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terça-feira, 28 de janeiro de 2020

75% de todo o trabalho de cuidados não remunerado do mundo é feito por mulheres

Uma corrida desleal
Estudo da Oxfam mostra que a força de trabalho feminina é invisível para o mercado.

Há hábitos e rotinas que não escravizam, como usualmente. Em vez disso, devem ser mantidos, para que a hipótese de constância possa ampliar uma rede de pensamentos e boas informações. Todos os anos, um dia antes de começar o Fórum Econômico Mundial (21 a 24 de janeiro), reunião de líderes e empresários abastados, a ONG Oxfam publica um relatório mostrando uma das múltiplas faces de seu tema de abrangência: a desigualdade social.

Este ano não foi diferente. Ontem (19) à noite saiu do forno o relatório “Tempo de cuidar”, em que os estudiosos se debruçaram, mais uma vez, sobre um conteúdo que mostra o lado mais perverso do atual sistema econômico. Em resumo, 2.153 pessoas têm agora mais dinheiro do que os 4,6 bilhões de pessoas mais pobres do planeta.

Mas quando se reflete sobre desigualdade, nada pode ser resumido. O relatório traz múltiplas informações, e eu busquei me deter naquela que dá título ao estudo. Tenho pensado muito sobre o trabalho das cuidadoras, não só por causa de visitas regulares a uma clínica geriátrica onde está a mãe de um amigo, como porque moro num bairro que, felizmente, tem bastante cabecinhas brancas, e elas são muito bem cuidadas.

A tecnologia está nos proporcionando uma vida mais longa, e é preciso saber lidar com algumas privações que um corpo idoso oferece, oferecendo a ele mãos seguras que o amparem nos momentos de necessidade.

A questão é que esta é uma das faces da desigualdade que vem se perpetuando no tempo. O trabalho das mulheres que cuidam, não só dos idosos como das crianças, embora seja crucial para o desenvolvimento de um país – como imaginar um alto executivo sem alguém na retaguarda, cuidando de sua casa e família, dando-lhe tranquilidade para tomar decisões importantes? – vem sendo recorrentemente subestimado.

E o problema deve se agravar na próxima década conforme a população mundial aumenta e envelhece. Estima-se que 2,3 bilhões de pessoas vão precisar de cuidados em 2030 – um aumento de 200 milhões desde 2015. No Brasil, em 2050, serão cerca de 77 milhões de pessoas a depender de cuidado (pouco mais de um terço da população estimada) entre idosos e crianças, segundo dados do IBGE.

A Oxfam calculou que esse trabalho agrega pelo menos US$ 10,8 trilhões à economia e que a maioria desses benefícios financeiros reverte para os mais ricos, que em grande parte são homens, avalia o estudo.

No texto de apresentação à imprensa, a diretora executiva da Oxfam Brasil, Katia Maia, lembra que “milhões de mulheres e meninas passam boa parte de suas vidas fazendo trabalho doméstico e de cuidado, sem remuneração e sem acesso a serviços públicos que possam ajudá-las nessas tarefas tão importantes”.

A senhora é assistida por três cuidadoras e uma enfermeira na casa em que
mora sozinha em Bauru — Foto: Reprodução/TV TEM
As mulheres fazem mais de 75% de todo o trabalho de cuidado não remunerado do mundo e, frequentemente, segundo os dados do relatório da Oxfam, “elas trabalham menos horas em seus empregos ou têm que abandoná-los por causa da carga horária com o cuidado. Em todo mundo, 42% das mulheres não conseguem um emprego porque são responsáveis por todo o trabalho de cuidado – entre os homens, esse percentual é de apenas 6%”.
Esses dados foram veiculados, na abertura do Fórum, para os ricos e empoderados senhores que se reuniram na gélida cidade suíça de Davos. Será que desta vez, ao menos, sairá dali alguma resolução que possa ajudar a dar os primeiros passos num problema que há décadas está estagnado?

No apagar das luzes do século XX, o embaixador de carreira e representante do Irã nas Nações Unidas Majid Rahnema, compilou no livro “The post-development reader”, ainda sem tradução no Brasil, mais de trinta artigos de estudiosos do mundo todo, com o objetivo de oferecer aos estudantes dados que pudessem ampliar o conhecimento sobre os mitos e as realidades a respeito do desenvolvimento.

