
Na terça-feira, dia 20, ocorreu a tão aguardada cerimônia de posse de Barack Obama, o primeiro presidente negro americano. Considerando a história pregressa dos negros nos Estados Unidos, marcada por virulento racismo, Obama ter chegado à presidência da maior potência mundial é, sem dúvida, um feito histórico sem precedentes.
Há mais ou menos 60 anos, os negros americanos nem sequer podiam sentar lado a lado com brancos em ônibus, havia lugares só para brancos e só para negros, universidades eram vetadas aos negros. Negros ainda tinham problemas para votar, e casar com brancos era proibido por lei. Aliás, o racismo nos EUA, ao contrário do Brasil, era inclusive institucional.
Então, claro, diante de tal quadro, a posse de Obama não poderia deixar de ser emocionante ainda que só pela questão racial. Fora isso, Obama aparece com um discurso progressista, preocupado com direitos humanos e meio-ambiente, em flagrante contraste com seu antecessor George W. Bush, a pior persona política que o mundo viu nos últimos anos, belicista, vilão ambiental, contrário a tudo que a maioria de nós considera como o necessário para um mundo melhor.
Assim, foi inevitável verter algumas lágrimas na cerimônia de posse de Obama. Não pensei, contudo, que fosse inevitável também dar umas risadas. Ao contrário dos europeus, os americanos em geral (há exceções, claro) nunca primaram exatamente pela elegância de modos e trajes. A breguice sempre os assediou, e não falo só dos adeptos da country music, dos caipiras da terra do tio Sam. É uma espécie de característica nacional na qual volta e meia algum deles resvala, sobretudo aqueles deles do sexo feminino...rsss
Michelle Obama não se fez de rogada e manteve a tradição. Apareceu num modelito amarelo-limão, meio-bordado, acompanhado de luvas e sapatos esverdeados de arribombar o malho. As filhas também estavam vestidas com cores vibrantes, mas, em crianças, a gente entende. Mesmo a mulher do vice-presidente que apareceu com um casaco vermelhão e botas pretas de fazer o gáudio da galera de clubes fetichistas, não pôde superar em visibilidade (rsss) a primeira-dama.
Agora, mais engraçado que o vestido da Michelle, só mesmo os comentários que ele gerou. Preocupados em manter a pompa e a circunstância e movidos pela simpatia provocada pelo casal Obama, a imprensa nacional abriu o baú dos eufemismos e largou brasa em frases como “o vestido luminoso de Michelle”, “o vestido reflete a personalidade forte de Michelle”, “o amarelo do vestido reflete a esperança”, além de paradoxos como “a elegância acintosa de Michelle”.... hehehe. Houve inclusive quem se irritasse com as críticas sobre o estilo luminoso da primeira-dama e visse nelas um velado racismo.
Tudo isso me fez lembrar o velho conto do Andersen, A roupa nova do rei, onde dois vigaristas se fazendo passar por estilistas, conhecedores da vaidade ilimitada do soberano de plantão, convencem-no que o estão vestindo com um tecido tão diáfano e chique que é como se fosse invisível. O monarca, não querendo parecer fora de moda, se auto-ilude de que está usando algo muito fashion e vai inclusive desfilar em público... pelado. Todos os súditos, não querendo contrariar sua majestade, fazem vista grossa diante da nudez real e participam da pantomima até que um menino – com a sinceridade típica da infância – olha para sua majestade e exclama a célebre frase: “ O rei está nu.” Quebrado o encanto, todos passam a gritar o mesmo para desespero da realeza.
Pois, é. Sou como aquele menino. Também morro de simpatia pelo casal Obama e desejo a ambos sucesso em sua difícil empreitada, mas o vestido de Michelle foi uma das coisas mais feias que vi na vida, não importa se feito pela mais cotada estilista cubana-americana do momento, custando os tubos, ou se comprado diretamente na notória grife DASPU...rsss
E que me perdoem as leitoras e leitores esse post-chiste, mas é que rir ainda é o melhor remédio. Continuo rindo.
Há mais ou menos 60 anos, os negros americanos nem sequer podiam sentar lado a lado com brancos em ônibus, havia lugares só para brancos e só para negros, universidades eram vetadas aos negros. Negros ainda tinham problemas para votar, e casar com brancos era proibido por lei. Aliás, o racismo nos EUA, ao contrário do Brasil, era inclusive institucional.
Então, claro, diante de tal quadro, a posse de Obama não poderia deixar de ser emocionante ainda que só pela questão racial. Fora isso, Obama aparece com um discurso progressista, preocupado com direitos humanos e meio-ambiente, em flagrante contraste com seu antecessor George W. Bush, a pior persona política que o mundo viu nos últimos anos, belicista, vilão ambiental, contrário a tudo que a maioria de nós considera como o necessário para um mundo melhor.
Assim, foi inevitável verter algumas lágrimas na cerimônia de posse de Obama. Não pensei, contudo, que fosse inevitável também dar umas risadas. Ao contrário dos europeus, os americanos em geral (há exceções, claro) nunca primaram exatamente pela elegância de modos e trajes. A breguice sempre os assediou, e não falo só dos adeptos da country music, dos caipiras da terra do tio Sam. É uma espécie de característica nacional na qual volta e meia algum deles resvala, sobretudo aqueles deles do sexo feminino...rsss
Michelle Obama não se fez de rogada e manteve a tradição. Apareceu num modelito amarelo-limão, meio-bordado, acompanhado de luvas e sapatos esverdeados de arribombar o malho. As filhas também estavam vestidas com cores vibrantes, mas, em crianças, a gente entende. Mesmo a mulher do vice-presidente que apareceu com um casaco vermelhão e botas pretas de fazer o gáudio da galera de clubes fetichistas, não pôde superar em visibilidade (rsss) a primeira-dama.
Agora, mais engraçado que o vestido da Michelle, só mesmo os comentários que ele gerou. Preocupados em manter a pompa e a circunstância e movidos pela simpatia provocada pelo casal Obama, a imprensa nacional abriu o baú dos eufemismos e largou brasa em frases como “o vestido luminoso de Michelle”, “o vestido reflete a personalidade forte de Michelle”, “o amarelo do vestido reflete a esperança”, além de paradoxos como “a elegância acintosa de Michelle”.... hehehe. Houve inclusive quem se irritasse com as críticas sobre o estilo luminoso da primeira-dama e visse nelas um velado racismo.
Tudo isso me fez lembrar o velho conto do Andersen, A roupa nova do rei, onde dois vigaristas se fazendo passar por estilistas, conhecedores da vaidade ilimitada do soberano de plantão, convencem-no que o estão vestindo com um tecido tão diáfano e chique que é como se fosse invisível. O monarca, não querendo parecer fora de moda, se auto-ilude de que está usando algo muito fashion e vai inclusive desfilar em público... pelado. Todos os súditos, não querendo contrariar sua majestade, fazem vista grossa diante da nudez real e participam da pantomima até que um menino – com a sinceridade típica da infância – olha para sua majestade e exclama a célebre frase: “ O rei está nu.” Quebrado o encanto, todos passam a gritar o mesmo para desespero da realeza.
Pois, é. Sou como aquele menino. Também morro de simpatia pelo casal Obama e desejo a ambos sucesso em sua difícil empreitada, mas o vestido de Michelle foi uma das coisas mais feias que vi na vida, não importa se feito pela mais cotada estilista cubana-americana do momento, custando os tubos, ou se comprado diretamente na notória grife DASPU...rsss
E que me perdoem as leitoras e leitores esse post-chiste, mas é que rir ainda é o melhor remédio. Continuo rindo.