8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

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quinta-feira, 18 de março de 2021

As mulheres samurais do Japão

Tomoe Gozen
A sociedade japonesa até os dias atuais têm uma forte hierarquia patriarcal, a história dos grandes feitos em todo mundo é sempre narrado na perspectiva masculina, por isso, não é muito comum ouvir falar de mulheres samurais.

Porém, elas exerceram grande papel no período do Japão feudal e foram decisivas nas batalhas.

Onna Bugeishas

As mulheres samurais, chamadas de Onna Bugeishas, lutavam batalhas defensivas, protegendo castelos e vilas, porém, não era incomum encontrar mulheres na linha de frente, com honra ao lado de homens.

Arqueólogos já encontraram em escavações, evidências de mulheres no campo de batalha.

BATALHA DE SENBON MATSUBARU

Testes de DNA em 105 corpos revelaram que 35 eram femininos. Em duas outras escavações, o resultado foi semelhante.

As Onna Bugeisha, além de exímias guerreiras, eram educadas em ciências, matemática e literatura.

O treinamento de armas das Onna Bugeishas chamava arte da Naginata,
destinado para combates em locais abertos (ver vídeo abaixo)

Armas e habilidades

Suas armas eram conhecidas, como Ko-Naginata, uma versão menor das usadas pelos homens, a O-Naginata, foi desenvolvida para melhorar o balanço e dar mais velocidade e força.

Outra arma que elas utilizavam era a adaga Kaiken, utilizada para combates em espaços pequenos e fechados, também utilizado para autodefesa. Outa característica da Kaiken era servir para o ritual de Seppuku.

Além das armas, as mulheres samurais treinavam Tantōjutsu, um sistema de luta tradicional do Japão e praticado até os dias atuais.

Treinadas profissionalmente por alguma figura patriarca, elas eram preparadas para proteger a si e a família durante qualquer ataque.

Imperatriz Jungu Kogo

Imperatriz Jungu Kogo

A imperatriz Jungu Kogo, foi uma guerreira que não só liderou, como organizou e planejou a conquista da Coréia, no ano 200 D.C.

Tomoe Gozen

Tomoe Gozen
Tomoe Gozen foi uma samurai excepcional, uma mulher muito bela, intelectual e com habilidades de batalha inquestionáveis.

Exímia arqueira e amazona, mestra com a Katana e uma competente política. Os mestres do clã de Minamoto afirmavam, que Tomoe Gozen, foi a primeira verdadeira general do Japão.

Gozen, provou suas habilidades de combates em muitas ocasiões, em uma delas, liderou 300 samurais contra mais de 2000 guerreiros e foi uma dos 5 sobreviventes da batalha.

Em 1184, na batalha de Awazu, venceu e decapitou Honda no Moroshige, um famoso guerreiro do clã Musashi.

Hangaku Gozen

Hangaku Gozen
Outra guerreira fenomenal foi Hangaku Gozen, uma bela e habilidosa comandante que liderou mais de 3 mil homens na defesa do forte Torisakayama, ao lado de seu sobrinho Jo Sukemori.

Nessa ocasião, Hojo, seu oponente, contava com uma força de mais de 10 mil homens, até o forte ser invadido.

Durante a batalha Hangaku foi ferida, mesmo assim, montada em um cavalo e armada com sua ko-naginata, lutou com ferocidade.

Nanako Takeko

Nanako Takeko
No final do século 18, houve uma guerra entra o clã Tokugawa e os membros da Corte Imperial.

Nanako Takeko, era muito habilidosa com a ko-naginata, extremamente inteligente e mestra nas artes marciais. Ao assumir o comando da nova força de combate de Onna Bugeishas, se juntou aos samurais na batalha.

Seu exército foi chamado de Joshitai. Takeko, morreu em batalha com um tiro no coração, antes de morrer, matou a maior quantidade de inimigos com sua ko-naginata.
Sua irmã, Nanako Yuko decapitou sua cabeça, para que o inimigo não a levasse como troféu. A cabeça está enterrada nas raízes de um pinheiro, no templo Aizu Bangemachi e um monumento foi construído em sua homenagem.

Durante o período Sengoku, a imagem das guerreiras mudou bastante, dando lugar ao status das mulheres conhecidas nos dias atuais.

