quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Delação premiada do executivo Augusto Ribeiro Mendonça Neto indica que propinas foram depositadas nas contas do PT

Oposição considera ‘gravíssima’ denúncia de que propinas foram depositadas nas contas do PT
Líderes afirmam que não há como a presidente se eximir de responsabilidade

Líderes da Oposição consideraram gravíssima a informação de que parte da propina cobrada por Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, das empresas que prestavam serviços para a Petrobras foi paga na forma de doação oficial ao Partido dos Trabalhadores no período de 2008 a 2011. A informação consta no depoimento de delação premiada do executivo Augusto Ribeiro Mendonça Neto, que representou várias empresas desde a década de 90, entre elas a Setal Engenharia, depois transformada em Toyo Setal. Os líderes alegam que não há como a presidente Dilma Rousseff se eximir de responsabilidade, se a denúncia for comprovada, porque o candidato é o responsável por suas contas perante o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Os líderes do PSDB se reuniram na tarde desta quarta-feira com o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), para discutir que providências tomar em relação a denúncia do executivo da Toyo Setal. Caberá ao líder do partido na Câmara, Antônio Imbassahy (BA), fazer um pronunciamento na sessão do Congresso Nacional. Dizem que as denúncias estão chegando muito próximas da presidente Dilma: ontem com o depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, na CPI do Senado; e hoje com a delação premiada de Augusto Ribeiro.

Aécio foi cauteloso em relação à possibilidade de as investigações do Ministério Público levarem a uma situação inevitável de pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Mas disse que o depoimento de Setal dizendo que fez depósitos de propinas do esquema de desvios da Petrobras em contas da campanha do PT em 2010, na época da eleição da presidente, é "extremamente grave e inédita no País".

— Se isso for verdadeiro temos um governo ilegitimo no Brasil. Pela primeira vez estamos assistindo um dos dirigentes de empresas envolvidas nessa organização criminosa que tomou conta da Petrobras dizendo que fez depósitos para o PT em contas no exterior e doações oficiais para a campanha de 2010 — disse Aécio.

O senador tucano diz que não se lembra de ter visto até agora, em todo o processo do Petrolão, algo tão grave como as revelações feitas pelo dirigente da empreiteira Toyo Setal.

— A partir da palavra de um dos membros dessa organização criminosa, ficamos sabendo que empresas entregaram parcelas de recursos ao PT, em contas no exterior e na campanha do PT. Isso merece uma investigação extremamente profunda — disse Aécio.

Os líderes da oposição rejeitam o argumento dos governistas de que a Oposição tenta um “terceiro turno” com a possibilidade de articular um pedido de impeachment da presidente Dilma.

— É o dinheiro das propinas do Petrolão usado oficialmente na campanha da presidente Dilma. Naturalmente a própria presidente, com seu passado, está construindo uma situação de falta de legitimidade que a aproxima do impedimento. O conteúdo da delação do executivo da Toyo Setal, combinado com os outros indícios que apontam para o PT, é explosivo — disse Imbassahy.

O presidente do Democratas, senador José Agripino (RN), disse que, nesse caso, se confirmadas as denúncias da delação do executivo da Toyo Setal, o PT ou Dilma não tem como se eximir de responsabilidade no esquema de desvios bilionário da Petrobras.

— O que aconteceu hoje é gravíssimo. Vamos ver que providência tomar. A técnica de dizer que não sabia como o PT captava o dinheiro para sua campanha não cabe para a presidente Dilma. O candidato é o único responsável por suas contas perante o Tribunal Superior Eleitoral — disse Agripino.

O deputado Miro Teixeira (PROS-RJ), mais cauteloso, diz ser necessário aguardar o desfecho das investigações. Diz que as declarações dos colaboradores precisam ter a subsistência necessária para a produção de provas.

— A confiança no Ministério Público é total. E a investigação tem que alcançar qualquer pessoa que tenha praticado ilegitimidades. Não há que se ter o conceito antecipado à manifestação do Ministério Público — disse Miro.

O vice-presidente do Senado, senador Jorge Viana (PT-AC) disse que a tradicional disputa governo e oposição virou uma tentativa de extensão da eleição de outubro. Alega que o esquema de desvios da Petrobras começou no governo Fernando Henrique Cardoso e envolve também parlamentares do PSDB.

— O senador Aécio teve até uma boa performance na disputa, mas a pior coisa é não saber perder. Esse caso da Petrobas está em boas mãos na CPMI, no Ministério Público, não dá para tirar conclusões precipitadas. Temos que esperar o desmembramento do processo. Não dá para antecipar nada. Do jeito que as coisas estão caminhando, vai sobrar até para o PSDB — disse Viana.

O deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) disse que o delator tem obrigação de apresentar provas que liguem o pagamento das propinas com a doação para o PT, senão fica o dito pelo não dito, já que o partido pode alegar que as doações foram mesmo legais.

— Há que se provar que as doações são fruto de corrupção. Se provar a outra parte, do depósito de dinheiro em contas do partido no exterior, aí o PT é que tem que vir a público das as explicações —disse Lúcio.

Fonte: O Globo, por Maria Lima, 03/12/2014

1 comentários:

Oi pessoal do contra o coro dos contentes.
Lembram-se do projeto bolivariano da Dilma?
Pois é,aqui em São Paulo criaram um projeto nos moldes dele e aprovaram essa semana quietinhos vejam:
http://www.aasp.org.br/aasp/imprensa/clipping/cli_noticia.asp?idnot=18169

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