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terça-feira, 22 de março de 2016

Na farsa permanente da esquerda anacrônica, continuamos sob a ditadura militar

PM separa os grupos pró e contra o impeachment de Dilma Roussef
O Brasil quer viver o mundo de hoje, 2016, e lidar com os problemas de hoje, 2016. Quer também enterrar definitivamente a ditadura militar e seus coveiros, essa esquerda  anacrônica, mofada e brega do Brasil, juntos na mesma tumba a bem mais do que sete palmos de terra abaixo. Vale até botar um feitiço para que, nunca mais, eles saiam de lá e voltem a nos assombrar.

Os ânimos continuam acirrados em meio aos protestos contra Dilma, Lula e o PT, com pedidos de impeachment da primeira e de prisão do segundo, e a favor da manutenção do projeto criminoso de poder do lulopetismo sob a desculpa esfarrada de combater um pretenso golpe. Cada vez mais ocorrem eventos onde pipocam cenas de violência de ambos os lados, principalmente do lado da esquerda. Apenas nos últimos dias rolaram dois eventos onde petistas e apoiadores tentaram calar manifestações anti-governo.

O primeiro causo foi o da interrupção de uma sessão da peça “Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos" no Sesc Palladium de Belo Horizonte (19/03), quando o ator e codiretor do espetáculo, Cláudio Botelho, fez uma improvisação em uma de suas falas com críticas a Dilma e Lula. Parte da plateia, composta por petistas ou simpatizantes (por incrível que pareça ainda há simpatizantes da máfia da estrelinha) começou a gritar a palavra de ordem  “Não vai ter golpe”, sem dúvida uma das coisas mais picaretas que já se ouviu por estas bandas. O circo armado pelos petistas conseguiu interromper a peça, e os ingressos foram devolvidos. O ator também foi demonizado posteriormente pela imprensa avermelhada em seus assim chamados blogs sujos e nas redes sociais. Aliás, não aguentou a pressão e arregou, fazendo um pedido de desculpas despropositado a fim de colocar um pouco de água fria na fervura. Pensando no leite das crianças por certo.
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Retomando, ontem também (21/03), em frente à PUC de São Paulo, estudantes pró-impeachment resolveram fazer um ato contra Dilma, Lula e o PT na esteira das inúmeras manifestações que pipocam pelo Brasil inteiro. Teria sido tudo tranquilo, não fosse pela aparição de estudantes contra o impeachment que tentaram melar o evento, berrando a palavra de ordem picareta “Não vai ter golpe” a todo vapor. A PM apareceu para garantir a manifestação pró-impeachment, bloqueando o pessoal contrário que ameaçava interrompê-la com tentativas de subir no carro de som para dar sua outra versão sobre a situação política do país (sic). Obviamente a intenção era impedir a manifestação tida como de direita naquele sacrossanto templo esquerdista da PUC que consideram só sua.

Saíram também xingando todo o mundo de fascista (o clichê dos clichês de qualquer esquerdiota que se preze), incluindo a polícia, e também clamando pelo fim da própria. Segundo a PM, igualmente jogaram pedras e garrafas contra os outros manifestantes e contra a polícia que respondeu com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Não tenho como avaliar se a polícia se excedeu ou não em sua ação de dispersar os manifestantes pró-PT, mas o certo é que não haveria conflito se eles, petistas, respeitassem o direito à livre manifestação dos outros estudantes. Só para comparar, no teatro da universidade, o TUCA,  recentemente, os pró-PT se reuniram para fazer um ato em defesa de Dilma e supostamente da democracia ("Pela liberdade democrática"), e nenhum "coxinha" apareceu para agredi-los.

Xingando todo o mundo de fascista, esquerda não aceita visões diferentes das suas
Desde ontem, contudo, como de praxe, os intolerantes  posam de vítimas agredidas pela truculência policial e estabelecem relações espúrias do acontecido com a famigerada invasão da PUC pela PM do seu Erasmo Dias em 22/09/1977.  Acontece que, apesar do cenário ser o mesmo, haver a presença de estudantes e da PM, o enredo da História é bem outro. Em 1977, estudantes fizeram um ato em frente à PUC (eu estava lá) em protesto contra o governo ditatorial e acabaram atacados pela PM, presos e levados para o batalhão Tobias Aguiar onde também foram fotografados e fichados. Ontem, novamente estudantes fizeram um protesto contra o governo corrupto e autoritário do PT, mas a PM não apareceu para impedi-los de se manifestar porque, apesar dos petistas e dessa esquerda fóssil que temos no país, vivemos numa democracia. Ontem, quem fez o papel do coronel Erasmo Dias e seus brucutus foram os estudantes ou ativistas de esquerda, determinados a impedir a manifestação contra o governo inclusive na base da porrada.

Por isso, fora as abundantes razões para a destituição de Dilma do cargo (pedaladas, campanha movida à propina, estelionato eleitoral, desastre econômico e mais recentemente inclusive obstrução da justiça), outra boa motivação para acabar com a era PT é poder devolver o cadáver da ditadura militar de volta ao seu caixão e ao jazigo de onde a esquerda anacrônica o retirou. Exumaram o cadáver da dita(dura) e o carregam pra lá e pra cá como um zumbi que se alimenta de seus pobres cérebros de sinapses relapsas. Agem e falam sincronizados com o cenário da juventude de seus professores esquerdistas cuja cabeça estacionou no período compreendido entre 64 e 84. Então, todo o mundo que os contraria é fascista, a PM está sempre errada e a serviço do arbítrio, e impeachment é golpe só porque agora sua turma é que está para ser apeada do poder. Quando  essa mesma turma pediu o impedimento de Collor (hoje, aliás, aliado dos petistas no reino das propinas), de Itamar e FHC, impeachment era considerado o que é: instrumento democrático para a destituição de presidentes a partir de rito previsto na constituição. Agora virou golpe.

O certo é que já supersaturou essa ladainha dessincronizada com a realidade atual,  entoada por um bando de fanatizados desprovidos de senso de ridículo, os célebres sem noção. O Brasil quer viver o mundo de hoje, 2016, e lidar com os problemas de hoje, 2016. Quer também enterrar definitivamente a ditadura militar e seus coveiros, essa esquerda  anacrônica, mofada e brega do Brasil, juntos na mesma tumba a bem mais do que sete palmos de terra abaixo. Vale até botar um feitiço para que, nunca mais, eles saiam  de lá e voltem a nos assombrar.

Míriam Martinho

segunda-feira, 21 de março de 2016

Petistas querem vender a ideia de que não seus chefes mas sim a Lava Jato é que está fora da lei

Na grande novela da decadência do petismo e por tabela do Brasil, a cada dia rola mais um show de desfaçatez petista de fazer corar frades de pedra, como afirma o editorial do Estadão que transcrevo abaixo. Depois da inacreditável nomeação do capo da cosa nostra da estrelinha para o cargo de Ministro da Casa Civil, com o propósito de dar-lhe foro privilegiado e livrá-lo das mãos do juiz Sérgio Moro, já rolaram liminares que suspenderam a nomeação de Lula, derrubadas rapidamente, e a decisão do Ministro Gilmar Mendes de rejeitar a nomeação de Lula e de devolver o processo sobre ele de volta para Sérgio Moro. Agora, os petistas entraram com habeas corpus, contra a decisão de Mendes, que passou primeiro pelo Ministro Edson Fachin (declarou-se impedido de julgar), e no momento está com a Ministra Rosa Weber. Saia justíssima para a Ministra que foi inclusive citada por Lula em uma das gravações da Polícia Federal como sendo uma possível aliada da causa petista.

Destaco do texto abaixo:
Nos últimos dias, a campanha contra o juiz da 13.ª Vara Federal de Curitiba recrudesceu sensivelmente, após a retirada do sigilo do processo envolvendo o ex-presidente Lula e a consequente divulgação de áudios gravados. Como o que foi revelado não agradou nem a Lula nem a Dilma – afinal, a cafajestagem explícita nas conversas faz corar frades de pedra –, o PT e o Palácio do Planalto tentaram tratar como criminosa a decisão de Moro.

Pura encenação. Sabe-se bem que as escutas foram feitas de acordo com a lei e, portanto, podem ser usadas em juízo como prova contra Lula. A tentativa de criminalizar a decisão de Moro de levantar o sigilo das gravações é coisa de aloprados. Entre os pilares da isenção do Poder Judiciário está o princípio do livre convencimento do juiz. Pretender que uma decisão judicial fundamentada – com amplos e sólidos argumentos, diga-se de passagem – seja tratada como se fosse um crime, pela simples razão de haver produzido efeitos políticos contrários aos interesses dos inquilinos do Palácio do Planalto, equivale a querer que o País volte aos tempos do absolutismo. Um Estado Democrático de Direito tem muitas garantias, mas entre elas não está a imunidade para o ilícito.
Não é a Lava Jato que está fora da lei

Em várias ocasiões – e muito especialmente no julgamento do mensalão –, o Partido dos Trabalhadores (PT) tentou vender a ideia de que as atividades ilícitas de seus membros não eram assim tão ilícitas. Seriam “apenas” caixa 2. Seriam “apenas” a manutenção de práticas já existentes desde os tempos do Brasil colônia. De vez em quando, os petistas tentavam ir um pouco mais longe, dizendo que as ações da tigrada seriam na verdade meritórias. Desse delírio partidário nasceu o ridículo ímpeto de proclamar como heróis do povo brasileiro alguns réus condenados na Ação Penal 470 pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Agora, o PT mostra que é capaz de ir ainda mais longe em sua perversa retórica. Diante dos avanços da Operação Lava Jato, o partido não tem se contentado em dizer que o que fez não foi ilegal ou que seu líder e seu séquito não são criminosos. Apregoam abertamente a ideia de que os criminosos estão do outro lado do balcão. Nessa tresloucada visão, os contrários à lei seriam a Polícia Federal, o Ministério Público e o Poder Judiciário – muito especialmente o juiz da 13.ª Vara Federal de Curitiba, Sergio Fernando Moro.

