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terça-feira, 3 de maio de 2016

Procurador do TCU detalha os crimes de responsabilidade fiscal de Dilma Roussef

Procurador do Tribunal de Contas da União Júlio Marcelo
de Oliveira detalha crimes de Dilma Roussef
Brasil foi vítima de estelionato eleitoral, diz procurador do TCU
Convidado pela oposição, procurador do Tribunal de Contas da União Júlio Marcelo de Oliveira afirmou que a presidente Dilma Rousseff cometeu crimes para vencer as eleições de 2014

Na quinta sessão da comissão especial do impeachment no Senado, o procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) Júlio Marcelo de Oliveira disse nesta segunda-feira que o governo praticou uma verdadeira "contabilidade destrutiva" ao maquiar contas públicas e omitir a situação de penúria do Erário. Oliveira, responsável por pareceres técnicos do TCU sobre as pedaladas fiscais, fez um histórico das práticas fiscais irregulares do governo aos senadores e disse que o Executivo fraudou leis e cometeu crimes para vencer as eleições de 2014. "O Brasil foi vítima de estelionato eleitoral", afirmou.

Mesmo depois da vitória nas urnas, avaliou o procurador, o governo cometeu uma espécie de crime continuado, rolando passivos e atrasando repasses a instituições financeiras de forma a comprometer seriamente o erário. A liberação de crédito suplementar sem aval do Congresso por meio de decretos não numerados e atrasos no pagamento de subsídios do Plano Safra são os dois argumentos utilizados pela Câmara dos Deputados para dar seguimento ao processo que pode levar a presidente Dilma Rousseff a perder o cargo.
O nome adequado deveria ser contabilidade destrutiva, porque os efeitos que nós tivemos, na economia brasileira, de destruição do ambiente econômico brasileiro, de destruição da qualidade das contas públicas brasileiras levaram à perda do grau de investimento, levaram a um crescimento explosivo da dívida, levaram a um ambiente de desconfiança no futuro, em que empresários não investem, investidores não se arriscam, pessoas físicas não consomem, preferem guardar porque têm medo do amanhã, têm medo do desemprego. Então, todo esse ambiente é resultado de práticas de contabilidade destrutiva e de fraudes fiscais", afirmou Júlio Marcelo.
Aos senadores, o procurador disse que ainda que órgãos de controle, como o TCU, eventualmente emitam alertas sobre irregularidades cometidas pelo governo, o Executivo não pode se eximir de responsabilidade nas pedaladas fiscais. Se intervir a cada episódio, disse, "o TCU vai se transformar na babá do governo federal". "A ausência de alerta não é justificativa para o descumprimento do ordenamento jurídico brasileiro. Os órgãos de controle estão em constante evolução. É obrigação do governo cumprir a legislação, independentemente do que diz ou não diz o TCU", criticou. Embora tenha sido cobrado por senadores governistas de falta de alertas do TCU sobre as pedaladas, Júlio Marcelo rebateu: "Uma falha do TCU não é justificativa para falhas dessa magnitude do governo".

Ele ainda citou a recente liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes, que determinou a suspensão de crédito extra de 100 milhões de reais para a presidência da República gastar com publicidade, e alfinetou: "Há uma dificuldade da presidência e dos órgãos do governo de entender as limitações ao seu poder de editar medidas provisórias e créditos".

O presidente do Instituto Internacional de Estudos de Direito do Estado, Fábio Medina Osório, também declarou que a presidente Dilma cometeu crime de responsabilidade e condenou a estratégia da petista de utilizar o discurso de golpe, tanto no Brasil quanto em países vizinhos, para tentar desqualificar a legitimidade do processo de impeachment.
Esse discurso do golpe bradado lá atrás no processo de impeachment de Fernando Collor hoje é trazido à baila. É um crime de responsabilidade cometido para acobertar outro crime de responsabilidade. Consiste crime de responsabilidade da presidente da República ir ao cenário interna para dizer que há uma conspiração", disse. "Esse discurso do golpe eu considero um discurso criminoso", completou.
Em sua manifestação na comissão do impeachment, o procurador no TCU destacou a importância da responsabilidade fiscal e disse que a legislação tem por objetivo conter "práticas condenáveis" de governantes, em especial em anos eleitorais.
A Lei de Responsabilidade Fiscal vem para disciplinar os governos, especialmente em ano eleitoral. É de nossa história recente o uso de práticas condenáveis de irresponsabilidade fiscal, em vários níveis de governo, nos anos eleitorais, seja para que o governante pudesse criar aquele ambiente de grandes realizações e euforia para eleger seu sucessor, (...) seja para inviabilizar a gestão posterior", comentou.
No caso específico da presidente Dilma Rousseff, Júlio Marcelo resumiu a postura do governo como uma "fraude engendrada para fazer um gasto público insustentável em ano eleitoral com o objetivo de vencer as eleições".
São denúncias muito graves, abalaram pilares da responsabilidade fiscal, que usurparam competências do Congresso Nacional e deram ensejo à emissão de um parecer de rejeição das contas de 2014. O que verificamos em 2015? A continuidade de algumas dessas graves irregularidades. O governo entra o ano devendo o Banco do Brasil e o BNDES e se mantém nessa irregularidade durante todo o exercício de 2015", disse.
O professor da Universidade de São Paulo (USP) José Maurício Conti, especialista em Direito Econômico, também foi ouvido nesta segunda-feira na comissão especial do impeachment e disse não faltarem evidências de que a presidente Dilma cometeu crime de responsabilidade. Ele centrou boa parte de sua argumentação na ilegalidade da liberação de crédito suplementar em 2015 por meio de decretos não aprovados pelo Congresso. Segundo ele, o governo já tinha conhecimento de que as contas públicas estavam em situação de penúria e somente meses depois alterou a meta fiscal, o que, de acordo com ele, é irregular. Em dezembro de 2015, o Congresso aprovou a mudança da meta fiscal, permitindo que o governo central fechasse as contas do ano com déficit de 119,9 bilhões de reais. Em julho e agosto, porém, o governo editou os decretos liberando recursos.

Conforme o professor, mesmo com a alteração posterior da meta, o governo, para não violar a lei, deveria considerar a situação fiscal no momento da edição dos decretos.
Isso configura uma manobra que, inequivocamente, teve a clara função apenas de tentar afastar formalmente a ilegalidade dos decretos, que, embora editados sem observar os requisitos legais à época da sua publicação, ao final do exercício, passaram a estar de acordo com as metas que foram fixadas posteriormente, às vésperas do final do exercício", afirmou Conti.
Essas condutas reprováveis praticadas nos últimos anos não podem prevalecer. É preciso não deixar dúvidas de que as normas de finanças públicas estão aí para serem cumpridas, e as consequências de suas violações são graves. E esta é uma oportunidade que não se pode perder para recuperar a credibilidade, segurança jurídica e responsabilidade fiscal, sem as quais não é possível governar", resumiu.
Fonte: Veja, por Laryssa Borges, 02/05/2016

Trechos da fala do procurador Júlio Macedo, no primeiro vídeo, e a exposição inicial do mesmo na íntegra.



segunda-feira, 2 de maio de 2016

Explicando as razões para o impeachment, Janaína deu aula e show em comissão do Senado


Apesar de ter feito uma exaustiva explanação pra lá de objetiva e racional do seu pedido de impeachment, na comissão do Senado (28/04), Janaína Paschoal continua sendo chamada de louca por um bando de manés. Mulher que não é recatada e do lar, no Brasil, corre sempre o risco de ser rotulada dessa forma pelos machistas de plantão. Gozado é ver a esquerda, tão falsamente zelosa dos direitos das mulheres, me vir com uma canalhice dessas.

