8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Reforma tributária urgente: carga tributária, um dos principais obstáculos à competitividade das empresas brasileiras e ao crescimento do país.


Reforma à vista

Merval Pereira, O Globo

Esta campanha eleitoral está começando a ter uma cara diferente das anteriores, com os principais candidatos de oposição apresentando propostas para questões fundamentais que dependem de reformas estruturais que não são realizadas há pelo menos doze anos.

É o caso da reforma tributária, que foi objeto de debate dos candidatos Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB, nos últimos dias e ontem, em São Paulo, e foi tema de um seminário, do qual participei, organizado pela Lide de João Doria Jr e o Movimento Brasil Eficiente, do economista Paulo Rabello de Castro.

Só o governo não mandou representante, num dia em que O GLOBO tinha em sua 1ª página uma reportagem que mostra a urgência desse debate: o gasto público cresce sem parar no país desde 1997, seja o governo do PT ou do PSDB. E em consequência a carga tributária cresce também, tornando-se um dos principais obstáculos à competitividade das empresas brasileiras e ao crescimento do país.

A boa notícia é que os oposicionistas têm a mesma visão: não é possível aumentar mais a carga tributária. Têm compromisso com a simplificação da cobrança dos impostos, como 1º passo para a redução da carga. O Movimento Brasil Eficiente, coordenado pelo Instituto Atlântico, defende um “ajuste geral, corajoso e inteligente das contas públicas” com o objetivo de reduzir a carga tributária para 30% do PIB no prazo de dez anos, e criar um ambiente econômico que propicie crescimento sustentado de 6% ao ano, com o aumento de investimentos em infraestrutura para 25% do PIB.

A carga tributária, que se aproxima de 40% do PIB quando somada ao déficit público, “chegou ao limite politicamente tolerável”, na definição do Movimento, que reúne confederações do setor produtivo nacional, federações empresariais e de trabalhadores, empresas de vários setores e de todos os portes, entidades de representação da sociedade civil do chamado terceiro setor, além de universidades e institutos de pesquisa.

O representante do candidato do PSDB, Wilson Brumer, homem do setor privado mas com experiência de ter sido secretário de governo em Minas, foi objetivo, e considerou exequível esse movimento para redução contínua da carga tributária até que ela chegue a 30%.

Como Aécio já havia enfatizado, isso só acontecerá se houver um controle do crescimento do gasto público corrente, e Brumer retomou proposta que Dilma, quando ministra-chefe do Gabinete Civil, considerou rudimentar: os gastos do governo não podem ser maiores do que o crescimento da economia. Ou, como definiu o jurista Ives Gandra, o Estado não pode continuar sendo maior que o PIB.

O ex-deputado federal Maurício Rands, que deixou o PT e hoje assessora Eduardo Campos, anunciou como uma decisão do candidato a criação de um conselho para acompanhar as contas do governo, conforme previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal e nunca regulamentado. Campos havia ontem o compromisso de não aumentar impostos, e, a partir desse patamar, fazer uma reforma tributária que simplifique e distribua melhor seus impostos para melhorar os serviços públicos.

Os dois buscam saídas para um maior equilíbrio federativo, eles que foram governadores e sentiram na carne as dificuldades que a centralização dos impostos no governo federal produzem. Ao final do debate, em que ficou claro que os empresários anseiam por mudanças estruturais, o economista Castro leu a “Carta do Povo Brasileiro”, baseada em uma pesquisa encomendada ao Datafolha depois das manifestações de junho de 2013, que termina assim:

“Perdas são pedagógicas. Perdemos, um dia, a democracia, para aprendermos a não perdê-la nunca mais; com a inflação, perdemos o sentido e o valor do dinheiro para, hoje, darmos todo o valor à moeda estável. Temos perdido tempo e energia demais com governos que governam mal e nos custam cada vez mais caro. Nossa paciência não tem o tamanho da vida inteira. O povo brasileiro exige ser senhor do seu tempo. Para o Brasil se projetar como líder em sua região e como um exemplo de nação próspera, moderna e justa, perante o mundo. Queremos de volta a ordem no governo, para termos de volta o progresso, que perdemos”.

Fonte: Blog do Noblat, 06/08/2014

Carta do Povo Brasileiro

Brasil, agosto de 2014
Sr.(a) Governante:

Quem aqui se manifesta é o coletivo que chamamos de Brasil. Nossa voz aprendeu a reconhecer, a respeitar e a defender a terra onde escrevemos nossa história e a transmitimos à geração seguinte. Esse é o Brasil que fala agora ao Governante. (*)

Dessa vez é o povo que manda o recado. Um recado mais do que necessário, porque o velho monólogo dos marqueteiros do governo, soprando crenças no ouvido do povo, não funciona mais. O povo que lê e escreve nas redes sociais não precisa de intérpretes de pensamento. O governante que queremos é aquele que vai governar com o povo. O governante moderno aprende porque escuta, em seguida planeja suas ações e as executa como combinado. Governo sem plano é desgoverno.

Chegamos ao ponto-limite. Brasília virou uma fantasia bilionária, de fato trilionária, cercada de desperdícios e ineficiências. O poder que manipula trilhões de reais nos orçamentos públicos ainda tem a petulância de afirmar ao povo que “faltam recursos”. Não! Recursos abundam. Fizemos, nas ruas, essa denúncia, em junho de 2013. O recado deveria ter sido suficiente, mas caiu no vazio. 

Nesta Carta, retomamos a luta de Tiradentes, nosso maior manifestante civil: não aceitamos mais carregar no lombo um governo que aplica uma tributação impiedosa sobre o bolso do contribuinte indefeso. O empresário, que poderia estar gerando empregos, virou um proletário do governo. Este está sempre cobrando sua fatia na frente; não espera nem o lucro acontecer. E o povo continua carregando uma das cargas tributárias mais onerosas do planeta: trabalha até a metade do ano só para sustentar o governo e os governantes.

