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Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

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Aserá,

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segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Ex- presidente Fernando Henrique diz o óbvio: na eminência de perder as eleições, PT ameaça a democracia mais ainda

Cuidemos da democracia
FHC diz o óbvio: na possibilidade de perder as eleições, o PT ameaça a democracia mais ainda. Eu digo mais ainda porque esse pútrido partido nunca deixou de ameaçá-la. O ex-presidente, com sua elegância às vezes excessiva, que sempre poupou muito Lula e agora sua pupila, afirma que as ameaças petistas são mais palavras equívocas do que realidades impositivas. Entretanto, já botou as barbas de molho e alerta:
Sei que são mais palavras equívocas do que realidades impositivas. Mas denotam um estado de espírito. Em lugar de se prepararem para "aceitar o outro", como em qualquer transição democrática decente, estigmatizam os adversários e ameaçam com um futuro do qual os outros estarão excluídos. 
Vejo fantasmas? Pode ser, mas é melhor cuidar do que não lhes dar atenção. A democracia entre nós, já disseram melhor outros personagens, é como uma planta tenra que tem de ser cuidada e regada com exemplos, pensamentos, palavras e ações todos os dias. Cuidemos dela, pois.
Seguem também dois vídeos, um da Veja, de 02/08, com aúdio que comprova a farsa da CPI da Petrobrás, e um outro de mais uma recepção calorosa à Dilma, desta feita em Montes Claros, MG (01/08), onde os manifestantes entoaram um "Ei, Dilma, vai tomar no SUS".

Não sei sobre a credibilidade das pesquisas de intenção de voto, mas, nas ruas, a insatisfação com Dilma vem dos mais variados setores da população, até mesmo dos beneficiários do bolsa-família. Há, de fato, um cansaço do PT (feliz de estar viva pra ver isso), mas não sei se será suficiente para tirar esse cancro do poder. Daí essa eleição ser fundamental para o futuro do país. Se o PT ganhar, com cada vez menos apoio popular real, a tendência é o partido escancarar o autoritarismo Há que se começar a pensar em alternativas para isso desde já.

Falta sentimento democrático

Fernando Henrique Cardoso

Ainda é cedo, mas há fortes indícios de que o PT perderá as próximas eleições. Em que Estado com muitos eleitores seus candidatos a governador se mostram competitivos? Talvez em um. No total os petistas aparecem bem situados apenas em quatro Estados, se tanto, três deles com não muitos eleitores. Quanto aos aliados, especialmente o principal, o PMDB, parece que andam em franca debandada em vários Estados. Também, pudera, como pedir fidelidade no apoio à reeleição quando, além do pouco embalo da chapa presidencial, os candidatos da oposição e do próprio PMDB aos governos estaduais aparecem bem à frente dos candidatos do PT?

As taxas de rejeição da presidenta estão nas nuvens, não só em São Paulo, onde nem o céu é o limite. Também crescem nos pequenos municípios do Norte e do Nordeste para onde, nas asas das Bolsas Família, migraram os apoios do partido que nasceu com os trabalhadores urbanos. As raízes deste quadro se abeberam em vários mananciais: os das dificuldades econômicas, da tragédia das políticas energéticas (vale Prêmio Nobel derrubar ao mesmo tempo o valor de bolsa da Petrobrás e as chances do etanol e ainda encalacrar as empresas de energia elétrica), da confusão administrativa, do pântano das corrupções, e assim por diante. Culpa da presidenta? Não necessariamente.

Há tempo escrevi um artigo nesta página com o título Herança maldita. Fazia ironia, obviamente, com o estigma que petistas ilustres quiseram impingir ao meu governo. No artigo indicava que a origem das dificuldades não estava no atual governo, vinha de seu predecessor. A cada oportunidade que tenho procuro separar a figura da presidenta, seu comportamento passado e atual, digno de consideração, dos erros que, eventualmente, atribuo ora a ela, ora ao estilo petista de governar.

Mas, francamente, é demais não reconhecer que há motivos reais, objetivos, para o mal-estar que envolve a atual política brasileira sob hegemonia petista. Abro ao acaso os jornais desta semana: os europeus advertem que a produtividade do País está estagnada; o humor do varejo em São Paulo é o pior em três anos; a produção industrial e a confiança dos industriais não param de cair; o FMI publica documento oficial assinalando que nossa economia é das mais vulneráveis a uma mudança no cenário internacional e ajusta mais uma vez para baixo a projeção de crescimento do PIB brasileiro em 2014 para 1,3% (seriam otimistas?); o boletim Focus, do Banco Central, prevê um crescimento ainda menor, de 0,9% (seriam os pessimistas?); o juro para a pessoa física atinge seu maior patamar em três anos; a geração de empregos é a menor para o mês de junho em 16 anos; para não falar na decisão do TCU de bloquear os bens dos dirigentes da Petrobrás ao responsabilizá-los por prejuízos causados aos cofres públicos na compra da refinaria de Pasadena.

Espanta, portanto, que a remessa de análise conjuntural feita por analistas de um banco a seus clientes haja provocado reações tão inusitadas. O mercado não deve intrometer-se na política, protestaram governo e petistas. Talvez. Mas se intromete rotineiramente e quando o vento está a favor os governos se deixam embalar por seu sopro. Então, por que agora e por que de forma tão desproporcional ao fato, presidenta?

