A foto ao lado (de Wilson Júnior, Agência Estado) dá bem uma dimensão de a quantas anda a guerra do narcotráfico no Rio. Crivaram um fulano de balas e botaram num carrinho de supermercado na via pública. Crianças e uma senhora observam a curiosa compra. Rapazes ao fundo parecem conversar alheios ao presunto.
Hoje o número de mortos chegou a 33, e um dos policiais do helicóptero abatido na batalha foi enterrado, entre lágrimas e salvas de tiro, como herói.
No sábado, em entrevista à Globo, uma líder comunitária só sabia dizer que a situação era fruto do abandono da população à própria sorte pela sociedade e o governo. Que, se as autoridades investissem no "social", isso não existiria. Como se o narcotráfico fosse uma decorrência estrita da pobreza. Falta explicar porque, em todas as favelas, a maioria da população de baixa renda não está envolvida com a bandidagem. Bem ao contrário, é uma das grandes vítimas dela.
E é sempre a mesma história: enquanto a dita "esquerda" vem com essa ladainha vitimista, a "direita" quer simplesmente o bandido morto e acabou. Como em tudo mais, está na hora de superar essa dicotomia e buscar soluções que combinem apoio social e repressão mesmo (dentro da legalidade). Depois de tantos anos de negligência, agora não vai mais se conseguir resgatar os morros cariocas só com ações sociais. Muito menos com um presidente da república que vai para a Bolívia visitar o amiguinho Evo Morales e bota um colar de folhas de coca para demonstrar seu apoio às culturas ilícitas.