O povo brasileiro quer treinamento e trabalho. Quer aposentadorias e pensões compatíveis com os aportes que faz ao longo da vida. O povo brasileiro não precisa de salvadores; precisa mesmo é de gestão séria e confiável, rotativa e verificável, em todos os níveis de governo. 

Chega de burocracia e de roubar descaradamente o tempo e a saúde do povo nas filas do atendimento médico e nas paradas de ônibus; ou queimar o futuro dos jovens com classes sem bons professores, com a falta de um computador por aluno. Esta Carta marca um ponto de virada. O povo brasileiro só precisa de condições e ambiente adequado para trabalhar, para empreender seus negócios, para desenvolver sua pesquisa, se educar e cuidar do ambiente.

Perdas são pedagógicas. Perdemos, um dia, a democracia, para aprendermos a não perdê-la nunca mais; com a inflação, perdemos o sentido e o valor do dinheiro para, hoje, darmos todo o valor à moeda estável. Temos perdido tempo e energia demais com governos que governam mal e nos custam cada vez mais caro. Nossa paciência não tem o tamanho da vida inteira. O povo brasileiro exige ser senhor do seu tempo. Para o Brasil se projetar como líder em sua região e como um exemplo de nação próspera, moderna e justa, perante o mundo.

Queremos de volta a ordem no governo, para termos de volta o progresso, que perdemos.

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*As opiniões emitidas nesta Carta foram objeto de pesquisa nacional de opinião pública conduzida pelo Instituto Datafolha em fevereiro de 2014, com 2.091 entrevistados em 120 municípios, abrangendo todos os grupos sociais e regiões brasileiras.

Fonte: Movimento Brasil Eficiente (facebook)

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Ex- presidente Fernando Henrique diz o óbvio: na eminência de perder as eleições, PT ameaça a democracia mais ainda

Cuidemos da democracia
FHC diz o óbvio: na possibilidade de perder as eleições, o PT ameaça a democracia mais ainda. Eu digo mais ainda porque esse pútrido partido nunca deixou de ameaçá-la. O ex-presidente, com sua elegância às vezes excessiva, que sempre poupou muito Lula e agora sua pupila, afirma que as ameaças petistas são mais palavras equívocas do que realidades impositivas. Entretanto, já botou as barbas de molho e alerta:
Sei que são mais palavras equívocas do que realidades impositivas. Mas denotam um estado de espírito. Em lugar de se prepararem para "aceitar o outro", como em qualquer transição democrática decente, estigmatizam os adversários e ameaçam com um futuro do qual os outros estarão excluídos. 
Vejo fantasmas? Pode ser, mas é melhor cuidar do que não lhes dar atenção. A democracia entre nós, já disseram melhor outros personagens, é como uma planta tenra que tem de ser cuidada e regada com exemplos, pensamentos, palavras e ações todos os dias. Cuidemos dela, pois.
Seguem também dois vídeos, um da Veja, de 02/08, com aúdio que comprova a farsa da CPI da Petrobrás, e um outro de mais uma recepção calorosa à Dilma, desta feita em Montes Claros, MG (01/08), onde os manifestantes entoaram um "Ei, Dilma, vai tomar no SUS".

Não sei sobre a credibilidade das pesquisas de intenção de voto, mas, nas ruas, a insatisfação com Dilma vem dos mais variados setores da população, até mesmo dos beneficiários do bolsa-família. Há, de fato, um cansaço do PT (feliz de estar viva pra ver isso), mas não sei se será suficiente para tirar esse cancro do poder. Daí essa eleição ser fundamental para o futuro do país. Se o PT ganhar, com cada vez menos apoio popular real, a tendência é o partido escancarar o autoritarismo Há que se começar a pensar em alternativas para isso desde já.

Falta sentimento democrático

Fernando Henrique Cardoso

Ainda é cedo, mas há fortes indícios de que o PT perderá as próximas eleições. Em que Estado com muitos eleitores seus candidatos a governador se mostram competitivos? Talvez em um. No total os petistas aparecem bem situados apenas em quatro Estados, se tanto, três deles com não muitos eleitores. Quanto aos aliados, especialmente o principal, o PMDB, parece que andam em franca debandada em vários Estados. Também, pudera, como pedir fidelidade no apoio à reeleição quando, além do pouco embalo da chapa presidencial, os candidatos da oposição e do próprio PMDB aos governos estaduais aparecem bem à frente dos candidatos do PT?

As taxas de rejeição da presidenta estão nas nuvens, não só em São Paulo, onde nem o céu é o limite. Também crescem nos pequenos municípios do Norte e do Nordeste para onde, nas asas das Bolsas Família, migraram os apoios do partido que nasceu com os trabalhadores urbanos. As raízes deste quadro se abeberam em vários mananciais: os das dificuldades econômicas, da tragédia das políticas energéticas (vale Prêmio Nobel derrubar ao mesmo tempo o valor de bolsa da Petrobrás e as chances do etanol e ainda encalacrar as empresas de energia elétrica), da confusão administrativa, do pântano das corrupções, e assim por diante. Culpa da presidenta? Não necessariamente.

Há tempo escrevi um artigo nesta página com o título Herança maldita. Fazia ironia, obviamente, com o estigma que petistas ilustres quiseram impingir ao meu governo. No artigo indicava que a origem das dificuldades não estava no atual governo, vinha de seu predecessor. A cada oportunidade que tenho procuro separar a figura da presidenta, seu comportamento passado e atual, digno de consideração, dos erros que, eventualmente, atribuo ora a ela, ora ao estilo petista de governar.

Mas, francamente, é demais não reconhecer que há motivos reais, objetivos, para o mal-estar que envolve a atual política brasileira sob hegemonia petista. Abro ao acaso os jornais desta semana: os europeus advertem que a produtividade do País está estagnada; o humor do varejo em São Paulo é o pior em três anos; a produção industrial e a confiança dos industriais não param de cair; o FMI publica documento oficial assinalando que nossa economia é das mais vulneráveis a uma mudança no cenário internacional e ajusta mais uma vez para baixo a projeção de crescimento do PIB brasileiro em 2014 para 1,3% (seriam otimistas?); o boletim Focus, do Banco Central, prevê um crescimento ainda menor, de 0,9% (seriam os pessimistas?); o juro para a pessoa física atinge seu maior patamar em três anos; a geração de empregos é a menor para o mês de junho em 16 anos; para não falar na decisão do TCU de bloquear os bens dos dirigentes da Petrobrás ao responsabilizá-los por prejuízos causados aos cofres públicos na compra da refinaria de Pasadena.