Não creio que seja por desconhecimento da situação, muito menos por ingenuidade. Trata-se de estratégia: o ataque é a melhor defesa. E nisso Lula é mestre. Lá vem aí de novo com a "zelite" (da qual faz parte) contra o povo pobre. Até aí, táticas eleitorais. Mas me preocupa a insistência em tapar o sol com peneira. Talvez queiram esconder o acúmulo de dificuldades que se estão avolumando para o próximo mandato: inflação subindo, com tarifas públicas e preço da gasolina represados; contas públicas que nem malabarismos fiscais conseguem ajustar; o BNDES com um duto ligado ao Tesouro, numa espécie de orçamento paralelo, como no passado remoto; as tarifas elétricas rebaixadas fora de hora e agora o Tesouro bancando os custos da manobra populista; e assim por diante. Em algum momento o próximo governo, mesmo se for o do PT, terá de pôr cobro a tanto desatino. Mas, creem os governistas, enquanto der, vamos empurrando com a barriga.

Que fez o governo do PSDB quando as pesquisas eleitorais de 2002 apontavam possível vitória do PT da época? Elevou os juros, antes mesmo das eleições, reduzindo as próprias chances eleitorais. Sustentou mundo afora, antes e depois das eleições, que não haveria perigo de irresponsabilidades, pois as leis e a cultura do País haviam mudado. Pediu um empréstimo ao FMI, com a prévia anuência pública de todos os candidatos a presidente, inclusive e especificamente do candidato do PT. O dinheiro seria desembolsado e utilizado pelo governo a ser eleito para acalmar os mercados, que temiam um descontrole cambial e inflacionário, e mesmo uma moratória, com a vitória de Lula. Aprovamos ainda uma lei para dar tempo e condições ao novo governo de se inteirar da situação e se organizar antes mesmo de tomar posse.

Agora, na eventualidade de vitória oposicionista (e, repito, é cedo para assegurá-la), que fazem os detentores do poder? Previnem-se ameaçando: faremos o controle social da mídia; criaremos um governo paralelo, com comissões populares sob a batuta da Casa Civil, que dará os rumos à sociedade; amedrontam bancos que apenas dizem o que todos sabem, etc. Sei que são mais palavras equívocas do que realidades impositivas. Mas denotam um estado de espírito. Em lugar de se prepararem para "aceitar o outro", como em qualquer transição democrática decente, estigmatizam os adversários e ameaçam com um futuro do qual os outros estarão excluídos.

Vejo fantasmas? Pode ser, mas é melhor cuidar do que não lhes dar atenção. A democracia entre nós, já disseram melhor outros personagens, é como uma planta tenra que tem de ser cuidada e regada com exemplos, pensamentos, palavras e ações todos os dias. Cuidemos dela, pois.

* Sociólogo, foi presidente da República

Fonte: O Estado de São Paulo, 03/08/2014

Gravações comprovam: CPI da Petrobras foi uma grande farsa

 VEJA teve acesso a um vídeo que revela a extensão da fraude. O que se vê e ouve na gravação é uma conjuração do tipo que, nunca se sabe, pode ter existido em outros momentos de nossa castigada história republicana. Mas é a primeira vez que uma delas vem a público com tudo o que representa de desprezo pela opinião pública, menosprezo dos representantes do povo no Parlamento e frontal atentado à verdade. Com vinte minutos de duração, o vídeo mostra uma reunião entre o chefe do escritório da Petrobras em Brasília, José Eduardo Sobral Barrocas, o advogado da empresa Bruno Ferreira e um terceiro personagem ainda desconhecido. 

A decupagem do vídeo mostra que, espantosamente, o encontro foi registrado por alguém que participava da reunião ou estava na sala enquanto ela ocorria. VEJA descobriu que a gravação foi feita com uma caneta dotada de uma microcâmera. A existência da reunião e seus participantes foram confirmados pelos repórteres da revista por outros meios — mas a intenção da pessoa que fez a gravação e a razão pela qual tornou público seu conteúdo permanecem um mistério. Quem assiste ao vídeo do começo ao fim — ele acaba abruptamente, como se a bateria do aparelho tivesse se esgotado — percebe claramente o que está sendo tramado naquela sala. E o que está sendo tramado é, simplesmente, uma fraude caracterizada pela ousadia de obter dos parlamentares da CPI da Petrobras as perguntas que eles fariam aos investigados e, de posse delas, treiná-los para responder a elas. Barrocas revela no vídeo que até um “gabarito” foi distribuído para impedir que houvesse contradições nos depoimentos. Um escárnio. Um teatro.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Ao votar nulo, você beneficia quem está na frente nas intenções de voto


Voto nulo é um clássico libertário. Faça chuva ou faça sol, a proposta é sempre votar nulo. E, como diz o Bolívar Lamounier, no texto abaixo, o voto nulo é tão válido como qualquer outro. A cidadã, o cidadão votam como querem. Aliás, o certo é que ninguém seja obrigado a votar, como ainda acontece nessa nossa democracia meia-sola.

Entretanto, apesar de legítimo, não votar ou votar nulo ou em branco também tem consequências políticas. Não procede a ideia de "não participação no processo político", ao se abster de votar ou ao anular o voto ou ao votar em branco. Não se sustenta a ideia do "não sujar as mãos" com a política viciada, do "nada vai mudar mesmo", ao desconsiderar a política institucional. Goste-se ou não dela, ela está aí determinando os rumos de nossas vidas, mudando sim as coisas pra melhor ou pior.

Lavar as mãos também vai ajudar a definir os vencedores e perdedores de um pleito. Omissão também interfere na política como, aliás, em quase tudo. Não votar, votar em branco ou votar nulo tendem a beneficiar quem está com maior possibilidade de ganhar a eleição. No caso do pleito que se avizinha, o beneficiário será o PT. Portanto, a despeito do desalentador quadro da política brasileira, não vote nulo. Segue texto do cientista político Bolívar Lamounier sobre o assunto bem como dois vídeos explicando o tema mais detalhadamente.

