e popular que rola em nosso país atualmente.

No Brasil, precisamos é estabelecer a democracia de fato e não sonhar com democracias diretas, um mero eufemismo para que integrantes de movimentos sociais, dizendo-se representantes de quem não os elegeu nem sequer os conhece, passem a decidir os rumos do país a partir de conselhos populares. Qual sua escolha entre poder ao menos conhecer um fulano ou uma fulana e decidir se o/a elege seu representante ou não e ser "representada(o)" por gente que nunca viu mais gorda ou mais magra nem sabe que trem apita?

O que precisamos de fato, como bem diz Fernando Lara Mesquista, no artigo abaixo é fortalecer a democracia representativa e ampliar o poder dos eleitores por meio do voto distrital. Como diz o autor:
Essa solução, que pressupõe o restabelecimento do federalismo e da independência entre os três Poderes da República, que nós já tivemos e nos foram suprimidos, é o voto distrital com recall, ou "retomada", que arma a mão do eleitor para cassar, a qualquer momento, o mandato do representante que não honrar sua representação sem provocar nenhuma perturbação maior no bom andamento dos negócios públicos, o que põe todos os eleitores participando de forma transparente e inverte radicalmente a hierarquia das relações entre cidadãos e servidores públicos.

Nesse modelo, cada candidato só pode concorrer por um distrito definido e qualquer eleitor desse colégio eleitoral pode iniciar uma petição pela "retomada" do mandato condicionalmente concedido ao seu representante, a qual, se aprovada por seus pares numa votação circunscrita, o manda de volta para casa ou o deixa à disposição do Judiciário já como cidadão comum.
Isso põe os políticos na dependência da nossa boa vontade, e não o contrário, como é hoje, o que de saída os obriga a jogar a nosso favor, introduz a meritocracia no serviço público e abre as portas para todas as demais reformas que nos parecerem necessárias. Estas, então, poderão ser empurradas pela formidável arma da remoção expressa de todos os que se lhes opuserem.

Isso opera milagres! O resto é tapeação.
Um modelo honesto de participação popular