É uma completa inversão de valores – como se os petistas estivessem do lado da lei e fossem as instituições as descumpridoras da lei. Haja descaramento. Sem conseguir apresentar uma explicação convincente para as inúmeras denúncias e escândalos em que estão implicados, os líderes petistas partem para o ataque.

Parece maluquice, mas é apenas a exacerbação da sem-vergonhice: o PT anda querendo criminalizar a Operação Lava Jato. Tal tentativa só pode ser a reação desesperada de quem não tem fatos nem argumentos a apresentar em sua defesa. Afinal, responde pelo saque do Brasil. Manifesta completo desespero, pois o movimento de criminalizar o Poder Judiciário, a Polícia Federal e o Ministério Público não tem qualquer respaldo jurídico, nem muito menos apoio popular.

É evidente que a sociedade está do lado de quem cumpre a lei. As manifestações do dia 13 de março foram suficientemente elucidativas quanto a isso. A população respeita e admira a Operação Lava Jato, vislumbrando no trabalho realizado em Curitiba um Brasil sério, que trabalha, que funciona, que não se detém diante de poderosos políticos ou de influentes empresários. Pôr-se contra esse esforço anticorrupção, como vem fazendo o PT, é nada mais nada menos que um suicídio político.

No aspecto jurídico, é um absoluto despautério a tentativa do PT de criminalizar a Operação Lava Jato e, em concreto, a atuação do juiz Sergio Moro. Vige no País a garantia do duplo grau de jurisdição – tem-se sempre a possibilidade da revisão de uma decisão de um juiz monocrático por um órgão colegiado. Na verdade, o problema do PT não é tanto com o juiz de primeira instância, mas com os tribunais, que têm reconhecido sobejamente a correção das decisões de Moro.

Nos últimos dias, a campanha contra o juiz da 13.ª Vara Federal de Curitiba recrudesceu sensivelmente, após a retirada do sigilo do processo envolvendo o ex-presidente Lula e a consequente divulgação de áudios gravados. Como o que foi revelado não agradou nem a Lula nem a Dilma – afinal, a cafajestagem explícita nas conversas faz corar frades de pedra –, o PT e o Palácio do Planalto tentaram tratar como criminosa a decisão de Moro.

Pura encenação. Sabe-se bem que as escutas foram feitas de acordo com a lei e, portanto, podem ser usadas em juízo como prova contra Lula. A tentativa de criminalizar a decisão de Moro de levantar o sigilo das gravações é coisa de aloprados. Entre os pilares da isenção do Poder Judiciário está o princípio do livre convencimento do juiz. Pretender que uma decisão judicial fundamentada – com amplos e sólidos argumentos, diga-se de passagem – seja tratada como se fosse um crime, pela simples razão de haver produzido efeitos políticos contrários aos interesses dos inquilinos do Palácio do Planalto, equivale a querer que o País volte aos tempos do absolutismo. Um Estado Democrático de Direito tem muitas garantias, mas entre elas não está a imunidade para o ilícito.

Fonte: O Estado de São Paulo, 21/03/2016

segunda-feira, 14 de março de 2016

Manifestações contra Dilma, Lula e o PT reuniram número recorde de pessoas em todo o Brasil

1 milhão e 400 mil pessoas lotaram a Avenida Paulista 
A briguinha entre Lula e a Globo rendeu, pela primeira vez, uma reportagem à altura das manifestações. Leia e veja o vídeo abaixo.

Atos contra o governo Dilma e a corrupção reúnem multidões no Brasil

Milhões de manifestantes foram às ruas para protestar contra o governo Dilma, a corrupção e para pedir o impeachment da presidente.

Neste domingo, 13 de março, milhões de manifestantes contrários ao governo da presidente Dilma Rousseff foram às ruas, em cidades em todos os estados e no Distrito Federal.

As informações ainda estão chegando. Até aqui, sabe-se que houve manifestações em 239. Pelos cálculos até as 8h da noite, foram às ruas seis milhões e quatrocentas mil pessoas, segundo os organizadores.

Segundo as polícias militares, excluindo a do Rio de Janeiro, que não fez cálculos, foram três milhões e cem mil manifestantes.

No Rio de Janeiro, os organizadores calcularam que um milhão de pessoas foram às ruas.

Em São Paulo, a manifestação na Avenida Paulista foi o maior ato político já registrado na cidade, segundo o Datafolha.
Atos contra o governo Dilma e a corrupção reúnem multidões no BrasilMilhões de manifestantes foram às ruas para protestar contra o governo Dilma, a corrupção e para pedir o impeachment da presidente.

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Atos contra o governo Dilma e a corrupção reúnem multidões no BrasilMilhões de manifestantes foram às ruas para protestar contra o governo Dilma, a corrupção e para pedir o impeachment da presidente.http://goo.gl/NyBcZ1 #LuizInácioLuladaSilva #Lula #JairBolsonaro #Bolsonaro #DilmaRousseff #Dilmah #DilmaBolada #BlogDilmaRousseff #Dilma
Publicado por William Waack em Segunda, 14 de março de 2016
Superou, até, o comício das Diretas Já, na Praça da Sé, em 1984 - o maior até aqui. Hoje, os manifestantes voltaram a pedir, de forma pacífica, o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Eles também protestaram contra o ex-presidente Lula e o Partido dos Trabalhadores. Vestidos de verde e amarelo, os manifestantes, de norte a sul, demonstraram apoio ao juiz federal Sérgio Moro e às investigações da Operação Lava Jato.

Também houve homenagens ao Ministério Público e à Polícia federal. As equipes da Globo acompanharam desde cedo esse dia de manifestações pelo Brasil.

Verde e amarelo nas roupas. Clima pacífico nas ruas. Manifestantes voltaram a se reunir em praças e avenidas. O Hino Nacional foi repetido de norte a sul do pais. 

“Eu nunca tinha vindo, é a primeira vez, que agora eu acho que a gente tá no fundo do poço”, fiz manifestante.

Nas mãos dos manifestantes, bandeiras e cartazes contra a presidente Dilma, contra a corrupção e o ex-presidente lula e em apoio ao juiz Sergio Moro, que cuida da Operação Lava Jato. 

“Novos tempos venham, com mais democracia, mais justiça, menos corrupção”, diz manifestante.

“O pova tá cansado de ser roubado, humilhado, independente da classe social, tá todo mundo pagando o preço”, diz manifestante.

Na capital do país,o movimento começou cedo na Esplanada dos Ministério, o Pixuleco, boneco gigante do ex-presidente Lula vestido de presidiário chamava a atenção. No meio do gramado, uma cruz em homenagem ao juiz Sergio Moro. Algumas crianças aproveitaram uma grande bandeira do Brasil pra brincar de escorrega.

Segundo os organizadores, eram 200 mil pessoas, 100 mil segundo a PM. Um número bem superior ao da maior manifestação do ano passado - em 15 de março quando os organizadores calcularam 80 mil pessoas e a PM 45 mil. “Tô aqui lutando por um brasil melhor, como todo mundo aqui”, diz manifestante. 

Hoje os manifestantes em Brasília pediram a saída dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha e do Senado, Renan Calheiros. Alguns se juntaram para mandar um recado contra a presidente Dilma.

Em São Luis, a concentração foi na Avenida Litorânea. Os organizadores calculam que eram cinco mil pessoas. Segundo a PM, quatro mil manifestantes foram para as ruas pedir o fim da corrupção, o impeachment e em apoio ao juiz Sergio Moro.

Uma cobra gigante com a cara do ex-presidente Lula desfilou pela orla de Maceió. O boneco era uma referência às declarações de Lula, que disse que a jararaca estava viva, logo após ter sido levado a prestar depoimento na Lava Jato em condução coercitiva. 

Segundo os organizadores eram 35 mil pessoas. A PM calculou que 25 mil participaram da caminhada ao longo de dois quilômetros, o tempo todo em clima pacífico. 

A Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, ficou lotada. O verde e o amarelo tomaram conta das ruas. Uma grande bandeira foi levada pelos manifestantes que pararam para rezar pelo país.

Eram 30 mil manifestantes segundo a Polícia militar. Cem mil segundo os organizadores. Há um ano, 25 mil mineiros foram para as ruas tanto segundo a PM quanto os organizadores.