As Onna Bugeishas acabaram por se tornar apenas esposas de nobres, generais e lordes da guerra. Os samurais se tornaram simples burocratas na hierarquia do império.

Clipping Conheça a história das mulheres samurais, por Kelly Kajiwara, Coisas do Japão

terça-feira, 16 de março de 2021

As obras revisitadas das artistas Julieta de França, Georgina de Albuquerque e Abigail de Andrade


'Canto do Rio', de Georgina Albuquerque (1926). Acervo Museu Antônio Parreiras
Discriminadas por seus pares, Julieta de França, Georgina de Albuquerque e Abigail de Andrade têm suas obras revisitadas

Anita Malfatti, Djanira, Tarsila do Amaral, Lygia Clark, Tomie Ohtake, Lygia Pape, Beatriz Milhazes, Abigail de Andrade, Adriana Varejão. Postas assim, lado a lado, parecem muitas as brasileiras que alcançaram fama internacional no mundo das artes plásticas.

Mas, para cada uma das que furaram o teto de vidro imposto às mulheres nesta área, há um exército de outras que permaneceram invisíveis.
Existe uma névoa que acoberta a lembrança de outras artistas anteriores a Tarsila e Anita Malfatti, como se antes das modernistas simplesmente não tivessem existido artistas do então denominado ‘sexo frágil’. Existiriam artistas mulheres no século XIX? Se sim, quem foram elas? E por que sabemos tão pouco sobre elas?”, escreve a pesquisadora e professora do Instituto de Estudos Brasileiros da USP Ana Paula Simioni na abertura de sua ampla pesquisa de doutorado sobre mulheres esquecidas pela historiografia dominante na arte brasileira.
O problema de fundo, avalia Simioni, na verdade tem duas pernas: no Brasil, tudo o que se produziu antes da Semana de Arte Moderna de 1922 tende a ser visto como “menor”, “pouco nacional”; em outras palavras, uma cópia do que chegava da Europa.

Além disso, e apesar da presença esporádica de mulheres na Escola Nacional de Belas Artes, do Rio de Janeiro – praticamente, única instituição existente para o estudo da matéria na virada do século XIX para o XX –, elas eram consideradas eternamente amadoras e preteridas nos prêmios e salões.

Na sua pesquisa, a professora resgatou três grandes artistas, pioneiras que enfrentaram o machismo do seu tempo com estilo e persistência. E, sem surpresa, comprovou que, com suas criações, elas ajudaram a retratar e definir a sociedade brasileira.

Julieta de França

Nascida em Belém em 1870, esta escultora foi uma das primeiras mulheres admitidas na Escola Nacional de Belas Artes (que abriu suas portas a elas apenas em 1889). Também foi a primeira a conseguir uma vaga numa das prestigiosas viagens ao exterior promovidas pela instituição.

Se, no Brasil, trilhava um caminho promissor como discípula de Rodolfo Bernardelli, em Paris teve aulas com ninguém menos que Auguste Rodin.

Mocidade em flor', de Julieta de França (1902)
De volta ao Rio, em 1908, inscreveu uma maquete sua no concurso para a escolha de um monumento que celebraria o centenário da Independência do Brasil. Foi desclassificada sem maiores explicações. Inconformada, voltou à França por conta própria e colheu depoimentos favoráveis ao seu projeto, inclusive do próprio Rodin.

Pediu a revisão da decisão, mas foi novamente rejeitada. Mais: sua fama de “brigona” lhe valeu uma passagem só de ida para o ostracismo.

A maquete rejeitada de Julieta de França
Desafiados, os cânones da Academia brasileira nunca perdoaram a audácia de uma outsider que tentou se equiparar aos homens – e cuja própria história de vida ilustra bem o papel então reservado às mulheres, nas artes e, em virtualmente, qualquer outro setor da vida pública.

Georgina de Albuquerque

A paulista de Taubaté foi uma das primeiras mulheres a receberem o prêmio principal da Escola Nacional de Belas Artes pela sua pintura Sessão do Conselho de Estado.

Georgina provocou toda uma revolução na pictografia brasileira ao retratar um momento – provavelmente muito mais realista – do processo de independência do país que em nada recorda a triunfal caracterização de Pedro I com a espada às margens do riacho Ipiranga.