Espanta, portanto, que a remessa de análise conjuntural feita por analistas de um banco a seus clientes haja provocado reações tão inusitadas. O mercado não deve intrometer-se na política, protestaram governo e petistas. Talvez. Mas se intromete rotineiramente e quando o vento está a favor os governos se deixam embalar por seu sopro. Então, por que agora e por que de forma tão desproporcional ao fato, presidenta?

Não creio que seja por desconhecimento da situação, muito menos por ingenuidade. Trata-se de estratégia: o ataque é a melhor defesa. E nisso Lula é mestre. Lá vem aí de novo com a "zelite" (da qual faz parte) contra o povo pobre. Até aí, táticas eleitorais. Mas me preocupa a insistência em tapar o sol com peneira. Talvez queiram esconder o acúmulo de dificuldades que se estão avolumando para o próximo mandato: inflação subindo, com tarifas públicas e preço da gasolina represados; contas públicas que nem malabarismos fiscais conseguem ajustar; o BNDES com um duto ligado ao Tesouro, numa espécie de orçamento paralelo, como no passado remoto; as tarifas elétricas rebaixadas fora de hora e agora o Tesouro bancando os custos da manobra populista; e assim por diante. Em algum momento o próximo governo, mesmo se for o do PT, terá de pôr cobro a tanto desatino. Mas, creem os governistas, enquanto der, vamos empurrando com a barriga.

Que fez o governo do PSDB quando as pesquisas eleitorais de 2002 apontavam possível vitória do PT da época? Elevou os juros, antes mesmo das eleições, reduzindo as próprias chances eleitorais. Sustentou mundo afora, antes e depois das eleições, que não haveria perigo de irresponsabilidades, pois as leis e a cultura do País haviam mudado. Pediu um empréstimo ao FMI, com a prévia anuência pública de todos os candidatos a presidente, inclusive e especificamente do candidato do PT. O dinheiro seria desembolsado e utilizado pelo governo a ser eleito para acalmar os mercados, que temiam um descontrole cambial e inflacionário, e mesmo uma moratória, com a vitória de Lula. Aprovamos ainda uma lei para dar tempo e condições ao novo governo de se inteirar da situação e se organizar antes mesmo de tomar posse.

Agora, na eventualidade de vitória oposicionista (e, repito, é cedo para assegurá-la), que fazem os detentores do poder? Previnem-se ameaçando: faremos o controle social da mídia; criaremos um governo paralelo, com comissões populares sob a batuta da Casa Civil, que dará os rumos à sociedade; amedrontam bancos que apenas dizem o que todos sabem, etc. Sei que são mais palavras equívocas do que realidades impositivas. Mas denotam um estado de espírito. Em lugar de se prepararem para "aceitar o outro", como em qualquer transição democrática decente, estigmatizam os adversários e ameaçam com um futuro do qual os outros estarão excluídos.

Vejo fantasmas? Pode ser, mas é melhor cuidar do que não lhes dar atenção. A democracia entre nós, já disseram melhor outros personagens, é como uma planta tenra que tem de ser cuidada e regada com exemplos, pensamentos, palavras e ações todos os dias. Cuidemos dela, pois.

* Sociólogo, foi presidente da República

Fonte: O Estado de São Paulo, 03/08/2014

Gravações comprovam: CPI da Petrobras foi uma grande farsa

 VEJA teve acesso a um vídeo que revela a extensão da fraude. O que se vê e ouve na gravação é uma conjuração do tipo que, nunca se sabe, pode ter existido em outros momentos de nossa castigada história republicana. Mas é a primeira vez que uma delas vem a público com tudo o que representa de desprezo pela opinião pública, menosprezo dos representantes do povo no Parlamento e frontal atentado à verdade. Com vinte minutos de duração, o vídeo mostra uma reunião entre o chefe do escritório da Petrobras em Brasília, José Eduardo Sobral Barrocas, o advogado da empresa Bruno Ferreira e um terceiro personagem ainda desconhecido. 

A decupagem do vídeo mostra que, espantosamente, o encontro foi registrado por alguém que participava da reunião ou estava na sala enquanto ela ocorria. VEJA descobriu que a gravação foi feita com uma caneta dotada de uma microcâmera. A existência da reunião e seus participantes foram confirmados pelos repórteres da revista por outros meios — mas a intenção da pessoa que fez a gravação e a razão pela qual tornou público seu conteúdo permanecem um mistério. Quem assiste ao vídeo do começo ao fim — ele acaba abruptamente, como se a bateria do aparelho tivesse se esgotado — percebe claramente o que está sendo tramado naquela sala. E o que está sendo tramado é, simplesmente, uma fraude caracterizada pela ousadia de obter dos parlamentares da CPI da Petrobras as perguntas que eles fariam aos investigados e, de posse delas, treiná-los para responder a elas. Barrocas revela no vídeo que até um “gabarito” foi distribuído para impedir que houvesse contradições nos depoimentos. Um escárnio. Um teatro.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

PT arreganha a fuça autoritária contra os analistas de mercado que alertam para a erosão da economia brasileira sob o governo Dilma


É conhecida a frase de Abraham Lincoln "Pode-se enganar a alguns o tempo todo e a todos por algum tempo, mas não se pode enganar a todos o tem­po todo." Entretanto, o PT parece não conhecê-la. Acha que pode continuar enganando a todos, embora a realidade o desminta cada vez mais. Como só retórica não segura sobretudo a economia, a desastrosa condução da mesma pelo governo Dilma está levando o país para um poço sem fundo. 