No artigo escrito por Pam Simmons, chamado “Mulheres no desenvolvimento, uma ameaça à liberação”, a autora conta que já em 1975, na Conferência das Mulheres convocada pelas Nações Unidas no México, fez-se a denúncia de que as mulheres têm sido recorrentemente ignoradas em todas as políticas desenhadas para o desenvolvimento. Quase meio século depois o não reconhecimento permanece.

Quem primeiro escreveu sobre este estado de invisibilidade das mulheres para o mundo do progresso foi a economista dinamarquesa Ester Boserup, em 1970. No livro “Woman´s Role in Economic Development” (O papel da mulher no desenvolvimento econômico”, em tradução literal), também sem tradução no Brasil, Boserup foca o trabalho na agricultura.

E questiona o pensamento estagnado (olhem aí o lado nocivo do hábito) que considera “natural” a divisão de tarefas de trabalho, sobretudo na agricultura, que leva em conta o sexo. E faz uma provocação, lembrando que em algumas culturas a carga de trabalho segue regras completamente diferentes daquela em que ao homem são destinadas tarefas ditas pesadas, como caçar, e às mulheres restam todo o trabalho restante, não só de limpar o ambiente como de cozinhar e organizar a casa.

Mas, em geral, de fato no mundo agrícola quem aprende a lidar com as máquinas é o homem, enquanto as mulheres permanecem fazendo o trabalho com as mãos. Ester Boserup se preocupa bastante com os países pobres, foca a situação das mulheres em locais, como na Índia, onde o trabalho feminino cresceu na construção civil porque são elas que se subjugam a fazer tarefas como carregar cimento na cabeça por baixos salários.

Mas cita também os Estados Unidos, onde o uso das máquinas vem sendo preferido ao uso de mãos humanas na agricultura, mas, em proporção, aumenta o número de mão de obra feminina - e mal paga – nos campos.

Não são dados contemporâneos, certamente, mas conhecer o trabalho de Ester Boserup dá a dimensão de quão ignoradas são as recomendações para que se tire da invisibilidade a mão de obra feminina no mundo. Uma nova visão é preciso, alertou Pam Simmons em seu artigo escrito há pouco mais de duas décadas.

Ela denuncia a opressão, feita por um poderoso grupo de homens, sobre as mulheres em todas as áreas, quer seja em países pobres como nos ricos. E fala às mulheres de países ricos: “É preciso combater a dominação ‘em casa’”.
No fim das contas, são os homens do Primeiro Mundo que possuem as maiores empresas, controlam as organizações internacionais, dominam os ‘think-tanks’ e visitam os bordéis nos centros de turismo do Terceiro Mundo e esperam deferência por parte de quem eles, financeiramente, ‘suportam’”, escreve ela.
Fazer contato é o caminho que pode começar a desestruturar esta dramática realidade. Para isto, Simmons se reuniu com outras mulheres e conseguiu facilitar a comunicação entre a força feminina de países pobres e ricos. Eis a conclusão de uma estudante indiana que participou do encontro:
Sempre pensei que os valores ocidentais eram bons para o povo do Ocidente e que os valores orientais eram bons para o povo do Oriente. Agora eu sei que os valores ocidentais não são bons para o povo do Ocidente”.
Muita coisa está fora da ordem, não só no mundo feminino, e não só no Ocidente, não só no Oriente. Por isso é preciso transpor fronteiras e espraiar mais e mais conhecimento, informação, dados, estudos. É no que acredito.

Clipping Mulheres fazem 75% de todo o trabalho de cuidados não remunerado do mundo, por Ameliza Gonzalez, G1, 20/01/2020

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Funcionário do Google demitido por "perpetuar estereótipos de gênero"

James Damore demitido por justíssima causa
Funcionário do Google vomita estereótipos sexuais na tentativa de garantir clube do bolinha no Google e acaba demitido. Bem feito! 😄

Google demite funcionário que escreveu memorando contra diversidade de gênero

Engenheiro de software sênior James Damore confirmou à Bloomberg que foi demitido por 'perpetuar estereótipos de gênero'.A empresa dona do Google, Alphabet, demitiu o funcionário que escreveu um memorando interno de dez páginas na qual criticava as políticas de diversidade da companhia. O engenheiro de software sênior James Damore confirmou nesta segunda-feira (7) à agência de notícias da Bloomberg que foi demitido por "perpetuar estereótipos de gênero".