'Sessão do Conselho de Estado', de Georgina Albuquerque (1922)
Na cena, a mulher dele, a futura imperatriz Leopoldina, ocupa o centro da narrativa e ouve conselhos de ministros e parlamentares (todos homens, naturalmente).

O tema do quadro também é uma declaração de intenções em si. Apesar de aceitas, paulatinamente, nos círculos de criação, às mulheres se reservavam temas menos "nobres", como cenas domésticas, íntimas, além de naturezas mortas e paisagens.

Albuquerque desafia os padrões ao pintar um quadro político, hoje integrante do acervo do Museu Histórico Nacional, no Rio.

Abigail de Andrade

O pouco (quase nenhum) acesso das mulheres à vida pública na segunda metade do século XIX levou esta carioca a se especializar em autorretratos. Premiada no Salão Imperial de 1864, gozou de relativa fama e prestígio.

Mas cometeu o pecado máximo de uma mulher do seu tempo: envolveu-se com seu professor Angelo Agostini, então casado, e engravidou dele.

"Interior de Ateliê" de Abigail Andrade (1889). Coleção Hecilda e Sérgio Fadel, Rio de Janeiro
Proscrita na conservadoríssima sociedade brasileira do século XIX, precisou se refugiar com ele em Paris, onde criou, nos seus primeiros anos, a filha de ambos, Angelina Agostini, ela própria uma pintora reconhecida.'Estrada do Mundo Novo com Pão de Açúcar ao Fundo', de Abigail de Andrade (1888)

Andrade morreu em 1890, em Paris, e, ao longo das décadas seguintes, foi sendo pouco a pouco apagada dos registros artísticos brasileiros, até sua recente reabilitação. Poucas das suas obras sobreviveram até os nossos dias, e a maioria pertence a coleções privadas.

Clipping 3 artistas plásticas quase esquecidas que ajudaram a retratar a sociedade brasileira, por Alessandro Soler, 01/01/2021, Doméstika

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

História do voto feminino no Brasil em eBook gratuito


História do voto feminino no Brasil é contada em eBook gratuito

Livro da historiadora Teresa Cristina, professora do Departamento de História da Universidade de Brasília, pode ser baixado gratuitamente.

“O voto feminino no Brasil”, da historiadora Teresa Cristina de Novaes Marques, professora do Departamento de História da UnB, foi lançado em 2018 pela Edições Câmara, da Câmara dos Deputados, e chegou em 2019 a sua segunda edição. Com distribuição gratuita (clique aqui para fazer o download), o livro conta a história do sufrágio feminino no Brasil, uma história de muita luta e de contornos internacionais.
Este livro mostra os momentos em que o Legislativo brasileiro discutiu a admissão das mulheres na vida política do país. Destina-se ao jovem leitor que começa a interessar-se por política e pode servir de apoio pedagógico a professores responsáveis por ministrar conteúdos de história política, especialmente quanto às ideias e práticas relativas ao exercício do voto no Brasil”, afirma a autora na apresentação do livro, que traz ilustrações fantásticas da designer e ilustradora Fabrizia Posada.
Ao destacar personagens notáveis como Bertha Lutz, Celina Guimarães, Josefina Álvares de Azevedo, Júlia Barbosa, Leolinda Daltro e Nísia Floresta, importantes mulheres que imprimiram força e personalidade, marcaram época e inspiram gerações, a autora revisita os principais momentos em que as ideias de participação feminina na vida política foram debatidas pelo Poder Legislativo.

Abordando a questão da igualdade de gênero na política, um tema bastante atual, essa é uma obra sobre democracia e coragem civil que convida as mulheres a continuarem a lutar, resistir, elevar a voz e se fazer ouvir.

Se você utiliza o Kindle, da Amazon, também pode baixar o arquivo no formato compatível com o aplicativo ou dispositivo da empresa.

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Boudicca, a icônica rainha britânica que botou medo no Império Romano e inspirou feministas do século XX

Há 2000 anos, Boudicca liderou uma revolta e quase derrotou os poderosos romanos
 no que hoje é a Inglaterra.
 