Muitos cartazes homenageavam o juiz Sergio Moro, a Polícia Federal e o Ministério Público e em vários momentos, a manifestação gritava em coro palavras de ordem contra a presidente Dilma. 

No Recife, o protesto foi no bairro de Boa Viagem. Manifestantes percorreram a orla da praia em apoio à Operação Lava Jato, pedindo a prisão do ex-presidente Lula e o impeachment da presidente Dilma. Eram cem mil segundo os organizadores, 120 mil segundo a PM.

Milhares de pessoas lotaram o Farol da Barra, ponto turístico de Salvador. De verde e amarelo e no mesmo clima pacífico do resto do país, manifestantes fizeram uma passeata contra a corrupção e o governo da presidente Dilma. Eram cinquenta mil pessoas segundo os organizadores, 20 mil segundo a PM. Usando pranchas e caiaques, alguns manifestantes levaram para o mar faixas em homenagem à Policia Federal e ao Brasil.

A manifestação no Rio de Janeiro foi na orla de Copacabana. Oito quarteirões da Avenida Atlântica ficaram lotados.

“Pra tirar essa corrupção. O povo não aguenta mais é muita robalheira o povo tá desesperado”, 

A Polícia militar não divulgou estimativas de participantes. Os organizadores calcularam um milhão de pessoas. De qualquer forma visualmente foi o maior protesto até agora. Foram quatro no ano passado, o primeiro, em março, reuniu cem mil pessoas segundo os organizadores. Na época a PM também não fez estimativas. 

Mesmo quem estava na praia participou do protesto hoje. Nas varandas, também teve adesão ao protesto. Este grupo criou o "moro-bloco" em homenagem ao juiz Sergio Moro e em defesa da Lava Jato.

Durante a passeata, um avião da Frente Brasil Popular - que defende a presidente Dilma sobrevoou a manifestação. O clima foi pacífico, nas ruas as pessoas gritavam palavras de ordem contra a corrupção e o impeachment. 

As palavras de ordem contra a corrupção e o governo da presidente Dilma foram ouvidas e repetidas em todo o país. Milhares de pessoas com faixas e cartazes nas ruas também em favor da Lava Jato e do juiz Sergio Moro, o Hino Nacional deu o ritmo. 

Em Belém, eram 50 mil pessoas, segundo os organizadores. A PM não divulgou. Eles fizeram uma passeata carregando um bandeirão verde e amarelo. 

Em Goiânia, cedo, motoqueiros fizeram um apitaço pelo impeachment. À tarde, o protesto reuniu 90 mil pessoas segundo os organizadores. 60 mil segundo a PM.

Em Foz do Iguaçu, no Paraná, os organizadores contaram 15 mil pessoas, a PM, sete mil. No fim do protesto, os manifestantes soltaram balões com as cores da bandeira.

No interior de São Paulo, também teve protesto em Presidente Prudente, a manifestação reuniu 15 mil pessoas, segundo os organizadores. Nas contas da PM, 8 mil.

Em Jundiaí, cartazes de apoio ao juiz Sergio Moro e a favor do impeachment da presidente Dilma. Segundo os organizadores, 45 mil pessoas participaram. A PM não divulgou números na cidade.

Em Ribeirão Preto, manifestantes coloram numa cela pessoas fantasiadas do ex-presidente Lula e dos ex-ministros Antonio Palocci e José Dirceu. Nas faixas, o impeachment da presidente. Segundo a Polícia Militar, eram setenta mil pessoas. Os organizadores contaram 60 mil.

Rostos pintados e uma imensa bandeira nas cores do Brasil nas ruas de São José do Rio Preto.

Em Guarujá, no litoral paulista, manifestantes se concentraram em frente ao prédio onde fica o triplex que é alvo da investigação na Lava Jato. Segundo, os organizadores, eram cinco mil participantes, dois mil para a PM.

Vinte mil pessoas segundo os organizadores, onze mil segundo a PM, foram para as ruas em Natal. O clima pacífico e as roupas verde e amarelo tomaram conta da Praça Cívica no centro na cidade. Nas faixas e cartazes e nas palavras de ordem pedidos de impeachment da presidente Dilma, contra o PT e a favor da Lava Jato.

Em Aracaju uma manifestante foi para a rua com uma vassoura para varrer a corrupção do Brasil. Ao todo, dez mil pessoas participaram do protesto. Oito mil segundo a PM.

O sol forte em Macapá não desanimou os manifestantes que fizeram uma caminhada próximo ao forte de São Jose, às margens do Rio Amazonas. Em clima pacífico, três mil pessoas segundo os organizadores, mil segundo a PM gritavam palavras de ordem contra a presidente Dilma e a corrupção.

Em Curitiba, a capital da Lava Jato, uma multidão foi para as ruas. Tanto os organizadores quanto a PM calculam que duzentas mil pessoas participaram do protesto. Vários manifestantes usaram máscara do juiz Sérgio Moro.

Na maior cidade do país, o maior protesto, que começou antes mesmo que os manifestantes chegassem à Avenida Paulista. Nas estações de metrô, a multidão já gritava palavras de ordem.

O verde amarelo também estava nas janelas dos prédios na mão e no rosto das crianças
e nas roupas da maioria das pessoas que chegavam à Paulista.

“A participação aqui é puramente cívica. Uma participação pra mostrar que nós ainda precisamos de muita consciência política, cidadã”, diz Marcos Paro, geólogo. 

O grupo do interior de São Paulo encheu três ônibus e enfrentou duas horas de estrada para chegar até aqui.

“Viemos motivados a nos unir, com a união, aqui, em São Paulo, encontrando mais pessoas, e dando a nossa força porque precisamos um país melhor”, diz manifestante.

E teve gente que veio de mais longe ainda. Em coro os manifestantes revezavam os protestos.
Ora contra a presidente Dilma e a favor do impeachment...

“Não tem mais cabimento um governo desse, né?”, diz manifestante.

Ora contra contra o PT. E o ex-presidente Lula.

“A intenção é varrer a corrupção e dizer um basta em tudo o que está acontecendo de sujeira no nosso país”, Francisco de Assis de Souza, enfermeiro.

“Pra mim contribuir melhor com o pais, estou inconformado com apolítica do governo atual”, diz manifestante.

No meio do protesto um grupo apareceu com um pedalinho. Ainda o Pixuleco e um boneco gigante da presidente dilma.

A Federação das Indústrias de São Paulo levou um pato amarelo gigante. Simbolo de uma campanha contra os impostos.

“Então a gente veio aqui protestar, buscando um país melhor pros nossos filhos, principalmente”, diz Roberto Acastro. 

A multidão também se manifestou a favor do juiz Sergio Moro e da Operação Lava Jato.

O governador Geraldo Alckmin e o senador Aécio Neves, do PSDB foram ao protesto.
Eles chegaram a falar com jornalistas, mas acabaram hostilizados pelos manifestantes e tiveram que ir embora. E o protesto, que estava marcado pra começar às 2 da tarde, seguiu recebendo manifestantes.

Já são mais de 4 horas da tarde, o pessoal continua chegando na Avenida Paulista, Mas não consegue andar muito não, estamos na primeira quadra e antes de chegar no primeiro cruzamento, já para, não tem como andar mais.

Essa imagem mostra a Avenida Paulista às quatro e meia da tarde, quando 23 quarteirões já estavam tomados pela multidão ...

No protesto de hoje, a polícia calculou 1 milhão e 400 mil pessoas, 2 milhões e meio segundo organizadores e meio milhão na contagem do DataFolha, de acordo com o instituto, o ato superou as Diretas Já e foi a maior manifestação política já medida pelo DataFolha. 

Todos os números são bem superiores ao da maior manifestação do ano passado - em quinze de março - quando os organizadores e a pm calcularam um milhão de pessoas na Paulista, e o DataFolha, usando metodologia própria, contou 210 mil.

“O movimento Vem pra Rua não tem como objetivo final apenas o impeachment e a transição do Brasil, que são muito importantes. Nós somos um movimento que luta pela renovação política e pelo fim da impunidade. Por isso a importância da homenagem hoje à Operação Lava Jato e a preservação da Justiça. Não importa quem seja o novo governo, vamos continuar lutando pelas mesmas causas que lutamos hoje e independente do partido e independente do novo presidente da República”, afirma Rogério Chequer, líder do movimento Vem Pra Rua. 

“Fica um alerta pra todos os outros políticos - Cunha e quem quer que seja que tenha culpa no cartório. Aqui não é uma passeata de um partido só. Contra um partido só. É contra a corrupção. Todo mundo quer um país melhor. É isso”, diz Ricardo Saraiva de Carvalho, médico.

Em números levantados pelo G1, até as 8h da noite, neste domingo, os protestos aconteceram em todos os estados, em 239 cidades, incluindo as capitais, foi a maior manifestação contra o governo Dilma, o PT e o ex-presidente Lula até agora. Eram 3,1 milhões pessoas das ruas segundo a PM , excluindo as cidades em que a polícia não fez o levantamento, 6,4 milhões pessoas segundo os organizadores.

Em março de 2015, a maior manifestação até essa de hoje, foram 2,4 milhões manifestantes segundo a PM, 3 milhões segundo organizadores.