E os analistas de mercado, sejam os ligados a instituições financeiras ou a empresas independentes, vem alertando o público sobre a situação econômica que tende a se deteriorar mais ainda no caso da reeleição de Dilma. Inconformados com a possibilidade de ter de largar o osso e não mais poder parasitar no país, os petistas reagem a esses alertas arreganhando os dentes autoritários contra os economistas. 

Primeiro, pediram a cabeça de analistas do Banco Santander que enviaram comunicado a um grupo de clientes, apontando risco de piora da situação econômica caso a presidente Dilma Rousseff venha a ser reeleita. Pior foi o banco aceitar a ameaça, pedir desculpas públicas e ainda dizer que vai demitir essas e aqueles entre seus profissionais. Depois, conseguiram que a Justiça Eleitoral determine ao Google retirar do ar todas as peças publicitárias da empresa de análise de ações Empiricus Research por estarem fazendo suposto "terrorismo econômico" no mercado financeiro, sobretudo em razão do vídeo "O Fim do Brasil".

Em resposta, um dos sócios da Empiricus, Felipe Miranda, afirmou que:
A tese sobre o Fim do Brasil não é pessimista. Ela é realista, feita por um apaixonado pelo seu país, que não pode furtar-se à sua vocação de dar as melhores recomendações de investimento a seus clientes. Trata-se de uma abordagem construtiva, que mostra como preparar-se para a crise que, no meu entendimento, está se formando. Se, na opinião da coligação de Dilma, não há crise nesses placares 7x1, eu respeito. O padrão Empiricus é outro". 
Afirmou ainda que não vai se intimidar com as tentativas do PT de censurar a realidade:
O que já vínhamos falando aos nossos clientes sobre a gestão do governo e a condução da política econômica só piorou com esse cerceamento”.
De fato, não é hora de ninguém se intimidar. Pelo contrário, é hora de renovar o ânimo para combater essa coisa maléfica chamada PT, incrustada no tecido social do país, divulgando o máximo possível informações que mostram por a+b as razões para se evitar a reeleição de Dilma. Nesse sentido, seguem dois artigos sobre o assunto, um do Merval Pereira; outro da Dora Kramer e, por último, um do próprio Felipe Miranda com link para o vídeo O Fim do Brasil que, apesar do economês, merece ser visto. Espero que a visão catastrófica do futuro do país, apresentada pela Empiricus, esteja errada. Não resta dúvida, contudo, que a situação econômica, já complicada, tende a se agravar, caso Dilma se reeleja, pois, além de incompetente, a fulana é corrupta e autoritária. Então, todo cuidado é pouco com suas finanças.

O Estado e o capitalismo
por Merval Pereira

Concordo com a presidente Dilma, que classificou ontem o que está acontecendo no mercado financeiro de “inadmissível” e “lamentável”, mas tenho a visão oposta à dela: o que é inaceitável é um governo, qualquer governo, interferir em uma empresa privada impedindo que ela expresse sua opinião sobre a situação econômica do país. Sobretudo uma instituição financeira, que tem a obrigação de orientar clientes para que invistam seu dinheiro da maneira mais rentável ou segura possível.

Numa democracia capitalista como a nossa, que ainda não é um “capitalismo de Estado” como o chinês — embora muitos dos que estão no governo sonhem com esse dia —, acusar um banco ou uma financeira de “terrorismo eleitoral”, por fazerem uma ligação óbvia entre a reeleição da presidente Dilma e dificuldades na economia, é, isso sim, exercer uma pressão indevida sobre instituições privadas.

Daqui a pouco vão impedir o Banco Central de divulgar a pesquisa Focus, que reúne os grandes bancos na previsão de crescimento da economia, pois a cada dia a média das análises indica sua redução, agora abaixo de 1% este ano.

Outro dia, escrevi uma coluna sobre a influência da economia nos resultados eleitorais, e o incômodo que a alta cúpula petista sentia ao ver análises sobre a correspondência entre os resultados das pesquisas eleitorais e os movimentos da Bolsa de Valores: quando Dilma cai, a Bolsa sobe.

Essa constatação, fácil de fazer e presente em todo o noticiário político do país nos últimos dias, ganhou ares de conspiração contra a candidatura governista e gerou intervenções de maneiras variadas do setor público no privado.

O Banco Santander foi forçado a pedir desculpas pela análise enviada a investidores sugerindo que prestassem atenção às pesquisas eleitorais, pois, se a presidente Dilma estancasse a queda de sua popularidade ou a recuperasse, os efeitos imediatos seriam a queda da Bolsa e a desvalorização cambial. E vice-versa.

O presidente do PT, Rui Falcão, já havia demonstrado que o partido governista não se contenta com um pedido de desculpas formal, como classificou a presidente Dilma: “A informação que deram é que estão demitindo todo o setor que foi responsável pela produção do texto. Inclusive gente de cima. E estão procurando uma maneira de resgatar o que fizeram”.

Ontem, na sabatina do UOL, a presidente Dilma disse, em tom ameaçador, que terá “uma conversa” com o CEO do Banco Santander.

Mas não foi apenas o Banco Santander que sofreu esse assédio moral por parte do governo. Também a consultoria de investimentos Empiricus Research foi acusada pelo PT de campanha eleitoral em favor do candidato oposicionista Aécio Neves, tendo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acatado o pedido para que fossem retirados do Google Ads anúncios bem-humorados do tipo “Como se proteger de Dilma” e “E se Aécio ganhar”. 

Justamente é este o ponto. A cada demonstração de autoritarismo e intervencionismo governamental, mais o mercado financeiro rejeita uma reeleição da presidente Dilma, prepara-se para enfrentá-la ou comemora a possibilidade de que não se realize.

Isso acontece simplesmente porque o mercado é essencialmente um instrumento da democracia, como transmissor de informações e expressão da opinião pública.

Atitudes como as que vêm se sucedendo, na tentativa de controlar o pensamento e a ação de investidores, só reforçam a ideia de que este é um governo que não tem a cultura da iniciativa privada, e não lida bem com pensamentos divergentes, vendo em qualquer crítica ou mesmo análise uma conspiração de inimigos que devem ser derrotados.