Na carta de 3 mil palavras, o funcionário, um engenheiro, afirma que "as opções e as capacidades de homens e mulheres divergem, em grande parte devido a causas biológicas, e estas diferenças podem explicar por quê não existe uma representação igual de mulheres (em posições) de liderança".

As aptidões naturais levam os homens a ser programadores de informática, enquanto as mulheres são mais inclinadas "aos sentimentos e à estética que às ideias", o que as leva a escolher carreiras nas áreas "social e artística".

"Não é um ponto de vista que a empresa e eu mesmo respaldemos, promovamos ou incentivamos", respondeu em um e-mail aos funcionários Danielle Brown, diretora da área de diversidade, que trabalhava na Intel e foi contratada pelo Google há apenas um mês.

De acordo com sua mensagem, o debate interno na empresa está estimulado pelos "princípios de igualdade no emprego, que podem ser observados em nosso código de conduta, nossas políticas e nossas normas antidiscriminatórias".

Mas ela destaca que o Google sempre defendeu "uma cultura na qual aqueles que têm pontos de vista diferentes, inclusive políticos, sintam-se seguros de poder expressá-los".

Fonte: G1, 08/08/2017

terça-feira, 8 de agosto de 2017

70% das adolescentes da Inglaterra se declaram feministas

7 em cada 10 adolescentes da Inglaterra se declaram feministas
Quase 70% das adolescentes da Inglaterra se declaram feministas
46% das inglesas, em geral, defendem a igualdade entre mulheres e homens no país.

O feminismo tem cada vez mais se aproximado de mulheres jovens na Inglaterra. Sete em cada dez inglesas entre 13 e 18 anos se declaram feministas, de acordo com nova pesquisa do instituto inglês UM.

O levantamento foi realizado para entender como está a representação das mulheres na publicidade do Reino Unido. A descoberta? Os estereótipos veiculados pelas mídias não tem nada a ver com a imagem que as mulheres tem sobre si mesmas.

As mulheres responderam que as mídias mais sexistas são os jornais (71%), os programas de televisão (58%), os shows de comédia (41%) e as revistas femininas (38%).

Três quartos (77%) das mulheres alegaram que a publicidade retrata as mulheres de forma pejorativa e 65% dos homens concordaram.

Quando questionadas sobre quais os estereótipos elas achavam que eram mais comuns, elas citaram as imagens da mulher como "dona de casa perfeita", "louca por compras", "infantilizada" e "neurótica".

Para 68% das inglesas, o pior deles é o de que a mulher "bonita" não é e não precisa ser "inteligente".

A pesquisa foi realizado entre 2.000 britânicos com mais de 13 anos e é uma resposta ao recente anúncio de que a Autoridade de Padrões de Publicidade (ASA) do país quer proibir os anúncios que reforçam os estereótipos de gênero.

O estudo, ainda, compartilhou dados sobre como as propagandas influenciam a vida dessas mulheres.

Metade das entrevistadas afirmaram se sentir pressionadas a seguir determinados padrões e agir de certa maneira para "se encaixar" no que a publicidade vende. Enquanto isso, 44% delas observaram que os anúncios faziam com que elas nunca se sentissem boas o suficiente.

Talvez seja por isso que o feminismo tem sido um movimento bastante defendido por essas mulheres.

O estudo mostra que 46% delas se autodefinem como feministas. Essa taxa aumenta drasticamente entre os grupos mais jovens. Sete em cada dez meninas de 13 a 18 anos defendem o feminismo.

Quando foram perguntadas sobre o significado do movimento, a resposta que prevaleceu era de que homens e mulheres precisam ter as mesmas oportunidades e os mesmos tratamentos.

Emma Watson, Beyoncé e Angelina Jolie foram eleitas as mulheres mais inspiradoras entre as feministas mais jovens. Enquanto para as mulheres de 35 anos ou mais, as figuras mais populares foram Emmeline Pankhurst, Germaine Greer e Michelle Obama.