Boudicca - também conhecida como Boadicea na forma latina - é uma figura icônica, mas controversa.

Vista por uns como uma das primeiras combatentes feministas pela liberdade e por outros como uma assassina brutal e sanguinária, ela tem sido uma presença constante na história da Europa.

Cerca de 2 mil anos atrás, essa aristocrata da Idade do Ferro liderou uma revolta e quase derrotou os poderosos exércitos romanos que invadiram sua terra natal, no que seria hoje East Anglia, no nordeste da Inglaterra.

Seja amada ou odiada, Boudicca tem um lugar na história como uma pioneira, com a capacidade de reunir um grande número de tropas de tribos diferentes com seu talento natural para comandar.

Então, que lições de liderança podem ser aprendidas com essa rainha guerreira?

1. Se vestir para a ocasião funciona

Vestida para impressionar - Boudicca sempre foi retratada como
uma guerreira destemida.
Todos sabem a importância de se vestir para a ocasião - mas Boudicca é uma das poucas que perceberam como isso faz diferença.

Ela é comumente descrita como uma mulher feroz e poderosa, dirigindo sua própria carruagem e brandindo uma lança, com seu cabelo selvagem voando ao vento.

Não temos como saber como a rainha realmente era, mas o historiador romano Cassius Dio - escrevendo décadas depois da morte dela - oferece esta descrição:
Na estatura, ela era muito alta, na aparência, aterrorizante, no relance de seu olhar, feroz. (...) Uma grande massa de cabelos negros caía sobre seus quadris, em volta do pescoço havia um grande colar de ouro e ela usava uma túnica de diversas cores, sobre a qual um grosso manto estava preso com um broche."
Há poucas dúvidas de que Boudicca tenha sido uma das primeiras a adotar o poder das roupas para passar uma mensagem - ela sabia como aproveitar esse recurso ao máximo, deixando uma impressão duradoura em seus inimigos.

2. Um nome forte pode te levar longe

Fiel a seu nome, que significa vitória, Boudicca foi bem-sucedida 
nas primeiras batalhas. 
O nome Boudicca é derivado da antiga palavra britônica "boud", que significa vitória.

Boudeg significa portador da vitória, e Boudega - a alternativa feminina -, quem traz a vitória.

Podemos seguramente presumir que esse não era o nome que a rainha guerreira recebeu ao nascer, mas sim um que ela adotou mais adiante.

O nome forte parece ter ajudado na mobilização de um exército.

3. Nunca subestime as habilidades de alguém

Boudicca é ainda lembrada na cidade inglesa St Albans, onde lutou contra os romanos. 
O marido de Boudicca, Prasutagus, era o governante da tribo Iceni de East Anglia. Ele foi tolerante com os romanos invasores e por isso foi autorizado a continuar governando seu povo.

Eles tomaram terras e, quando Boudicca se recusou a pagar grandes impostos, foi publicamente açoitada e forçada a assistir ao estupro de suas duas filhas, com ao redor de 12 anos na época.

Eles também subestimaram a ira de uma rainha desprezada: Boudicca decidiu revidar, reunindo tropas de sua própria tribo e de outras.

Os soldados reunidos derrotaram a Nona Legião Romana, destruindo a capital da Grã-Bretanha romana, Colchester, além das cidades de Londres e St Albans.

4. Treinamento efetivo é mais valioso do que uma grande força de trabalho
Mesmo após seguidas vitórias, Boudicca perdeu a derradeira batalha para os romanos
Após a queda de Londres e St Albans, o governador romano decidiu reunir suas tropas e confrontar o exército de Boudicca.

Embora ela parecesse ter uma vantagem numérica, os homens indisciplinados e mal equipados da rainha não eram páreo para a habilidade de tropas romanas, treinadas profissionalmente e bem armadas.

Mesmo com dez vezes mais soldados, como hoje se imagina, Boudicca foi derrotada pelo exército romano. Ela morreu logo após seu fracasso, depois de supostamente envenenar-se.

5. Destaque-se na multidão

Os romanos não estavam acostumados com mulheres desobedecendo ordens
O ataque liderado por Boudicca não foi o único contra a ocupação romana, mas sua rebelião se destaca na história em grande parte porque ela era mulher.