VOTO NULO: COMO, QUANDO, PARA QUÊ?

Entendamo-nos, primeiro, quanto aos conceitos, uma vez que a pergunta comporta pelo menos duas interpretações bem distintas. No sentido legal e moral, a resposta só pode ser positiva; o voto nulo é tão válido como qualquer outro. O cidadão vota como quer; este é um princípio "sine qua non" da democracia. No regime democrático, por definição, inexistem instâncias com legitimidade para forçá-lo a escolher desta ou daquela forma.

A questão que ora nos ocupa é portanto de ordem prática: qual é, em comparação com outras estratégias de protesto, a eficácia do voto nulo? Em que medida e sob que circunstâncias ele produz realmente o efeito desejado? É claro que em situações falsamente democráticas ou marcadamente ditatoriais o voto de protesto pode valer mais que a escolha substantiva.

No caso brasileiro, o melhor momento para examinarmos os prós e contras do voto nulo são as eleições legislativas de 1970, colhidas em cheio pela chegada dos "anos de chumbo". Naquelas condições, não surpreende que o voto nulo (a soma dos votos em branco e nulos, melhor dizendo) atingisse um índice inusitadamente alto.

Que lição podemos tirar desses números? É preciso admitir que, naquele ano, o voto de protesto produziu um efeito perceptível; sem ela, o MDB teria feito bancadas um pouco maiores, mas ainda pequenas e submetidas de qualquer forma à espada de Dâmocles do AI-5. Há, no entanto, um argumento ponderável no sentido oposto. O "recado" do protesto foi dado, mas seu efeito político foi duvidoso, para dizer o mínimo. Em poucas semanas, ninguém mais se lembrava dele. Alguns deputados a mais em Brasília poderiam ter tido uma vida útil mais longa como oposicionistas.

Que dizer da situação atual? Qual pode ser, nas eleições deste ano, a serventia do voto nulo? Afastemos, desde logo, a suposição de que um alto percentual de votos nulos acarreta a nulidade da própria eleição. Trata-se de uma crença totalmente desprovida de fundamento; a Constituição vigente nada estipula nesse sentido.

A questão a considerar é, pois, o objetivo dos proponentes do voto nulo. Protestar contra o quê, exatamente? Uma razão amiúde invocada para o protesto é o desgaste das instituições, nos três ramos do governo. O desgaste de fato existe e se deve a uma infinidade de razões.

O Congresso atual alterna momentos de omissão, de anarquia e de subserviência ao Executivo, desservindo o interesse público nos três casos. Episódios de corrupção multiplicam-se nos três Poderes, numa sucessão interminável. É um estado de coisas lastimável, mas a contribuição do voto nulo à correção dele é rigorosamente zero. Neste caso, nada há na anulação que se possa chamar de público –ou seja, de político, no melhor sentido da palavra. Nas condições do momento, ele apenas exprime um mal-estar subjetivo, difuso, de caráter individual. Qualquer que seja seu peso nos números finais da eleição, ele será apenas uma soma desses mal-estares e da apatia que deles decorre.

Um protesto contra as políticas do governo atual? Realmente, na política econômica, há equívocos de toda ordem; na educação, é até difícil dizer se há alguma política; na área externa, uma descabida simpatia por ditaduras de vários matizes; sem esquecer a incompetência e os abundantes desmandos que se têm verificado em certas empresas públicas, a começar pela Petrobras. Dá-se, no entanto, que tais políticas derivam fielmente da coalizão partidária no poder; motivos para combatê-las não faltam, mas o voto nulo não as combate. Bem ao contrário, ele contribui para a permanência delas, ao facilitar a pretendida reeleição de Dilma Rousseff.

BOLÍVAR LAMOUNIER, 71, é cientista político, sócio-diretor da Augurium Consultoria e autor de "Intelectuais e ideologias no século 20"

Fonte: Folha de São Paulo, Tendências e Debates, 12/07/2014

sexta-feira, 9 de maio de 2014

PT deixa herança maldita para próximo governo enquanto culpa imprensa pelas vaias a Dilma


Dilma e sua turma vêm sendo vaiados até em evento da CUT (braço do PT). Enfim, parece que ela está - cada vez mais - desagradando aos mais variados segmentos da sociedade. E isso é muito bom porque nos dá esperança de tirar essa coisa malévola, chamada PT, do poder. Por outro lado, o abacaxi que o governo Dilma deixará para o próximo presidente não vai ser nada fácil de descascar como bem descreve editorial do Globo do último final de semana.

Abaixo dois textos de O Globo, um do jornalista Merval Pereira (acompanha vídeo com a vaia dada a Dilma na Expozebu) e outro o editorial falando da sortida herança de problemas que o atual governo deixará para 2015.

Critérios e tendências

Merval Pereira, O Globo

Essa não é uma boa perspectiva para quem se coloca como a melhor opção para presidir o país. Quando Lula começou a aparecer como o franco favorito nas pesquisas em 2002, os especuladores financeiros reagiram ao perigo potencial que ele representava, levando o dólar até a R$ 4,00 e elevando o risco Brasil.

Agora, a cena se repete invertida, mas pelas mesmas razões: o mercado financeiro oscila para cima com a possibilidade de derrota de Dilma, o que significa que a direção econômica do país mudará de rumo.

A convenção do PT, que reafirmou a candidatura de Dilma, tentando soterrar a campanha pela volta de Lula, teve um tom agressivo que denota todo o ressentimento pela crescente rejeição ao governo petista refletida nas pesquisas eleitorais e nas vaias que seus principais líderes estão recebendo pelo país.