Fonte: G1, Fantástico, 13/03/2016

segunda-feira, 7 de março de 2016

Lula não pagou do próprio bolso por sítio e tríplex apenas para manter aura de eterno pobre dos pobres?



No artigo abaixo, a colunista do Estadão, Eliane Cantanhede, afirma que Lula não assume ser dono do sítio de Atibaia nem do Triplex do Guarujá porque se o fizer perde a aura de "eterno pobre dos pobres, que veio ao mundo salvar os desvalidos como ele próprio". De fato, surpreende que tendo sido presidente da República e ganhado para isso, Lula não pague do próprio bolso por sítios e triplex, mas tenho minhas dúvidas se é para manter o mito do operário que virou presidente ou se é por outra coisa qualquer. O futuro dirá. 

De qualquer forma, pessoalmente, só acreditei no PT como algo de diferente na política brasileira na década de 80 e até conviver com petistas nos movimentos sociais. Após essa década e esse convívio, meu apoio a candidatos petistas foi definhando, definhando até morrer antes de Lula chegar à presidência. Pra meu orgulho, Lula não contou com meu voto pra chegar lá e sempre me admirei profundamente de que, mesmo depois do mensalão, as pessoas continuassem votando nele. Por isso digo que, apesar do crápula que é, Lula é também espelho de um Brasil bastante feio que agora quer mudar de corpo e alma. Antes tarde do que nunca.


A jararaca

por Eliane Cantanhede

Se o Instituto Lula recebeu R$ 20 milhões das empreiteiras da Lava Jato e se o ex-presidente Lula ganhou R$ 10 milhões dessas mesmas empreiteiras por palestras, por que raios ele não comprou o sítio de Atibaia por R$ 1,5 milhão e reformou as áreas internas e a piscina por R$ 700 mil para desfrutar dele 111 vezes, guardar as 200 caixas do Alvorada, levar o barquinho da família e os pedalinhos dos netos?

E por que Lula não deu para Marisa Letícia o tríplex do Guarujá, instalou aquele elevador chique, mobiliou a cozinha e os quartos, tudo de primeira? Dinheiro ele tinha, de sobra. Como diria o jornalista Carlos Marchi, ainda sobrariam uns bons trocados. Aliás, o que Lula fez com os R$ 10 milhões, mais o salário de oito anos de Presidência, com cama, comida, roupa lavada e uísque de graça? Gastar com os filhos não foi, porque os meninos estão muito bem, obrigada.

De duas, uma: ou Lula é patologicamente pão-duro, desses que escondem o dinheiro debaixo do colchão para os amigos pagarem até o cafezinho, ou... a questão é de outra natureza: política. Apesar de milionário, ele precisava do mito do menino pobre de Garanhuns, que não tinha o que comer, perdeu um dedo nas fábricas e virou o eterno pobre dos pobres, que veio ao mundo salvar os desvalidos como ele próprio. Só assim, mantendo a mítica do grande líder, do pastor de almas, do salvador da Pátria, Lula teria, mesmo acuado e ferido, poder para jogar milhares de ovelhas (ou feras) para confrontos de rua contra adversários, imprensa e o algoz Sérgio Moro, um juiz a serviço dos ricos e poderosos – ah, e do PSDB!

É assim que, aos 70 anos, Lula encarna até hoje o líder juvenil que incendiou os metalúrgicos paulistas, depois os sindicalistas de outros setores e por fim os intelectuais do País inteiro. Não pode se dar ao luxo de comprar com o próprio dinheiro um sítio, um tríplex. Senão, como vai olhar a massa olho no olho, falar de igual para igual, jogar os pobres contra os ricos?

Com escritura lavrada de sítios e tríplex na praia, Lula temia perder a aura de vítima dos ricos inconformados porque milhões saíram da miséria e se aboletam nas cadeiras dos aviões. Como iria acusar “a elite branca de olhos azuis” por todas as mazelas? (Marisa é uma “galega” (como ele a chama) loura de olho verde, mas verde pode, azul é que não pode.)

Tudo, portanto, poderia se resumir ao marketing, ao ilusionismo, que produzem um preconceito às avessas: se Lula é pobre, não se formou, duela com o vernáculo, toma umas e fala palavrões, ele se beneficia nas duas pontas: é um “igual” para as massas e um “inimputável” para as elites (como definiu o mestre Clóvis Rossi). Logo, pode fazer o que bem entende, está não só acima das leis, mas do bem e do mal. Mas há mais do que marketing: ambição. Aí entram Petrobrás e empreiteiras.

Foi pelo preconceito às avessas que, em 1989, o adversário de Collor poderia ter sido Ulysses Guimarães, triplo presidente, Leonel Brizola, ícone da resistência em 1964, Mário Covas, três em um, ou, pela direita, Aureliano Chaves, honesto e cabeçudo. Mas não. Nenhuma dessas biografias e credenciais bateu o mito Lula, embalado pelo carisma, pelas massas, pelas elites intelectuais. Anos depois, o próprio Lula admitiu: “Ainda bem que não fui eleito!”.

Aos que me xingam até de “vagabunda” por definir o 4 de março de 2016 como um dia profundamente triste, repito que foi, sim. Porque Lula foi a utopia e a esperança de uma geração, criou o partido da ética, da justiça, da igualdade e, no seu governo (as condições são outros 500), o Brasil brilhou no mundo e as pessoas eram felizes, esbaldavam-se com fogões, geladeiras, carrinhos e aviões. Mas, ao final, ele e o PT de linda história comprovam, melancolicamente, o quanto o poder deforma e corrompe.

Fonte: Estadão, 06/03/2016


Lula manda a PF (eles) enfiarem o processo no cu.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Fim do caminho para o PT

Fim do caminho para o PT
 Fernando Gabeira, em mais um bom artigo, fala da urgência de se tirar Dilma e o petismo do poder, agora que - como se alguém duvidasse - há provas de que a campanha da presidanta foi feita com dinheiro roubado da Petrobras. Destaco alguns trechos do artigo abaixo, mas sugiro sua leitura integral.
A Lava-Jato demonstrou que a campanha de Dilma foi feita com dinheiro roubado da Petrobras. E agora? Não é uma tese política, mas um fato, com transações documentadas. [...]
Simplesmente não dá para continuar mais neste pesadelo de um país em crise, epidemia de zika, desemprego, desastres ambientais, é preciso desatar o nó, encontrar um governo provisório que nos leve a 2018.
De todas as frentes da crise, a que mais depende da vontade das pessoas é a política. Se o Congresso apoiado por um movimento popular não resolver, o TSE acabará resolvendo. Com isso que está aí o Brasil chegará a 2018 como um caco, não só pela exaustão material, mas também por não ter punido um governo que se elegeu com dinheiro do assalto à Petrobras.
É hora de o país pegar o impulso da Lava-Jato: carro limpo, governo derrubado, de novo na estrada. É uma estrada dura, contenções, recuperação da credibilidade, quebradeira nos estados e cidades. É pau, é pedra, é o fim do caminho.
A semana, com a prisão do marqueteiro do PT e os dados sobre as transações financeiras, trouxe mais claramente o sentido de urgência. E a esperança de sair desta maré.
Fim do caminho

por Fernando Gabeira
“A liberdade é vermelha”, escreve num post de Paris Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana. É uma alusão a uma trilogia de filmes inspirados nas cores da bandeira francesa. O primeiro deles se chamou “A liberdade é azul”. É compreensível que Mônica Moura tenha escolhido o vermelho entre as cores da bandeira. E que tenha escolhido a liberdade do lema da Revolução Francesa, que também conta com fraternidade e igualdade.

João Santana e Mônica ficaram milionários levantando a bandeira vermelha, no Brasil, na Venezuela, com as campanhas agressivas do PT e do chavismo. Com os bolsos entupidos de dólares, a liberdade é vermelha, pois à custa da manipulação dos eleitores latino-americanos, João Santana e Mônica Moura podem viajar pelo mundo com um padrão de vida milionário.

Mas chega o momento em que a cadeia é vermelha, e Mônica Moura não percebeu essa inversão. Nas celas da Polícia Federal e do presídio em Curitiba, o vermelho predomina. José Dirceu, Vaccari, o PT é vermelho. Marcelo Odebrecht, a Odebrecht é vermelha, basta olhar seus cartazes.

Uma vez entrei na Papuda e filmei uma cela vermelha com o número 13. Os condenados do mensalão estavam a ocupar o presídio. A divulgação da imagem foi um Deus nos acuda, insultos: as pessoas não têm muita paciência para símbolos. Mônica Moura fala esta linguagem. Se tivesse visto o take de seis segundos da cela vermelha, ela iria buscar outra cor para a liberdade.

A situação de Dilma e a do chavismo convergem para um mesmo ponto: tanto lá quanto aqui a aspiração majoritária é derrubá-los do poder. João Santana, num país onde se valoriza a esperteza, foi considerado um gênio. Gênio da propaganda enganosa, dos melodramas, dos ataques sórdidos contra adversários. O único critério usado é a eficácia eleitoral avaliada em milhões de dólares, certamente com taxa extra para os postes, Dilma e Haddad.