Na manifestação em frente à São Francisco, Janaína extrapolou um pouco na exaltação, embora não tenho dito nenhuma maluquice. Entretanto, durante a sessão da comissão do Senado que analisa o impeachment, foi sobretudo didática e professoral (ver vídeo abaixo). Teve dois momentos de lágrimas nos olhos e um outro em que ergueu o livro da constituição de forma mais enfática, mas nada, nem de longe, que pudesse fazê-la parecer fora de si. Inclusive não se exaltou sequer uma vez diante dos ataques baixos dos senadores governistas que tentaram desqualificá-la de todas as formas. No texto que reproduzo abaixo, Dora Kramer aborda a rotulação da advogada como"louca" e vai ao cerne da razão para tal. Destaco:

A tentativa de enquadrá-la como “louca” é a arma dos que não conseguem lhe rebater os argumentos. Seriam os mal-intencionados. Aos outros, concedamos o benefício da mera leviandade ou da incapacidade de imprimir valor ao que de fato é valoroso.
Goste-se ou não de sua forma, no conteúdo a professora é e foi irretocável durante o longo, repetitivo e em vários momentos ridículos (esses, sim) da arguição dos senadores na comissão especial do impeachment na noite de quinta-feira que entrou pela madrugada de sexta sem que ela em instante algum demonstrasse inconsistência, incoerência e ausência de convicção na descrição dos fatos que a levaram a concluir pela existência de crime de responsabilidade (entre outros) nos atos da presidente Dilma Rousseff. A clareza da professora é meridiana."
Sobre Janaína Paschoal

DORA KRAMER

O recurso à zombaria pode ser sinal de preguiça mental, má-fé ou de simples apreço pela forma em detrimento do conteúdo. Em alguma, ou todas elas, dessas categorias se enquadram aqueles (não são poucos) que buscam ridicularizar a professora Janaína Paschoal pela oratória inflamada e os gestos algo exaltados com que defende seus pontos de vista. A tentativa de enquadrá-la como “louca” é a arma dos que não conseguem lhe rebater os argumentos. Seriam os mal-intencionados. Aos outros, concedamos o benefício da mera leviandade ou da incapacidade de imprimir valor ao que de fato é valoroso.

Goste-se ou não se sua forma, no conteúdo a professora é e foi irretocável durante o longo, repetitivo e em vários momentos ridículos (esses, sim) da arguição dos senadores na comissão especial do impeachment na noite de quinta-feira que entrou pela madrugada de sexta sem que ela em instante algum demonstrasse inconsistência, incoerência e ausência de convicção na descrição dos fatos que a levaram a concluir pela existência de crime de responsabilidade (entre outros) nos atos da presidente Dilma Rousseff.

A clareza da professora é meridiana. Além disso, enquanto a oposição batia cabeça e a população ia às ruas protestar um tanto desiludida com a falta de consequência objetiva para as manifestações, Janaína Paschoal saiu da zona confortável da mera perplexidade e tomou uma providência: procurou o jurista Hélio Bicudo para juntos transformarem em ação concreta a indignação diante das continuadas exorbitâncias cometidas pelos governos do PT. Graças a essa iniciativa, e não à ação de Eduardo Cunha, a maioria que expressa repúdio ao resultado de anos de populismo, ilusionismo, autoritarismo partidário e escândalos de corrupção, está podendo ver algo acontecer.

Tivesse ficado no conforto acadêmico, a professora não estaria exposta a essa ofensiva. Misto de ignorância e má fé. E o grupo hoje em via de se afastar do poder continuaria posto em sossego para desassossego do Brasil.

Fonte: Estadão, 29/04/2015



quarta-feira, 20 de abril de 2016

Petistas chamam impeachment de golpe porque não respeitam a Lei de Responsabilidade Fiscal

Sistema de freios e contrapesos para evitar abusos por parte de qualquer um deles
Bom artigo de João Luiz Mauad, publicado pelo Instituto Liberal, que vai direto ao ponto da falsa base de contestação dos petistas quando chamam o impeachment de golpe. Para eles, que não respeitam mesmo lei alguma, a Lei de Responsabilidade Fiscal nada mais é que letra morta. Destaco:
Os petistas alegam que, se não houve “desvio”, não há crime. Segundo esse raciocínio, leis orçamentárias, leis de responsabilidade fiscal, etc., são meras baboseiras, sem qualquer utilidade prática. Desde que o presidente seja honesto, como ela diz ser, e não tenha embolsado dinheiro público indevidamente, tudo é possível. Assim, se o governo está sem dinheiro, nada mais natural que utilizar temporariamente os recursos do banco estatal, mesmo que isso seja terminantemente proibido por lei.
Dilma e sua equipe não se importam de, por exemplo, enviar uma proposta de orçamento para o Congresso contendo um superávit primário de 30 bilhões e, no final do ano, apresentar um déficit de 120 bilhões, desde que o gasto não autorizado pelo legislativo tenha sido empregado em benefício dos pobres. Nesse sentido a tal Lei de Responsabilidade Fiscal nada mais representa para ela e seu partido que letra morta.


GOLPE CONTRA A DEMOCRACIA?
Desde domingo, tenho visto esquerdistas dizendo e postando coisas como “impeachment da democracia” ou “golpe contra o voto popular”, entre outras bobagens do tipo. Essas pessoas provavelmente têm uma visão bastante estreita e deturpada do que seja uma verdadeira democracia, onde vigoram instituições republicanas, o império da lei, o estado de direito e a divisão de poderes. Elas devem achar que o voto da maioria torna legítimo qualquer ato do governante eleito, acima das leis e dos direitos das minorias. Ora, nas verdadeiras democracias não é assim que a banda toca.

Comecemos pelo início. Há muito convencionou-se que os homens, pela sua própria natureza, necessitam de um governo, uma força maior e mais poderosa que qualquer indivíduo ou grupo de indivíduos, capaz de evitar o que Hobbes chamava de “estado natural de guerra”. Essa pelo menos é a fundamentação política e filosófica normalmente aceita para a existência dos chamados Estados modernos.

Por outro lado, os estudiosos da filosofia política logo perceberam que também precisamos de proteção contra os abusos daquela mesma força e, especialmente, contra a sua inerente propensão à corrupção e ao despotismo. O conflito social fundamental, portanto, não é — e nunca foi — a enganosa luta de classes descrita por Marx, mas o combate quase sempre desigual entre os indivíduos e o poder político, personificado pelo governo e seu monopólio do uso da força.

Os ingleses propuseram amenizar esse inevitável confronto de forças assimétricas através do parlamento, destinado a controlar os excessos e abusos do poder real. Outra receita foram as normas constitucionais, cujo principal objetivo é deixar claros os limites de ação dos governos e dar garantias de que certos direitos individuais básicos sejam respeitados.

Não por acaso, há um princípio legal republicano que reza que aos cidadãos é permitido fazer tudo que a lei não proíbe, mas aos agentes públicos só é permitido fazer o que a lei expressamente autoriza. Dilma está sendo julgada pelo Congresso justamente porque agiu em desacordo com as normas legais que regulam o sistema fiscal, orçamentário e financeiro do governo. Não interessa se ela agiu com boas ou más intenções. As leis existem para nos proteger dos abusos dos governantes e eles devem pautar suas ações estritamente de acordo com elas. Em resumo, os fins jamais justificam os meios.

Caso não haja controles estritos do poder do governante, corremos o risco de ver acontecer algo como atualmente ocorre com nossos vizinhos Venezuela e Bolívia, exemplos típicos de como a democracia “pura” pode ser utilizada para justificar grotescos espetáculos de autoritarismo, em que as mais comezinhas regras universais de justiça e proteção dos direitos das minorias são postas de lado, em nome de abstrações como “interesse do povo” ou “bem comum”.