Fonte: HuffPost Brasil, Ana Beatriz Rosa, 05/08/2017

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Machismo no Vale do Silício: mulheres contra a "bro culture" ou clube do bolinha

Machismo no Vale do Silício: ativistas defendem mudança na cultura de startup
A luta das mulheres contra o machismo no Vale do Silício
Em universo predominantemente masculino, mulheres relatam assédio sexual e discriminação. Dos investimentos feitos no celeiro das startups americanas, parcela ínfima vai para empresas com líderes do sexo feminino.

No Vale do Silício, o celeiro das startups americanas, cada vez mais mulheres vêm relatando abusos no local de trabalho. Entre as empresas acusadas estão Uber, Twitter, Apple, Oracle, Google e Tesla. Além das queixas, pesquisas conduzidas com mulheres que trabalham na região apontaram que 60% delas são vítimas de assédio no emprego, destacando a necessidade de uma dramática mudança da cultura de startup.
De assédio sexual e toque indesejado a discriminação e retaliação, histórias de mulheres sujeitas a vários tipos de abuso estão surgindo numa proporção alarmante. Das consultadas nas pesquisas, por volta de dois terços disseram ter passado por investidas sexuais indesejadas no trabalho, muitas vezes por parte de superiores.
Muitos atribuem isso ao domínio machista e de homens brancos no Vale do Silício e à a perpetuação da "bro culture", originalmente "brother culture" ou "cultura de irmão". Trata-se de uma cultura de nepotismo em que os fundadores de empresas colocam seus amigos e familiares nas primeiras posições, os investimentos em recursos humanos são quase inexistentes e o coeso grupo de empresários é mantido por meio da ligação entre indivíduos do sexo masculino em oposição ao verdadeiro profissionalismo.
Vê-se esse grupo insular de pessoas com mentalidade e aparência semelhantes a quem são dadas, de repente, imensos privilégios, oportunidade e riqueza", afirmou Jahan Sagafi, advogado do escritório especializado em reivindicações trabalhistas Outten & Golden. "E em pouco tempo, essas pessoas podem se sentir como se estivessem acima da lei."
Enfrentando a "bro culture"

Lakshmi Balachandra, que trabalhou tanto como empresária quanto como investidora, acumulou ampla experiência no assunto na época em que era a única mulher a trabalhar numa startup de investimento de risco.
Escuta-se sobre o Vale do Silício e a 'bro culture', e essa atitude é tão comum na área de tecnologia. Essa é a forma como os homens interagem entre si", aponta. "Se você não quer participar e não consegue lidar com isso, então você está fora do jogo; você não mais faz parte daquela rede e você não recebe as mesmas oportunidades", acrescentou.
Isso enfatiza outro paradoxo de misoginia no local de trabalho – as poucas mulheres que conseguem adentrar esse campo masculino têm de trabalhar em condições questionáveis, e para cada uma delas, há um punhado de outras que nunca conseguiram uma primeira contratação. Essa falta de diversidade está diretamente relacionada ao prolongamento da "bro culture" no local de trabalho.
Acho que quanto mais mulheres existirem nesse campo, mais mudanças haverá e deverá haver", considera Balachandra. "Os problemas transparecem no mundo da tecnologia onde há mais mulheres, e elas falam sobre esse comportamento e conduta inapropriada."
Apple é uma das empresas acusadas de seximo no Vale do Silício
Poucos fundos para firmas comandadas por mulheres

Apesar da ilusão de que a diversidade tem aumentado, a desigualdade entre os sexos no financiamento de capital de risco continua a aumentar, em prol dos homens. Em 2016, investidores de risco aplicaram 58,2 bilhões de dólares em empresas fundadas somente por homens, enquanto empreendedoras mulheres receberam míseros 1,46 bilhão de dólares.

Explicitando essa relação extremamente desigual, observa-se que 5.839 companhias fundadas por homens receberam fundos, enquanto o mesmo aconteceu com somente 359 startups iniciadas por mulheres. Isso significa que as empresas estabelecidas por empresários conseguiram 16 vezes mais fundos que aquelas criadas por empresárias.

Questão complexa

A lógica por trás de por que mulheres recebem menos financiamento é atribuída, geralmente, a estudos mostrando que elas são mais avessas ao risco que os homens. Ou seja, as mulheres seriam mais inclinadas a apoiar investimentos mais baixos, no entanto mais seguros, como também mais hesitantes em apostar em ideias mais arriscadas.