Há uma perigosa conversa de surdos no Brasil em torno dos conceitos de "democracia direta" e "governo de participação popular". A rejeição generalizada ao que a imprensa chama de "política tradicional" não significa a rejeição da democracia tradicional. É exatamente o contrário, pois nenhum dos elementos que definem esse regime está presente na ordem institucional brasileira: não somos iguais perante a lei, não elegemos nossos representantes na base de "um homem, um voto" nem vivemos numa meritocracia.
Enquanto o País não tomar consciência de que a droga institucional em que está viciado o define como um doente grave de insuficiência democrática, e não o contrário, não se disporá a curar-se. Continuará, a cada crise, aceitando doses crescentes dos venenos populistas que ingere no lugar do remédio democrático até que a overdose de migalhas de "direitos adquiridos" sem fazer força acabe por matar definitivamente a moral e a economia nacionais.
Até agora só o PT mostrou que sabe para que quer sua fórmula de "participação social", sintomaticamente decidida sem a participação de ninguém, que faz do Congresso Nacional eleito por todos os brasileiros uma espécie de "rainha da Inglaterra" submetida a Organizações Não Governamentais Organizadas pelo Governo na sequência da "cristianização" do Judiciário que se seguiu ao julgamento do mensalão.
É historicamente justificável, aliás, que só quem se alinhe no campo antidemocrático tenha know-how sólido sobre o que fazer na disputa pelo poder no Brasil, posto que democracia, ao contrário das bugigangas institucionais vendidas por nossos camelôs da política, requer, sim, muita prática e habilidade e nós, lusófonos, não temos nenhuma.
O PT não só é versado na práxis autoritária que dividimos com os outros povos latinos e católicos, como é ultraespecializado na vertente francamente antidemocrática dessa tradição representada pelo corporativismo ibérico, o expediente que mais refinou a prática de usar as expressões e as ferramentas da democracia para impedir sua entrada no território nacional e matar qualquer semente dela que, por acidente, chegue a germinar no solo pátrio.
As demais correntes políticas brasileiras - e tanto mais quanto mais sinceramente apegadas forem aos dogmas da tolerância e do respeito à diferença e, consequentemente, da liberdade de pensamento e expressão - tateiam no escuro da nossa completa ausência de experiência prática no assunto, agravada por nosso isolamento linguístico, na sua busca pelo aperfeiçoamento da nossa democracia, penumbra que a imprensa não tem ajudado a iluminar em razão da regra que se impõe de só mostrar das democracias mais avançadas o que produzem de pior.
Marina Silva não sabe qual tipo de "participação popular" deseja nem exatamente para quê, podendo facilmente tornar-se vítima de enganos fatais como aquele em que quase embarcou comprando por lebre o gato que Dilma vende no Decreto 8.243. Alertada, recuou e desde então trata de produzir o seu modelo de "participação" para não se mostrar surda à demanda posta por 76% do eleitorado, o que nos põe sob risco iminente.
Já Aécio, o único que não hesita na afirmação de sua fé antiautoritária, sabe que é gato a lebre de Dilma, mas não sabe apontar com precisão o que é que define essa falsificação. Na dúvida, abraça a metade inócua da solução certa com sua proposta de voto distrital "misto", apodo que lhe tira o componente mais forte de participação popular, e com isso perde não só a oportunidade de propor uma solução democrática consagrada capaz de revolucionar a política brasileira, como também a de acrescentar ao seu discurso a contundência reformista que lhe falta.
O primeiro pingo a ser reposto nos "is" para retomar essa questão em melhores termos é estabelecer definitivamente que, ao contrário do que sugere o blá-blá-blá geral, só a democracia "tradicional", que tem obrigatoriamente de ser representativa no contexto de multidões em que vivemos, garante a real participação da sociedade na definição do seu próprio destino político, desde que legitimada pelo sufrágio universal.
O segundo é lembrar que garantir o controle do representante pelo representado sempre foi o calcanhar de Aquiles do regime, tendo posto a perder suas duas primeiras tentativas de caminhar pela Terra - em Atenas e em Roma -, mas na terceira, iniciada na Inglaterra e consolidada em seu prolongamento americano, conseguiu-se, após uma série de tropeços, uma solução boa o bastante para reduzir a corrupção a ponto de extinguir a miséria e dar flexibilidade ao sistema de modo a produzir a mais próspera e progressista das sociedades que nossa espécie jamais reuniu.
Essa solução, que pressupõe o restabelecimento do federalismo e da independência entre os três Poderes da República, que nós já tivemos e nos foram suprimidos, é o voto distrital com recall, ou "retomada", que arma a mão do eleitor para cassar, a qualquer momento, o mandato do representante que não honrar sua representação sem provocar nenhuma perturbação maior no bom andamento dos negócios públicos, o que põe todos os eleitores participando de forma transparente e inverte radicalmente a hierarquia das relações entre cidadãos e servidores públicos.
Nesse modelo, cada candidato só pode concorrer por um distrito definido e qualquer eleitor desse colégio eleitoral pode iniciar uma petição pela "retomada" do mandato condicionalmente concedido ao seu representante, a qual, se aprovada por seus pares numa votação circunscrita, o manda de volta para casa ou o deixa à disposição do Judiciário já como cidadão comum.
Isso põe os políticos na dependência da nossa boa vontade, e não o contrário, como é hoje, o que de saída os obriga a jogar a nosso favor, introduz a meritocracia no serviço público e abre as portas para todas as demais reformas que nos parecerem necessárias. Estas, então, poderão ser empurradas pela formidável arma da remoção expressa de todos os que se lhes opuserem.
Isso opera milagres! O resto é tapeação.
* Jornalista, dá mais informações sobre o voto distrital com recall em www.vespeiro.com

Fonte: O Estado de São Paulo, 30/08/2014

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Para o PT e grande parte da esquerda, a democracia ainda não é um valor estratégico.


Como tenho observado em outros artigos, o PT não mais seduz o eleitorado com sua verborreia esquerdo-populista. Como não mais seduz, parte agora para uma intimidação cada vez mais explícita de jornalistas e financistas que ousam dizer a verdade sobre o estado da economia brasileira.

No texto abaixo de Fernando Gaberia, o jornalista afirma que essas intimidações, contudo, são de fato um tiro no pé do partido. 
Num país democrático, essas práticas (de intimidação), além de condenáveis, não são eficazes. Todo este universo de rancor acaba se voltando contra os agressores, que, como dizem os orientais, sempre se desequilibram no ataque. Os nove jornalistas atacados, nominalmente, por um dirigente do PT tiveram a solidariedade internacional, uma nota de apoio da organização Repórteres sem Fronteiras. 
O PT sabe que existe um nível de rejeição ao partido nas grandes cidades - em Vitória os petistas já não usam estrelas e bandeiras vermelhas, talvez nem barba. O que parece não perceber é como seus movimentos autoritários aumentam a rejeição. É como se um partido abrisse mão de seduzir e se focasse apenas em intimidar.
E conclui:
Não sei qual será o resultado das eleições. Mas acho que o PT faz tudo para merecer uma derrota, algo que lhe dê pelo menos a chance de refletir sobre o período sombrio que acabou instalando no Brasil.
Quem duvida que o PT faz tudo para merecer uma derrota eleitoral? Quanto ao resto, sinceramente quero mais é que o PT se exploda. Não tenho qualquer preocupação com o futuro da sigla e suas possíveis reflexões. Os petistas chegaram a um ponto sem volta faz tempo.