Ontem mesmo foi a vez de a presidente ser vaiada mais uma vez, agora em uma tradicional exposição de gado zebu em Uberaba, em Minas, a terra de Aécio Neves que Dilma também reivindica para si, pois nasceu no estado. Mas, assim como historicamente não está ligada ao PT, e sim ao PDT, o Rio Grande do Sul tem mais a ver com sua vida política.

A radicalização da campanha petista, com críticas à elite e à grande imprensa, mais uma vez acusada por Lula como a grande opositora, pode levar, no entanto, a resultado contrário ao desejado pelos apoiadores de Dilma. As pesquisas indicam que ela está caindo pelas tabelas em direção à votação tradicional do PT, que gira em torno de 30% do eleitorado.

Lula só saiu desse índice para tornar-se presidente quando ampliou seu eleitorado adotando uma imagem pública menos agressiva do que a que tinha nas campanhas anteriores, de 1989 a 1998, quando perdeu quatro eleições seguidas, duas para Collor (primeiro e segundo turnos) e duas para Fernando Henrique Cardoso, no primeiro turno.

Teve que escrever a hoje famosa "Carta ao povo brasileiro", em que se comprometeu com a manutenção da política econômica, e amenizou tanto sua imagem que, a certa altura da campanha, me disse, satisfeito: "Desta vez estou eleito. Quando até a Vera Loyola anuncia que votará em mim, é que já ganhei". A socialite da Barra que colocava tapete persa na casa de seu cachorrinho representava naquela ocasião a aceitação do Lulinha Paz e Amor, criatura criada por Duda Mendonça, que anda sumida nos últimos tempos.

As últimas pesquisas divulgadas, mesmo que os critérios de algumas, como a de ontem do Instituto Sensus ou a do Vox Populi, de dias atrás, possam provocar dúvidas, são uníssonas em uma direção: a presidente Dilma está perdendo densidade eleitoral com o passar do tempo, e o candidato do PSDB, senador Aécio Neves, surge como a alternativa preferida dos que votam com a oposição, grupo que tem sido a maioria no primeiro turno de todas as eleições realizadas desde 1994.

Há ainda uma outra tendência reafirmada: a distância entre Dilma e Aécio num provável segundo turno está diminuindo à medida que o candidato da oposição vai ficando mais conhecido do grande eleitorado.

O outro candidato da oposição, o ex-governador Eduardo Campos, continua sem tirar vantagem da adesão de Marina, e sofre restrições impostas por sua companheira de chapa. Agora mesmo, ao ouvir Aécio dizer que é companheiro "do mesmo sonho" de Campos, Marina fez questão de afirmar que há diferenças bastante profundas entre os dois, sugerindo que a adesão a uma eventual ida de Aécio para o segundo turno não são favas contadas.

Provavelmente faz isso para marcar uma posição de independência, confiante no cansaço do eleitorado à polarização entre PT e PSDB. Se Campos se convencer de que deve também tratar o candidato tucano como adversário, o calor da campanha eleitoral pode inviabilizar um acordo no segundo turno, o que favorecerá mais uma vez o PT.

Fonte: Blog do Noblat, via O Globo, 04/05/2014



A sortida herança de problemas para 2015 (Editorial)


O Globo

Seja qual for o presidente a partir de 1º de janeiro, já se sabe que a — ou o — esperará no principal gabinete do Palácio do Planalto uma lista razoável de questões intrincadas no campo da economia. Todas derivadas de erros cometidos no presente governo.

Ultimamente, quando se fala em “herança maldita” para o próximo presidente, pensa-se no setor elétrico. De fato, a desarrumação patrocinada por Dilma, ao intervir de maneira radical no setor e forçar um corte eleitoreiro nas tarifas conjugado com a renovação de concessões, não será de simples conserto.

Com a infeliz coincidência de uma seca histórica no Sudeste — potencializada pela teimosia eleitoreira do governo em não recuar no corte e/ou fazer campanhas de moderação do consumo —, as termelétricas, de custo operacional mais elevado, são forçadas a operar em três turnos e, com o veto palanqueiro ao repasse às contas de luz, cria-se no armário das contas públicas um “esqueleto” fiscal de grandes dimensões.

O represamento desta e de outras tarifas, como os preços de combustíveis, subsidiados pela já sobrecarregada Petrobras, precisa ser equacionado logo no início do governo. Para fugir de um tarifaço — possibilidade não afastada —, quem estiver com a faixa presidencial em 1º de janeiro precisará escalonar o ajuste.

Mas há outros ingredientes também preocupantes neste pacote de heranças. A própria “contabilidade criativa” é um deles, porque continua em funcionamento a usina de produção de números pouco ou nada confiáveis sobre o fluxo de dinheiro público, embora tenha sido este jogo de ilusionismo estatístico um dos fatores que contribuíram para o rebaixamento da nota de risco do país pela agência S&P.

Reportagem do GLOBO da última segunda-feira revelou que continua o represamento artificial de despesas, feito pelo Ministério da Fazenda/Secretaria do Tesouro na virada do ano, para maquiar as contas públicas.

Um dos truques — além da subestimativa de gastos feita no Orçamento — é retardar repasses obrigatórios. O Tesouro nega que a Previdência padeça do problema. Mas a operação-tartaruga neste fluxo financeiro, sempre com o objetivo de melhorar a aparência do superávit primário, iria além. Atingiria, por exemplo, o programa Minha Casa, Minha Vida, até mesmo o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Trabalho feito pela Consultoria de Orçamento da Câmara, a partir de dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), detectou que o Tesouro empurrou de janeiro para fevereiro 5,66% dos desembolsos previstos. Em fevereiro, 18,9%, e, março, 10,86%.

