Dilma, a bem-amada! |
Segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta sexta-feira, 14, o governo Dilma Rousseff manteve a aprovação de 62% dos brasileiros, mesmo número apresentado no último levantamento, realizado em setembro deste ano. De duas uma: ou essas pesquisas continuam falhas demais, ou politicamente manipuladas (que ninguém duvide dessa possibilidade) ou a sociedade brasileira está com um grave caso de desassociação da realidade. A maioria desaprova a saúde, a educação, a segurança pública, a carga tributária, a inflação (que retornou) e os escândalos de corrupção, mas não consegue associar nada disso à gestão de Dilma Roussef!!??
Lembremos algumas últimas notícias, sobre educação, corrupção política e economia, à guisa de ilustrar nosso espanto diante da alienação de que parece padecer boa parte da população brasileira. No final de novembro último, o estudo The Learning Curve (A curva de aprendizagem), encomendado pela empresa Pearson colocou o Brasil na penúltima colocação de um ranking de educação que comparou as “habilidades cognitivas e de desempenho escolar” de 40 países. Abaixo do Brasil, só a Indonésia. Quer dizer, a educação brasileira está na UTI.
Na política, os casos de corrupção se sucedem, cada um mais escabroso do que o outro, escancarando a dura verdade de que o país foi e continua sendo governado, nos últimos 10 anos, por uma máfia fascistóide, chamada PT, que conta com uma legião de apoiadores dos mais variados quilates de vigarice. Mal acabou o julgamento do mensalão e já se iniciou o Rosegate, escândalo envolvendo a amante de Lula e suas falcatruas mil. Nem ainda a sociedade deglutiu mais esse sapo e já surge outro escândalo na trilha das declarações do empresário Marcos Valério sobre a óbvia participação de Lula no esquema do mensalão. E agorinha, saindo do forno, mais um quadrilheiro, Paulo Vieira, da operação Porto Seguro, quer abrir o bico e denunciar outros envolvidos no esquema em troca da redução de sua possível pena, caso condenado. O fato é que qualquer fiozinho que se puxe do enorme novelo do lulopetismo desenrolará toda uma fieira de falcatruas inacreditáveis.
Na economia, até a revista britânica The Economist resolveu dizer que o rei...ooops... a rainha está nua, e a economia brasileira indo para o brejo, com crescimento de apenas 0,6% neste último trimestre, o mesmo ocorrendo com o PIB nacional que deverá ficar em penúltimo lugar em termos de expansão na América Latina, no ano de 2012, não alcançando sequer os 1,5% previstos por Guido Mantenga. Não por menos a The Economist recomendou a demissão de Mantega para ver se a coisa não afunda de vez. Dilma se fez de ofendida, declarando que não será revista estrangeira a lhe ensinar como governar.
As razões para o fracasso econômico já são bem conhecidas: excessiva intervenção governamental na economia com uma política de crescimento baseada em grande parte no estímulo ao consumo, via crédito fácil, e não no investimento produtivo, gerando dívidas e inflação. Sobre o tema das dívidas inclusive (milhares de famílias estão individadas), o Estadão fez um editorial esclarecedor, intitulado A Armadilha do Crédito, que transcrevo abaixo.
Enfim, exemplos não faltam do quanto este governo é péssimo. E permanece a pergunta do porque, então, a presidanta continua com boa aprovação. Só a ineficiência da oposição, que não faz barulho diante de tantos problemas, responde por esse grave caso de desassociação da realidade sofrido pela sociedade brasileira? Ou será que enquanto tiver um empreguinho e puder levar itens da linha branca das Casas Bahia, mesmo às custas de penhorar as calcinhas e cuecas, os brasileiros vão continuar achando tudo muito bom? Estou querendo entender!!