Mas vale o registro e naturalmente a leitura o texto do Gabeira.

Palácio do Planalto, Brasília

FERNANDO GABEIRA 

Internet é isto mesmo: um território livre onde se trocam informações, críticas e insultos. É raro uma pessoa pública nela encontrar apenas elogios. E raro um texto sobre ela que não desperte comentários sacanas. Wikipédias, desciclopédias, com informações truncadas, dizem o que querem e, se as pessoas acreditassem firmemente no que leem na rede, ficariam paralisadas caso encontrassem um personagem dos verbetes, o médico e monstro. Suas reações seriam como as de Alec Guines no Dr. Strangelove, de Stanley Kubrick: os gestos desmentiriam as palavras, o abraço se transfiguraria num soco, e vice-versa.

Num prefácio para o livro do treinador Rômulo Noronha sugeri a natação como uma das táticas para enfrentar comentários negativos. Você os lê, mergulha e, nos primeiros cem metros, começa a achar que não foram tão graves assim. Nos 400 metros, já admite que talvez possam ajudar você de alguma forma, na autocompreensão ou na aceitação do mundo.

Algo muito grave acontece quando os ataques nascem num computador do Palácio do Planalto, sede do governo federal. É o caso das inserções feitas na biografia dos jornalistas Carlos Sardenberg e Miriam Leitão.

Como sempre, o governo reagiu, a princípio, dizendo que era difícil rastrear a origem das notas, os dados foram desmanchados - a mesma tática usada para as gravações das câmeras naquele problema de Dilma Rousseff com uma diretora da Receita Federal. A segunda explicação também é clássica: o Wi-Fi do Planalto é usado por visitantes, pode ter sido alguém de fora - de preferência, da oposição.

Às vezes paro para pensar: por que o PT faz tanto mal a si próprio? Deixo o campo estritamente moral para raciocinar apenas de uma forma política. O caso do Santander é típico: uma nota realista sobre o comportamento do mercado provocou uma grande reação, sua autora foi demitida e o banco, forçado a se derreter em desculpas.

O mercado deve ser livre para fazer suas previsões. E arcar com as consequências. O mercado tinha uma visão negativa no primeiro mandato de Lula. E errou, pois o País iniciou um processo de crescimento.

A pressão contra o Santander, além de sugerir censura, amplificou a análise do banco, que em outras circunstâncias ficaria restrita aos clientes especiais. Assim mesmo, aos que se orientam politicamente por cartas bancárias. O governo conseguiu transformar uma simples análise num debate nacional, o que era um consenso entre analistas de mercado se tornou uma consistente crítica à política econômica de Dilma.

A julgar pelo digitador do Palácio do Planalto, as coisas estão pegando aí, na política econômica: os dois jornalistas atingidos são críticos das medidas do governo com base nas evidências.

No universo político, a artilharia sempre foi comandada pelos blogueiros mantidos por empresas do Estado. Eles cuidam de nos combater com dinheiro público e racionalizam essa anomalia com a tese de que uma verba muito maior é usada pelos meios de comunicação que criticam o governo.

Os intelectuais dissidentes em Cuba dão de barato que o governo os vigia, os boicota e promove campanhas para assassinar sua reputação. Mas é uma ditadura.

Num país democrático, essas práticas, além de condenáveis, não são eficazes. Todo este universo de rancor acaba se voltando contra os agressores, que, como dizem os orientais, sempre se desequilibram no ataque. Os nove jornalistas atacados, nominalmente, por um dirigente do PT tiveram a solidariedade internacional, uma nota de apoio da organização Repórteres sem Fronteiras.

O PT sabe que existe um nível de rejeição ao partido nas grandes cidades - em Vitória os petistas já não usam estrelas e bandeiras vermelhas, talvez nem barba. O que parece não perceber é como seus movimentos autoritários aumentam a rejeição. É como se um partido abrisse mão de seduzir e se focasse apenas em intimidar.