O processo de impeachment de que somos testemunhas atualmente nada mais é do que o velho sistema de freios e contrapesos, proposto inicialmente por Montesquieu, em funcionamento. A divisão equilibrada de poderes serve justamente para evitar abusos por parte de qualquer um deles.

Os petistas alegam que, se não houve “desvio”, não há crime. Segundo esse raciocínio, leis orçamentárias, leis de responsabilidade fiscal, etc., são meras baboseiras, sem qualquer utilidade prática. Desde que o presidente seja honesto, como ela diz ser, e não tenha embolsado dinheiro público indevidamente, tudo é possível. Assim, se o governo está sem dinheiro, nada mais natural que utilizar temporariamente os recursos do banco estatal, mesmo que isso seja terminantemente proibido por lei.

Dilma e sua equipe não se importam de, por exemplo, enviar uma proposta de orçamento para o Congresso contendo um superávit primário de 30 bilhões e, no final do ano, apresentar um déficit de 120 bilhões, desde que o gasto não autorizado pelo legislativo tenha sido empregado em benefício dos pobres. Nesse sentido a tal Lei de Responsabilidade Fiscal nada mais representa para ela e seu partido que letra morta.

Eles fingem não entender que leis orçamentárias e fiscais existem justamente para que a sociedade, através dos seus representantes, possa exercer alguma fiscalização sobre os gastos de dinheiro público, que, afinal, nada mais é do que dinheiro extraído a força dos pagadores de impostos.

Eles também fingem não compreender que, embora o Estado brasileiro (e não o governo da hora) seja o único acionista da Caixa Econômica, do Banco do Brasil, do BNDES, a maior parte dos recursos neles depositados pertence aos seus correntistas, poupadores e, principalmente aos trabalhadores brasileiros.

Eles fingem ainda desconhecer que a legislação que proíbe as tais “pedaladas” foi idealizada justamente porque no passado existiu uma verdadeira orgia financeira entre governos (principalmente estaduais e municipais) e bancos públicos, o que levou muitos deles à falência durante os últimos vinte anos do século passado, prejudicando não só seus correntistas, mas também os cofres públicos, leia-se: os pagadores de impostos.

Enfim, eles fingem desconhecer que dinheiro público não é capim, que precisa ser usado com parcimônia, cautela e estritamente nos termos da lei. Portanto, golpe contra a democracia seria deixar que governantes irresponsáveis e inescrupulosos façam o que quiserem com o nosso dinheiro impunemente.

Adendo com explicação didática da economista Monica de Bolle sobre as razões bem consistentes que embasam o pedido de impeachment de Dilma Roussef.

quarta-feira, 30 de março de 2016

Não vai ter golpe. Vai ter impeachment de Dilma com fundamentação de sobra.

Escolham os crimes de responsabilidade abaixo. Memorizem para jogar na cara daqueles petistas cínicos que falam estar em curso um golpe porque os pedidos de impeachment atuais (um em análise na Câmara; o outro protocolado pela OAB) não teriam fundamentação. Petista é cínico porque surtado ou surtado de tanto ser cínico? Eis a questão.

1- CRIME DE RESPONSABILIDADE
Obstrução da Justiça I 
Diálogo Dilma/Lula e atos da nomeação
Em diálogo mantido entre a presidente e o antecessor na quarta-feira 16, Dilma disse a Lula que enviaria a ele um “termo de posse” de ministro para ser utilizado “em caso de necessidade”. A presidente trabalhava ali para impedir que Lula fosse preso antes de sua nomeação para a Casa Civil. Os atos seguintes corroborariam o desejo de Dilma de livrar Lula dos problemas com a Justiça. Enquanto o presidente do PT, Rui Falcão, informava que a posse de Lula só ocorreria na terça-feira 22, o Planalto mandava circular uma edição extra do Diário Oficial formalizando a nomeação.
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Obstrução da Justiça II
Nomeação do Ministro Navarro
O senador Delcídio do Amaral (MS) afirmou em delação premiada, revelada por ISTOÉ, que a presidente Dilma Rousseff, numa tentativa de deter a Lava Jato, o escalou para que ele fosse um dos responsáveis por articular a nomeação do ministro Marcelo Navarro Dantas, do STJ, em troca da soltura de presos da investigação policial.
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Obstrução da Justiça III
Compra do silêncio de Delcídio
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, foi escalado para tentar convencer o senador Delcídio a não fechar acordo de delação premiada com o Ministério Pública Federal, que chegou a insinuar ajuda financeira, caso fosse necessário.
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Obstrução da Justiça VI
Cinco ministros na mão
O senador Delcídio afirmou que Dilma costumava dizer que tinha cinco ministros no Supremo, numa referência ao lobby do governo nos tribunais superiores para barrar a Lava Jato.
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Enquadramento legal
Inciso 5 do Artigo 6º da Lei 1.079/1950:
Opor-se diretamente e por fatos ao livre exercício do Poder Judiciário, ou obstar, por meios violentos, ao efeito dos seus atos, mandados ou sentenças.

2- CRIME DE DESOBEDIÊNCIA
Nomeação de Lula no Diário Oficial
Apesar de decisão da Justiça Federal que sustava a nomeação do ex-presidente para a Casa Civil, Dilma fez o ato ser publicado no Diário Oficial da União.
Enquadramento legal
Artigo 359 do Código Penal: Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial

3- EXTORSÃO
Ameaças para doação de campanha
Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, afirmou ter pago propina à campanha presidencial em 2014 porque teria sido ameaçado pelo ministro Edinho Silva, então tesoureiro de Dilma, de ter obras canceladas com o governo. Há uma representação na PGR contra Dilma para apurar o possível achaque.
Enquadramento legal
Artigo 158 do Código Penal: Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa.

4- CRIME ELEITORAL
Abuso de poder político e econômico na campanha de 2014
Dilma é acusada em ação no TSE de se valer do cargo para influenciar o eleitor, em detrimento da liberdade de voto, além da utilização de estruturas do governo, antes e durante a campanha, o que incluiria recursos desviados da Petrobras.
Caixa 2 
A Polícia Federal apontou no relatório de indiciamento do marqueteiro do PT João Santana e de sua mulher, Mônica Moura, que o casal recebeu pelo menos R$ 21,5 milhões entre outubro de 2014 e maio de 2015 - período pós reeleição da presidente Dilma - do “departamento de propina” da Odebrecht. Isso reforça as suspeitas de caixa 2 na campanha, descrita no Código Eleitoral como “captação ilícita de recursos”.
Enquadramento legal
Art. 237, do Código Eleitoral: A interferência do poder econômico e o desvio ou abuso do poder de autoridade, em desfavor da liberdade do voto, serão coibidos e punidos com cassação e ineligibilidade.

5- CRIME DE RESPONSABILIDADE FISCAL
Pedaladas fiscais
A presidente Dilma incorreu nas chamadas “pedaladas fiscais”, a prática de atrasar repasses a bancos públicos a fim de cumprir as metas parciais da previsão orçamentária. A manobra fiscal foi reprovada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Enquadramento legal
Inciso III do Art. 11 da Lei 1.079/1950: Contrair empréstimo, emitir moeda corrente ou apólices, ou efetuar operação de crédito sem autorização legal
Decretos não numerados
A chefe do Executivo descumpriu a lei ao editar decretos liberando crédito extraordinário, em 2015, sem o aval do Congresso. Foram ao menos seis decretos enquadrados nessa situação.
Enquadramento Legal
Inciso VI do Artigo 10 da Lei 1.079/1950: Ordenar ou autorizar a abertura de crédito em desacordo com os limites estabelecidos pelo Senado Federal, sem fundamento na lei orçamentária ou na de crédito adicional ou com inobservância de prescrição legal.