Nesta progressão, o próximo presidente também herdará uma conta bilionária postergada para 2015 nas despesas correntes. Já ampliadas pelo pacote populista-eleitoreiro de 1º de Maio. Sem falar nas tarifas irreais. Trabalho e dores de cabeça não faltarão.

Fonte: Blog do Noblat, via O Globo, 04/05/2014

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Polêmica sobre candidatura de Bolsonaro à presidência revela que à esquerda ou à direita poucos brasileiros entendem de democracia

Bolsonaro em entrevero  em frente ao antigo DOI-Codi, no Rio, com o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). Os dois quase trocam socos — algo usual em discussões de que participa o deputado do PP. Bolsonaro não tem equilíbrio nem preparo para aspirar à Presidência — e suas ideias são abomináveis (Foto: O Globo)
A última polêmica da Internet e das redes sociais girou em torno da possível candidatura do deputado Jair Bolsonaro à Presidência da República. A polêmica surgiu porque os colunistas da VEJA - que é tida como de direita - consideraram a candidatura um gracejo ou mesmo uma piada. Até Rodrigo Constantino, que (em suas fantasias de unir a "direita") já chegou a postar foto sentado com o Boçalnaro,  posicionou-se contrário à candidatura por considerar o deputado inadequado para o cargo de presidente.

Acontece que os bolsanaretes ficaram furiosos com os colunistas e invadiram as caixas de comentários dos ditos para fazer campanha pelo truculento ex-militar e xingar os blogueiros. Bolsonaro que faz qualquer coisa para aparecer na mídia e alavancar a infausta carreira está adorando todo o barraco, bem a seu estilo. 

Tudo isso só mostra que - à esquerda ou à direita - poucos entendem o significado da palavra democracia no Brasil. Uma olhada nos comentários sobre as postagens dos colunistas da VEJA a respeito da candidatura de Bolsonaro dá uma boa ideia do que falo.

Abaixo texto do Ricardo Setti sobre o assunto e vídeo onde o lastimável deputado define a sua antidemocrática concepção de democracia onde as minorias devem se curvar as maiorias. E ele não é uma piada? A democracia se define pelo exato oposto: é um sistema onde, apesar de definir cargos parlamentares com base no voto da maioria de eleitores, tem como característica o respeito às minorias sejam as eleitorais, sexuais, raciais ou religiosas.  

Bolsonaro candidato a presidente? É uma piada, mesmo. Piada.

Meu amigo Lauro Jardim publicou uma nota em seu Radar On Line que explodiu na web dizendo que o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) havia decidido “fazer mais uma graça” e “anunciou oficialmente à cúpula do PP que está disponível para se candidatar a presidente da República”.

A nota provocou um aluvião de acessos e mais de 12 mil comentários — um número espantoso.

Pois eu acho que se trata mesmo apenas de uma “graça”, uma piada, uma brincadeira, a suposta candidatura do deputado a presidente.

Digo isto não porque abomino a maioria das ideias, as posturas, a atitude e o jeito de fazer política do deputado Bolsonaro.

Em primeiro lugar, é uma piada porque o PP é um partido de raposas, e não vai embarcar numa fria, em uma candidatura com chance zero de vingar.

Boa parte do PP pretende continuar mamando no governo e, apesar de se tratar de um partido supostamente conservador, quer continuar tecnicamente apoiando o governo lulopetista da presidente Dilma.

Outros setores querem marchar com o tucano Aécio Neves, que emplacou um governador em exercício do PP em Minas, tem boas relações com o comando do partido, apoia a senadora pepista Ana Amélia na corrida para o governo do Rio Grande do Sul e é primo e muito próximo de um dos cardeais do PP, o senador Francisco Dornelles (RJ).

Em segundo lugar, a candidatura de Bolsonaro é uma piada porque ele não tem equilíbrio, nem postura nem preparo para ser presidente (e não me venham com o argumento de que, se Lula foi presidente, vale tudo, de que, se Collor foi presidente, tudo pode, de que, se Dilma, de quem se dizia “preparadíssima”, chegou lá, tudo vale — não, não vale, porque quero o MELHOR para meu país. Nada de nivelar a exigência por baixo! Já sabemos o resultado disso). As ideias e atitudes do deputado estão longe daquilo que os brasileiros MERECEM ter no próximo ocupante do Palácio do Planalto.

Truculento e gritalhão, Bolsonaro já se envolveu em inúmeros entreveros repletos de insultos e próximos a briga de socos no Congresso. Ele zomba de quem defende direitos humanos, não hesitou em acarinhar publicamente, mais de uma vez, a ideia de golpes militares, defendeu a tortura em determinados casos — atropelando um dos valores mais sagrados da civilização ocidental a que ele supostamente pertence — e até chegou ao extremo grotesco de defender o “fuzilamento” de um presidente da República em exercício, no caso o presidente Fernando Henrique Cardoso. É homofóbico de carteirinha e orgulha-se deste e de outros preconceitos.

É um saudosista da ditadura e faz grossa demagogia dizendo-se, por ser ex-capitão do Exército, representante das Forças Armadas no Congresso.

NÃO, senhores: ele é delegado de 120.646 eleitores do Estado do Rio de Janeiro que o elegeram. Embora entre eles certamente se incluam militares da ativa e da reserva e pessoas de suas famílias, isso fica a anos-luz de se arrogar representante “das Forças Armadas”.

Suposto crítico contumaz da “velha política”, transformou-se por ironia em um ferrenho adepto do que condena e colocou a família para viver às custas da política: ele próprio está no sexto mandato de deputado federal, seu filho Flávio desempenha o terceiro mandato de deputado estadual, a ex-esposa Rogéria foi vereadora na Câmara Municipal do Rio e ele tem lá, hoje, outro filho, Carlos, já no segundo mandato.