Um dos sócios da consultoria Empiricus Research, Felipe Miranda, afirmou em entrevistas que não se intimidará, e fez uma constatação óbvia. “O que já vínhamos falando aos nossos clientes sobre a gestão do governo e a condução da política econômica só piorou com esse cerceamento”.

Fonte: Blog do Noblat, 29/07/2014

Desculpas por nada
por Dora Kramer

Francamente, não deu para entender a razão da polêmica em torno da análise do Banco Santander, enviada a um grupo seleto de clientes, apontando risco de piora da situação econômica caso a presidente Dilma Rousseff venha a ser reeleita.

O incompreensível nesse episódio não foi a reação do PT. Ofendido, o partido falou em entrar na Justiça (contra o quê?) e aludiu logo ao já batido "terrorismo eleitoral". Isso sempre acontece: qualquer coisa diferente de elogios é vista sob o prisma da ilegalidade e da conspiração.

Esquisito mesmo foi o banco considerar que devia "esclarecimentos" e desculpas às autoridades em geral, à presidente Dilma em particular, por uma análise de conjuntura que nem novidade é. Faz constatações que estão todos os dias nos jornais e estão no radar de praticamente todos os agentes políticos e econômicos.

Se essas previsões são acertadas ou não, são outros quinhentos. Fato é que o desenho de cenários é algo absolutamente normal. O traçado sempre será mais favorável ou desfavorável a alguém.

Se formos ver as coisas por essa ótica, ficam em princípio interditadas quaisquer formas de manifestações porque todas significariam pernicioso engajamento, interferência na decisão do voto. O presidente do Santander houve por bem se manifestar isentando a instituição pela elaboração do informe, acrescentando que os responsáveis serão todos demitidos. Acrescentou que considera o Brasil um "país importantíssimo".

E o que um cenário de risco com base em dados sobre a condução que esse ou aquele governo dá à política econômica tem a ver com a percepção sobre as potencialidades do País e a capacidade de outras forças que não aquelas momentaneamente no poder têm de geri-lo?

Os analistas do banco traçaram um cenário - trabalho para o qual se imagina que devam ter sido contratados - e serão demitidos por isso. Por quê? Porque o governo não gostou.

E se a situação fosse oposta: se o informe dissesse aos clientes que o risco de deterioração na economia estivesse justamente na possibilidade de vitória de algum dos candidatos da oposição?

Dificilmente essa ou qualquer outra instituição ver-se-ia obrigada a pedir desculpas aos oposicionistas que, porventura, se sentissem prejudicados. O gesto de retratação decorre da força de intimidação do governo.

Isso, sim, é uma vantagem e não o contrário, como quis fazer crer o presidente do PT, Rui Falcão. Para ele o que houve é proibido. "Não se pode fazer manifestação em uma empresa que por qualquer razão interfira na decisão do voto", disse. Por essa lógica as consultorias não poderiam se manifestar, as pesquisas de opinião não deveriam ser publicadas, muito menos interpretadas pelos especialistas, veículos de comunicação estariam proibidos de explicitar suas posições e o governo estaria impedido de usar suas prerrogativas para se dedicar em tempo integral a procurar interferir na decisão do voto.

Fonte: O Estado de São Paulo, 29/07/2014

O Fim do Brasil
por Felipe Miranda

“Difícil mesmo entender porque os bons morrem tão jovens. Desde criança enfrento essa questão com perplexidade. Hoje, finalmente, resolvi propor algo a respeito: que tal se invertêssemos a ordem dos clichês e fizéssemos com que os vasos ruins quebrassem logo?

Infelizmente, a vida vai nos desafiando a ver pessoas, empresas e coisas indo embora cedo. Nada de novo nisso.

A novidade é que, agora, países resolveram entrar para a lista dos que sucumbem prematuramente. O Brasil, tal qual nós conhecemos, morreu, antes de entrar na fase adulta, aos 20 anos de idade. Aquele país lindo, democrático, representação do futuro está em seu leito de morte.

Explico a metáfora. A história do Brasil, da forma como observamos hoje, começa em julho de 1994, com o Plano Real, cujos resultados imediatos foram o resgate da confiança na moeda e, por conseguinte, o controle da inflação. Antes disso, era Pré-História.

Não há como se pensar num país civilizado onde a inflação bate 80% ao mês. Se o poder de compra do salário cai pela metade num único mês, como ter um orçamento familiar equilibrado? Não pode haver um padrão de consumo consistente e saudável se sua única opção é correr para o supermercado tão logo receba seu salário.

E se não há consumo num quadro assim, tampouco pode haver investimento. Nenhum empresário vai tomar a decisão de investir e ampliar sua capacidade produtiva se não existe confiança na moeda e monta-se um novo plano econômico por ano, cada um mudando completamente as regras do jogo.

Sem consumo e investimento, nenhuma Economia resiste. Por isso, pode-se dizer que nasce um novo Brasil a partir do Plano Real, com controle da inflação e estabilidade da economia.

Em pouco tempo, mais precisamente aos cinco anos de idade, o Plano atinge a maturidade. Implementa-se o famoso tripé macroeconômico, com sistema de metas de inflação, câmbio flutuante e austeridade fiscal. Trata-se do alicerce da política econômica de 1999 até 2008, alinhado à ortodoxia e às melhoras práticas em nível global.

A coisa muda completamente a partir daí. Em resposta à crise financeira de 2008, o Governo brasileiro adota a chamada “nova matriz econômica”, heterodoxa e desalinhada ao tripé anterior.

A nova política econômica é caracterizada por perseguição de uma taxa de juro baixa, busca de uma taxa de câmbio competitiva e aumento dos gastos públicos. Ou seja, ferimos por completo a tríade anterior.

