8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

sábado, 6 de dezembro de 2008

Sandálias da miséria

Esta foto dos pés negros assentados em sandálias improvisadas com garrafas de água e tiras de trapos de pano, faz jus ao velho ditado de que uma imagem vale mais do que mil palavras. É aparentada àquela foto, do fotógrafo Kevin Carter, da criança morrendo na África sob o olhar atento e ávido de um urubu.

A diferença entre ambas, embora falem dos extremos a que a miséria pode levar o ser humano, é que a foto de Carter reflete uma situação inexorável enquanto a outra aponta ainda para alguma esperança, apesar dos pesares.

A despeito de descrever uma situação de penúria que viola o direito de qualquer pessoa de ter condições de se prover com vestuário básico (uma sandália de verdade, um sapato) e manter condições de higiene necessárias à saúde, a imagem também apresenta a capacidade criativa do ser humano mesmo diante de grande adversidade. Não deixa de surpreender, à parte a tristeza que a imagem evoca, a engenhosidade do portador daqueles pés pretos de compor um “pisante” com o lixo não-reciclável de garrafas pet.

Desta engenhosidade se pode tirar a lição de que sempre existem alternativas possíveis para os problemas relativos à saúde, alimentação, educação, etc...já que, muitas vezes, dada à permanência desses problemas, somos inclinados a vê-los até como naturais. Pobreza, miséria, violência, corrupção são fatos tão corriqueiros, sobretudo no Brasil, que acabamos acreditando que sejam mesmo insolúveis, numa concepção perigosa que não confere com a realidade.

A bem da verdade, bastaria que se aplicassem simplesmente alguns dos artigos da Declaração dos Direitos Humanos ou mesmo da constituição do país para que essas imagens dantescas de fome, miséria e pobreza não mais viessem a nos assombrar, envergonhar. Um bom passo é sem dúvida o conhecimento dos direitos humanos, dos mecanismos já existentes para garanti-los e o que ainda se pode fazer para ampliá-los.

Música Milagres/Misérias com Adriana Calcanhoto

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Nós somos campeões do mundo

Pra levantar a moral quando o inimigo interno ou externo parece grande demais, é bom lembrar que somos campeões do mundo, como dizia Fred Mercury, na antológica We are the champions.

Letra e vídeo abaixo.

I've paid my dues -
Time after time -
I've done my sentence
But committed no crime -
And bad mistakes
I've made a few
I've had my share of sand kicked in my face -
But I've come through

We are the champions - my friends
And we'll keep on fighting - till the end -
We are the champions -
We are the champions
No time for losers
'Cause we are the champions - of the world -

I've taken my bows
And my curtain calls -
You brought me fame and fortuen and everything that goes with it
-
I thank you all -

But it's been no bed of roses
No pleasure cruise -
I consider it a challenge before the whole human race -
And I ain't gonna lose -

We are the champions - my friends
And we'll keep on fighting - till the end -
We are the champions -
We are the champions
No time for losers
'Cause we are the champions - of the world -

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Crimes da paixão: entre a defesa da honra e a síndrome de Medéia.

Embora não tenha acompanhado diretamente o seqüestro da menina Eloá, de 15 anos, mantida refém pelo ex-namorado, no próprio apartamento, durante 5 dias, mais ocupada que estava com a disputa eleitoral, não pude, por fim, deixar de me inteirar do assunto e lamentar o trágico desfecho.

Não se sabe ainda ao certo o que de fato ocorreu quando a polícia invadiu o apartamento (estão para fazer a reconstituição do crime) que redundou na morte de Eloá (com um tiro na virilha e outro na cabeça), no ferimento da amiga Nayara (levou um tiro no rosto) e na prisão do agressor Lindemberg Alves, 22.

Até agora, a tendência é apontar enorme incompetência da polícia numa ação que tirou do prédio o criminoso vivo e as duas reféns feridas, uma de morte. Isso sem falar nas desastradas declarações do comandante da ação policial que disse à imprensa não ter optado por atingir o agressor, antes da invasão, por ele ser um jovem apaixonado.

Análises sobre o crime pipocaram por todos os lados e, naturalmente, culpou-se o machismo do jovem e da própria sociedade brasileira que engendra este tipo de solução masculina para amores rejeitados. Seguiram nessa linha feministas, psicólogos e psiquiatras. Apenas em algumas opiniões se levantou também a questão da profunda perturbação emocional em que se encontrava o rapaz.