Os investidores de risco estão preocupados em não conseguir rendimentos tão altos se apoiarem uma empresa conduzida por uma mulher. Ao mesmo tempo, pesquisas apontam que 84% das mulheres que trabalham no Vale do Silício seriam "demasiadamente agressivas", indicando que pessoas do sexo feminino são julgadas por lentes mais paradoxais do que aquelas do sexo masculino.

A demanda por uma mudança na cultura de startup vem crescendo, assim como o reconhecimento de que a causa e o efeito da questão não têm um diagnóstico simples.
Alguns reclamam que se trata de um problema estrutural, que não temos um número suficiente de mulheres graduadas nas áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática. Outros afirmam que isso se deve a uma diferença na preferência feminina e masculina em relação ao risco", aponta Sahil Raina, especialista financeiro que leciona na Universidade de Alberta.
Eu não acredito que haja uma resposta única para essa questão. Sei de resultados de pesquisas mostrando evidências de que as mulheres podem ter uma menor taxa de participação, parcialmente por saberem que as startups delas estão menos propensas a ter sucesso com o financiamento de risco", diz.
É inevitável que mais mulheres participem da força de trabalho no Vale do Silício. A verdadeira questão é por quanto tempo as startups fundadas por homens vão continuar a operar sem o verdadeiro cuidado e preocupação frente a todos os seus funcionários, e quantos executivos ainda terão de renunciar devido a escândalos de assédio no ambiente de trabalho.


terça-feira, 11 de julho de 2017

Mulheres têm mais dificuldade do que homens para conseguir emprego no Brasil

Trabalhadora da indústria têxtil
Mulheres têm mais dificuldade que os homens de conseguir emprego


Taxa de participação feminina no mercado de trabalho é 22,1 pontos percentuais menor que a masculina. 

Segundo Organização Internacional do Trabalho, redução dessa lacuna significaria aumento de 3,3% do PIB do país.

Apesar de inferior à média mundial, a desigualdade entre os sexos no mercado de trabalho permanece alta no Brasil, mostra um relatório sobre tendências empregatícias em 2017 divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) nesta quarta-feira (14/06).

Para este ano, a OIT estima que a taxa de participação feminina no mercado de trabalho brasileiro seja de 56% – uma diferença de 22,1 pontos percentuais em comparação com a participação masculina, estimada em 78,2%. A diferença média global é de 26,7 pontos percentuais – a participação dos homens alcança 76,1%, enquanto a das mulheres é de 49,4%.

A organização ressaltou que a desigualdade entre os sexos no mercado de trabalho persiste de maneira generalizada e se inicia com o acesso limitado de mulheres a vagas de emprego. Preencher essa lacuna é um dos desafios mais urgentes enfrentados pela comunidade mundial, segundo a OIT.

Globalmente, a taxa de desemprego para mulheres é de 6,2% em 2017, representando uma diferença de 0,7 pontos percentuais em relação à taxa de desemprego masculina, de 5,5%. Para 2018, a organização estima que as taxas de desemprego permaneçam relativamente inalteradas.

Mundialmente, essa diferença não sofreu grandes alterações nos últimos anos, embora tenham sido registradas variações consideráveis em determinadas classes de poder aquisitivo. Por exemplo, em países emergentes a diferença aumentou: de 0,5 para 0,7 pontos percentuais. Em contrapartida, as lacunas em países desenvolvidos e em desenvolvimento diminuíram e atingiram 0,5 e 1,8 pontos percentuais, respectivamente.

Países árabes, norte-africanos e do sul da Ásia com menores taxas

O texto do relatório – intitulado Tendências para Mulheres no Mercado de Trabalho 2017 – afirma que, em 2017, a maior diferença entre os sexos nas taxas de participação no mercado de trabalho, de quase 31 pontos percentuais, é enfrentada por mulheres em países emergentes.

Na sequência, vêm as mulheres de países desenvolvidos – pouco mais de 16 pontos percentuais de diferença com os homens – e de países em desenvolvimento, com uma diferença de 12 pontos percentuais.