A arqueóloga britânica Jane Webster, da Universidade de Newcastle, diz que "mulheres líderes ofendiam as sensibilidades romanas".
Não era a ordem das coisas. É por isso que sabemos muito mais sobre essa rebelião do que sobre muitos outras contra Roma."
A professora Miranda Aldhouse-Green, também arqueóloga e autora britânica, acha que Boudicca "é uma figura icônica, porque ela foi uma das poucas mulheres a enfrentar o poder de Roma".

Na verdade, ela continua sendo a única mulher a ter liderado forças combinadas da Grã-Bretanha contra um exército de ocupação.

Os registros históricos que temos sobre Boudicca são escassos, faltam detalhes e os que existem são muitas vezes contraditórios, mas Webster diz que "ela permaneceu na literatura e persistiu como um bom exemplo de rebeldia porque era mulher".

6. É importante ter um modelo

O movimento sufragista se inspirou na rainha guerreira em sua luta pelo voto. 
Durante o século 16, as pessoas voltaram a se interessar por escritores clássicos, e o relato do historiador romano Tácito sobre a rebelião de Boudicca foi ressuscitado.

Outra mulher importante e poderosa no mundo de um homem foi a rainha britânica Elizabeth 1ª, que diz ter se inspirado bastante na história de Boudicca.

Muito mais tarde, os vitorianos reinventaram Boudicca como uma figurona do imperialismo britânico.

Talvez a rainha guerreira tenha sido mais apropriadamente reivindicada pelo movimento sufragista e pelas mulheres que lutam pelos direitos femininos.

Ela se tornou um modelo importante para uma geração que lutou contra o patriarcado e conquistou o voto para as mulheres.

O professor Richard Hingley, arqueólogo da Universidade Durham, no Reino Unido, explica que, por sabermos tão pouco sobre ela, Boudicca "é uma figura muito flexível e ambígua que pode representar muitas coisas diferentes para pessoas diferentes".

Clipping 6 lições de liderança da rainha guerreira que aterrorizou os romanos, 06/01/2021, BBC. Crédito Imagens: Getty Images

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Magalu é companhia brasileira com mais mulheres em seu conselho de administração

Apenas 7% dos conselhos de administração de 275 empresas com ações na bolsa de valores de
São Paulo, a B3, são presididos por mulheres – um deles é o do Magalu, com Luiza Helena Trajano
(Foto: Divulgação)
O Magalu é a companhia brasileira com a maior concentração de mulheres em seu conselho de administração, com três no board, o equivalente a 43% do total de sete assentos

De cada 100 vagas nos conselhos administrativos das principais empresas do Brasil, apenas 11,6 são ocupadas por mulheres, segundo levantamento realizado pela Teva Índices, em parceria com a corretora Easynvest, que destrinchou as posições de liderança em 275 empresas listadas na B3, a bolsa de valores de São Paulo, com capitalização mínima de R$ 300 milhões.

São só 214 mulheres para 1.846 assentos. Apenas 19,3% das empresas pesquisadas têm duas ou mais mulheres no conselho, e 48% são conduzidas por conselhos exclusivamente masculinos.

Quando se olha para os cargos mais elevados, a participação feminina é ainda menor: do total de conselheiros homens, 6% são CEOs, na comparação com 1% das mulheres. E apenas 7% dos conselhos são presididos por lideranças femininas.

No Magazine Luiza, a situação é diferente: 43% das vagas no conselho de administração são ocupadas por mulheres – são elas a empreendedora Luiza Helena Trajano, a consultora Betania Tanure e a administradora Ines Correa de Souza.

Apenas cinco empresas brasileiras, dentre as pesquisadas, têm três mulheres nesses cargos. Em termos percentuais, nenhuma supera os 43% do Magalu – a empresa segunda colocada tem 33% de participação feminina. 

Na média mundial, segundo um relatório global e anual realizado pela Mercer, as mulheres ocupam apenas 23% dos cargos de nível executivo, e 29% dos postos de nível sênior. Mas esse é um cenário em rápida transformação entre as empresas dos países desenvolvidos.

