segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A (verdadeira) herança maldita do PT


A colunista do Estadão, Dora Kramer, fez um breve resgate histórico do lulopetismo e aonde este nos levou. Aponta corretamente que, embora Dilma Rousseff seja a personificação do desastre atual, por ocupar a presidência, sua obra foi feita a várias mãos.
Por ocupar a Presidência, Dilma personifica o desastre, mas evidentemente não é a única responsável por ele. Atribuir responsabilidade só a ela significa ignorar todo o conjunto de uma obra coletiva construída com a finalidade de submeter o Brasil à dominação de um partido.
Projeto que, por força da boa saúde das instituições e do despertar (tardio) da sociedade, não deu certo, embora tenha provocado desacertos profundos e nos levado a retroceder 20 anos no processo de recuperação da credibilidade do País. 
Lembra que o principal artífice dessa obra foi o ex-presidente Lula, uma perfeita encarnação do herói sem caráter descrito por Mário de Andrade. Sempre oportunista, ao chegar a presidência, Lula adotou a política econômica do antecessor, ciente de que, se assim não o fizesse, não teria condições de governar. De fato, usurpou o patrimônio dos governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, enquanto demonizava especialmente o último.
Quando assumiu a Presidência, Lula adotou a política econômica do antecessor. Foi, por isso, muito elogiado, saudado pela escolha do bom caminho.
Nessa visão otimista faltou, contudo, analisar o dado essencial da motivação: nada foi feito por convicção, mas pela percepção de que ou incorporava as posições do adversário ou não governaria. De onde não hesitou em incorporá-las na economia e explorá-las na política ao expropriar o patrimônio dos governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, atribuindo a si a autoria da estabilização e ao antecessor a maldição de uma herança, na realidade bendita.
Como a adoção da política usurpada não foi motivada por convicção real e sim por oportunismo, não houve o prosseguimento das reformas estruturais iniciadas nos governos anteriores. A teatrocracia bem como o patrimonialismo que caracterizam a política brasileira foram levados ao paroxismo, vivendo-se de encenações permanentes e distribuição de dinheiro público a meio-mundo. Aos pobres, o bolsa-família. Ao sistema financeiro, grandes lucros. Aos empreiteiros idem via propinas. E ainda sobrou para dar a jornalistas (de blogs à grande mídia), artistas, acadêmicos e "movimentos sociais" defenderem a quadrilha petista contra os interesses do país. Como cedo ou tarde a realidade acaba transbordando de qualquer moldura onde se tente enquadrá-la, enfim a casa caiu em cima de nossas cabeças.
Como nem a convicção na economia nem o princípio da ética na política eram genuínos, evidente que mais dia menos dia a casa cairia. Os escombros soterraram o PT, mas o conceito do vale-tudo, traduzido na expressão da presidente Dilma de que é legítimo fazer “o diabo” para ganhar eleições, levou o País inteiro ao inferno.
Em qualquer situação, completando o mandato ou não, deixará ao sucessor uma herança maldita. Não o legado imputado ao governo Fernando Henrique Cardoso pelo populismo oportunista de Luiz Inácio da Silva, mas um espólio objetiva e concretamente malévolo que acaba de se materializar na volta do Brasil ao clube dos países desprovidos de credibilidade internacional, arrastando junto a Petrobrás, para citar apenas a maior das várias empresas agora consideradas investimento de risco.
Agora, após o terremoto, é preciso retirar o entulho das ruas, buscar sobreviventes e punir os responsáveis pelo desastre implacavelmente. Que Lula e os seus paguem pelo que fizeram é nosso sonho de consumo. É imprescindível também que o país inteiro faça uma autoanálise de como deixou que o petismo o levasse para o brejo dessa forma. Dilma sempre demonstrou nunca conseguir governar sequer seus pensamentos quanto mais um país. Foi só a marquetagem, custeada com nosso dinheiro roubado, que conseguiu manter os petistas no poder todo esse tempo? Precisamos entender porque tantos se venderam ao projeto criminoso de poder do petismo. Precisamos resgatar as origens de tudo isso para que nunca mais se repita. O Brasil precisa se olhar no espelho por mais desagradável que sua própria imagem lhe pareça.

Fonte: A maldição da herança - Política - Estadão 

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