Como sigo a perspectiva de desafinar o coro dos contentes, queria fazer uma análise um pouco diferente do já dito. Primeiro que, claro, no caso de Eloá, considerando a diferença de idade entre os ex-namorados, responsabilizar a vítima adolescente pelo ocorrido, em qualquer nível, é inadequado, para dizer o mínimo.

Mas e se fosse uma mulher adulta em outro caso passional? Realmente seria possível tachar a agredida apenas como vítima, sem ao menos considerar a possibilidade de ela também ter sido inábil na administração da separação? Sem considerar o estado de perturbação emocional, por exemplo, de um homem que se descobre traído, lembrando inclusive o que ainda pensa a sociedade sobre os “cornos”? Seria sempre a mulher apenas a vítima indefesa nas mãos do sempre brutal algoz masculino?

Mulheres também são passionais e igualmente buscam vingar-se de seus/suas ex-parceiros/as (lésbicas sabem bem disso). A diferença é que, privadas em geral da possibilidade de expressar o ressentimento pela via da violência física, dadas às diferenças de poder existentes entre homens e mulheres, as mulheres em geral se utilizam de outros artifícios para reparar o ego ferido.

Se os homens ainda atacam de defesa da honra, como desculpa para seus tresloucados gestos, as mulheres atacam de síndrome de Medéia, a célebre personagem da mitologia grega que, abandonada por Jasão, mata os próprios filhos para vingar-se do esposo que a trocara por outra. Isso sem falar de outros expedientes não menos dramáticos de que se utilizou essa personagem nessa tragédia grega que expressa tão bem o lado sombrio do feminino.

Nos versos de Sêneca (Medéia):
Nenhuma força no mundo
nenhum incêndio, nenhum ciclone
Ou máquina de guerra
Possui a violência de uma mulher abandonada
Nem sua violência, nem seu ódio.

Ou nos versos de Chico Buarque: “dei para maldizer o nosso lar/ para sujar teu nome, te humilhar/ e me vingar a qualquer preço/ te adorando pelo avesso/só para mostrar que ainda sou tua/ até provar que ainda sou tua (Atrás da Porta)".

Casos de mulheres que buscam “matar” parceiras (os) atacando a imagem e a credibilidade dos ex até mesmo em nível de trabalho não são raros. Há as que passam uma vida inteira purgando o despeito, colocando-se inclusive na situação patética de buscar vingança contra um fantasma, já que as pessoas não ficam – como fotografias – estáticas no tempo. Algumas Medéias conseguem inclusive arruinar a vida de seus desafetos. E saem impunes de seus malfeitos.

Claro, não estou defendendo a impunidade para crimes passionais, que, na verdade, é o x desta questão. Apenas me desagrada, pelo maniqueísmo, a visão da mulher sempre como vítima e do homem sempre como algoz. Querer que Lindemberg Alves pague pelo crime que cometeu é uma coisa. Negar que ele possa ter feito o que fez tomado por profunda perturbação emocional, reduzindo-o a um machista sádico, é outra. Afinal também arruinou a própria vida.

O sentimento da separação é comparado por especialistas com o sentimento de luto, como uma espécie de experiência de morte. Dependendo de como se dá a separação pode ocorrer uma ferida narcísica que personalidades mais frágeis, como as masculinas em geral, tentam sarar com a morte daquela/daquele que cometeu o crime do abandono. Não se poderia então ir além da questão de machismo na abordagem desses temas?

E não, não estou me contradizendo, já que afirmei acima que o comandante da operação de resgate de Eloá deu a declaração desastrada de que não atingira Lindemberg porque tratava-se de um rapaz apaixonado. Se atingir Lindemberg fosse a única solução possível para pôr fim àquela situação – o que é bastante discutível do ponto de vista técnico – era a ação que deveria ter sido tomada, pois independente de estar “apaixonado“, ele estava armado e ameaçava a vida de duas meninas desarmadas. O indiscutível agressor era ele, e empatia com o coração partido do rapaz não cabia na situação. Aqui parece ter mesmo rolado sexismo, ainda que inconsciente.

