quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Recordar é viver: quando o PT defendia a renúncia ou o impeachment de FHC

Em 1999, os mesmos que hoje dizem que impeachment é golpe
queriam a renúncia ou o impeachment de FHC
Há cerca de 16 anos, o PT e seus apoiadores da esquerda fóssil brasileira queriam a renúncia ou o impeachment de Fernando Henrique Cardoso por causa da denúncia de suposto envolvimento do presidente no leilão das teles. No dia 26/08/1999, fizeram uma manifestação em Brasília com faixas de Fora FHC e Impeachment Já. Hoje, essa mesma turma vai às ruas dizer que os pedidos de impeachment ou renúncia de Dilma são golpe. Como recordar é viver, nada como lembrar da dupla moral dessa turma e de sua canalhice congênita.


ESQUERDA
Partido admite posição do PDT
PT decide defender a renúncia de FHC

da Reportagem Local

A frente de partidos e entidades de esquerda que apoiou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na última eleição presidencial passou a admitir a posição do PDT de pedir a renúncia do presidente Fernando Henrique Cardoso. A esquerda também decidiu cacifar o slogan "Fora FHC".

As decisões foram tomadas em reunião ontem, em São Paulo. Até agora, prevalecia na frente a posição do PT de só tentar uma campanha pelo impeachment de FHC, por causa principalmente da denúncia de envolvimento do presidente no leilão das teles.
Vamos engrossar o movimento pelo impeachment, mas apoiamos também movimentos alternativos como a tese do PDT de pedir a renúncia do presidente", disse Tarso Genro, coordenador da frente.
O deputado José Genoino, líder do PT na Câmara, disse que o acordo entre Ciro Gomes e Lula para o lançamento de uma candidatura de centro-esquerda à Presidência está em "banho-maria".
Segundo Genoino, o acordo "deu uma melada" depois que o PPS, partido de Ciro, e o próprio ex-ministro atacaram o PT na imprensa.

Fonte: Folha de São Paulo, 29/06/1999



PROTESTO
Segurança e oposição defendem calma na "Marcha dos 100 Mil""
FHC enfrenta maior ato contra o seu governo hoje

Fernando Henrique Cardoso enfrenta hoje, a partir das 11h, o maior protesto contra seu governo desde que assumiu pela primeira vez a Presidência, em 1995.

A "Marcha dos 100 Mil" chega hoje a Brasília pedindo a abertura de um processo por suposto crime de responsabilidade de FHC no processo de privatização das teles. Alguns setores vão pedir o impeachment do presidente.

Segundo a CUT (Central Única dos Trabalhadores), 93.420 manifestantes de todos os Estados já estão confirmados. O número, segundo a organização, vai passar dos 100 mil.

Até agora, a maior manifestação já feita contra o governo FHC, a marcha dos sem-terra de abril de 1997, reuniu entre 30 mil (segundo a PM) e 50 mil pessoas (segundo os organizadores).

O Gabinete Militar da Presidência e o governo do Distrito Federal estão prevendo entre 50 mil e 60 mil manifestantes.

A maior preocupação do governo FHC é com a pulverização do movimento, que está dividido e não conseguiu fechar um manifesto em comum -há apenas o abaixo-assinado pedindo a abertura do processo na Câmara.

Um contingente de 7.100 homens fará a segurança da Esplanada e regiões próximas ao local da manifestação.

O ministro-chefe do Gabinete Militar da Presidência, general Alberto Cardoso, disse que a orientação dos policiais responsáveis pela segurança na Esplanada é evitar "ao máximo" o confronto. Segundo ele, não há informações sobre a existência de grupos predispostos ao conflito. "A manifestação vai ser ordeira, pacífica."

FHC mantém hoje agenda normal no Palácio do Planalto. O porta-voz da Presidência, Georges Lamazière, disse ontem que a marcha "faz parte da democracia e do direito à livre manifestação" e que o presidente espera que ocorra "dentro da lei e da ordem".

"O próprio governo tem interesse em infiltrar provocadores para desgastar a manifestação",afirmou o líder do PC do B na Câmara, Aldo Rebelo (SP).

Desde ontem, os organizadores estão distribuindo um manual para orientar o manifestante, pedindo, entre outras coisas, que o participante não aceite provocações, denuncie qualquer problema à organização e mantenha a calma em qualquer situação.

O abaixo-assinado deverá ser entregue ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). ""Temos mais de 1 milhão de assinaturas no abaixo-assinado", disse Sandra Cabral, secretária de comunicação da CUT.

Promovem a marcha o PT, PDT, PSB, PC do B, PCB, PMN, PSTU e 17 entidades -como CUT, MST e UNE.

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) estarão ausentes. A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) será representada por Pastorais Sociais da entidade.

O líder petista Luiz Inácio Lula da Silva vai encerrar o ato com o seu discurso. Prevendo atrasos, a organização da manifestação estabeleceu um limite para o término do ato: 16h. No cronograma da marcha, a previsão é encerrar às 14h30.

Os coordenadores da manifestação passaram os últimos dias em reuniões com as principais entidades inscritas na marcha, inclusive com lideranças da LOC (Liga Operária Camponesa) e do PCO (Partido da Causa Operária), organizações consideradas de extrema esquerda.
Conversamos com todas as lideranças dessas organizações e todos assumiram o compromisso de fazer um ato absolutamente pacífico. Ninguém está autorizado a desrespeitar o patrimônio público", disse o ex-deputado e presidente do PT do Distrito Federal, Chico Vigilante, coordenador da segurança da marcha.
Dados da CUT indicam que até agora foram gastos cerca de R$ 120 mil com a organização do evento. Alimentação, ônibus e material de propaganda estão sendo custeados pelas entidades.
(DENISE MADUEÑO, ABNOR GONDIM e PATRICIA ZORZAN) pág. 1-5 à pág. 1-8

Fonte: Folha de São Paulo, 26/08/1999

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