Esse é um jogo muito perigoso. Em primeiro lugar, porque há muitos homens e mulheres que não se intimidam. Em segundo, porque envenena uma atmosfera que já é medíocre com atos de campanha sem graça, muitos bebês no colo, Dilma comendo cachorro-quente. Come cachorro-quente, pequena. Olha que não há mais metafísica no mundo, senão cachorro-quente.

O PT conseguiu construir uma linguagem própria. O verbete aloprado é um descoberta para se distanciar de seus combatentes da guerra suja. Digo com conhecimento de causa. Depois das eleições de 2006, interroguei todos os chamados aloprados. Era estranho que aloprados tivessem coletado mais de R$ 1 milhão. Mais estranha, ao longo dos interrogatórios, a recusa em responder, a frieza matemática em usar os mecanismos legais em sua defesa. Aloprados?

Se um dia aparecer o aloprado do computador do Planalto, observem como se esquiva, como é difícil achar nele algum traço que o defina como aloprado, como resiste às provocações. Ele é resultado de uma cultura que domina a política brasileira desde 1992. A constante tentativa de liquidar o outro é uma arma típica de ditaduras. Infelizmente, para uma grande parte da esquerda, a democracia ainda não é um valor estratégico.

Não sei qual será o resultado das eleições. Mas acho que o PT faz tudo para merecer uma derrota, algo que lhe dê pelo menos a chance de refletir sobre o período sombrio que acabou instalando no Brasil.

Uma força verdadeiramente democrática, à esquerda, seria boa para o futuro.

Será que é preciso que Cuba desmorone, que a Venezuela fracasse mais claramente, para que os petistas se convençam de que esse não é o caminho?

Sei que assim procedendo me exponho ao Twitter de todos vocês. Mas é preciso combater essa cultura de ressentimento e mediocridade que leva um digitador do Palácio do Planalto a dedicar sua tarde ao ataque a jornalistas na Wikipédia.

Não é um aloprado, mas um caso extremo e talvez cristalino: revela, em toda a sua profundeza, o abismo em que nos lançaram.


Fonte: O Estado de São Paulo, 15 Agosto de 2014 

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Miriam Leitão se dá conta de que o governo é autoritário e age fora da lei

Miriam Leitão se dá conta de que o governo é autoritário
Fico em dúvida se o espanto da minha xará, a Leitão, é sincero, pois esse modus operandi do PT, do qual  agora ela foi vítima, não surpreende ninguém que de fato esteja antenado ao que se passa no país. Seja na micropolítica dos movimentos sociais (eu que o diga) ou na macropolítica dos partidos e do Estado, o PT sempre difamou e inclusive caluniou todos que o contestam. O caráter fascistóide do PT só escapa aos olhos dos muitos míopes. 

Agora parece que está se expandindo até contra jornalistas mais moderados ou mesmo de "esquerda", na dicotomia estúpida com a qual se busca restringir o espectro político. Como, no momento, é a economia que está fazendo água, jornalistas de economia, economistas e financistas devem continuar sendo o foco principal das baixarias petistas, se disserem a verdade sobre a situação financeira do país.

De qualquer forma, claro, ela tem toda a razão de chiar, e todos nós, o dever de apoiá-la. Destaco o seguinte trecho de seu artigo "À margem da lei".
Este governo desde o princípio não soube lidar com as críticas, não entende e não gosta da imprensa independente. Tentou-se no início do primeiro mandato Lula reprimir os jornalistas através de conselhos e controles. A ideia jamais foi abandonada. Agora querem o “controle social da mídia”, um eufemismo para suprimir a liberdade de imprensa.
Sim, eu faço críticas à política econômica do governo porque ela tem posto em risco avanços duramente conquistados, tem tirado transparência dos dados fiscais, tem um desempenho lamentável, tem criado passivos a serem pagos nos futuros governos e por toda a sociedade. Isso não me transforma em inimiga. E, ainda que eu fosse, constitucionalmente o governo não tem o direito de fazer o que fez. É ilegal e imoral.

À margem da lei

No princípio, eu me assustei como cidadã. Era difícil acreditar que da Presidência da República foram postados ataques caluniosos a pessoas, porque na democracia o aparato do Estado não pode ser usado pelo governo para atingir seus supostos adversários. A propósito: não sou adversária do governo; sou jornalista e exerço meu ofício de forma independente.

Só no segundo momento é que pensei no fato de que os ataques eram contra mim e meu colega Carlos Alberto Sardenberg. Ninguém, evidentemente, tem que concordar com o que eu escrevo ou falo no rádio e na televisão. Há, em qualquer democracia, um debate público, e eu gosto de estar nele. Mas postaram mentiras, e isso pertence ao capítulo da calúnia e difamação.