Ao valorizar as lideranças femininas, o Magalu segue uma tendência internacional – o banco Goldman Sachs, por exemplo, anunciou em janeiro que não vai mais realizar IPO (ou oferta pública inicial de ações) para empresas americanas e europeias que não tenham mulheres em seus conselhos. Coautora do estudo da Teva, a Easynvest vai recomendar a seus clientes que priorizem as ações das empresas que se destacaram por valorizar a diversidade no mais alto posto de gestão.

Do interior de São Paulo

Luiza Helena Trajano sustenta uma trajetória que comprova a capacidade das mulheres em construir empresas de grande porte e enorme sucesso. Nascida em Franca, no interior de São Paulo, Luiza começou a trabalhar como balconista na loja dos tios, chamada A Cristaleira. Tinha 12 anos e queria juntar dinheiro para comprar presentes de Natal para a família e os amigos.

A tia, Luiza Trajano Donato, realizou um concurso cultural numa rádio local para que os moradores da cidade escolhessem um novo nome para a loja. Foi assim que surgiu o Magazine Luiza. Depois da primeira experiência como balconista, a sobrinha manteve contato com a empresa, até que, aos 18 anos, tornou-se funcionária efetiva.

Luiza Helena formou-se em direito e em administração e percorreu diferentes setores da empresa. Tornou-se presidente da rede – atualmente, o CEO é seu filho, Frederico Trajano, enquanto ela preside o conselho de administração.

Além das atividades na companhia, Luiza preside o Grupo Mulheres do Brasil, um movimento suprapartidário fundado em 2012 para discutir e implementar medidas capazes de aumentar a participação feminina na sociedade. Ela conduz muitas das reuniões do grupo, que já conta com mais de 33 mil participantes.

E assim mantém o Magalu como uma empresa que lidera o incentivo à participação feminina nos mais altos postos de comando das maiores companhias do País.

Clipping Magalu: alma e gestão femininas, Marie Claire, 15/10/ 2020.

terça-feira, 26 de maio de 2020

Primeira-ministra da Nova Zelândia agita a Internet com suas medidas progressistas

Jacinda Stardust, ilustração criada por Todd Atticus em um café de Madri, deu a volta ao mundo: serigrafiada em camisetas, em cartazes e até impressa em jornais e capas de livros que analisam o fenômeno Jacinda.
As medidas progressistas da primeira-ministra agitam a Internet.
O que aconteceu para que já não sonhemos (tanto) com o modelo escandinavo?
Durante anos vivemos suspirando pela utopia escandinava e de outros países nórdicos. Queríamos ser mães na Finlândia. Sonhávamos com nossos filhos indo a creches a 300 reais por mês, tendo educação pública até o doutorado e com trabalhar no máximo oito horas por dia (mas de verdade). Que em Helsinque, se você perder a carteira e alguém a encontrar, a devolverá. Pois se eles tinham até uma palavra para a glória (pré-coronavírica) de ficar em casa, só de calcinha (kalsarikänni)! E uma sauna cada dois habitantes! Quem não gostaria de viver nesse país honrado que tinha encontrado a fórmula da felicidade? Mas o fato é que, há alguns meses, os progressistas utópicos deixaram de suspirar pela Finlândia. Agora esticam os olhinhos para Jacinda Ardern, novo ícone da utopia social. Todos sonham em se mudar para a Nova Zelândia. Para tomar a temperatura do assunto, basta dar uma olhada nas redes cada vez que Ardern propõe uma medida social:

“Amo você. O que tenho que fazer para morar aí?”, “Como fazemos para que você seja a presidenta de todo o planeta?”, “Como não te amar?”, “Quero uma presidenta como ela!”, “Jacinda fez de novo”, “Eu quero ir para a Nova Zelândia”, “Estou dentro”, “Nova Zelândia é tudo de bom” ou “Me levem pra láááá” são alguns dos entusiasmados comentários que acompanham os retuítes quando o EL PAÍS publicou no Twitter a última proposta de Ardern: estabelecer uma semana de trabalho de quatro dias para reativar a economia depois do impacto do coronavírus e assim poder impulsionar o turismo enquanto se ajuda os cidadãos a conciliarem a vida profissional com a pessoal.

