segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Admirável mundo novo em meio à perigosa velharia ideológica e política

Não canso de me admirar dos avanços tecnológicos da humanidade. Em futuro próximo, os cientistas prometem até a imortalidade seja por meio da biotecnologia ou da nanotecnologia. Pesquisando o mecanismo de regeneração celular de certos tipos de águas-vivas, como a Turritopsis dohrnii, que rejuvenescem suas células indefinidamente, ou a integração de sistemas orgânicos com sistemas robóticos, os cientistas afirmam que, em 50 anos, como cyborgs ou águas-vivas humanas, não morreremos mais de velhice pelo menos. Pena que acho difícil estar por aqui para ver tal feito.

Mas nem é necessário ir tão além no futuro para ficar admirada com as inovações tecnológicas. Agora mesmo, cientistas australianos inventaram uma lente de contato que cura a cegueira de pessoas com problemas na córnea. Eles retiram 1 mm do limbo corneal ou conjuntiva do olho do paciente, regiões ricas em células-tronco que são colocadas numa lente de contato e mergulhadas em incubadora, por 10 dias, para que as células se multipliquem. Depois o paciente coloca a lente e, em duas semanas, as células-tronco se fundem com a córnea, substituindo as células anteriores danificadas. A lente então pode ser retirada. Em três meses, a visão dos cegos começa a retornar. Como as células-tronco são do próprio paciente, não sofrem rejeição pelo organismo. O criador da ténica, o oftalmologista Nick di Girolamo, da Universidade de New South Wales, testou sua invenção em três pacientes que recuperaram boa parte da visão. Segundo o cientista, o procedimento ainda está em fase de testes, mas, em breve, poderá ser utilizado em qualquer hospital.

Não é incrível? Pois, é! E eu poderia citar inúmeros outros exemplos desse admirável mundo novo tecnológico, porém não é o caso para essa breve postagem. Os exemplos acima estão aqui apenas como comparativos do contraste gritante entre a evolução tecnológica humana e a situação sócio-econômica-política-ideológica do mundo atual.

Após os auspiciosos anos 60, com todas suas revoluções culturais e políticas, após a derrocada dos regimes totalitários tanto de direita quanto de esquerda, na América Latina, na Europa, na Ásia, tudo enfim parecia se encaminhar para o tal mundo melhor de que tanto se fala, apesar ainda de tantos pesares. Mas, que nada! De um lado, o capitalismo se globalizou e, desregulado, incentivou um consumismo e um individualismo sem precedentes. De outro, na reviravolta conservadora, os fundamentalistas religiosos retornaram querendo novamente unir Igrejas e Estado. Ainda de outro, as viúvas da queda do muro de Berlim se reuniram na América Latina, no chamado Foro de São Paulo, não só para prantear seus mortos como também para organizar um vudu a fim de trazê-los de volta à vida.

O resultado é que temos hoje um planeta ameaçado pelo consumismo desenfreado capitalista; sociedades vivendo sob governos religiosos de cunho autoritário, com mentalidade e práticas medievais, e uma América Latina gravemente ameaçada de repetir as aventuras totalitárias da Europa dos tempos da Guerra Fria. Tudo isso sob o olhar complacente da chamada comunidade internacional que parece mais perdida que cego em tiroteio, para não fugir muito do eixo oftalmológico.

Como exemplos, no Irã, o descontentamento popular, com a reeleição, tida como fraudulenta, do presidente Mahmoud Ahmadinejad, foi reprimido à bala; na América Latrina, o caudilho Hugo Chávez avança na destruição da democracia venezuelana e arremete contra países vizinhos em conflitos com a Colômbia, por via direta, e com Honduras, através de seu esbirro Manuel Zelaya (parece um Odorico Paraguaçu de bigode) que, escorraçado em sua tentativa de implantar o modelito bolivariano no país, posa de vítima aos olhos do mundo, um mundo que, decididamente, parece estar precisando usar a lente de células-tronco do doutor Nick di Girolamo citado acima.

Ficando por aqui em nosso quintal latino-americano, hoje mesmo a imprensa nacional e internacional destaca as insofismáveis provas de que Hugo Chávez municiou as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), os terroristas maoístas narcotraficantes, com munição pesada comprada da Suécia, e negocia até mísseis, rádios e fuzis com os facínoras. Isso sem falar também das negociações do caudilho com os aiatolás do Irã, em cooperações militares e nucleares somadas à importação de terroristas islâmicos para solo regional (como se não bastassem os da FARC).

E pior que isso só mesmo o governo brasileiro que, com vários de seus membros signatários do Foro de São Paulo, à parte os fisiologistas próprios e aliados, apóia “moral”, política e economicamente (com o dinheiro dos brasileiros) o caudilho Chávez e todos seus esbirros (Evo Morales, Raul Correa, Zelaya...) enquanto também luta encarnecidamente para se perpetuar no poder através dos bolsas-esmolas da vida e do solapamento da democracia por meio da corrupção generalizada e do aparelhamento do Estado. Mais: nem a cavalaria americana a gente está podendo chamar em nosso auxílio porque, agora capitaneada pelo presidente Barack Banana, anda a fazer média com ditadores, como se fosse possível fazer média com essa gente.

Que coisa, a humanidade não aprende! Todas as vezes que nações democráticas tentaram fazer média com tiranetes o resultado foi apenas e tão somente a expansão da tirania. Talvez ninguém mais lembre, porém melhor refrescar a memória: todo mundo bajulou Hitler antes de ele deflagrar abertamente a II Guerra Mundial. E ele foi dizendo ao que vinha bem antes de se mostrar em todo o seu tenebroso esplendor. Ocorreu o mesmo com tiranos mais recentes, com os mesmos tristes resultados. E de novo todo mundo fazendo vista grossa aos desmandos dos Hugos Chávez da vida? Parodiando o capitão Nascimento, isso vai dar merda!!!

Pois é! Enquanto cientistas apontam para um futuro em que a natureza nem terá mais o poder de nos matar, pois poderemos viver per seculum seculorum, os políticos ameaçam tirar das populações até o tempo natural de vida ou mantê-las na espécie de morte-em-vida que é a sobrevida sob regimes totalitários. Vamos acordar?

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