Tenho 40 anos de vida profissional e um currículo do qual me orgulho por ter lutado por ele, minuto a minuto. Acordo de madrugada, vou dormir tarde, estudo diariamente, falo com pessoas diversas, apuro, confiro dados, para que cada opinião seja baseada em fatos. Alguns temas são áridos, mas gosto de mergulhar neles para traduzi-los para o público.

Na primeira vez que um amigo me mostrou o perfil cheio de ataques na Wikipedia fiquei convencida de que era coisa de desocupados. Saber que funcionários públicos, computadores do governo, foram usados na Presidência da República para um trabalho sórdido assim foi um espanto. Uma das regras mais caras do Estado de Direito é que o grupo político que está no governo não pode usar os recursos do Estado contra pessoas das quais não gosta.

O início da minha vida profissional foi tumultuado pela perseguição da ditadura. No Espírito Santo, fui demitida de um jornal por ordem do governador Élcio Álvares. Em Brasília, fui expulsa do gabinete do então ministro Shigeaki Ueki, durante uma coletiva, porque ele não gostava das minhas perguntas e reportagens. O Palácio do Planalto não me dava credencial porque eu havia sido presa e processada pela Lei de Segurança Nacional. Aquele governo usava o Estado contra seus inimigos. E eu era, sim, inimiga do regime.

Na democracia, em todos os governos, ouvi reclamações de ministros e autoridades que eventualmente não gostaram de comentários ou colunas que fiz. Mas eram reclamações apenas, algumas me ajudaram a entender melhor um tema; outras eram desprovidas de razão. Desta vez, foi bem diferente; a atitude só é comparável com a que acontece em governos autoritários.

O Planalto afirma que não tem como saber quem foi. É ingenuidade acreditar que uma pessoa isolada, enlouquecida, resolveu, do IP da sede do governo, achincalhar jornalistas. A tese do regime militar de que os excessos eram cometidos pelos “bolsões sinceros, porém radicais” nunca fez sentido. Alguém deu ordem para que isso fosse executado. É uma política. Não é um caso fortuito. E o alvo não sou eu ou o Sardenberg. Este governo desde o princípio não soube lidar com as críticas, não entende e não gosta da imprensa independente. Tentou-se no início do primeiro mandato Lula reprimir os jornalistas através de conselhos e controles. A ideia jamais foi abandonada. Agora querem o “controle social da mídia”, um eufemismo para suprimir a liberdade de imprensa.

Sim, eu faço críticas à política econômica do governo porque ela tem posto em risco avanços duramente conquistados, tem tirado transparência dos dados fiscais, tem um desempenho lamentável, tem criado passivos a serem pagos nos futuros governos e por toda a sociedade. Isso não me transforma em inimiga. E, ainda que eu fosse, constitucionalmente o governo não tem o direito de fazer o que fez. É ilegal e imoral.

Fonte: Miriam Leitão.com, 09/08/2014

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Mais uma baixaria do PT: Planalto deturpa perfil de Míriam Leitão e de Carlos Sardenberg na Wikipédia

Miriam Leitão: Palácio do
Planalto espantoso!
Nem bem se deglutiu o teatro armado pelo petismo e aliados no caso da CPI da Petrobrás e já explode nova baixaria da máfia da estrelinha. Dada à crise econômica, que só se agrava, a petezada tem agora direcionado seus petardos contra financistas, economistas e jornalistas de economia por estes serem críticos dos descaminhos que o governo Dilma começou a trilhar na área desde o início de sua gestão. Teve o caso dos analistas do Banco Santander que acabaram demitidos por informar aos clientes a verdade sobre o contexto econômico brasileiro. Depois caíram em cima da empresa Empiricus pela mesma razão. 

Agora resolveram atacar o perfil de Míriam Leitão e de Carlos Sardenberg na Wikipédia com mentiras difamatórias, como se lê no artigo abaixo. Acontece que, se, em política, dá para enrolar o povo na base da retórica, em economia, cedo ou tarde, o resultado da incompetência e da vigarice acaba por aparecer sem chance de ocultação.  Outros três economistas - Vinicius Carrasco (PUC-RJ), João Manuel de Pinho Mello (Insper) e Isabela Duarte (PUC-RJ) - também fizeram o primeiro estudo para avaliar o Brasil no período Lula e nos dois primeiros anos do governo Dilma e o denominaram "A Década Perdida: 2003 a 2012" . Precisa dizer mais alguma coisa? O que vão fazer: mandar executar os economistas?