Ao reduzir de forma acelerada o juro, basicamente abandonamos a rigidez no sistema de metas de inflação. A variação do IPCA – índice oficial de inflação – bateu 6,52% nos 12 meses encerrados em junho. Ou seja, superamos o teto da meta, cujo centro é 4,50% ao ano, com dois pontos percentuais de banda, para cima ou para baixo. A inflação está de volta – e deve subir ainda mais.

E sem querer usar o instrumento da taxa de juro para combater a inflação, o Banco Central passou a usar o câmbio para o controle de preços. Amputamos a segunda perna do tripé: o câmbio perde seu caráter estritamente flutuante a partir da enormidade das intervenções do BC.

E tornamo-nos paraplégicos quando da perda da terceira perna. O elevado gasto do Governo simplesmente destruiu a austeridade fiscal. As metas de superávit primário têm sido sistematicamente descumpridas - obs.: o serão novamente em 2014 – e o Governo central apresentou em maio o pior resultado da história para suas contas.

Assim, se, metaforicamente, nasce um novo País em 1994, consolidado em 1999 com o tripé macroeconômico, exatos 20 anos depois esse Brasil morre. O crescimento econômico do Governo Dilma é o menor desde a Era Collor e a inflação foge do controle – já estaria beirando os 10% ao ano não fosse pelo controle de preços de gasolina e energia.

Em resumo, estamos prestes a voltar a condições anteriores a 1994.

Seria o Fim do Brasil?

As consequências já começam a ser sentidas e há muito mais por vir. Você precisa estar preparado para a piora das condições econômicas e financeiras, sob o risco de ter seu patrimônio ferido.

O endereço www.empiricus.com.br/o-fim-do-brasil traz todos os argumentos dessa tese e mostra exatamente os passos para proteger sua poupança e até mesmo crescer seu patrimônio nesse quadro.

Se você tem alguma preocupação sobre o futuro da economia brasileira ou sobre sua situação financeira, o material é obrigatório.

O endereço acima dá acesso a um conteúdo polêmico e revelador, totalmente gratuito. Leia e decida você mesmo.

Alerta: recomenda-se discrição na leitura.”

Fonte: Exame, 17/07/2014. Para acesso ao vídeo O Fim do Brasil, clicar aqui.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Rompendo a camisa de força dos gêneros: ‘homens, libertem-se’

Homens sempre usaram saias através da história
Essa história de hoje qualquer tipo de atividade social, cultural, política ter que vir com apoio governamental é realmente muito difícil de encarar.

Há duas, três décadas atrás, se faria a mesma coisa exclusivamente pela via voluntária, comunitária. Falar em liberdade de qualquer tipo com respaldo estatal sempre será meio contraditório, para dizer o mínimo, sobretudo considerando que o estatismo faz parte dessa mesma mentalidade patriarcal e autoritária que o movimento pela libertação dos homens diz combater.

Apesar desse porém, a ideia em si é boa. Vai ao encontro do que penso sobre a necessidade de acabar com a educação diferenciada que massacra a individualidade das pessoas, forçando meninas e meninos a se encaixarem  num modelito de mulher (hétero + feminino) ou  de homem (hétero + masculino) que não raro está em desacordo com a personalidade de cada criança. Esses modelitos mutilam sobretudo as potencialidades das mulheres, mas os homens também perdem na história. São criados para serem toscos, brutos, violentos, egoístas, parasitas. Felizmente, eles também estão se cansando dessa fórmula funesta e procurando outras maneiras de ser.

Particularmente, não acho que seja o caso de trocar de papéis, antes que alguém se confunda. O que nossa sociedade convencionou chamar de masculino e feminino conforma apenas características humanas que foram arbitrariamente separadas entre os sexos. Por exemplo, o "masculino" detém boa parte das qualidades humanas responsáveis por formar gente autônoma, independente, resiliente (capaz de absorver impactos sem se quebrar). São qualidades a ser cultivadas por ambos os sexos. Do mesmo modo, sensibilidade e delicadeza (que não são sinônimo de frouxidão) se configuram igualmente como qualidades a ser incorporadas por ambos os sexos. Um mundo com menos guerras e violência generalizada pode ser um dos bons resultados do fim dessa departamentação forçada. Outro bom resultado será sem dúvida a existência de um mundo onde cada pessoa possa ter a liberdade de definir como quer ser de acordo com sua individualidade e não como a sociedade exige que seja.

Seguem artigo do Globo sobre a libertação e dois vídeos do site da campanha (ver fontes ao final).

Ação ‘Homens, libertem-se’ lança manifesto pelo direito de brochar, falir e chorar
Movimento apoiado por artistas que pede fim do machismo tem autorização para captar R$ 400 mil via Lei Rouanet

RIO - Posso brochar. Posso falir. Posso ser frágil. Posso ser sensível. Posso ser cabeleireiro, decorador, artista e não gostar de futebol. Posso admirar uma mulher que eu ache bela com respeito. São esses e muitos outros os preceitos do movimento “Homens, libertem-se”, que estimula o macho (heterossexual) a romper estereótipos em que vivem aprisionados. O músico Paulinho Moska, os cartunistas Laerte e Miguel Paiva, os atores Lúcio Mauro Filho, Marcos Breda e Álamo Facó, o escritor Nelson Motta e a historiadora Mary Del Priore apoiam a ação.

A iniciativa é uma parceria entre o coletivo mo[vi]mento, de Rio e Minas, e o grupo teatral The Living Theatre, de Nova York. O projeto teve autorização de captação, por meio da Lei Rouanet, de até R$ 400 mil para intervenções artísticas que provoquem reflexão sobre a opressão masculina. Nos eventos, a cargo de grupos de teatro de vários estados, serão distribuídas as saias-cangas símbolo do movimento. Elas poderão ser trocadas por calças, que serão doadas a instituições de caridade.