Bolsonaro surgiu para a vida pública como um capitão da ativa do Exército que escreveu um artigo para a antiga seção “Ponto de Vista” de VEJA criticando a Força por diferentes razões, inclusive os baixos salários. Acabou sendo punido, ganhou as manchetes, foi para a reserva e pulou para a política, começando como vereador no Rio, embora seja paulista de Campinas.

Em seus 24 anos como deputado federal — consultem seu perfil oficial na Câmara dos Deputados e seu site na internet –, embora tenha apresentado montanhas de projetos e participado de incontáveis comissões, Bolsonaro não demonstrou qualquer preparo apreciável em gestão pública, em economia, em relações internacionais e em uma série de outros requisitos mínimos necessários a quem aspira ser presidente da República.

Seus cursos de saltos como pára-quedista, de mergulho treinado pelo Corpo de Bombeiros e sua passagem pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército (EsAO) certamente são úteis e interessantes, mas muito pouco para quem quer dirigir uma das 10 maiores economias do planeta.

Não concordo com as ideias de Bolsonaro e repudio a frequência com que ele as defende de forma grosseira, agressiva e pouco democrática. Acho, porém, que ele representa um segmento da opinião pública e tem absolutamente o direito de expressar o que pensa, sempre que aja dentro da lei.

Está muito bem que seja deputado federal e que tente se reeleger. (Já não acho tão bem que queira a família toda vivendo de salários do Legislativo…)

Ser presidente da República, porém, definitivamente não é para seu bico.

Fonte: Coluna do Ricardo Setti, VEJA, 02/05/2014

terça-feira, 29 de abril de 2014

Para o PT, o Brasil é um país de todos. De todos os que concordam com a sua política.

Fernando Gabeira é uma das figuras públicas brasileiras que melhor demonstra que "ou evoluir ou morrer". Foi da esquerda extremista e pegou em armas contra a ditadura militar. Depois, no exílio, passou para a esquerda mais libertária e ecológica, voltou ao país e apoiou o PT (como muitos de nós apoiamos o partido nos idos dos anos 80) e, posteriormente, desapontado, tornou-se um dos maiores críticos da famigerada sigla. Faz parte, com Ferreira Gullar, Arnoldo Jabor, entre outros, de um pessoal que caiu na real, sem perder a esperança de melhorar a sociedade onde vivemos.

No texto abaixo, Bom dia, Cinderela, com boa ironia, Gabeira diz que o PT, com o objetivo de escamotear a realidade, sonha em calar quem não está dormindo. Destaco:
Controlar as evidências, determinar as sentenças pela escolha de ministros simpáticos à causa, tudo isso é a expressão de uma vontade autoritária que vê a oposição como vê os números desfavoráveis: algo que deva ser banido do mundo real. A visão de que o País seria melhor sem uma oposição, formada por inimigos da Petrobrás e por gente que torce contra a Copa, empobrece e envenena o debate político.
Hoje, em vez de contestar fatos, o PT estigmatiza a oposição como força do atraso. Ele se comporta como se a exclusão dos adversários da cena política e cultural fosse uma bênção para o Brasil. A concepção de aniquilar o outro não é vivida com culpa por certa esquerda, porque ela se move num script histórico que prevê o aniquilamento de uma classe pela outra. O que acabará com os adversários é a inexorável lei da história, eles apenas dão um empurrão.
E completa:
O PT comanda um estranho caso de governo cujo discurso nega o próprio slogan: Brasil, um país de todos. De todos os que concordam com a sua política.
 Boa leitura!

Bom dia, Cinderela
Fernando Gabeira

As pesquisas eleitorais recentes mostram Dilma Rousseff em queda. Quando se está caindo, a gente normalmente diz opa!. Não creio, porém, que Dilma vá dizer opa! e recuperar o equilíbrio. Além dos problemas de seu governo, ela é mal aconselhada por Lula nos dois temas que polarizam a cena política: Petrobrás e Copa do Mundo.

São cada vez mais claras as evidências de que se perdeu muito dinheiro em Pasadena. Lula, no entanto, não acredita nas evidências, mas nas versões. Se o seu conselho é partir para a ofensiva quando se perdem quase US$ 2 bilhões, a agressividade será redobrada quando a perda for de US$ 4 bilhões e, se for de US$ 6 bilhões, o mais sábio será chegar caindo de porrada nos adversários antes que comecem a reclamar.

Partir para a ofensiva na Copa do Mundo? Não é melhor deixar isso para os atacantes Neymar e Fred? Desde o ano passado ficou claro que muitas pessoas não compartilham o otimismo do governo nem consideram acertada a decisão de hospedar a Copa.

O governo acha que sufoca as evidências. O próximo passo desse voluntarismo é controlar as evidências. O papel do IBGE e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), por exemplo, começa a ser deformado pelo aparelhamento político. Pesquisas que contrariam os números de desemprego são suspensas. E o Ipea foi trabalhar estatísticas para Nicolás Maduro, que acredita ver Hugo Chávez transmutado em passarinho e, com essa tendência ao realismo mágico, deve detestar os números.

Controlar as evidências, determinar as sentenças pela escolha de ministros simpáticos à causa, tudo isso é a expressão de uma vontade autoritária que vê a oposição como vê os números desfavoráveis: algo que deva ser banido do mundo real. A visão de que o País seria melhor sem uma oposição, formada por inimigos da Petrobrás e por gente que torce contra a Copa, empobrece e envenena o debate político.