Em termos regionais, as lacunas mais amplas entre homens e mulheres são registradas em Estados árabes, no Norte da África e no Sul da Ásia, onde excedem os 50 pontos percentuais. Essas três regiões têm as mais baixas taxas de participação feminina no mercado de trabalho – menos de 30%.

Redução de desigualdade aumentaria PIB brasileiro em 3,3%

A redução dessas diferenças entre os sexos no mercado de trabalho produziriam benefícios econômicos significativos e melhorariam o bem-estar individual, segundo a OIT. Em 2014, os líderes do G20 se comprometeram com o objetivo denominado "25 por 25", ou seja, reduzir a diferença na taxa de participação entre homens e mulheres em 25% até o ano de 2025.

No Brasil, por exemplo, essa diminuição de 25% poderia gerar um aumento de 3,3% do PIB (382 bilhões de reais) e acrescentar 131 bilhões de reais em receitas tributárias. Ou seja, se a participação feminina crescesse 5,5 pontos percentuais, o mercado de trabalho brasileiro ganharia uma mão de obra de 5,1 milhões de mulheres e um aumento considerável no Produto Interno Bruto.

Para a OIT, melhorar a participação feminina no mercado de trabalho requer uma abordagem em campos diversos, que inclui políticas focadas no equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho e na eliminação da discriminação sexual, além de criação e proteção de empregos de qualidade no setor da saúde.

Fonte: DW, 14/06/2017

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Embora maioria no mundo dos videogames, mulheres sofrem com o machismo do mundo virtual


Maioria nos jogos, mulheres sofrem com machismo e assédio nos games
Abusos recorrentes na vida real também assombram as jogadoras no mundo virtual. Atualmente, elas representam 52,6% do mercado brasileiro

As mulheres já são maioria no mundo dos videogames. Apesar dessa presença maciça — segundo a consultoria Game Brasil, as jogadoras representam 52,6% desse universo —, elas ainda sofrem com o machismo, preconceito e assédio durante as partidas.

Jogadora assídua de “GTA V”, “COD Ghosts”, “Destiny” e “Overwatch”, a estudante Giulia Chermont, de 18 anos, já foi assediada durante uma partida on-line. Acostumada a jogar com amigas, justamente para evitar esse tipo de abuso, ela se aventurou na modalidade aberta (na qual os times são formados aleatoriamente com usuários conectados) e deu muito errado.
Um dia jogando com umas amigas, precisávamos de mais pessoas no time e um homem caiu em nossa partida. Ele ficou do início ao fim dando em cima de nós e dizendo: ‘Quando você vai me chamar pra ir na sua casa? Faremos coisas legais’; ‘Quer que eu vá aí matar essa aranha pra você?’; ‘Vocês têm namorado? Podiam ter, não sou ciumento’; ‘Passem o número do celular de vocês, eu não mordo’”, relata Giulia.



Para se proteger desse tipo de situação, a estudante prefere não utilizar os microfones para conversar com os participantes (para não descobrirem que se trata de uma mulher) e usar um apelido neutro.
Meu nickname é YUMECPO_13. Evito usar meu nome verdadeiro sempre”.
Durante o jogo, o assédio rola solto e sem punição. Além disso, para evoluir na carreira de gamer, as mulheres sofrem muito mais. Os e-sports ainda são predominantemente masculinos e as guerreiras virtuais enfrentam vários abusos.
Já fui recusada em vários times por ser mulher. Geralmente eles ficavam dando em cima de mim e me julgavam. Já fui zombada no meio de um campeonato e também somos rebaixadas no e-sport porque temos a famosa TPM”, diz a estudante de medicina veterinária Barbara Gayde, de 19 anos.
Atualmente, a jovem integra o time Project Harp, composto apenas por mulheres, que disputa campeonatos pelo Brasil.

No mundo amador, Barbara também sofreu com o preconceito, principalmente ao ouvir frases sexistas dos próprios colegas. 
São comentários como: ‘mulher não tem o mesmo nível de habilidade’, ‘certamente deve ser uma obesa ferrada na vida’, ‘devia estar me chupando’ e o clássico ‘seu lugar é na cozinha'”, relata.
Fonte: Metrópoles, por Thais Rodrigues, 30/03/2017

Ver também: Semana da Mulher: sexismo até contra garotas que jogam games 

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