‘Eles se impõem prisões’

A ideia para a ação, que começa a ganhar corpo pouco antes da comemoração do Dia Nacional do Homem (15 de julho), veio à cabeça da atriz Maíra Lana quando ela viu um homem usando saia em sua cidade, Ouro Preto.
Os homens ficaram desconcertados, e eu achei tão engraçado. Era só uma peça de roupa, mas revelava muito sobre as prisões que eles se impõem — lembra. — Faz 200 anos que as mulheres fizeram a primeira passeata pelo direito de usar calças. Então é um absurdo que meninos sejam punidos na escola por expressar sua subjetividade.
Maíra se refere a um estudante do tradicional Colégio Bandeirantes, de São Paulo, que, em junho de 2013, foi impedido de assistir a aulas usando saia, gerando protestos e angariando simpatias dos colegas, que fizeram “saiaços” em apoio.

A ideia de que “homem não chora” também foi fortemente confrontada, quando, após a derrota da seleção na Copa, alguns jogadores de futebol, como o novo ídolo David Luiz, desabaram em lágrimas.
É importante esses ídolos mostrarem quem são, sem filtros, extravasando o que sentem. Isso contribui para que outros homens se sintam confortáveis para expor emoções e angústias — comenta Maíra.
Uma das possíveis críticas ao manifesto do “Homens, libertem-se” é não mencionar a opressão sofrida pelos homossexuais. Segundo a criadora da ação, isso acontece porque “todos os homens estão incluídos no manifesto, sejam heterossexuais ou gays.”
Mas o nosso maior alvo é o homem hétero — admite. — Queremos que ele reveja seu conceito de masculinidade e identidade, como os homossexuais e as mulheres já fazem há décadas.
Em seu livro “Homem ainda não existe”, a psicóloga Christina Montenegro afirma que o grupo masculino é o único que não se organizou para discutir gênero.
É um absurdo que o comportamento dos homens ainda seja limitado. A opressão gera a violência com o outro e também consigo. Não é à toa que todas as estatística mostram que os homens são os que mais adoecem, os que mais se suicidam e conformam a maior parte da população presidiária e manicomial... Eles têm questões internas não resolvidas — afirma Christina.
As mulheres também ganham

O cantor e compositor Paulinho Moska, apoiador da ação, conta que se sentia oprimido pelo ideal de masculinidade na adolescência:
Eu era magrelo, usava pulseirinhas hippie e me identificava com Caetano, Gil e Bowie, que eram andróginos. Passei a ser chamado de bicha e viado de forma agressiva. Sofri até me ver livre da representação masculina clássica.
Nelson Motta ressalta que a reflexão pode causar um benefício não só para eles, mas também para elas, que vivem viveriam melhor num mundo com homens livres e menos violentos:
Participo do movimento porque amo as mulheres. Tenho três filhas e duas netas, que merecem amor, respeito e homens sensíveis e educados.


Fonte:
O Globo, por Marina Cohen,14/07/2014; site Porque Homens Libertem-se

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Fusionismo não: liberais e conservadores, cada um na sua!


Reproduzo abaixo texto publicado originalmente no site do Instituto Liberal por seu diretor, João Luiz Mauad, sobre a sempre polêmica união de liberais e conservadores contra o inimigo comum: o petismo ou a esquerda em geral. A essa união se dá o nome de fusionismo, como bem explica o autor. 

Particularmente, vejo essa união como uma parceria caracu, onde os liberais entram com a teoria econômica e de governo e os conservadores entram com a tradição (pra que serve mesmo isso?) e a péssima fama que merecidamente possuem. Não há vantagem nenhuma para os liberais nessa união. Pelo contrário, ela é marcada pela incoerência, tendo em vista que ninguém pode falar em defesa da liberdade em geral ao lado de notórios liberticidas como os conservadores. 

E as diferenças são mais do que as relativas à interferência do Estado no âmbito dos negócios e na vida dos indivíduos, como diz o autor. Para mim, a diferença fudamental é de espírito: o liberalismo é filho do Iluminismo, da idade da razão, da crença na capacidade humana de se superar, superar as limitações do meio-ambiente e evoluir sempre. O conservadorismo é o oposto. Acha que o ser humano é uma porcaria, imperfeito, que precisa de ajuda divina ou muita repressão para não sair fazendo bobagens.

Pra mim, conservadorismo de fato não passa de verborreia para disfarçar a visão de mundo dos frouxos de espírito. Dos frouxos, dos mesquinhos, dos tacanhos, dos sexualmente mal resolvidos, dos obscurantistas, dos pessimistas, dos imobilistas. São todos tropofóbicos (tem pavor de mudanças de qualquer tipo). Se borram tão facilmente que só aceitam mudanças (a cada século mais ou menos), se elas tiveram algo de permanência (sic). São contranatura portanto, pois contra a mais universal das leis universais que é a da perpétua mudança. Tudo muda inevitavelmente, queiram ou não os conservadores de todo o tipo.

Daí que concordo com o autor quando diz:
Para o sucesso da causa liberal, é essencial que saiamos com urgência da sombra dos conservadores. Precisamos acabar de uma vez por todas com essa “simbiose” e emergir como uma marca totalmente independente, equidistante de conservadores e progressistas, como queria Hayek, e não como um sub-produto do conservadorismo. Precisamos, acima de tudo, defender a liberdade sem ressalvas, deixando claro, sempre que necessário, que as nossas diferenças, muitas vezes são profundas e inconciliáveis.
Infelizmente, parece que somos minoria, eu e o autor. Os conservadores se comportam nos meios liberais como os petistas e socialistas em relação aos movimentos sociais: sempre cooptando e aparelhando. E da mesma forma que os movimentos sociais perderam a legitimidade na fusão com a velha esquerda, assim ocorre na parceria caracu entre liberais e conservadores. Quem perde são as ideias liberais. Pros conservadores, é um prato cheio.

Por que digo não ao fusionismo

Peço licença para meter a minha colher nesse debate entre Filipe Altamir e Filipe Rangel Celeti, sobre o fusionismo.