Sua obra continental se espelha também no resultado dos governos que ajudou a eleger: Dilma e Maduro são rejeitados pela maioria em seus países. O que aconteceu na semana passada é simplesmente o fim do caminho. Com abundantes documentos, cooperação dos Estados Unidos e da Suíça, não há espaço para truque de marqueteiros.

O dinheiro de Santana não veio de fora. Saiu do Brasil. Saiu de uma empresa que tinha negócios com a Petrobras, foi mandado para o exterior por seu lobista Zwi Skornicki. E saiu também pela Odebrecht.

A Lava-Jato demonstrou que a campanha de Dilma foi feita com dinheiro roubado da Petrobras. E agora? Não é uma tese política, mas um fato, com transações documentadas.

Na semana passada ouvi os panelaços por causa do programa do PT. O programa foi ao ar um dia depois da prisão de João Santana. Mas o tom era o mesmo, uma mistificação para levantar os ânimos. E um pedido de Lula: parem de falar da crise que as coisas melhoram.

Em que mundo eles estão? Em 2003, já afirmei numa entrevista que o PT estava morto como proposta renovadora. Um pouco adiante, com o mensalão, escrevi “Flores para los muertos”, mostrando como uma experiência que se dizia histórica terminou na porta da delegacia.

Na semana passada, escrevi “O processo de morrer”. Não tenho mais saída exceto apelar para “O livro tibetano dos mortos”, que dá conselhos aos que já não estão entre nós. O conselho é seguir em frente, não se apegar, não ficar rondando o mundo que deixaram.

Experimentei aquele panelaço como uma cerimônia de exorcismo: as pessoas saíam às janelas e varandas para espantar fantasmas que ainda estavam rondando as casas. Poc, poc, poc. Na noite escura, o silêncio, um grito ao longe: fora PT. E o PT na tela convidando para entrar nas fantasias paradisíacas tipo João Santana, já trancafiado numa cela da PF em Curitiba.

Simplesmente não dá para continuar mais neste pesadelo de um país em crise, epidemia de zika, desemprego, desastres ambientais, é preciso desatar o nó, encontrar um governo provisório que nos leve a 2018.

De todas as frentes da crise, a que mais depende da vontade das pessoas é a política. Se o Congresso apoiado por um movimento popular não resolver, o TSE acabará resolvendo. Com isso que está aí o Brasil chegará a 2018 como um caco, não só pela exaustão material, mas também por não ter punido um governo que se elegeu com dinheiro do assalto à Petrobras.

É hora de o país pegar o impulso da Lava-Jato: carro limpo, governo derrubado, de novo na estrada. É uma estrada dura, contenções, recuperação da credibilidade, quebradeira nos estados e cidades. É pau, é pedra, é o fim do caminho.

A semana, com a prisão do marqueteiro do PT e os dados sobre as transações financeiras, trouxe mais claramente o sentido de urgência. E a esperança de sair desta maré.

Artigo publicado no Segundo Caderno do Globo em 28/02/2016

Fonte: Blog do Gabeira, 28/02/2016

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

A Queda do Brasil: diálogo racional com o populismo de esquerda é uma impossibilidade



Destaque:

O problema dos salvadores do povo é que não percebem outra realidade exceto a de permanência no poder. Quanto pior a situação, mais se sentem necessários. Os irmãos Castro acham que salvaram Cuba e levaram a um patamar superior ao da Costa Rica, por exemplo. O chavismo levou a Venezuela a um colapso econômico, marcado pelas filas para produtos de primeira necessidade, montanhas de bolívares para comprar um punhado de dólares. Ainda assim, seus simpatizantes dizem, mesmo no Brasil, que a Venezuela está muito melhor do que se estivesse em mãos de liberais.
O colapso, a ruína, a decadência, nada disso importa aos populistas de esquerda. Apenas ressaltam suas boas intenções e a maldade dos críticos burgueses, da grande mídia, enfim, de qualquer desses espaços onde acham que o diabo mora. O Lula tornou-se o símbolo desse pensamento. Na semana em que se suspeita de tudo dele, do tríplex à compra de caças, do petrolão às emendas vendidas, chegou à conclusão de que não existe alma viva mais honesta do que ele.
Do ‘Aedes aegypti’à tsé-tsé

Fernando Gabeira*

A crise brasileira é um fato internacional. Dentro dos nossos limites, estamos puxando a economia mundial para baixo. Nossa queda não impacta tanto quanto a simples desaceleração chinesa. Mas com alguma coisa contribuímos: menos 1% no crescimento global.

Na crise da indústria do petróleo, com os baixos preços do momento, o Brasil aparece com destaque. Cerca de 30% dos projetos do setor cancelados no mundo foram registrados aqui, com o encolhimento da Petrobrás. Dizem que os brasileiros eram olhados com um ar de condolências nos corredores da reunião de Davos. Somos os perdedores da vez.

Diante desse quadro, Dilma diz-se estarrecida com as previsões negativas do FMI. Quase todo mundo está prevendo uma crise de longa duração e queda no PIB. Centenas de artigos, discursos e relatórios fortalecem essa previsão. Dilma, se estivesse informada, ficaria estarrecida por o FMI ter levado tanto tempo para chegar a essa conclusão. Ela promete que o Brasil volta a crescer nos próximos meses. No mesmo tom, Lula declarou aos blogueiros amestrados que não existe alma viva mais honesta do que ele. Não é recomendável entrar nessas discussões estúpidas. Não estou seguro nem se o Lula é realmente uma alma viva.

A troca de Levy por Barbosa está sendo vista como uma luta entre keynesianos e neoliberais. Pelo que aprendi de Keynes, na biografia escrita por Robert Skidelsky, é forçar um pouco a barra acreditar que sua doutrina é aplicável da forma que querem no Brasil de hoje. É um Keynes de ocasião, destinado principalmente a produzir algum movimento vital na economia, num ano em que o País realiza eleições municipais. É o voo da galinha, ainda que curtíssimo e desengonçado como o do tuiuiú.

O Brasil precisa de uma década de investimentos vigorosos, para reparar e modernizar sua infra. Hoje, proporcionalmente, gastamos nisso a metade do que os peruanos gastam.

O governo não tem fôlego para realizar essa tarefa. Isso não significa que não haja dinheiro no Brasil ou no mundo. Mas são poucos os que se arriscam a investir aqui. Não há credibilidade. O populismo de esquerda não é uma força qualquer, ele penetra no inconsciente de seus atores com a certeza de que estão melhorando a vida dos pobres. E garante uma couraça contra as críticas dos que “não querem ver pobre viajando de avião”.

Em 2016 largamos na lanterna do crescimento global. Dilma está estarrecida com isso e a mais honesta alma do Brasil diz “sai um lorde Keynes aí” como se comprasse cigarros num botequim de São Bernardo do Campo.

Aos poucos, o Brasil vai se dando conta da gravidade da epidemia causada peloAedes aegypti. Gente com zika foi encontrada nos EUA depois de viajar para cá. As TVs de lá martelam advertências às grávidas. Na Itália quatro casos de contaminação foram diagnosticados em viajantes que passaram pelo Brasil. O ministro da Saúde oscila entre a depressão e o entusiasmo. Ora exagera o potencial das campanhas preventivas, ora reconhece de forma fatalista que o Brasil está perdendo feio a guerra para o mosquito. Com nossa estrutura urbana, é quase impossível acabar com o mosquito. Mas há o que fazer.

Não se viu Dilma estarrecida diante da epidemia. Nem a mais honesta alma do Brasil articulando algo nessa direção. Solução que depende do tempo, a vacina ainda é uma palavra mágica.

No entanto, estamos nas vésperas da Olimpíada. Os líderes que a trouxeram para o Brasil, nos tempos de euforia, quase não tocam no assunto; não se sentam para avaliar como nos degradamos e como isso já é percebido com clareza lá fora.

A Economist publica uma capa com Dilma olhando para baixo e o título: A queda do Brasil. Na economia, área em que as coisas andam mais rápidas, não há mais dúvidas sobre o fracasso.

A segunda maior cidade do Rio, Estado onde se darão os Jogos, simplesmente quebrou. Campos entrou em estado de emergência econômica, agora que os royalties do petróleo parecem uma ilusão de carnaval.

O problema dos salvadores do povo é que não percebem outra realidade exceto a de permanência no poder. Quanto pior a situação, mais se sentem necessários. Os irmãos Castro acham que salvaram Cuba e levaram a um patamar superior ao da Costa Rica, por exemplo. O chavismo levou a Venezuela a um colapso econômico, marcado pelas filas para produtos de primeira necessidade, montanhas de bolívares para comprar um punhado de dólares. Ainda assim, seus simpatizantes dizem, mesmo no Brasil, que a Venezuela está muito melhor do que se estivesse em mãos de liberais.

O colapso, a ruína, a decadência, nada disso importa aos populistas de esquerda. Apenas ressaltam suas boas intenções e a maldade dos críticos burgueses, da grande mídia, enfim, de qualquer desses espaços onde acham que o diabo mora. O Lula tornou-se o símbolo desse pensamento. Na semana em que se suspeita de tudo dele, do tríplex à compra de caças, do petrolão às emendas vendidas, chegou à conclusão de que não existe alma viva mais honesta do que ele.