6- FALSIDADE IDEOLÓGICA
Escondendo o rombo nas contas
Corre uma ação no TSE em que os partidos de oposição acusam acusa a presidente Dilma de esconder a situação real da economia do país, especialmente no ano eleitoral.
Enquadramento legal
Art. 299 do Código Penal: Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.

7- IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Visita político-partidária
Dilma foi denunciada na Justiça por mobilizar todo um aparato de governo – avião, helicóptero, seguranças – para prestar solidariedade a Lula em São Bernard, um dia após o petista sofrer condução coercitiva para prestar depoimento à Polícia Federal no inquérito da Operação Lava Jato. O próprio ato de nomeação de Lula na Casa Civil pode ser enquadrado neste crime.
Enquadramento legal
Art. 11 da Lei nº 8.429/1992: Constituti ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições.

sábado, 26 de março de 2016

Petistas, os novos malufistas, arrastam a esquerda para seu fosso


Destaque:

O lulopetismo ainda resiste porque usa e abusa da máquina do governo, dos recursos do Tesouro Nacional e da fé (mais má do que boa) dos esquerdistas em negação, imunes aos fatos, que aceitam a corrupção desde que de esquerda pois é em seu esquerdismo que depositam suas virtudes pessoais.
Ao se colocarem contra esse basta e insultarem de golpistas sete de cada dez brasileiros, Lula, governo, PT e esquerda se colocam contra o país.
Como gritavam no ato pró-Lula: vai ter luta. E, parafraseando o Manifesto Surrealista, apropriado a este momento, não é o medo da luta que nos vai obrigar a hastear a meio-pau a bandeira da indignação.


Os petistas são os novos malufistas


por Sergio Malbergier

Exilado clandestinamente no governo, Lula comanda de dentro a blitzkrieg contra a Lava Jato usando tudo o que o Estado aparelhado proporciona – do Itamaraty ao Ministério da Justiça – e muito mais.

O governo está hoje em obstrução de Justiça. O destemido juiz Sergio Moro tirou a obstrução do armário ao dar publicidade a conversas legalmente gravadas de Lula. A política brasileira nunca foi tão exposta –a nação agradece.

Para fugir dessa enciclopédia de escândalos indefensáveis, Lula passou a liderar campanha brutal, tentacular e aberta contra a maior investigação anticorrupção no Brasil, e o brasileiro considera a corrupção o maior problema do país. Ao invés de explicar o que o juiz expôs ataca o juiz, coadjuvado pela presidente da República em seu bunker no Planalto.

Em encontro com sindicatos amigos ontem, Lula conclamou os sindicalistas a pressionarem a Lava Jato porque ela estaria causando prejuízos enormes à economia brasileira. Além de parecer mais uma óbvia ação de obstrução de Justiça, Lula sugere que o combate à corrupção e às suas empreiteiras amigas prejudica a economia e que o melhor é deixar roubar. Não à toa, na linha de frente da defesa do governo estão alinhados Renan Calheiros, Fernando Collor e Paulo Maluf.

Os petistas são os novos malufistas, com muito mais poder e agressividade. Arrastam a esquerda para seu fosso, e ela infelizmente vai feliz.

Mas esse bolivarianismo tardio, de raiz brasileira, não passará. O Brasil é mais avançado do que isso. Se o moribundo socialismo do século 21 não prosperou antes por aqui, quando o PT e Lula transbordavam poder, agora só serve para acelerar a batalha final e transformar revolta em revolução.

As ameaças de alguns movimentos sociais de incendiar o país e os protestos de alguns intelectuais e artistas em "defesa da democracia" (quando estão eles a ameaçá-la defendendo corruptos e corruptores) enfurecem ainda mais uma imensa maioria que não aguenta tanto desgoverno e corrupção, seja de que partido for. Como dizia uma faixa nas manifestações do 13 de Março em favor da Lava Jato e contra o governo, quem tem corrupto de estimação é a esquerda.

O lulopetismo ainda resiste porque usa e abusa da máquina do governo, dos recursos do Tesouro Nacional e da fé (mais má do que boa) dos esquerdistas em negação, imunes aos fatos, que aceitam a corrupção desde que de esquerda pois é em seu esquerdismo que depositam suas virtudes pessoais.

Mas o povo não é bobo, abaixo os corruptos. 68% da população querem o impeachment, e 82% acham que o juiz Moro agiu bem ao obrigar Lula a depor, mostrou o Datafolha.

O povo está com as elites, e as elites estão com o povo. Querem uma política mais limpa e eficiente que ajude, e não impeça, o desenvolvimento.

Ao se colocarem contra esse basta e insultarem de golpistas sete de cada dez brasileiros, Lula, governo, PT e esquerda se colocam contra o país.

Como gritavam no ato pró-Lula: vai ter luta. E, parafraseando o Manifesto Surrealista, apropriado a este momento, não é o medo da luta que nos vai obrigar a hastear a meio-pau a bandeira da indignação.

Fonte: Notícias Agrícolas, via FSP, 24/03/2016

terça-feira, 22 de março de 2016

Na farsa permanente da esquerda anacrônica, continuamos sob a ditadura militar

PM separa os grupos pró e contra o impeachment de Dilma Roussef
O Brasil quer viver o mundo de hoje, 2016, e lidar com os problemas de hoje, 2016. Quer também enterrar definitivamente a ditadura militar e seus coveiros, essa esquerda  anacrônica, mofada e brega do Brasil, juntos na mesma tumba a bem mais do que sete palmos de terra abaixo. Vale até botar um feitiço para que, nunca mais, eles saiam de lá e voltem a nos assombrar.

Os ânimos continuam acirrados em meio aos protestos contra Dilma, Lula e o PT, com pedidos de impeachment da primeira e de prisão do segundo, e a favor da manutenção do projeto criminoso de poder do lulopetismo sob a desculpa esfarrada de combater um pretenso golpe. Cada vez mais ocorrem eventos onde pipocam cenas de violência de ambos os lados, principalmente do lado da esquerda. Apenas nos últimos dias rolaram dois eventos onde petistas e apoiadores tentaram calar manifestações anti-governo.

O primeiro causo foi o da interrupção de uma sessão da peça “Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos" no Sesc Palladium de Belo Horizonte (19/03), quando o ator e codiretor do espetáculo, Cláudio Botelho, fez uma improvisação em uma de suas falas com críticas a Dilma e Lula. Parte da plateia, composta por petistas ou simpatizantes (por incrível que pareça ainda há simpatizantes da máfia da estrelinha) começou a gritar a palavra de ordem  “Não vai ter golpe”, sem dúvida uma das coisas mais picaretas que já se ouviu por estas bandas. O circo armado pelos petistas conseguiu interromper a peça, e os ingressos foram devolvidos. O ator também foi demonizado posteriormente pela imprensa avermelhada em seus assim chamados blogs sujos e nas redes sociais. Aliás, não aguentou a pressão e arregou, fazendo um pedido de desculpas despropositado a fim de colocar um pouco de água fria na fervura. Pensando no leite das crianças por certo.
.
Retomando, ontem também (21/03), em frente à PUC de São Paulo, estudantes pró-impeachment resolveram fazer um ato contra Dilma, Lula e o PT na esteira das inúmeras manifestações que pipocam pelo Brasil inteiro. Teria sido tudo tranquilo, não fosse pela aparição de estudantes contra o impeachment que tentaram melar o evento, berrando a palavra de ordem picareta “Não vai ter golpe” a todo vapor. A PM apareceu para garantir a manifestação pró-impeachment, bloqueando o pessoal contrário que ameaçava interrompê-la com tentativas de subir no carro de som para dar sua outra versão sobre a situação política do país (sic). Obviamente a intenção era impedir a manifestação tida como de direita naquele sacrossanto templo esquerdista da PUC que consideram só sua.