Desde que virou primeira-ministra da Nova Zelândia aos 37 anos, em 2017, Jacinda Ardern, terceira mulher a chefiar o governo em seu país e a dirigente mais jovem desde 1856, tornou-se um ícone político pop da esquerda global. Especialmente entre os que transitam pela bolha da Internet progressista: são aqueles que aplaudiram seu gesto de calar os machistas quando lhe perguntaram por que não era mãe (já foi), ou os que a defenderam frente a uma campanha de desprestígio por parte da direita (#TurnAdern).

Seguindo o rastro de outra política pop, Alexandria Ocasio-Cortez, Ardern faz um uso estratégico das redes e não hesita em aparecer ao vivo no Instagram de moletom para conversar com seus seguidores sobre a crise do coronavírus. Também conta com ajuda externa: a conta do Facebook @NZLPMemes, supostamente sem origem política, aglutina uma comunidade de mais de 40.000 seguidores que curtem e viralizam memes positivos sobre as propostas de Jacinda. Todos a amam. A tal ponto que seu rosto estampa camisetas (que se esgotam). Uma busca no Google indicará 119.000 resultados para “Jacinda merchandise”. Existem bordados à venda por 35 euros (210 reais) que perguntam “WWJD”: What would Jacinda do? (“o que Jacinda faria?”), camisetas do “Team Jacinda” (“time Jacinda) a 42 euros (252 reais), máscaras repletas de mini-Jacindas a 9 euros (54 reais), ilustrações em que ela toma a forma da princesa Leia, da Mulher-Maravilha e até da personagem feminista Rosie the Riveter.

A iconografia feminista se alia, também, com a veneração pop: a ilustração de Jacinda Stardust, ressignificando a capa de Bowie concebida pela mãe da estilista Phoebe Philo para a capa do seu álbum Aladdin Sane, é uma das mais populares e reproduzidas. Foi inventada pelo artista Todd Atticus em um café de Madri em apenas duas horas, depois que o principal rival dela na campanha, Bill English, a tentou menosprezar em um debate televisivo dizendo:
Agora que a poeira de estrelas [stardust, nome também do personagem de Bowie] assentou, podemos ver a fragilidade das suas propostas”.
Como aconteceu com o “Nevertheless she persisted” (“Entretanto, insistiu”) contra Elizabeth Warren, a desqualificação se transformou em lema viral a favor dela. Três anos depois daquela frase, sua fama e a veneração por seu país não diminuíram em nada.

Primeira-ministra da Nova Zelândia comenta terremoto ao vivo na TV ...
Jacinda Ardern anunciou corte de 20% nos salários dos executivos públicos,
ministros e, naturalmente, dela mesma.
Por que a Internet quer se mudar para a Nova Zelândia?

O que tem um pequeno país do sudoeste do Pacífico com menos de cinco milhões de habitantes para que todos o idealizem atualmente? Uma líder carismática que aposta nas políticas sociais. Ardern se somou à lista de líderes mulheres que provaram uma eficaz gestão sanitária e social perante o coronavírus —aprovou uma lei que, sob o lema de “bata firme e bata rápido”, conseguiu achatar a curva da pandemia em apenas três semanas (com apenas 21 mortos até o momento). Embora sejam os programas, as pautas de ação e a ideologia que definam os resultados, e o gênero não seja critério exclusivo para a validade de uma política, Ardern provou que a Nova Zelândia é um país apetecível para viver.

Ardern abriu o caminho a uma política aglutinadora quando disse aquilo de “eles são nós” e soube administrar a crise decorrente de um ataque terrorista do supremacismo branco contra mesquitas, cobrindo-se com um hijab e abraçando os familiares das vítimas em um ato público:
Não foi fraqueza o que Jacinda Ardern mostrou: exibiu, pelo contrário, uma força incomum na classe política dirigente, reconhecendo a vulnerabilidade como o ponto de referência para pensar a política a partir de outro lugar”, escreveu Máriam Martínez-Bascuñán a propósito desse gesto.
Também disse que seu país estava “no lado certo da história” na luta contra a mudança climática quando aprovou a histórica lei do carbono zero e se comprometeu a eliminar as emissões de gases do efeito estufa até 2050, como exige o Acordo de Paris.