Aqueles que acreditam num diálogo racional com o populismo de esquerda deveriam repensar seu propósito. Negar a discussão racional pode ser um sintoma de intolerância. Existe uma linha clara entre ser tolerante e gostar de perder tempo. O mesmo mecanismo que leva Lula a se proclamar santo é o que move a engrenagem política ideológica do PT. Quando a maré internacional permitiu o voo da galinha, eles se achavam mestres do crescimento. Hoje, com a maré baixa, consideram-se os mártires da intolerância conservadora. Simplesmente não adianta discutir. No script deles, serão sempre os mocinhos, nem que tenham de atacar a própria Operação Lava Jato.

Considerando que Cuba é uma ditadura e a Venezuela chega muito perto disso com sua política repressiva, como explicar a aberração brasileira?

Certamente algum mosquito nos mordeu para suportarmos mentiras que nos fazem parecer otários. Não foi o Aedes aegypti. A tsé-tsé, quem sabe?

Fonte: O Estado de São Paulo, 29/01/2016

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Liberais vão continuar a ser assassinados politicamente enquanto não entenderem que a solidariedade é tão importante quanto a liberdade

O economista Paulo Guedes durante entrevista, na Bozano Investimentos,
em São Paulo (Foto: Letícia Moreira/ÉPOCA)

Transcrevo abaixo a entrevista que o economista Paulo Guedes deu à revista Época (José Fucs) não só por ser interessante no geral como também porque ele aponta - acertadamente no meu entender - a razão pela qual o liberalismo perdeu o protagonismo da cena política a partir do século XX. Sua colocação vai bem ao encontro do que eu disse, coincidentemente, na minha postagem O fato é que a direita não tem respostas para dar às demandas da maioria da população. Segue o destaque:
ÉPOCA – A que o senhor atribui essa predominância do pensamento de esquerda no país?Guedes - O que o socialismo tem de poderoso, tribal, secular, milenar e que assassinou politicamente as versões mais ingênuas do liberalismo? A solidariedade. Porque o Lula foi eleito quatro vezes? Porque ele entendeu que a solidariedade é importante. Então, os liberais vão continuar a ser assassinados politicamente enquanto não entenderem que a solidariedade é um instrumento tão importante quanto a liberdade. Tem que ter os dois. O liberalismo, criado no século XVIII e predominante no século XIX, foi assassinado, merecidamente, no século XX, porque não pensou na solidariedade. Aí vem o socialismo, absolutamente ignorante em matéria econômica. Desastroso. União Soviética, China, o capeta. Um fracasso do ponto de vista de liberdade política, aprisionando milhões de pessoas no mundo inteiro, guerra civil, Gulag, Revolução Cultural. Essa indignação da Dilma com os militares é muito merecida. Agora, se estivesse sido do lado de lá, ela não estaria como presidente hoje, porque o sistema varria os dissidentes muito mais rápido. Mas eles tinham uma coisa que sempre falaram e sempre falarão: “la solidariedad de los hermanos, la igualdad, el socialismo”. Quando os liberais se esqueceram disso, acreditando que isso é voluntário, a gente dá se quiser, dá o voucher saúde, o voucher educação, dá igualdade de oportunidade e, se tudo falhar, deixa ir para o saco, perderam o bonde. A solidariedade está além de direita e esquerda. É um traço humano.
[...] Agora, eu aposto na sociedade aberta. A grande sociedade aberta está além da direita e da esquerda. Quem estiver preocupado com isso ainda está saindo da Revolução Francesa no século XVIII. Aliás, esquerda naquela época eram os liberais. Se eu vivesse naquela época, estaria lá, com o Tocqueville, lutando contra a velha ordem. Essa é a pobreza mental brasileira. Você é de direita ou de esquerda? Eu sou da nova sociedade aberta.

Paulo Guedes: “Não tem como a credibilidade voltar com a Dilma na presidência”

Para o economista, reputação e credibilidade se constroem ao longo do tempo, mas são perdidas rapidamente – e Dilma “participou do início, do meio e do fim do crime do desequilíbrio fiscal”

O economista Paulo Guedes, de 66 anos, Ph.D. pela Universidade de Chicago, é um dos poucos entre seus pares com um pensamento genuinamente liberal. Crítico duro dos social-democratas que predominam no país desde a redemocratização, Guedes atribui a eles a atual crise econômica e não perdoa nem mesmo o PSDB e seus líderes. “Hoje, no Brasil, a direita é o Fernando Henrique, o homem que se envergonha das próprias privatizações, o homem que soltou o câmbio depois de perder US$ 50 bilhões para ser reeleito”, diz. Segundo Guedes, não há possibilidade de a credibilidade do governo voltar com Dilma na presidência. “A Dilma foi o primeiro braço importante a fulminar o equilíbrio fiscal no governo Lula”, afirma. “É preciso levar em conta que as pessoas têm uma história. Reputação e credibilidade são coisas que se constroem ao longo de muitos anos, mas são perdidas rapidamente.” Nesta entrevista, que reúne os trechos não publicados na edição em papel de ÉPOCA, fruto de quase três horas de conversa, Guedes fala também sobre a dificuldade de os liberais entenderem que a solidariedade é tão importante quanto a liberdade para a prosperidade. “A solidariedade está além da direita e da esquerda. É um traço humano”, diz.

ÉPOCA – Hoje, muitos analistas atribuem boa parte dos problemas econômicos do Brasil ao modelo de proteção social embutido na Constituição de 1988. O senhor também pensa assim?
Paulo Guedes - Muita gente reclama que a Constituição de 1988 aumentou muito os gastos sociais, mas não foi bem assim. No período militar, houve uma dívida externa excessiva, especialmente no período Geisel. Houve muita ênfase em estrutura física e quase nada em saúde e educação, que é algo típico de uma sociedade politicamente fechada. Com a pressão da redemocratização, era natural que houvesse uma mudança de eixo, uma inclusão maior nos orçamentos públicos. É compreensível que tenham existido essas pressões orçamentárias numa democracia emergente. Foram anos de subinvestimento em capital humano, anos de recursos centralizados sob o antigo regime. Também era natural que houvesse uma tentativa de descentralização dos recursos, que também foi embutida na Constituição. Uma democracia emergente exige as duas coisas: inclusão social nos orçamentos públicos e descentralização orçamentária.

ÉPOCA – Se o problema não foi a Constituição de 1988, qual foi então?
Guedes - O problema é que houve uma aliança entre um grupo de economistas muito interessados em assuntos políticos, porque a redemocratização estava em andamento, e políticos completamente ignorantes em matéria econômica, em decorrência da alienação em que ficaram durante 25 anos. Foi uma combinação trágica. O (José) Sarney, que era uma das estrelas do regime antigo, tornou-se sucessor por um golpe do acaso, e teve uma síndrome de ilegitimidade. Ele queria ser popular e encontrou jovens economistas inebriados por assuntos políticos, que lhe venderam a ideia de que o processo inflacionário brasileiro era apenas uma questão inercial, um reflexo do antigo regime, que já abusava de gastos públicos excessivos. O que se viu foi uma aliança que está em vigor até hoje. O Sarney continua por aí, era o presidente do Congresso até pouco tempo atrás, e seu discípulo Renan (Calheiros, atual presidente do Senado Federal), preparado por ele, também está aí. Com o Tancredo, a ordem seria conter os gastos, refletindo um pouco de experiência de um homem que havia experimentado a inflação no início dos anos 1960 e que acabou criando uma ruptura política, em 1964. Não iria haver qualquer aventura. Agora, morto Tancredo, o despreparo dos sucessores e a síndrome de legitimidade do Sarney, com o desejo desesperado de popularidade de um velho apoiador de militares, acabou nos levando a outro caminho.


ÉPOCA – O que essa aliança representou para o país naquela época?
Guedes – Ela revelou a nossa incapacidade como sociedade civil emergente de equacionar o conflito entre o aumento das demandas sociais e as limitações do orçamento. Para enfrentar o desafio das novas demandas, o Brasil deveria ter feito as reformas estruturais na economia. Só que ninguém percebeu que tinha uma nova ordem chegando, ampliando gastos, e que era necessário fazer uma transformação. Eu também não tinha essa visão. Sabia da importância do controle fiscal e monetário, falava isso na época, mas não tinha ideia do tamanho da onda de gastos sociais que estavam por vir, que eram totalmente legítimos. Questões como o Banco Central independente, o câmbio flexível e o ajuste fiscal não faziam parte da agenda política. Se eles tivessem feito isso, o Brasil estaria em outra agora.
No Plano Cruzado, a mídia apanhou maciçamente, sem saber que estava apoiando uma experiência bolivariana, tipo caçar boi no pasto, prender gente, tabelar preços”
ÉPOCA – Como o adiamento das reformas afetou o país?
Guedes - Em vez de fazer as reformas, eles fizeram o Plano Cruzado, com a complacência e a ignorância da mídia na ocasião. A mídia apanhou maciçamente, sem saber que estava apoiando uma experiência bolivariana, tipo caçar boi no pasto, prender gente, tabelar preços. Depois, vieram o “Plano Cruzeta”, o “Plano Brechola”, o plano não sei o quê. Terminamos na política do feijão com arroz, que foi o modesto reconhecimento de que não havia mais nada a fazer, no final do governo. Veio a hiperinflação, que não se pode desperdiçar sem reformas. Um plano anti-inflação tem de atingir furiosamente a velha ordem e derrubar o antigo regime. É a ocasião de fazer o orçamento base zero, em que cada item precisa ser explicitamente aprovado, e não apenas as alterações feitas em relação ao ano anterior. As grandes hiperinflações da história foram oportunidades de mudança dos regimes fiscal, monetário, cambial e também de descentralização de recursos. Mas, no Brasil, nós somos apaixonados pela acomodação. Não fizemos nenhuma reforma extraordinária. Aí veio o (Fernando) Collor. Teve uma chance, mas deu o tiro errado. O Collor foi o único que enfrentou o velho regime. Chamou o Lula de vagabundo e o Sarney de ladrão. Foi uma promessa de renovação. O Lula, na ocasião, também. Mas, de novo, o fator político falhou. O congelamento da poupança foi ridículo.