Saíram também xingando todo o mundo de fascista (o clichê dos clichês de qualquer esquerdiota que se preze), incluindo a polícia, e também clamando pelo fim da própria. Segundo a PM, igualmente jogaram pedras e garrafas contra os outros manifestantes e contra a polícia que respondeu com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Não tenho como avaliar se a polícia se excedeu ou não em sua ação de dispersar os manifestantes pró-PT, mas o certo é que não haveria conflito se eles, petistas, respeitassem o direito à livre manifestação dos outros estudantes. Só para comparar, no teatro da universidade, o TUCA,  recentemente, os pró-PT se reuniram para fazer um ato em defesa de Dilma e supostamente da democracia ("Pela liberdade democrática"), e nenhum "coxinha" apareceu para agredi-los.

Xingando todo o mundo de fascista, esquerda não aceita visões diferentes das suas
Desde ontem, contudo, como de praxe, os intolerantes  posam de vítimas agredidas pela truculência policial e estabelecem relações espúrias do acontecido com a famigerada invasão da PUC pela PM do seu Erasmo Dias em 22/09/1977.  Acontece que, apesar do cenário ser o mesmo, haver a presença de estudantes e da PM, o enredo da História é bem outro. Em 1977, estudantes fizeram um ato em frente à PUC (eu estava lá) em protesto contra o governo ditatorial e acabaram atacados pela PM, presos e levados para o batalhão Tobias Aguiar onde também foram fotografados e fichados. Ontem, novamente estudantes fizeram um protesto contra o governo corrupto e autoritário do PT, mas a PM não apareceu para impedi-los de se manifestar porque, apesar dos petistas e dessa esquerda fóssil que temos no país, vivemos numa democracia. Ontem, quem fez o papel do coronel Erasmo Dias e seus brucutus foram os estudantes ou ativistas de esquerda, determinados a impedir a manifestação contra o governo inclusive na base da porrada.

Por isso, fora as abundantes razões para a destituição de Dilma do cargo (pedaladas, campanha movida à propina, estelionato eleitoral, desastre econômico e mais recentemente inclusive obstrução da justiça), outra boa motivação para acabar com a era PT é poder devolver o cadáver da ditadura militar de volta ao seu caixão e ao jazigo de onde a esquerda anacrônica o retirou. Exumaram o cadáver da dita(dura) e o carregam pra lá e pra cá como um zumbi que se alimenta de seus pobres cérebros de sinapses relapsas. Agem e falam sincronizados com o cenário da juventude de seus professores esquerdistas cuja cabeça estacionou no período compreendido entre 64 e 84. Então, todo o mundo que os contraria é fascista, a PM está sempre errada e a serviço do arbítrio, e impeachment é golpe só porque agora sua turma é que está para ser apeada do poder. Quando  essa mesma turma pediu o impedimento de Collor (hoje, aliás, aliado dos petistas no reino das propinas), de Itamar e FHC, impeachment era considerado o que é: instrumento democrático para a destituição de presidentes a partir de rito previsto na constituição. Agora virou golpe.

O certo é que já supersaturou essa ladainha dessincronizada com a realidade atual,  entoada por um bando de fanatizados desprovidos de senso de ridículo, os célebres sem noção. O Brasil quer viver o mundo de hoje, 2016, e lidar com os problemas de hoje, 2016. Quer também enterrar definitivamente a ditadura militar e seus coveiros, essa esquerda  anacrônica, mofada e brega do Brasil, juntos na mesma tumba a bem mais do que sete palmos de terra abaixo. Vale até botar um feitiço para que, nunca mais, eles saiam  de lá e voltem a nos assombrar.

Míriam Martinho

segunda-feira, 21 de março de 2016

Petistas querem vender a ideia de que não seus chefes mas sim a Lava Jato é que está fora da lei

Na grande novela da decadência do petismo e por tabela do Brasil, a cada dia rola mais um show de desfaçatez petista de fazer corar frades de pedra, como afirma o editorial do Estadão que transcrevo abaixo. Depois da inacreditável nomeação do capo da cosa nostra da estrelinha para o cargo de Ministro da Casa Civil, com o propósito de dar-lhe foro privilegiado e livrá-lo das mãos do juiz Sérgio Moro, já rolaram liminares que suspenderam a nomeação de Lula, derrubadas rapidamente, e a decisão do Ministro Gilmar Mendes de rejeitar a nomeação de Lula e de devolver o processo sobre ele de volta para Sérgio Moro. Agora, os petistas entraram com habeas corpus, contra a decisão de Mendes, que passou primeiro pelo Ministro Edson Fachin (declarou-se impedido de julgar), e no momento está com a Ministra Rosa Weber. Saia justíssima para a Ministra que foi inclusive citada por Lula em uma das gravações da Polícia Federal como sendo uma possível aliada da causa petista.

Destaco do texto abaixo:
Nos últimos dias, a campanha contra o juiz da 13.ª Vara Federal de Curitiba recrudesceu sensivelmente, após a retirada do sigilo do processo envolvendo o ex-presidente Lula e a consequente divulgação de áudios gravados. Como o que foi revelado não agradou nem a Lula nem a Dilma – afinal, a cafajestagem explícita nas conversas faz corar frades de pedra –, o PT e o Palácio do Planalto tentaram tratar como criminosa a decisão de Moro.

Pura encenação. Sabe-se bem que as escutas foram feitas de acordo com a lei e, portanto, podem ser usadas em juízo como prova contra Lula. A tentativa de criminalizar a decisão de Moro de levantar o sigilo das gravações é coisa de aloprados. Entre os pilares da isenção do Poder Judiciário está o princípio do livre convencimento do juiz. Pretender que uma decisão judicial fundamentada – com amplos e sólidos argumentos, diga-se de passagem – seja tratada como se fosse um crime, pela simples razão de haver produzido efeitos políticos contrários aos interesses dos inquilinos do Palácio do Planalto, equivale a querer que o País volte aos tempos do absolutismo. Um Estado Democrático de Direito tem muitas garantias, mas entre elas não está a imunidade para o ilícito.
Não é a Lava Jato que está fora da lei

Em várias ocasiões – e muito especialmente no julgamento do mensalão –, o Partido dos Trabalhadores (PT) tentou vender a ideia de que as atividades ilícitas de seus membros não eram assim tão ilícitas. Seriam “apenas” caixa 2. Seriam “apenas” a manutenção de práticas já existentes desde os tempos do Brasil colônia. De vez em quando, os petistas tentavam ir um pouco mais longe, dizendo que as ações da tigrada seriam na verdade meritórias. Desse delírio partidário nasceu o ridículo ímpeto de proclamar como heróis do povo brasileiro alguns réus condenados na Ação Penal 470 pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Agora, o PT mostra que é capaz de ir ainda mais longe em sua perversa retórica. Diante dos avanços da Operação Lava Jato, o partido não tem se contentado em dizer que o que fez não foi ilegal ou que seu líder e seu séquito não são criminosos. Apregoam abertamente a ideia de que os criminosos estão do outro lado do balcão. Nessa tresloucada visão, os contrários à lei seriam a Polícia Federal, o Ministério Público e o Poder Judiciário – muito especialmente o juiz da 13.ª Vara Federal de Curitiba, Sergio Fernando Moro.