Desde o mensalão até agora o PT decidiu brigar com os fatos, e isso pode ter tido influência na queda de Dilma nas pesquisas. O partido foi incapaz, embora figuras como Olívio Dutra o tenham feito, de reconhecer seus erros. Está sendo incapaz de admitir os prejuízos que sua política de alianças impôs à Petrobrás ou mesmo que a Copa do Mundo foi pensada num contexto de crescimento e destinava-se a mostrar nossa exuberância econômica e capacidade de organização a todo o planeta. Gilberto Carvalho revelou sua perplexidade: achava que a conquista da Copa seria saudada por todos, mas as pessoas atacaram o governo por causa dela.

Bom dia, Cinderela. O mundo mudou. Dilma e o PT não perceberam, no seu sono, que as condições são outras. Brigar com os fatos num contexto de crescimento econômico deu a Lula a sensação de onipotência, uma crença do tipo "deixa conosco que a gente resolve na conversa". Hoje, em vez de contestar fatos, o PT estigmatiza a oposição como força do atraso. Ele se comporta como se a exclusão dos adversários da cena política e cultural fosse uma bênção para o Brasil. A concepção de aniquilar o outro não é vivida com culpa por certa esquerda, porque ela se move num script histórico que prevê o aniquilamento de uma classe pela outra. O que acabará com os adversários é a inexorável lei da história, eles apenas dão um empurrão.

Sabemos que a verdade é mais nuançada. O governo mantém excelentes relações com o empresariado que financia por meio do BNDES e com os fornecedores de estatais como a Petrobrás. Não se trata de luta de classes, mas de quem está se dando bem com a situação contra quem está ou protestando ou pedindo investigações rigorosas contra a roubalheira, na Petrobrás ou na Copa.

A aliança do governo é aberta a todos os que possam ser controlados, pois o controle é um objetivo permanente. Tudo o que escapa, evidências, vozes dissonantes, estatísticas indesejáveis, tudo é condenado à lata de lixo da História. Felizmente, a História não se faz com líderes que preferem partir para cima a dialogar diante de evidências negativas, tanto na Petrobrás como na Copa ou no mensalão. Nem com partidos incapazes de rever sua tática diante de situações econômicas modificadas.

Dilma, com a queda continuada nas pesquisas, sai da área de conforto e cai no mundo em que os candidatos dependem muito de si próprios e não contam com vitória antecipada pelo peso da máquina. Será a hora de pôr de novo em xeque a onipotente tática de eleger um poste. Nem o poste nem seu inventor hoje conseguem iluminar sequer um pedaço de rua. Estão mergulhados no escuro e comandarão um exército de blogueiros amestrados para nublar as redes sociais. Com a máquina do Estado, o prestígio de Lula, muita grana em propaganda e na própria campanha eleitoral, o governo tem um poderoso aparato para enfrentar a realidade. Mas essa abundância de recursos não basta. Num momento como este no País, será preciso horizonte, olhar um pouco adiante das eleições e estabelecer um debate baseado no respeito às evidências.

Esse é um dos caminhos possíveis para recuperar o interesse pela política. No momento, a resposta ao cinismo é a indiferença com forte tendência ao voto em branco ou nulo. Embora a oposição também seja parte do jogo, a multidão que dá as costas para a escolha de um presidente é uma obra do PT que subiu ao poder, em 2002, prometendo ampliar o interesse nacional pela política, mas conseguiu, na verdade, reduzi-lo dramaticamente. Para quem se importa só com a vitória eleitoral, essa questão da legitimidade não conta. Mas é o tipo de cegueira que nos mantém no atraso político e na ilusão de que adversários são inimigos. O PT comanda um estranho caso de governo cujo discurso nega o próprio slogan: Brasil, um país de todos. De todos os que concordam com a sua política.

Até nas relações exteriores o viés partidário sufocou o nacional, atrelando o País aos vizinhos, alguns com sonhos bolivarianos, e afastando-o dos grandes centros tecnológicos. Contestar esse caminho quase exclusivo é defender interesses americanos; denunciar corrupção na empresa é ser contra a Petrobrás; assim como questionar a Copa é torcer contra o Brasil.

Bom dia, Cinderela, acorde. Em 2014 você pode se afogar nos próprios mitos.

Fonte: O Estado de S.Paulo, 25/04/2014

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Divulgando uma possibilidade de tirar o PT do poder


A bem da verdade, fossem outras as circunstâncias, estivéssemos nós sem ameaças antidemocráticas, acho que não votaria em ninguém. O PSDB não soube ser a oposição imprescindível ao petismo, que deveria ter sido, e acabou cúmplice do estado de coisas lastimáveis (em todos os sentidos) no qual vivemos e que tem tudo para piorar. As razões para a notória incapacidade do PSDB como oposição podem residir no fato de o PT ter lhe usurpado o discurso (sem falar nos méritos), por também ter telhado de vidro ou simplesmente por ser o maior conjunto de bundões da história recente do país.

Sei lá. O fato é que, apesar disso tudo, o partido continua sendo uma possibilidade concreta de tirar o petismo do poder, razão pela qual divulgo o programa do PSDB, com o Aécio Neves, mais uma vez. Dentre as candidaturas apresentadas é também a que mais se aproxima de uma visão liberal de economia e política, a despeito do candidato ser social-democrata. Não existem outras possibilidades sequer razoáveis. A dupla Eduardo Campos-Marina parece ter sido inscrita nas pedras dos escombros do Muro de Berlim misturadas a uma versão esdrúxula de ecocrentelhismo avermelhado. Não dá para encarar.