ÉPOCA – Em 1994, com o Plano Real, os tucanos não deram a volta por cima em relação aos erros do Plano Cruzado?
Guedes – Com o Plano Real, caiu um pouco o número de erros, tivemos algo de concreto. Na verdade, eles tiraram da sala o bode que tinham colocado lá. Estabilizamos a inflação, apesar de ter saído caro, em função da puxada dos juros, e depois – voluntariamente ou não – adotamos o câmbio flexível e a responsabilidade fiscal. Excelente. Criamos o tripé macroeconômico. Uma conquista. Continuamos avançando. Ao contrário do que aconteceu no Plano Cruzado, os tucanos entenderam que a inflação é sempre e em qualquer lugar, como dizia Milton Friedman, um fenômeno monetário. Os economistas do PSDB aprenderam a lição de que não se faz programa anti-inflacionário sem política monetária, mas não aprenderam a outra, que é a necessidade de usar a política fiscal como âncora, porque dói muito menos. Resultado: os juros foram a 40% ao ano. Uma política muito dura. Anos e anos a fio. A dívida pública explodiu. Surgiram as críticas das esquerdas, do Lula, desse pessoal, dizendo que o governo “entregou o patrimônio público”. Apesar do conteúdo populista da crítica, a verdade é que começou ali um importante desequilíbrio patrimonial do Estado brasileiro. Embora eles acreditassem que estavam privatizando e ajudando o Brasil, a dívida pública estava crescendo muito mais rápido que o valor das estatais.
Como é possível combater a inflação durante três décadas com os gastos públicos saindo de 18% do PIB, no fim do regime militar, para 35% do PIB hoje?”
ÉPOCA – O senhor não pensa que o saldo do Plano Real foi positivo?
Guedes - Com o regime de meta inflacionária, o Armínio (Fraga, então presidente do Banco Central) deixou um legado institucional. O Gustavo Franco (antecessor de Armínio) primeiro e o Armínio e o Meirelles, depois. Foram três indivíduos que nos deram a estabilidade monetária, que agora está sendo perdida de novo. Mas foi estritamente em cima do Banco Central. Não usamos a dimensão fiscal. Resultado: nós estamos há 20 anos nesse drama e a inflação ainda não foi embora definitivamente. Nós temos de perguntar por que todas as hiperinflações no mundo acabaram sem o uso da moeda indexada, os juros desabaram e a inflação nunca mais voltou e no Brasil isso não aconteceu. Será que fazer a reforma com moeda indexada foi novamente uma forma de adiar o ataque frontal aos problemas da estrutura econômica brasileira? Será que empurramos a crise para frente? Como é possível combater a inflação durante três décadas com os gastos públicos saindo de 18% do PIB, no fim do regime militar, para 35% do PIB hoje? Essa é a questão.

ÉPOCA – A Lei de Responsabilidade Fiscal não foi uma boa iniciativa para buscar o equilíbrio das contas públicas?
Guedes - A Lei de Responsabilidade Fiscal não foi um ato intelectual, de livre e espontânea vontade. Hoje, quando o PSDB exige que o PT venha a público e confesse seus erros, pergunto o seguinte: o Fernando Henrique explodiu a flexibilidade cambial, em 1999, ou foi explodido por ela, com a banda diagonal endógena, do Chico Lopes, então presidente do Banco Central? Eles foram estuprados pela explosão cambial. Na tentativa de reeleição do príncipe florentino, eles queimaram US$ 50 bilhões em seis meses. Fala-se hoje que a Dilma prometeu um negócio e fez outro, foi parecido. O Fernando Henrique, o príncipe florentino da sociologia brasileira, disse na campanha que não ia ter problema cambial e depois soltou o câmbio. Está errado soltar? Não. Tem de soltar mesmo. Mas a verdade é que não foi por causa de uma adesão intelectual ao sistema de câmbio livre. O Fernando Henrique descobriu o regime de metas de inflação ou foi também explodido por ela?Aí, é preciso fazer uma menção honrosa ao Gustavo Franco, que lutou sozinho no Banco Central, sem apoio fiscal, pela estabilidade. Não houve a mudança de regime fiscal na época, só juros absurdamente elevados, reflexos de uma luta isolada do Banco Central. O Gustavo Franco lutou sozinho, atacado ferozmente pelo (José) Serra, que era ministro do Planejamento, sem a cobertura do (Pedro) Malan (então ministro da Fazenda), que não o ajudou fiscalmente. O Malan o ajudou a se manter no cargo, mas não deu apoio operacional na Fazenda. Não fez uma reforma fiscal. O Malan foi um bom ministro da Fazenda, mas poderia ter ajudado muito mais na parte fiscal, na flexibilização da legislação trabalhista, na reforma da Previdência e na descentralização dos recursos, em vez de salvar bancos estaduais com a centralização da dívida pública. No governo Fernando Henrique, já com o Malan na Fazenda, criaram-se vários impostos não compartilhados com os estados e os municípios. São tributos reacionários, não progressistas. Entre os tucanos, quem melhor falou sobre esse problema foi sempre o Aécio Neves. Ele disse que, hoje, a centralização dos recursos não só tem sido foco das disfunções administrativas, com 39 ministérios, mas também de corrupções bilionárias.
Qual é o PIB brasileiro? São trilhões. Não dá para falar que não tem como cortar mais gastos. É possível, sim, derrubar essa estrutura"
ÉPOCA – O senhor faz críticas pesadas à gestão do ex-presidente Fernando Henrique e ao PSDB. E quanto ao PT? O ex-presidente Lula e a presidente Dilma não têm responsabilidade na atual crise econômica?
Guedes – A Dilma pegou um país relativamente estável e corre o risco de devolver um país completamente desestabilizado. Ela foi um dos mais importantes fatores de destruição do tripé macroeconômico, baseado nas metas de inflação e fiscais e no câmbio livre. É preciso levar em conta que as pessoas têm uma história. Reputação e credibilidade são coisas que se constroem ao longo de muitos anos, mas são perdidas rapidamente. A Dilma participou do início, do meio e do fim do crime do desequilíbrio fiscal. É por isso que não há possibilidade de a credibilidade voltar com ela na presidência. No primeiro governo Lula, o (Antonio) Palocci (ex-ministro da Fazenda) esteve a três passos do paraíso. Quando percebeu o circulo virtuoso do equilíbrio fiscal, com juro mais baixo e crescimento, ele propôs o déficit público zero. Se ele conseguisse isso, eles nunca mais sairiam do poder. Com a bandeira da solidariedade, estavam dizendo “estamos com o povo”. E, com a austeridade fiscal, em vez de ter crescido 7% ao ano, o país iria crescer 5,5%, mas para sempre. Não teria esse gasto anual de R$ 500 bilhões de juros que temos hoje. Em vez disso, foram com tudo na social-democracia, gastaram mais, como sinal de solidariedade. Só que foram para uma social-democracia aliada ao capitalismo de quadrilha, ao conservadorismo. Deram dinheiro para a Odebrecht e para o Prouni (Programa Universidade para Todos), também. Tinha de ser mais para o Prouni e menos para a Odebrecht e para o (ex-senador) Gilberto Miranda, com a zona franca de Manaus.