É uma completa inversão de valores – como se os petistas estivessem do lado da lei e fossem as instituições as descumpridoras da lei. Haja descaramento. Sem conseguir apresentar uma explicação convincente para as inúmeras denúncias e escândalos em que estão implicados, os líderes petistas partem para o ataque.

Parece maluquice, mas é apenas a exacerbação da sem-vergonhice: o PT anda querendo criminalizar a Operação Lava Jato. Tal tentativa só pode ser a reação desesperada de quem não tem fatos nem argumentos a apresentar em sua defesa. Afinal, responde pelo saque do Brasil. Manifesta completo desespero, pois o movimento de criminalizar o Poder Judiciário, a Polícia Federal e o Ministério Público não tem qualquer respaldo jurídico, nem muito menos apoio popular.

É evidente que a sociedade está do lado de quem cumpre a lei. As manifestações do dia 13 de março foram suficientemente elucidativas quanto a isso. A população respeita e admira a Operação Lava Jato, vislumbrando no trabalho realizado em Curitiba um Brasil sério, que trabalha, que funciona, que não se detém diante de poderosos políticos ou de influentes empresários. Pôr-se contra esse esforço anticorrupção, como vem fazendo o PT, é nada mais nada menos que um suicídio político.

No aspecto jurídico, é um absoluto despautério a tentativa do PT de criminalizar a Operação Lava Jato e, em concreto, a atuação do juiz Sergio Moro. Vige no País a garantia do duplo grau de jurisdição – tem-se sempre a possibilidade da revisão de uma decisão de um juiz monocrático por um órgão colegiado. Na verdade, o problema do PT não é tanto com o juiz de primeira instância, mas com os tribunais, que têm reconhecido sobejamente a correção das decisões de Moro.

Nos últimos dias, a campanha contra o juiz da 13.ª Vara Federal de Curitiba recrudesceu sensivelmente, após a retirada do sigilo do processo envolvendo o ex-presidente Lula e a consequente divulgação de áudios gravados. Como o que foi revelado não agradou nem a Lula nem a Dilma – afinal, a cafajestagem explícita nas conversas faz corar frades de pedra –, o PT e o Palácio do Planalto tentaram tratar como criminosa a decisão de Moro.

Pura encenação. Sabe-se bem que as escutas foram feitas de acordo com a lei e, portanto, podem ser usadas em juízo como prova contra Lula. A tentativa de criminalizar a decisão de Moro de levantar o sigilo das gravações é coisa de aloprados. Entre os pilares da isenção do Poder Judiciário está o princípio do livre convencimento do juiz. Pretender que uma decisão judicial fundamentada – com amplos e sólidos argumentos, diga-se de passagem – seja tratada como se fosse um crime, pela simples razão de haver produzido efeitos políticos contrários aos interesses dos inquilinos do Palácio do Planalto, equivale a querer que o País volte aos tempos do absolutismo. Um Estado Democrático de Direito tem muitas garantias, mas entre elas não está a imunidade para o ilícito.

Fonte: O Estado de São Paulo, 21/03/2016

segunda-feira, 14 de março de 2016

Manifestações contra Dilma, Lula e o PT reuniram número recorde de pessoas em todo o Brasil

1 milhão e 400 mil pessoas lotaram a Avenida Paulista 
A briguinha entre Lula e a Globo rendeu, pela primeira vez, uma reportagem à altura das manifestações. Leia e veja o vídeo abaixo.

Atos contra o governo Dilma e a corrupção reúnem multidões no Brasil

Milhões de manifestantes foram às ruas para protestar contra o governo Dilma, a corrupção e para pedir o impeachment da presidente.

Neste domingo, 13 de março, milhões de manifestantes contrários ao governo da presidente Dilma Rousseff foram às ruas, em cidades em todos os estados e no Distrito Federal.

As informações ainda estão chegando. Até aqui, sabe-se que houve manifestações em 239. Pelos cálculos até as 8h da noite, foram às ruas seis milhões e quatrocentas mil pessoas, segundo os organizadores.

Segundo as polícias militares, excluindo a do Rio de Janeiro, que não fez cálculos, foram três milhões e cem mil manifestantes.

No Rio de Janeiro, os organizadores calcularam que um milhão de pessoas foram às ruas.

Em São Paulo, a manifestação na Avenida Paulista foi o maior ato político já registrado na cidade, segundo o Datafolha.
Atos contra o governo Dilma e a corrupção reúnem multidões no BrasilMilhões de manifestantes foram às ruas para protestar contra o governo Dilma, a corrupção e para pedir o impeachment da presidente.

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Atos contra o governo Dilma e a corrupção reúnem multidões no BrasilMilhões de manifestantes foram às ruas para protestar contra o governo Dilma, a corrupção e para pedir o impeachment da presidente.http://goo.gl/NyBcZ1 #LuizInácioLuladaSilva #Lula #JairBolsonaro #Bolsonaro #DilmaRousseff #Dilmah #DilmaBolada #BlogDilmaRousseff #Dilma
Publicado por William Waack em Segunda, 14 de março de 2016
Superou, até, o comício das Diretas Já, na Praça da Sé, em 1984 - o maior até aqui. Hoje, os manifestantes voltaram a pedir, de forma pacífica, o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Eles também protestaram contra o ex-presidente Lula e o Partido dos Trabalhadores. Vestidos de verde e amarelo, os manifestantes, de norte a sul, demonstraram apoio ao juiz federal Sérgio Moro e às investigações da Operação Lava Jato.

Também houve homenagens ao Ministério Público e à Polícia federal. As equipes da Globo acompanharam desde cedo esse dia de manifestações pelo Brasil.

Verde e amarelo nas roupas. Clima pacífico nas ruas. Manifestantes voltaram a se reunir em praças e avenidas. O Hino Nacional foi repetido de norte a sul do pais. 

“Eu nunca tinha vindo, é a primeira vez, que agora eu acho que a gente tá no fundo do poço”, fiz manifestante.

Nas mãos dos manifestantes, bandeiras e cartazes contra a presidente Dilma, contra a corrupção e o ex-presidente lula e em apoio ao juiz Sergio Moro, que cuida da Operação Lava Jato. 

“Novos tempos venham, com mais democracia, mais justiça, menos corrupção”, diz manifestante.

“O pova tá cansado de ser roubado, humilhado, independente da classe social, tá todo mundo pagando o preço”, diz manifestante.

Na capital do país,o movimento começou cedo na Esplanada dos Ministério, o Pixuleco, boneco gigante do ex-presidente Lula vestido de presidiário chamava a atenção. No meio do gramado, uma cruz em homenagem ao juiz Sergio Moro. Algumas crianças aproveitaram uma grande bandeira do Brasil pra brincar de escorrega.

Segundo os organizadores, eram 200 mil pessoas, 100 mil segundo a PM. Um número bem superior ao da maior manifestação do ano passado - em 15 de março quando os organizadores calcularam 80 mil pessoas e a PM 45 mil. “Tô aqui lutando por um brasil melhor, como todo mundo aqui”, diz manifestante. 

Hoje os manifestantes em Brasília pediram a saída dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha e do Senado, Renan Calheiros. Alguns se juntaram para mandar um recado contra a presidente Dilma.

Em São Luis, a concentração foi na Avenida Litorânea. Os organizadores calculam que eram cinco mil pessoas. Segundo a PM, quatro mil manifestantes foram para as ruas pedir o fim da corrupção, o impeachment e em apoio ao juiz Sergio Moro.

Uma cobra gigante com a cara do ex-presidente Lula desfilou pela orla de Maceió. O boneco era uma referência às declarações de Lula, que disse que a jararaca estava viva, logo após ter sido levado a prestar depoimento na Lava Jato em condução coercitiva. 

