8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Vulvas flores












Resolvi postar essas vulvas-flores ou flores-vulvas após uma espécie de debate que rolou na lista gls, da qual participo, em função de um comentário depreciativo de um gay sobre nossa querida boceta. Comentava o rapaz com outro que era virgem de mulher e que só tinha visto as partes pudendas de uma ao nascer, e que, graças a Jesus, não lembrava desse triste momento.

Fiquei impressionada com a grosseria - para dizer o mínimo - já que a lista também é composta por mulheres e fundamentalmente lésbicas que, além de possuirem uma chana, também em geral são grandes apreciadoras de uma ou de várias.

Pedi ao dito que nos poupasse desses chistes sexistas, e a história virou um zum-zum-zum danado. Imaginasse ele - disse - se as lésbicas dessem para expressar sua opinião sobre os penduricalhos masculinos ali na lista. Ia ficar bem desagradável. O rapaz não gostou, disse que eu não tinha senso de humor e que estava fazendo tempestade em copo d'água. No fim, entre pontos e contrapontos se calou.

Fiquei pensando nessa coisa incrível da misoginia masculina (e aqui cabe se falar em misoginia sim) que afeta tanto alguns gays. Não que não existam lésbicas que também tenham repulsa ao sexo masculino (em ambos os sentidos), mas pelo menos não saem por aí dizendo na cara dos caras o quanto eles lhes parecem indigestos. Quando acontece de alguma querer ressuscitar o manifesto Scum, da Valerie Solanas, aquela que atirou no Andy Warhol, que pregava a destruição do sexo masculino, vozes iradas surgem imediatamente, inclusive de mulheres, contra a ousadia androfóbica. E olhe que as mulheres têm milênios de razões para terem mais bronca dos homens do que o contrário.

Historicamente inclusive essa maneira depreciativa de se referir ao sexo feminino, a que muitos gays chamam de racha, rachada, foi um dos motivos que levou à separação das lésbicas do Somos já nos idos de 1979. Posteriormente, eu mesma já me vi às voltas com essas e outras expressões de aversão às mulheres vindas de alguns gays. E olhe que elas vêm de homens pouco letrados e de outros tantos, como o rapaz em questão, bem letrados e articulados.

Pessoalmente não tenho repulsa ao sexo masculino em nenhum sentido. Apenas não tenho desejo por homens. Quando são bonitos, admiro-os esteticamente, mas não me dão tesão. Naturalmente todos e todas temos nossas idiossincrasias, nossas aversões e simpatias, mas, pelo menos por questão de decoro, devemos mantê-las conosco, pois essas coisas são de natureza por demais subjetiva para serem colocadas em público. Como se sabe gosto não se discute, havendo inclusive quem ame o feio porque bonito lhe parece.

Enfim, mesmo em tom de blague, certas coisas a gente só diz entre íntimos. Hoje mesmo estavam os gays rotulando a marchinha A cabelereira do Zezé, a mais tocada das marchinhas de carnaval, como homofóbica, porque - como bem lembram - ela diz: "Olha a cabeleira do Zezé. será que ele é... será que ele é.... bicha!!!" Não considero a letra ofensiva - talvez porque não seja bicha - mas obviamente não vou ficar entoando suas estrofes na cara dos gays, já que eles não acham graça nelas.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Sexo Verbal: Surpresas da Vida e do Viver

A convite do Ricardo Aguieiras, colega do início do MLGBT ou MHB, fui assistir com duas amigas à peça Sexo Verbal: Surpresas da Vida e do Viver. Com textos de Hilda Hist, João Silvério Trevisan, Marcelino Freire, poema do próprio Ricardo e até mesmo alguns do Brasil Colônia e da Inquisição, a peça se desenvolve, numa festa em um casarão, melhor dizendo nas dependências do casarão (quartos, sala, cozinha) e fala de sexo pra falar de amor.

A platéia acompanha os atores pelas dependências do casarão em suas inter-relações. Há amores héteros, gays, lésbicos, pagos, gratuitos, fortuitos, expostos pelos textos, alguns bem tocantes.

A peça me fez lembrar de um poesia que fiz a respeito dessa relação amor e sexo que transcrevo abaixo:
Essas coisas da carne

Essas coisas da carne
atingem o coração,
não aquela válvula
que bombeia sangue,
mas sim o músculo do sentimento
que se contrai, que se expande,
que se estira até romper de paixão.

Essas coisas da carne
impregnam a alma
que encarnada busca seu sexo
como a uma hóstia,
como a um cálice de vinho
que transborda e inunda
o rosto de lágrimas,
esse sal da saudade,
que só a chuva disfarça.
Essas coisas da carne
provam que as razões do coração
a razão realmente desconhece,
que o corpo da alma não esquece
porque tatua na pele a sua pele,
o seu cheiro, a sua voz, os seus gestos,
e essa imagem vale muito mais
do que as mil palavras
com as quais nos desentendemos.