Vai ser difícil calar a boca de todos os economistas sérios numa democracia. Daí nosso receio que a petezada, no desespero diante da possibilidade de perder as eleições, queira dar o abraço do afogado no Brasil. 

Planalto altera perfil de jornalistas na Wikipédia com críticas e mentiras

Mudanças em textos da enciclopédia virtual foram feitas do palácio da Presidência

BRASÍLIA — A rede de internet do Palácio do Planalto foi usada para fazer alterações nos perfis dos jornalistas Míriam Leitão, colunista do GLOBO, e Carlos Alberto Sardenberg, da CBN e Rede Globo, na Wikipédia, com o objetivo de criticá-los. O IP 200.181.15.10, da Presidência da República, foi usado na enciclopédia colaborativa virtual para fazer alterações em maio do ano passado. O IP é uma espécie de identidade digital que permite saber de onde partiram as modificações. No entanto, apenas os administradores da rede do Planalto têm como saber exatamente qual equipamento do local foi usado.

As mudanças ocorreram em uma sexta e uma segunda-feira, dias 10 e 13 de maio. A primeira alteração no perfil de Míriam Leitão, feita dia 10, às 16h43m, foi para qualificar análises suas como “desastrosas”. Três dias depois, às 18h32m, a rede da Presidência voltou a ser usada para incluir trechos contra a jornalista, desta vez associando-a ao banqueiro Daniel Dantas: “Míriam Leitão fez a mais corajosa e apaixonada defesa de Daniel Dantas, ex-banqueiro condenado por corrupção entre outros crimes contra o patrimônio público. A forma como Míriam Leitão se envolveu na defesa de Dantas chamou a atenção de Carlos Alberto Sardenberg, seu companheiro na CBN, para quem a jornalista estava diferente naqueles dias. Para Míriam Leitão, apesar do vídeo que flagrava o suborno a um delegado da Polícia Federal, a prisão de Dantas não se justificava, posto que se tratava de coisas do passado”. Confira infográfico com detalhes das mudanças.

Por fim, às 18h50m, o mesmo IP fez uma última alteração no perfil da jornalista:

“Um dos maiores erros de previsão ocorreu durante a Crise Financeira Internacional. Em 29/06/2009, Míriam Leitão escreveu o seguinte sobre a previsão de crescimento do Ministro Guido Mantega de 4,5% do PIB de 2010: ‘Ele fez uma afirmação de que em 2010 o Brasil está preparado para crescer 4,5%. É temerário dizer isso’. Contrariando o pessimismo de Míriam Leitão, o Brasil cresceu 7,5% naquele ano”.

Procurada pela reportagem, Míriam mostrou-se surpresa com o uso da estrutura do Palácio e desmentiu as acusações:

— É mentira que eu tenha defendido Daniel Dantas. Acho que é espantoso que um órgão público, ainda mais o Palácio do Planalto, use recursos e funcionários públicos para fazer esse tipo de ataque a jornalistas, quando deveria estar dedicado às questões de Estado.

‘É IMORAL, É ANTIÉTICO’
Sardenberg: Planalto
canalha e antiético
Com Carlos Alberto Sardenberg, a disposição foi semelhante. No dia 10, às 12h51m, quatro horas antes das alterações no perfil de Míriam, o IP do Planalto começou a fazer mudanças no perfil do jornalista. O texto anteriormente publicado já dizia que o âncora da CBN e da Rede Globo era um forte crítico das políticas econômicas de Lula e Dilma, então o equipamento no Planalto adicionou: “... principalmente em relação aos cortes de juros promovidos nesses governos. É irmão de Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban, instituição que tem grande interesse na manutenção de juros altos no Brasil, uma medida geralmente defendida também por Carlos Alberto Sardenberg em suas colunas. Já cometeu erros notáveis em suas previsões, como afirmar que ‘(...)a economia mundial segue em marcha de sólido crescimento. Sólido porque não é nenhuma bolha financeira (...)’ um ano antes de estourar a crise mundial de 2008”.

Três dias depois, às 14h31m, o IP do Planalto foi então usado para criticá-lo explicitamente: “A relação familiar denota um conflito de interesse em sua posição como colunista econômico”.