Segundo os organizadores eram 35 mil pessoas. A PM calculou que 25 mil participaram da caminhada ao longo de dois quilômetros, o tempo todo em clima pacífico. 

A Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, ficou lotada. O verde e o amarelo tomaram conta das ruas. Uma grande bandeira foi levada pelos manifestantes que pararam para rezar pelo país.

Eram 30 mil manifestantes segundo a Polícia militar. Cem mil segundo os organizadores. Há um ano, 25 mil mineiros foram para as ruas tanto segundo a PM quanto os organizadores.

Muitos cartazes homenageavam o juiz Sergio Moro, a Polícia Federal e o Ministério Público e em vários momentos, a manifestação gritava em coro palavras de ordem contra a presidente Dilma. 

No Recife, o protesto foi no bairro de Boa Viagem. Manifestantes percorreram a orla da praia em apoio à Operação Lava Jato, pedindo a prisão do ex-presidente Lula e o impeachment da presidente Dilma. Eram cem mil segundo os organizadores, 120 mil segundo a PM.

Milhares de pessoas lotaram o Farol da Barra, ponto turístico de Salvador. De verde e amarelo e no mesmo clima pacífico do resto do país, manifestantes fizeram uma passeata contra a corrupção e o governo da presidente Dilma. Eram cinquenta mil pessoas segundo os organizadores, 20 mil segundo a PM. Usando pranchas e caiaques, alguns manifestantes levaram para o mar faixas em homenagem à Policia Federal e ao Brasil.

A manifestação no Rio de Janeiro foi na orla de Copacabana. Oito quarteirões da Avenida Atlântica ficaram lotados.

“Pra tirar essa corrupção. O povo não aguenta mais é muita robalheira o povo tá desesperado”, 

A Polícia militar não divulgou estimativas de participantes. Os organizadores calcularam um milhão de pessoas. De qualquer forma visualmente foi o maior protesto até agora. Foram quatro no ano passado, o primeiro, em março, reuniu cem mil pessoas segundo os organizadores. Na época a PM também não fez estimativas. 

Mesmo quem estava na praia participou do protesto hoje. Nas varandas, também teve adesão ao protesto. Este grupo criou o "moro-bloco" em homenagem ao juiz Sergio Moro e em defesa da Lava Jato.

Durante a passeata, um avião da Frente Brasil Popular - que defende a presidente Dilma sobrevoou a manifestação. O clima foi pacífico, nas ruas as pessoas gritavam palavras de ordem contra a corrupção e o impeachment. 

As palavras de ordem contra a corrupção e o governo da presidente Dilma foram ouvidas e repetidas em todo o país. Milhares de pessoas com faixas e cartazes nas ruas também em favor da Lava Jato e do juiz Sergio Moro, o Hino Nacional deu o ritmo. 

Em Belém, eram 50 mil pessoas, segundo os organizadores. A PM não divulgou. Eles fizeram uma passeata carregando um bandeirão verde e amarelo. 

Em Goiânia, cedo, motoqueiros fizeram um apitaço pelo impeachment. À tarde, o protesto reuniu 90 mil pessoas segundo os organizadores. 60 mil segundo a PM.

Em Foz do Iguaçu, no Paraná, os organizadores contaram 15 mil pessoas, a PM, sete mil. No fim do protesto, os manifestantes soltaram balões com as cores da bandeira.

No interior de São Paulo, também teve protesto em Presidente Prudente, a manifestação reuniu 15 mil pessoas, segundo os organizadores. Nas contas da PM, 8 mil.

Em Jundiaí, cartazes de apoio ao juiz Sergio Moro e a favor do impeachment da presidente Dilma. Segundo os organizadores, 45 mil pessoas participaram. A PM não divulgou números na cidade.

Em Ribeirão Preto, manifestantes coloram numa cela pessoas fantasiadas do ex-presidente Lula e dos ex-ministros Antonio Palocci e José Dirceu. Nas faixas, o impeachment da presidente. Segundo a Polícia Militar, eram setenta mil pessoas. Os organizadores contaram 60 mil.

Rostos pintados e uma imensa bandeira nas cores do Brasil nas ruas de São José do Rio Preto.

Em Guarujá, no litoral paulista, manifestantes se concentraram em frente ao prédio onde fica o triplex que é alvo da investigação na Lava Jato. Segundo, os organizadores, eram cinco mil participantes, dois mil para a PM.

Vinte mil pessoas segundo os organizadores, onze mil segundo a PM, foram para as ruas em Natal. O clima pacífico e as roupas verde e amarelo tomaram conta da Praça Cívica no centro na cidade. Nas faixas e cartazes e nas palavras de ordem pedidos de impeachment da presidente Dilma, contra o PT e a favor da Lava Jato.

Em Aracaju uma manifestante foi para a rua com uma vassoura para varrer a corrupção do Brasil. Ao todo, dez mil pessoas participaram do protesto. Oito mil segundo a PM.

O sol forte em Macapá não desanimou os manifestantes que fizeram uma caminhada próximo ao forte de São Jose, às margens do Rio Amazonas. Em clima pacífico, três mil pessoas segundo os organizadores, mil segundo a PM gritavam palavras de ordem contra a presidente Dilma e a corrupção.

Em Curitiba, a capital da Lava Jato, uma multidão foi para as ruas. Tanto os organizadores quanto a PM calculam que duzentas mil pessoas participaram do protesto. Vários manifestantes usaram máscara do juiz Sérgio Moro.

Na maior cidade do país, o maior protesto, que começou antes mesmo que os manifestantes chegassem à Avenida Paulista. Nas estações de metrô, a multidão já gritava palavras de ordem.

O verde amarelo também estava nas janelas dos prédios na mão e no rosto das crianças
e nas roupas da maioria das pessoas que chegavam à Paulista.

“A participação aqui é puramente cívica. Uma participação pra mostrar que nós ainda precisamos de muita consciência política, cidadã”, diz Marcos Paro, geólogo. 

O grupo do interior de São Paulo encheu três ônibus e enfrentou duas horas de estrada para chegar até aqui.

“Viemos motivados a nos unir, com a união, aqui, em São Paulo, encontrando mais pessoas, e dando a nossa força porque precisamos um país melhor”, diz manifestante.

E teve gente que veio de mais longe ainda. Em coro os manifestantes revezavam os protestos.
Ora contra a presidente Dilma e a favor do impeachment...

“Não tem mais cabimento um governo desse, né?”, diz manifestante.

Ora contra contra o PT. E o ex-presidente Lula.

“A intenção é varrer a corrupção e dizer um basta em tudo o que está acontecendo de sujeira no nosso país”, Francisco de Assis de Souza, enfermeiro.

“Pra mim contribuir melhor com o pais, estou inconformado com apolítica do governo atual”, diz manifestante.

No meio do protesto um grupo apareceu com um pedalinho. Ainda o Pixuleco e um boneco gigante da presidente dilma.

A Federação das Indústrias de São Paulo levou um pato amarelo gigante. Simbolo de uma campanha contra os impostos.

“Então a gente veio aqui protestar, buscando um país melhor pros nossos filhos, principalmente”, diz Roberto Acastro. 

A multidão também se manifestou a favor do juiz Sergio Moro e da Operação Lava Jato.

O governador Geraldo Alckmin e o senador Aécio Neves, do PSDB foram ao protesto.
Eles chegaram a falar com jornalistas, mas acabaram hostilizados pelos manifestantes e tiveram que ir embora. E o protesto, que estava marcado pra começar às 2 da tarde, seguiu recebendo manifestantes.

Já são mais de 4 horas da tarde, o pessoal continua chegando na Avenida Paulista, Mas não consegue andar muito não, estamos na primeira quadra e antes de chegar no primeiro cruzamento, já para, não tem como andar mais.