A Armadilha do Crédito
O Estado de S.Paulo
Atraídas pela oferta de crédito fácil, dezenas de milhares de famílias entraram na armadilha do endividamento e da inadimplência, quase sempre sem ter uma ideia clara de como chegaram a esse ponto. Na semana passada, em quatro dias, 60 mil endividados foram ao Memorial da América Latina, em São Paulo, para um mutirão de renegociação. Até sexta-feira, 35 mil haviam conseguido renegociar suas dívidas. Mutirões desse tipo ocorreram nos últimos 7 meses em 15 cidades de 7 Estados. Cerca de 50 mil dívidas foram reescalonadas. Esse drama é um dos subprodutos de uma política de crescimento baseada em grande parte no estímulo ao consumo por meio da expansão dos empréstimos e da redução dos juros. A partir da crise de 2008 essa estratégia foi reforçada com redução temporária de impostos para compras de veículos e de outros bens duráveis. O incentivo fiscal teria produzido resultados muito menos sensíveis sem a expansão dos empréstimos e a indução ao endividamento.
A ampliação do crédito facilitou o ingresso de milhões de pessoas - a chamada nova classe C - no mercado de consumo. Esse movimento elevou o padrão de vida desses brasileiros, mas a maior parte desses consumidores nunca foi preparada para usar com prudência os novos instrumentos financeiros colocados a seu alcance. Limites de endividamento foram ignorados por tomadores e fornecedores de empréstimos. Clientes recém-chegados ao mundo dos serviços bancários perderam-se no uso do cheque especial e do cartão de crédito e afundaram no atoleiro dos juros mais escorchantes do mercado. Mesmo na classe média tradicional muita gente entrou na festa do endividamento sem calcular as consequências. Uma dessas pessoas, uma professora citada em reportagem do Estado, acumulou compromissos de R$ 120 mil, muito acima de sua capacidade financeira, e foi aconselhada, no mutirão, a declarar insolvência civil.
Enquanto estimulava o consumo com uma política monetária frouxa e pressões para redução dos juros, o governo procurou estimular o investimento em habitações, por meio do programa Minha Casa, Minha Vida. A participação do crédito habitacional no total dos empréstimos tem crescido. Chegou a 24,6% em outubro, ainda abaixo do crédito pessoal (25,9%), e deve continuar em expansão. No fim do próximo ano, será provavelmente o item mais importante da carteira geral de crédito, segundo projeção da Serasa Experian. O panorama dos financiamentos ficará mais parecido com o dos países desenvolvidos. Mas a formação de uma bolha imobiliária parecida com a dos países avançados é um risco remoto, segundo especialistas.
A mensagem seria mais tranquilizadora se as condições atuais do mercado de crédito fossem mais saudáveis. A expansão do financiamento imobiliário ocorre num universo de consumidores já muito endividados. Segundo o Banco Central, as famílias já comprometeram com dívidas 44,4% de sua renda anual. Indicadores de inadimplência melhoraram nos últimos doze meses, mas o quadro continua preocupante. De janeiro a outubro do ano passado, o saldo de novos inadimplentes no cadastro da Serasa Experian foi de 5,9 milhões. Neste ano, o saldo ficou em 5,5 milhões, um número ainda muito alto. Metade dos devedores pertence a famílias com renda entre R$ 1.376 e R$ 3.825 - de 2,2 a 6,1 salários mínimos.
O crédito concedido ao setor privado - pessoas e empresas - correspondeu em outubro a 51,9% do Produto Interno Bruto (PIB). Essa proporção é menor que a encontrada em muitos outros países, tanto desenvolvidos quanto em desenvolvimento. O ponto que mais preocupa é outro: a relação entre crédito e PIB dobrou em dez anos, isto é, avançou muito mais rapidamente do que na maior parte do mundo. Como os financiamentos foram dirigidos muito mais ao consumo do que ao investimento produtivo, a política de crédito tem sido um importante fator inflacionário. Neste ano e em 2011, mesmo com um crescimento econômico pífio, o Brasil enfrentou taxas de inflação bem superiores às de economias muito mais prósperas. Também isso comprova a urgência de buscar uma nova estratégia de crescimento.
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/12/2012