Assim sendo e considerando que a oposição tem pouco tempo de TV, vamos colaborar na divulgação para ver se o mineiro decola. A esperança é a última que morre, né mesmo? Avante!
  

quinta-feira, 27 de março de 2014

Esperanças: Dilma cai nas pesquisas e oposição emplaca CPI da Petrobrás no Senado

Avaliação positiva do governo Dilma cai para 36%, indica CNI/Ibope

Entre dezembro do ano passado e março, a aprovação da maneira de governar da presidente também caiu de 56% para 51%

Brasília - A avaliação positiva do governo da presidente Dilma Rousseff caiu de 43% para 36% em relação a dezembro, segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quinta-feira, 27. No mesmo período, o porcentual de entrevistados que consideram o governo regular registrou oscilação dentro da margem de erro de 35% para 36% dos e os que o avaliam o governo como ruim ou péssimo subiu de 20% para 27%.

Em meados de fevereiro, levantamento realizado pelo Ibope já indicava queda na taxa de aprovação do governo de 43% para 39%, na comparação com dezembro. Assim, a avaliação positiva do governo voltava aos níveis observados entre agosto e novembro, quando oscilou entre 37% e 39%.

Na semana passada, o mesmo Ibope divulgou pesquisa sobre a corrida presidencial, segundo a qual Dilma tem 43% das intenções de voto, o mesmo índice registrado em novembro de 2013, data do levantamento anterior. Com esse índice, a petista mantém a expectativa de vencer no 1º turno na eleição em outubro. O levantamento anterior foi realizado entre 13 e 17 de março.

Maneira de governar. De acordo com o levantamento da CNI/Ibope, divulgado nesta quinta, o porcentual dos entrevistados que aprovam a maneira da presidente Dilma Rousseff de governar caiu de 56% para 51%. Ao mesmo tempo, aqueles que desaprovam a maneira da atual presidente de governar subiu de 36% para 43%.

Assim como a avaliação positiva, a aprovação da maneira de governar de Dilma inverteu a trajetória favorável. Em julho, 49% reprovavam a maneira de governar, superando, na ocasião, aqueles que a aprovavam, que eram 45%. Isso ocorreu logo após o início dos protestos de rua País afora. Foi a única vez que ela registrou uma reprovação superior à aprovação da maneira de governar desde que assumiu a presidência, em 2011.

A confiança na presidente Dilma diminuiu de 52% para 48%. O porcentual dos que não confiam nela subiu no mesmo período de 41% para 47%. Na prática, os indicadores de confiança e desconfiança estão tecnicamente empatados. O índice dos que não souberam ou não quiseram responder a essa pergunta também oscilou de 7% para 5%, dentro da margem de erro. Nos dois primeiros anos de governo, 75% confiavam na presidente.

A primeira pesquisa CNI/Ibope de 2014 foi realizada entre os dias 14 e 17 deste mês com 2.002 pessoas em 141 municípios. O levantamento tem margem de erro de dois pontos porcentuais e foi registrado na Justiça Eleitoral sob o número BR-00053-2014. A sondagem foi feita, portanto, antes da revelação de que a presidente Dilma Rousseff, quando presidia o Conselho de Administração da Petrobrás, votou a favor da compra de parte da refinaria de Pasadena com base em um resumo juridicamente "falho".

Em 2012, a estatal concluiu a compra da refinaria e pagou ao todo US$ 1,18 bilhão por Pasadena, que, sete anos antes, havia sido negociada por US$ 42,5 milhões à ex-sócia belga. A oposição protocolou nesta quinta o pedido para a abertura de uma CPI no Senado para investigar o caso.

Fonte: Estado de São Paulo, Ricardo Brito e Bernardo Caram, 27/03/2014

Oposição protocola pedido de criação da CPI da Petrobrás no Senado

Com 28 assinaturas, uma a mais que o mínimo necessário, senadores entregam requerimento de investigação da compra da refinaria de Pasadena e de outras suspeitas irregularidades envolvendo a estatal; instalação da comissão ainda não tem prazo para ocorrer

Brasília - Com 28 assinaturas, uma a mais que o mínimo necessário, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) protocolou na manhã desta quinta-feira, 27, no Senado Federal o pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobrás.

O texto do requerimento tem como objetivo investigar supostas irregularidades cometidas entre 2005 e 2014 em quatro pontos: compra da refinaria de Pasadena; indícios de pagamento de propina a funcionários da estatal pela companhia holandesa SMB Offshore para obtenção de contratos com a Petrobrás; denúncia de que plataformas estariam sendo lançadas ao mar sem equipamentos de segurança necessários; e indícios de superfaturamento na construção de refinarias.

Com o protocolo a CPI não está automaticamente instalada. Ainda há um caminho sem prazos para percorrer. O primeiro passo começa na secretaria da Casa, que fará a conferência dessas 28 assinaturas. Depois, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), precisa ler o requerimento em plenário - o que não tem data para ocorrer. Até a meia noite da data da leitura, parlamentares podem retirar suas rubricas e, se o número total for menor que 27, a investigação não pode ser instalada. Se for maior, aí, sim, está instalada a CPI.

Paralelamente ao pedido de apuração no Senado, a oposição trabalha para coletar assinaturas também na Câmara. Se os partidos conseguirem alcançar 171 adesões de deputados, os parlamentares cancelarão o procedimento no Senado para priorizar a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), reunindo congressistas das duas Casas e, acreditam, minimizando a influência do governo Dilma Rousseff na condução das investigações.

PSB. Na noite dessa quarta, 26, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) anunciou que seu partido iria aderir integralmente ao pedido de CPI, o que foi fundamental para completar o número de adesões necessárias.

Fonte: Estado de SP, Débora Bergamasco, 27/03/2014

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