A peça deve permanecer até o final de fevereiro no Casarão do Belvedere, Rua Pedroso, 267 - Bela Vista, às sextas e sábados, às 21 horas. Informações - (11) 3266-5272; Ingressos - 20 reais (10 reais meia entrada)

Ficha técnica

Dramaturgia e Direção: Aurea Karpor
Elenco: Alexandre Acquiste, Aurélio Prates, Aurea Karpor, Hélio Tavares, Mariana Galeno, Silvana da Costa Alves
Iluminação: Alexandre Pestana
Trilha Sonora: Régis Frias
Operação de Luz: Sally Rezende
Operação de som: Wilton Rozante.
Produção: ProjetoBaZar
Figurino: Alexandre Acquiste
Orientação de Literatura: Marcus Aurélius Pimenta
Direção Geral do Projeto: Aurea Karpor e Rodolfo Lima

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Regras existem para serem quebradas

Dizem que as leis da natureza são imutáveis, implacáveis. De vez em quando, porém, alguém decide contrariar as regras e ser fora-da-lei. O preço a pagar muitas vezes é alto; outras vezes o resultado é apenas divertido como no vídeo abaixo. Também disponível em alta qualidade (HQ), clicando no menu da setinha para cima.


terça-feira, 27 de janeiro de 2009

True Blood: Vampiros lutam por direitos como os homossexuais!


Vampiros sempre existiram na imaginação das pessoas bem antes de Bram Stoker ter lançado o clássico do gênero, o seu famoso Drácula, em 1897. Mas foi com o livro de Stoker que o vampirismo fez escola e nunca mais saiu de cena.

Geralmente associados ao mal, mas também à sexualidade, os vampiros, contudo, têm apresentado, com o passar dos anos, cada vez mais características humanas, dilemas existenciais, crises éticas.

A bem da verdade, o próprio Drácula saiu da Transilvânia para Londres, num laivo de romantismo angustiado, em busca da reencarnação de seu amor perdido, Mina, que o destino havia lhe tirado ainda bem jovem. O problema é que o Conde, em sua trajetória, vai chupando deus e todo mundo, deixando literalmente muitos mortos e mortos-vivos pelo caminho.

A saga do Conde rendeu também inúmeros filmes de terror B, C, mas também A, além de filmes de terrir (como o ótimo Dança dos Vampiros do Polanski), e os atores que representaram o vampiro-mór, como Bela Lugosi, Christopher Lee, Jack Palance, Gary Oldman, entre outros, entraram para a história.

A saga do Conde inspirou ainda muitos outros escritores a criarem seus vampiros, variantes do clássico, com alguns diferenciais. Em tempos mais recentes – como já disse – os vamps passaram a ter crises existenciais, éticas, culpa por matarem humanos inocentes, como o vampiro Louis de Entrevista com o Vampiro, de Anne Rice, ou mesmo revolta contra a própria espécie, como o vampiro negro Blade, que sai caçando seus iguais.

Com o avanço da ciência – que não conseguiu desacreditá-los – e o advento dos hemocentros e dos sangues sintéticos, os mais modernos puderam se abster totalmente de sangue fresco ou mesmo humano, preferindo controlar seus instintos e até interagir com suas antigas presas. Mais do que isso, deram para se apaixonar por humanos, em alguns casos sendo capazes de consumar a paixão, em outros não.

No seriado de TV Moonlight, recentemente exibido pela Warner, o vampiro Mick, que até pode andar – mais ou menos – à luz do sol, se apaixona por uma jornalista, que descobre sua identidade e o acompanha na resolução de casos, embora o amor entre eles apareça como uma impossibilidade. No filme Crepúsculo, sucesso de bilheteria atual, em cinemas do mundo todo, o casal teen composto por um vampiro e uma mocinha vive suspirando seu amor platônico para gáudio da platéia.

E agora, no dia 18 de janeiro, estreou pela HBO, a série True Blood, onde os vampiros não só dispensam o sangue humano por um sangue sintético inventado pelos japoneses (ah, esses japoneses!), como também interagem com os humanos, apaixonam-se por eles e – sim - consumam a paixão por meio de um sexo selvagem que literalmente tira sangue de seus pares.

Mais do que isso, os vampiros querem seu lugar à lua, como os humanos querem ao sol, organizam-se em grupos vampirescos e reivindicam direito ao amor, ao casamento e à propriedade privada, que não são bestas.

Vulneráveis à prata, são imobilizados por traficantes de drogas, que drenam seu sangue, de incríveis poderes reabilitadores e afrodisíacos, e o vendem para humanos viciados, que ficam pra lá de doidões com a nova droga, chamada True Blood. São também vítimas de muitos preconceitos dos humanos que os temem e os rejeitam e os consideram de cara os principais suspeitos quando surgem crimes misteriosos.

A analogia com a luta homossexual é muito grande. Na introdução de cada episódio, em uma das cenas aparece um cartaz onde se lê God hate Fangs (Deus odeia vampiros), uma paródia dos homofóbicos cartazes dos fundamentalistas cristãos onde se constuma ler God Hate Fags (Deus odeia homossexuais). No último episódio do dia 25/01, em um programa de televisão, um pregador evangélico aparece desconjurando a representante da associação dos vampiros que reivindica direitos para sua comunidade.

Ambientado numa cidade interiorana da Louisiana, Bon Temps, True Blood na verdade fala da dificuldade enorme que a sociedade tem para lidar com os diferentes. De quebra, traz um caliente romance entre a garçonete médium Sookie (Anna Paquin, de X-Men) e o vampiro Bill (Stephen Moyer).

Muito bem feita em termos técnicos e de conteúdo, a série de Alan Ball, um dos idealizadores de A Sete Palmos, promete muitas emoções. Abaixo, vídeo com cenas de amor entre Bill e Sookie.

HBO, aos domingos, 22:00

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