Procurado, Sardenberg reagiu:

— Minhas opiniões são sempre muito claras. A política do Banco Central tem sido muito errática e sem uma lógica, tanto é que fizeram uma redução de juros forte e, depois, tiveram que subir, então, é óbvio que está errado. É evidente que minha posição é claramente crítica a esse governo. Esse é um debate de ideias, agora dizer que, porque meu irmão trabalha na Febraban, sou lacaio dos bancos é uma canalhice, uma baixaria. É imoral, é antiético, porque você coloca no perfil uma ilação. Usando um equipamento do governo, se faz uma ilação que não pode ser feita — afirmou.

Ao longo dos três anos e meio do governo Dilma, o IP da Presidência foi usado para realizar cerca de 170 alterações na Wikipédia. Muitas modificaram verbetes relativos a órgãos ligados à Presidência e de ministros e ex-ministros como Moreira Franco, Antonio Palocci, Thomas Traumann, Ideli Salvatti e Alexandre Padilha, além do assessor especial da presidente, Marco Aurélio Garcia, e do vice-presidente, Michel Temer.

O Palácio do Planalto afirmou que “o número do protocolo de internet (IP) citado pela reportagem é o endereço geral do servidor da rede sem fio do Palácio do Planalto. Isso significa que qualquer pessoa que utilizou essa rede via internet móvel terá como endereço de saída este número geral de IP. Por isso, não é possível apontar com segurança a identidade de quem alterou os textos citados pela reportagem a partir deste número de IP em maio de 2013”.

Fonte: O Globo, por Paulo Celso Pereira, 08/08/2014

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Reforma tributária urgente: carga tributária, um dos principais obstáculos à competitividade das empresas brasileiras e ao crescimento do país.


Reforma à vista

Merval Pereira, O Globo

Esta campanha eleitoral está começando a ter uma cara diferente das anteriores, com os principais candidatos de oposição apresentando propostas para questões fundamentais que dependem de reformas estruturais que não são realizadas há pelo menos doze anos.

É o caso da reforma tributária, que foi objeto de debate dos candidatos Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB, nos últimos dias e ontem, em São Paulo, e foi tema de um seminário, do qual participei, organizado pela Lide de João Doria Jr e o Movimento Brasil Eficiente, do economista Paulo Rabello de Castro.

Só o governo não mandou representante, num dia em que O GLOBO tinha em sua 1ª página uma reportagem que mostra a urgência desse debate: o gasto público cresce sem parar no país desde 1997, seja o governo do PT ou do PSDB. E em consequência a carga tributária cresce também, tornando-se um dos principais obstáculos à competitividade das empresas brasileiras e ao crescimento do país.

A boa notícia é que os oposicionistas têm a mesma visão: não é possível aumentar mais a carga tributária. Têm compromisso com a simplificação da cobrança dos impostos, como 1º passo para a redução da carga. O Movimento Brasil Eficiente, coordenado pelo Instituto Atlântico, defende um “ajuste geral, corajoso e inteligente das contas públicas” com o objetivo de reduzir a carga tributária para 30% do PIB no prazo de dez anos, e criar um ambiente econômico que propicie crescimento sustentado de 6% ao ano, com o aumento de investimentos em infraestrutura para 25% do PIB.

A carga tributária, que se aproxima de 40% do PIB quando somada ao déficit público, “chegou ao limite politicamente tolerável”, na definição do Movimento, que reúne confederações do setor produtivo nacional, federações empresariais e de trabalhadores, empresas de vários setores e de todos os portes, entidades de representação da sociedade civil do chamado terceiro setor, além de universidades e institutos de pesquisa.

O representante do candidato do PSDB, Wilson Brumer, homem do setor privado mas com experiência de ter sido secretário de governo em Minas, foi objetivo, e considerou exequível esse movimento para redução contínua da carga tributária até que ela chegue a 30%.

Como Aécio já havia enfatizado, isso só acontecerá se houver um controle do crescimento do gasto público corrente, e Brumer retomou proposta que Dilma, quando ministra-chefe do Gabinete Civil, considerou rudimentar: os gastos do governo não podem ser maiores do que o crescimento da economia. Ou, como definiu o jurista Ives Gandra, o Estado não pode continuar sendo maior que o PIB.

O ex-deputado federal Maurício Rands, que deixou o PT e hoje assessora Eduardo Campos, anunciou como uma decisão do candidato a criação de um conselho para acompanhar as contas do governo, conforme previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal e nunca regulamentado. Campos havia ontem o compromisso de não aumentar impostos, e, a partir desse patamar, fazer uma reforma tributária que simplifique e distribua melhor seus impostos para melhorar os serviços públicos.