Essa imagem mostra a Avenida Paulista às quatro e meia da tarde, quando 23 quarteirões já estavam tomados pela multidão ...

No protesto de hoje, a polícia calculou 1 milhão e 400 mil pessoas, 2 milhões e meio segundo organizadores e meio milhão na contagem do DataFolha, de acordo com o instituto, o ato superou as Diretas Já e foi a maior manifestação política já medida pelo DataFolha. 

Todos os números são bem superiores ao da maior manifestação do ano passado - em quinze de março - quando os organizadores e a pm calcularam um milhão de pessoas na Paulista, e o DataFolha, usando metodologia própria, contou 210 mil.

“O movimento Vem pra Rua não tem como objetivo final apenas o impeachment e a transição do Brasil, que são muito importantes. Nós somos um movimento que luta pela renovação política e pelo fim da impunidade. Por isso a importância da homenagem hoje à Operação Lava Jato e a preservação da Justiça. Não importa quem seja o novo governo, vamos continuar lutando pelas mesmas causas que lutamos hoje e independente do partido e independente do novo presidente da República”, afirma Rogério Chequer, líder do movimento Vem Pra Rua. 

“Fica um alerta pra todos os outros políticos - Cunha e quem quer que seja que tenha culpa no cartório. Aqui não é uma passeata de um partido só. Contra um partido só. É contra a corrupção. Todo mundo quer um país melhor. É isso”, diz Ricardo Saraiva de Carvalho, médico.

Em números levantados pelo G1, até as 8h da noite, neste domingo, os protestos aconteceram em todos os estados, em 239 cidades, incluindo as capitais, foi a maior manifestação contra o governo Dilma, o PT e o ex-presidente Lula até agora. Eram 3,1 milhões pessoas das ruas segundo a PM , excluindo as cidades em que a polícia não fez o levantamento, 6,4 milhões pessoas segundo os organizadores.

Em março de 2015, a maior manifestação até essa de hoje, foram 2,4 milhões manifestantes segundo a PM, 3 milhões segundo organizadores.

Fonte: G1, Fantástico, 13/03/2016

segunda-feira, 7 de março de 2016

Lula não pagou do próprio bolso por sítio e tríplex apenas para manter aura de eterno pobre dos pobres?



No artigo abaixo, a colunista do Estadão, Eliane Cantanhede, afirma que Lula não assume ser dono do sítio de Atibaia nem do Triplex do Guarujá porque se o fizer perde a aura de "eterno pobre dos pobres, que veio ao mundo salvar os desvalidos como ele próprio". De fato, surpreende que tendo sido presidente da República e ganhado para isso, Lula não pague do próprio bolso por sítios e triplex, mas tenho minhas dúvidas se é para manter o mito do operário que virou presidente ou se é por outra coisa qualquer. O futuro dirá. 

De qualquer forma, pessoalmente, só acreditei no PT como algo de diferente na política brasileira na década de 80 e até conviver com petistas nos movimentos sociais. Após essa década e esse convívio, meu apoio a candidatos petistas foi definhando, definhando até morrer antes de Lula chegar à presidência. Pra meu orgulho, Lula não contou com meu voto pra chegar lá e sempre me admirei profundamente de que, mesmo depois do mensalão, as pessoas continuassem votando nele. Por isso digo que, apesar do crápula que é, Lula é também espelho de um Brasil bastante feio que agora quer mudar de corpo e alma. Antes tarde do que nunca.


A jararaca

por Eliane Cantanhede

Se o Instituto Lula recebeu R$ 20 milhões das empreiteiras da Lava Jato e se o ex-presidente Lula ganhou R$ 10 milhões dessas mesmas empreiteiras por palestras, por que raios ele não comprou o sítio de Atibaia por R$ 1,5 milhão e reformou as áreas internas e a piscina por R$ 700 mil para desfrutar dele 111 vezes, guardar as 200 caixas do Alvorada, levar o barquinho da família e os pedalinhos dos netos?

E por que Lula não deu para Marisa Letícia o tríplex do Guarujá, instalou aquele elevador chique, mobiliou a cozinha e os quartos, tudo de primeira? Dinheiro ele tinha, de sobra. Como diria o jornalista Carlos Marchi, ainda sobrariam uns bons trocados. Aliás, o que Lula fez com os R$ 10 milhões, mais o salário de oito anos de Presidência, com cama, comida, roupa lavada e uísque de graça? Gastar com os filhos não foi, porque os meninos estão muito bem, obrigada.

De duas, uma: ou Lula é patologicamente pão-duro, desses que escondem o dinheiro debaixo do colchão para os amigos pagarem até o cafezinho, ou... a questão é de outra natureza: política. Apesar de milionário, ele precisava do mito do menino pobre de Garanhuns, que não tinha o que comer, perdeu um dedo nas fábricas e virou o eterno pobre dos pobres, que veio ao mundo salvar os desvalidos como ele próprio. Só assim, mantendo a mítica do grande líder, do pastor de almas, do salvador da Pátria, Lula teria, mesmo acuado e ferido, poder para jogar milhares de ovelhas (ou feras) para confrontos de rua contra adversários, imprensa e o algoz Sérgio Moro, um juiz a serviço dos ricos e poderosos – ah, e do PSDB!

É assim que, aos 70 anos, Lula encarna até hoje o líder juvenil que incendiou os metalúrgicos paulistas, depois os sindicalistas de outros setores e por fim os intelectuais do País inteiro. Não pode se dar ao luxo de comprar com o próprio dinheiro um sítio, um tríplex. Senão, como vai olhar a massa olho no olho, falar de igual para igual, jogar os pobres contra os ricos?

Com escritura lavrada de sítios e tríplex na praia, Lula temia perder a aura de vítima dos ricos inconformados porque milhões saíram da miséria e se aboletam nas cadeiras dos aviões. Como iria acusar “a elite branca de olhos azuis” por todas as mazelas? (Marisa é uma “galega” (como ele a chama) loura de olho verde, mas verde pode, azul é que não pode.)

Tudo, portanto, poderia se resumir ao marketing, ao ilusionismo, que produzem um preconceito às avessas: se Lula é pobre, não se formou, duela com o vernáculo, toma umas e fala palavrões, ele se beneficia nas duas pontas: é um “igual” para as massas e um “inimputável” para as elites (como definiu o mestre Clóvis Rossi). Logo, pode fazer o que bem entende, está não só acima das leis, mas do bem e do mal. Mas há mais do que marketing: ambição. Aí entram Petrobrás e empreiteiras.

Foi pelo preconceito às avessas que, em 1989, o adversário de Collor poderia ter sido Ulysses Guimarães, triplo presidente, Leonel Brizola, ícone da resistência em 1964, Mário Covas, três em um, ou, pela direita, Aureliano Chaves, honesto e cabeçudo. Mas não. Nenhuma dessas biografias e credenciais bateu o mito Lula, embalado pelo carisma, pelas massas, pelas elites intelectuais. Anos depois, o próprio Lula admitiu: “Ainda bem que não fui eleito!”.

Aos que me xingam até de “vagabunda” por definir o 4 de março de 2016 como um dia profundamente triste, repito que foi, sim. Porque Lula foi a utopia e a esperança de uma geração, criou o partido da ética, da justiça, da igualdade e, no seu governo (as condições são outros 500), o Brasil brilhou no mundo e as pessoas eram felizes, esbaldavam-se com fogões, geladeiras, carrinhos e aviões. Mas, ao final, ele e o PT de linda história comprovam, melancolicamente, o quanto o poder deforma e corrompe.

Fonte: Estadão, 06/03/2016


Lula manda a PF (eles) enfiarem o processo no cu.

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