Mas enfim, nestes assuntos de amores rejeitados e corações partidos, todo cuidado é pouco de modo que a sede de justiça não leve a análises simplistas e maniqueístas e não vire apenas sede de sangue da mesma forma que a perturbação emocional dos agressores, ainda que não deva ser desconsiderada, não se torne desculpa para a impunidade.

Foto: Nayara e Eloá
Música: Atrás da Porta, Chico Buarque de Holanda,
com Elis Regina


quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Canção da tarde no campo




Caminho do campo verde
estrada depois de estrada.
Cerca de flores, palmeiras,
serra azul, água calada.

Eu ando sozinha
no meio do vale.
Mas a tarde é minha.

Meus pés vão pisando a terra
Que é a imagem da minha vida:
tão vazia, mas tão bela,
tão certa, mas tão perdida!

Eu ando sozinha
por cima de pedras.
Mas a tarde é minha.

Os meus passos no caminho
são como os passos da lua;
vou chegando, vais fugindo,
minha alma é a sombra da tua.

Eu ando sozinha
por dentro de bosques.
Mas a fonte é minha.

De tanto olhar para longe,
não vejo o que passa perto,
Subo monte, desço monte.
meu peito é puro deserto.

Eu ando sozinha
ao longo da noite.
Mas a estrela é minha.

©Cecília Meireles

Imagem: Márcio Camargo

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Sympahty for the devil - Simpatia pelo Diabo


A invenção de Deus

A humanidade inventou Deus
porque existe o desespero
porque existe a incerteza
porque existe o imponderável.

Por causa dessa incomensurável solidão
Que é a única coisa que nos acompanha
até a hora da nossa morte. Amém!
--------------------------------
Daí que minha simpatia vai para Lucífer ou Lilith (como queiram)!

Sympathy for the devil - Rolling Stones


(M. Jagger/K. Richards)

Please allow me to introduce myself
I'm a man of wealth and taste
I've been around for long, long years
Stole many man's soul and faith

And I was 'round when Jesus Christ
Had his moment of doubt and pain
Made damn sure that Pilate
Washed his hands and sealed his fate

Pleased to meet you
Hope you guess my name
But what's puzzling you
Is the nature of my game

I stuck around St. Petersburg
When I saw it was a time for a change
Killed the Czar and his ministers
Anastasia screamed in vain

I rode a tank
Held a general's rank
When the blitzkrieg raged
And the bodies stank

Pleased to meet you
Hope you guess my name, oh yeah
Ah, what's puzzling you
Is the nature of my game, oh yeah
(woo woo, woo woo)

I watched with glee
While your kings and queens
Fought for ten decades
For the gods they made
(woo woo, woo woo)

I shouted out,
"Who killed the Kennedys?"
When after all
It was you and me
(who who, who who)

Let me please introduce myself
I'm a man of wealth and taste
And I laid traps for troubadours
Who get killed before they reached Bombay
(woo woo, who who)

Pleased to meet you
Hope you guessed my name, oh yeah
(who who)
But what's puzzling you
Is the nature of my game, oh yeah, get down, baby
(who who, who who)

Pleased to meet you
Hope you guessed my name, oh yeah
But what's confusing you
Is just the nature of my game
(woo woo, who who)

Just as every cop is a criminal
And all the sinners saints
As heads is tails
Just call me Lucifer
'Cause I'm in need of some restraint
(who who, who who)

So if you meet me
Have some courtesy
Have some sympathy, and some taste
(woo woo)
Use all your well-learned politesse
Or I'll lay your soul to waste, um yeah
(woo woo, woo woo)

Pleased to meet you
Hope you guessed my name, um yeah
(who who)
But what's puzzling you
Is the nature of my game, um mean it, get down
(woo woo, woo woo)

Woo, who
Oh yeah, get on down
Oh yeah
Oh yeah!
(woo woo)

Tell me baby, what's my name
Tell me honey, can ya guess my name
Tell me baby, what's my name
I tell you one time, you're to blame

Oh, who
woo, woo
Woo, who
Woo, woo
Woo, who, who
Woo, who, who
Oh, yeah

What's my name
Tell me, baby, what's my name
Tell me, sweetie, what's my name

Woo, who, who
Woo, who, who
Woo, who, who
Woo, who, who
Woo, who, who
Woo, who, who
Oh, yeah
Woo woo
Woo woo

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