Resumidamente, fusionismo é uma corrente política nascida nos Estados Unidos que pretende unir liberais (lá chamados de libertários) e conservadores, com o intuito de enfrentar o inimigo comum de ambos: o esquerdismo (os liberais de lá). Politicamente, esta fusão deveria ficar sob o guarda-chuvas do Partido Republicano. Como este partido é majoritariamente conservador, não há como escapar da conclusão de que se trata de um acordo desigual, com os conservadores no controle, enquanto aos libertários sobra a alternativa de não atrapalhar.

No Brasil, embora o fusionismo seja algo bastante novo, de uns tempos para cá têm sido cada vez mais frequentes certos posicionamentos ditos “pragmáticos” que pedem a união de conservadores e liberais a fim de derrotar o inimigo comum: o petismo. Infelizmente, sempre que vejo conservadores defendendo tal arranjo, o corolário obrigatório é que os liberais abram mão, pelo menos temporariamente, de algumas de suas agendas.

Assim, em nome desse “algo maior”, deveríamos deixar de lado questões de direitos civis importantes, como a liberação das drogas, o casamento gay, a prostituição, a liberdade de imigração, a eutanásia, as pesquisas com células tronco, etc., e focar em questões de cunho exclusivamente econômico e político, onde haveria convergência de princípios e um inimigo comum.

O maior problema para a concretização dessa “união” não são as diferenças filosóficas, de valores, como alguns insistem em fazer crer. Como já expliquei anteriormente, nada impede que um verdadeiro liberal preserve valores conservadores, como tradição, prudência, família, etc. A diferença importante e, a meu juízo, inconciliável está na esfera política, principalmente em relação às visões, absolutamente incompatíveis, das duas correntes sobre a intrusão do Estado na vida dos indivíduos.

Em termos simples, como bem resumiu James Eyer, a diferença essencial entre o liberalismo e as demais filosofias políticas envolve especificamente a quantidade de autoridade que o governo deve ter sobre os assuntos privados. Grosso modo, os esquerdistas querem que o governo promova o bem, ou pelo menos aquilo que eles consideram bom, incluindo, entre outras políticas, cuidar da saúde e educação, promover ações afirmativas ou distribuir a renda de forma mais equânime. Para isso, esperam que o governo taxe pesadamente as empresas e os cidadãos de maior renda, além de regular os negócios e o comportamento das pessoas, na medida necessária para a promoção da indefectível “justiça social”.

Já os conservadores querem que o governo evite o mal, a degeneração dos valores e dos costumes, enfim, o comportamento imoral, ainda que este comportamento não traga nenhum dano ou perigo para terceiros e afete exclusivamente os próprios agentes. Embora os conservadores gostem de dizer que preferem um governo limitado, eles geralmente não resistem à implantação de programas governamentais e leis positivas que promovam a sua agenda moral.

Assim, tanto esquerdistas quanto conservadores acreditam, cada um a seu modo, ser missão dos governos tornar o mundo melhor, fornecer uma liderança moral e, last but not least, proteger as pessoas de si mesmas, seja em relação a sua saúde ou sua moralidade. E, concorde-se ou não com esses objetivos, todo cidadão será forçado a pagar pela sua implementação, seja com seu dinheiro ou com a sua liberdade. 

Os liberais, diferentemente das duas outras filosofias políticas anteriormente citadas, acreditam que a caridade é voluntária, a moral é pessoal (no sentido de que não deve ser legislada) e só o dano a terceiros deve ser considerado ilegal. Para os liberais, portanto, o auto-governo é um direito inalienável de cada indivíduo.

Para um conservador, por outro lado, a sociedade (a cidade, a comunidade ou seja lá que nome queiram dar ao coletivo), em grande medida, deve prevalecer sobre o indivíduo, a fim de manter o que chamam de “ordem natural”. Ocorre que nem sempre os desejos e objetivos do indivíduo estão em conformidade com os da comunidade. Permitir, por exemplo, o consumo de drogas, o casamento gay ou a prostituição significa quebrar certas tradições, razão pela qual a maioria dos conservadores denunciam essas bandeiras liberais como francamente imorais e defendem que os governos proíbam tais atividades. Olhando por este prisma, como enfatizou Jeremy Kolassa em artigo sobre o tema, não há como negar que conservadores e progressistas são dois lados da mesma moeda intervencionista. 

Mesmo na esfera econômica, o liberalismo e o conservadorismo diferem. Enquanto os liberais são pró-mercado, muitos conservadores são pró-negócios – vide as políticas de Bush, em 2008, para salvar empresas em dificuldade, como GM, Chrysler e outras. Se os liberais são contrários a quaisquer tipos de subsídios e privilégios a empresas estabelecidas, alguns conservadores adotam a política inversa, defendendo subsídios, proteções tarifárias e benefícios que aumentem a competitividade das empresas tradicionais estabelecidas e evitem a todo custo o impulso da destruição criadora. Afinal, não há nada mais conservador do que a manutenção do status quo.

A verdade é que a confusão entre conservadorismo e liberalismo (e ela existe de fato, gostemos disso ou não) costuma dificultar muito o discurso liberal, pois muitas vezes somos tachados de hipócritas pelas pessoas desinformadas, que acreditam que políticas e bandeiras conservadoras e liberais são sempre as mesmas, quando efetivamente quase nunca o são. 

Isso não quer dizer, evidentemente, que liberais e conservadores devam brigar permanentemente, que não possam aliar-se sobre determinadas questões. Se há uma agenda positiva em que conservadores e liberais concordam, devemos trabalhar juntos nela, por que não? Porém, para o sucesso da causa liberal, é essencial que saiamos com urgência da sombra dos conservadores. Precisamos acabar de uma vez por todas com essa “simbiose” e emergir como uma marca totalmente independente, equidistante de conservadores e progressistas, como queria Hayek, e não como um sub-produto do conservadorismo. Precisamos, acima de tudo, defender a liberdade sem ressalvas, deixando claro, sempre que necessário, as nossas diferenças, muitas vezes são profundas e inconciliáveis.

Por tudo isso, digo NÃO ao fusionismo, seja ele formal ou informal, ostensivo ou disfarçado.

Fonte: Instituto Liberal, João Luiz Mauad, 15/07/2014

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