Os dois buscam saídas para um maior equilíbrio federativo, eles que foram governadores e sentiram na carne as dificuldades que a centralização dos impostos no governo federal produzem. Ao final do debate, em que ficou claro que os empresários anseiam por mudanças estruturais, o economista Castro leu a “Carta do Povo Brasileiro”, baseada em uma pesquisa encomendada ao Datafolha depois das manifestações de junho de 2013, que termina assim:

“Perdas são pedagógicas. Perdemos, um dia, a democracia, para aprendermos a não perdê-la nunca mais; com a inflação, perdemos o sentido e o valor do dinheiro para, hoje, darmos todo o valor à moeda estável. Temos perdido tempo e energia demais com governos que governam mal e nos custam cada vez mais caro. Nossa paciência não tem o tamanho da vida inteira. O povo brasileiro exige ser senhor do seu tempo. Para o Brasil se projetar como líder em sua região e como um exemplo de nação próspera, moderna e justa, perante o mundo. Queremos de volta a ordem no governo, para termos de volta o progresso, que perdemos”.

Fonte: Blog do Noblat, 06/08/2014

Carta do Povo Brasileiro

Brasil, agosto de 2014
Sr.(a) Governante:

Quem aqui se manifesta é o coletivo que chamamos de Brasil. Nossa voz aprendeu a reconhecer, a respeitar e a defender a terra onde escrevemos nossa história e a transmitimos à geração seguinte. Esse é o Brasil que fala agora ao Governante. (*)

Dessa vez é o povo que manda o recado. Um recado mais do que necessário, porque o velho monólogo dos marqueteiros do governo, soprando crenças no ouvido do povo, não funciona mais. O povo que lê e escreve nas redes sociais não precisa de intérpretes de pensamento. O governante que queremos é aquele que vai governar com o povo. O governante moderno aprende porque escuta, em seguida planeja suas ações e as executa como combinado. Governo sem plano é desgoverno.

Chegamos ao ponto-limite. Brasília virou uma fantasia bilionária, de fato trilionária, cercada de desperdícios e ineficiências. O poder que manipula trilhões de reais nos orçamentos públicos ainda tem a petulância de afirmar ao povo que “faltam recursos”. Não! Recursos abundam. Fizemos, nas ruas, essa denúncia, em junho de 2013. O recado deveria ter sido suficiente, mas caiu no vazio. 

Nesta Carta, retomamos a luta de Tiradentes, nosso maior manifestante civil: não aceitamos mais carregar no lombo um governo que aplica uma tributação impiedosa sobre o bolso do contribuinte indefeso. O empresário, que poderia estar gerando empregos, virou um proletário do governo. Este está sempre cobrando sua fatia na frente; não espera nem o lucro acontecer. E o povo continua carregando uma das cargas tributárias mais onerosas do planeta: trabalha até a metade do ano só para sustentar o governo e os governantes.

O povo brasileiro quer treinamento e trabalho. Quer aposentadorias e pensões compatíveis com os aportes que faz ao longo da vida. O povo brasileiro não precisa de salvadores; precisa mesmo é de gestão séria e confiável, rotativa e verificável, em todos os níveis de governo. 

Chega de burocracia e de roubar descaradamente o tempo e a saúde do povo nas filas do atendimento médico e nas paradas de ônibus; ou queimar o futuro dos jovens com classes sem bons professores, com a falta de um computador por aluno. Esta Carta marca um ponto de virada. O povo brasileiro só precisa de condições e ambiente adequado para trabalhar, para empreender seus negócios, para desenvolver sua pesquisa, se educar e cuidar do ambiente.

Perdas são pedagógicas. Perdemos, um dia, a democracia, para aprendermos a não perdê-la nunca mais; com a inflação, perdemos o sentido e o valor do dinheiro para, hoje, darmos todo o valor à moeda estável. Temos perdido tempo e energia demais com governos que governam mal e nos custam cada vez mais caro. Nossa paciência não tem o tamanho da vida inteira. O povo brasileiro exige ser senhor do seu tempo. Para o Brasil se projetar como líder em sua região e como um exemplo de nação próspera, moderna e justa, perante o mundo.

Queremos de volta a ordem no governo, para termos de volta o progresso, que perdemos.

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*As opiniões emitidas nesta Carta foram objeto de pesquisa nacional de opinião pública conduzida pelo Instituto Datafolha em fevereiro de 2014, com 2.091 entrevistados em 120 municípios, abrangendo todos os grupos sociais e regiões brasileiras.

Fonte: Movimento Brasil Eficiente (facebook)

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