ÉPOCA – Na guinada do governo Lula na economia, que papel coube à presidente Dilma, que na época havia assumido a Casa Civil?
Guedes - A Dilma foi importante nisso, porque foi o primeiro braço importante a fulminar o Palocci quando ele propôs o déficit zero, dizendo que era uma proposta rudimentar, primária. Foi aí que ela começou a atacar o equilíbrio fiscal. Depois passou para a prática. Apoiou o (Guido) Mantega (ex-ministro da Fazenda) na demolição gradual do ajuste e ao assumir o governo manteve-o no cargo. Com a crise de 2008, voltamos ao velho sistema de acomodação. Começamos com subsídio para cá, gasto para lá, crédito fácil para consumo, e deixamos a inflação de lado. Cometemos os excessos que já tinham sido cometidos no passado. O Mantega repetiu erros clássicos de 15, 20 anos atrás: congelou tarifas públicas, reteve o preço da eletricidade, segurou o câmbio, pedalou loucamente para permitir a reeleição de Dilma. Houve a explosão do desequilíbrio fiscal de novo, a falsificação de novo. Nosso período de enriquecimento temporário foi todo “queimado”, em vez de melhorarmos a nossa capacidade de enfrentar crises futuras e mexer em fundamentos econômicos. Foi um equívoco extraordinário. Agora, finalmente, estamos cumprindo o ciclo. Vamos ter de atacar o regime fiscal, fazer as reformas estruturais. Temos que mexer na Previdência, na legislação trabalhista. Qual é o PIB brasileiro? São trilhões. Não dá para falar que não tem como cortar mais gastos. É possível, sim, derrubar essa estrutura. A Dilma perdeu essa chance. Ela teve uma sorte incrível de existir um cara mais ou menos bem desenhado para ser um tampão, que foi o (Joaquim) Levy (ex-ministro da Fazenda), que era a antítese do pensamento dela. À medida que ela foi desautorizando o Levy, o mercado foi entendendo que ela queria os benefícios de uma imagem de quem reavaliou os erros, mas sem pagar o preço de ter realmente mudado de ideia. Como ela não apoiou e como ele não conseguiu implementar nada, porque foi apanhado no meio do conflito político, a Dilma transformou o Levy num coletor de impostos.
Hoje é fácil pedir ao PT para fazer o mea culpa. A pergunta é a seguinte: como foi o mea culpa dos economistas tucanos? Os economistas do Cruzado, do PSDB, levaram quase duas décadas para chegar aonde era preciso”
ÉPOCA – Se a presidente Dilma e o PT reconhecem os erros cometidos no primeiro mandato na economia, não conseguiram recuperar a credibilidade?
Guedes - Hoje é fácil pedir ao PT para fazer o mea culpa. A pergunta é a seguinte: como foi a mea culpa dos economistas tucanos? Hoje, eles falam do PT, mas eu me lembro que, na época do Cruzado, um de seus pais, num ginásio da PUC do Rio de Janeiro, disse o seguinte: “Esse negócio de déficit público, política monetária, é conversa fiada. A inflação brasileira acabou. Ela era puramente inercial”. Os economistas do Cruzado, do PSDB, levaram quase duas décadas para chegar aonde era preciso. É trágico ter de esperar dez anos para chegar no câmbio flexível, a um Banco Central autônomo, e 15 anos para chegar no ajuste fiscal. É um tributo à improvisação brasileira. Então, a Dilma tem todo o direito de aprender trombando na cerca, como eles aprenderam também. Quando o Fernando Henrique trocou a aceleração das reformas e não ser reeleito por um segundo mandato, será que ele não permitiu que esse aparelho gigante do Estado fosse depois ocupado por quem era oposição a ele e ele fosse sentindo o moer daquela máquina nos próprios testículos? Agora, o PSDB está a quatro mandatos seguidos fora do poder sendo massacrado. Será que eles gostaram da experiência? Será que vale a pena limitar o poder do Estado ou ser esmagado mais 18 anos? Por mais que o Fernando Henrique queira se colocar como “eu sou o futuro”, ele é a vanguarda do atraso, o que há de menos ruim da velha ordem. Ele tem todos os méritos de ter enfrentado a hiperinflação, mas a energia dele foi toda consumida nessa transformação que era sair da ditadura e redemocratizar o país.

ÉPOCA – Como o senhor vê o Aécio Neves dentro desse contexto, dentro do PSDB?
Guedes - O Aécio é a coisa mais lúcida do antigo regime, porque ele percebeu que a dimensão fiscal era crítica. Ele disse que essa corrupção sistêmica é causada pela centralização de recursos no governo federal. Essa incompetência administrativa, também. Esse desvirtuamento da democracia brasileira está sendo causado pela concentração de recursos. Ele não estava nem falando do PT. Estava dizendo que esse excesso de concentração de poder, tanto de recursos financeiros, como de poder político na mão do governo federal, está desvirtuando a administração pública brasileira. O Eduardo Campos também fez um discurso muito claro de que nós estávamos com práticas degeneradas e com período de validade. Precisamos mudar. Agora, será que eles teriam capacidade de sair dessa prisão social-democrata? Acho que não. Eles têm instinto de sobrevivência política, de não querer tocar o Brasil sozinho, como a Dilma está tentando. É um desastre. O dinheiro tem de estar onde o povo está. Vejo também um sopro interessante na Marina Silva. Está mais à esquerda, mas foi ouvir o (economista Eduardo) Giannetti. Ela tem algumas coisas interessantes. Sinto nela a indignação com a política atual, mas não vejo nela competência executiva e a força pessoal para mover o Brasil. Não sinto no Aécio também a crença nos mercados para fazer a reforma forte de que precisamos, como também não percebia isso no Eduardo Campos. Então continuo esperando o novo. Mas, como eu acredito numa sociedade aberta, não estou preocupado com isso. Ele virá.
Hoje, no Brasil, a direita é o Fernando Henrique, o homem que se envergonha das próprias privatizações, o homem que soltou o câmbio depois de perder US$ 50 bilhões para ser reeleito”
ÉPOCA – O senhor acredita mesmo que o Brasil caminhará por uma linha mais liberal nos próximos anos?
Guedes – É muito difícil um brasileiro escapar dessa padronização da hegemonia social-democrata no Brasil. É uma mentalidade tão enrijecida quanto a de seus inimigos mortais, os militares. As luzes que brilham hoje no pensamento político brasileiro Fernando Henrique sociólogo que passou um tempo no exílio, Lula, líder sindical, tudo isso é passado, tudo isso é muito antigo, e eles não ousaram reformar o regime econômico brasileiro. Hoje, no Brasil, a direita é o Fernando Henrique, o homem que se envergonha das próprias privatizações, o homem que soltou o câmbio depois de perder US$ 50 bilhões para ser reeleito. Há suspeitas de práticas não republicanas. Toda vez que acossam o Lula e falam de corrupção ele diz “perguntem ao Fernando Henrique sobre a reeleição”. Hoje, você vê o governo elogiando uma baderna. O governo acha bacana invasão de terra, paralisar uma cidade. Agora, eu aposto na sociedade aberta. A grande sociedade aberta está além da direita e da esquerda. Quem estiver preocupado com isso ainda está saindo da Revolução Francesa no século XVIII. Aliás, esquerda naquela época eram os liberais. Se eu vivesse naquela época, estaria lá, com o Tocqueville, lutando contra a velha ordem. Essa é a pobreza mental brasileira. Você é de direita ou de esquerda? Eu sou da nova sociedade aberta.

ÉPOCA – Que sociedade aberta é essa a que o senhor se refere?
Guedes - Ela é verde, ambientalista, a favor de um desenvolvimento sustentável. A grande sociedade aberta são os mercados, gerando riqueza econômica, e as democracias, gerando liberdade política e solidariedade, que combina esse dois. O Brasil é uma sociedade aberta em construção. Temos um Banco Central relativamente autônomo, câmbio flutuante, mas não temos ainda o equilíbrio fiscal. Confio na sociedade aberta, confio na mídia que está distribuindo informação, no efeito da opinião pública sobre o que está acontecendo, no despertar do poder Judiciário. Ou privatizamos ou o Brasil vai continuar vítima desse combate pobre.
Os liberais vão continuar a ser assassinados politicamente enquanto não entenderem que a solidariedade é um instrumento tão importante quanto a liberdade. Tem que ter as duas coisas"
ÉPOCA – A que o senhor atribui essa predominância do pensamento de esquerda no país?
Guedes - O que o socialismo tem de poderoso, tribal, secular, milenar e que assassinou politicamente as versões mais ingênuas do liberalismo? A solidariedade. Porque o Lula foi eleito quatro vezes? Porque ele entendeu que a solidariedade é importante. Então, os liberais vão continuar a ser assassinados politicamente enquanto não entenderem que a solidariedade é um instrumento tão importante quanto a liberdade. Tem que ter os dois. O liberalismo, criado no século XVIII e predominante no século XIX, foi assassinado, merecidamente, no século XX, porque não pensou na solidariedade. Aí vem o socialismo, absolutamente ignorante em matéria econômica. Desastroso. União Soviética, China, o capeta. Um fracasso do ponto de vista de liberdade política, aprisionando milhões de pessoas no mundo inteiro, guerra civil, Gulag, Revolução Cultural. Essa indignação da Dilma com os militares é muito merecida. Agora, se estivesse sido do lado de lá, ela não estaria como presidente hoje, porque o sistema varria os dissidentes muito mais rápido. Mas eles tinham uma coisa que sempre falaram e sempre falarão: “la solidariedad de los hermanos, la igualtat, el socialismo”. Quando os liberais se esqueceram disso, acreditando que isso é voluntário, a gente dá se quiser, dá o voucher saúde, o voucher educação, dá igualdade de oportunidade e, se tudo falhar, deixa ir para o saco, perderam o bonde. A solidariedade está além de direita e esquerda. É um traço humano.

Fonte: Época, por José Fucs, 16/01/2016

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