Seu governo de coalizão aprovou um dos pacotes sociais mais aplaudidos contra a epidemia da ansiedade e frente aos elevados índices de violência de gênero detectados ao chegar ao cargo (está entre as piores posições da OCDE). Investiu o equivalente a cerca de seis bilhões de reais ao todo, dos quais uma boa parte se destinará ao chamado “centro perdido”: os neozelandeses que sofrem ansiedade leve a moderada e transtornos depressivos, os que estão num ponto intermediário e não precisam de hospitalização, mas cujo mal-estar afeta significativamente sua qualidade de vida. Também anunciou que investirá outro bilhão de reais em políticas contra a violência contra mulheres, entre as quais se inclui uma rede de refúgios para mulheres que sofrem maus-tratos, assistência às cidadãs maoris e cursos educativos para advogados.

Por causa da crise do coronavírus, anunciou um corte de 20% nos salários dos executivos públicos, ministros e, naturalmente, dela mesma. E tornou a fazer história ao propor estabelecer uma semana trabalhista de quatro dias para reativar a economia depois do impacto do coronavírus. “Ouvi muita gente dizer que deveríamos ter uma semana de trabalho de quatro dias. É um acordo que deve ser feito entre empregador e empregado. Mas aprendemos muito durante a covid-19, a flexibilidade das pessoas que trabalham de casa e a produtividade que se pode tirar disso”, afirmou. Quem poderia assumir seu lugar? Enquanto isso, a Internet continuará sonhando em se mudar para a Nova Zelândia.

Clipping Jacinda Ardern torna a Nova Zelândia a nova utopia para onde todo mundo quer se mudar, Noelia Ramírez, 25/05/2020, El País.

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Patrícia Medici e Gabriela Cabral Rezende receberam o Whitley Awards, o “Oscar Verde” da conservação ambiental

prêmio cientistas brasileiras
Patrícia Medici e Gabriela Cabral Rezende dedicam a vida à fauna brasileira
 e receberam o Whitley Awards, o “Oscar Verde” mundial
Dois projetos idealizados por pesquisadoras brasileiras foram vencedores do maior prêmio de conservação ambiental do mundo, o "Fundo Whitley para a Natureza", chamado de “Oscar Verde”. Na manhã desta quarta-feira (29) Gabriela Rezende recebeu a notícia da vitória que a beneficia com cerca de R$ 260 mil (40 mil libras esterlinas) para auxiliar o financiamento de seus projetos envolvendo o mico-leão-preto.

Além das iniciativas inscritas, o Fundo ainda garante o principal prêmio da edição a um projeto que já tenha sido vencedor anteriormente e continue merecendo destaque na biodiversidade. Foi nesta categoria que consagrou Patrícia Medici com seu trabalho sobre a conservação de antas no Brasil, recebendo cerca de R$ 400 mil (60 libras esterlinas).

Gabriela Rezende preserva os micos-leões-pretos da Mata Atlântica
Gabriela Rezende estava entre os quinze finalistas do "Fundo Whitley para a Natureza", um dos mais prestigiados prêmios referentes à conservação no mundo, popularmente chamado de “Oscar Verde”. Premiado, o projeto trata da conexão dos fragmentos florestais da paisagem do Pontal do Paranapanema para garantir a reintrodução de micos-leões-pretos em áreas onde ainda não estão presentes.

Implantando o projeto, os corredores ecológicos estabelecerão uma área contínua de mais de 45.000 hectares de Mata Atlântica para micos-leões-pretos, aumentando a população na região e reduzindo a zero o risco de extinção das pequenas populações, já que estarão todas conectadas.
Além do reconhecimento e de toda a visibilidade que o prêmio trás, ele vem com um apoio financeiro que vai ajudar muito a dar os próximos passos para a conservação da espécie. Com esse recurso vamos focar nas atividades de manejo das populações, movimentar grupos de micos-leões-pretos para as áreas que estão sendo conectadas, justamente para garantir que eles ocupem essas áreas restauradas e que isso possibilite o crescimento da população”, explica.
O prêmio conferido usualmente é entregue em uma celebração oficial em Londres, dinâmica que foi modificada em função da pandemia do novo coronavírus. Quanto ao adiamento da cerimônia, Gabriela garante que a comemoração será ainda maior.
Vai ser muito emocionante viver tudo isso no dia da cerimônia, que foi postergada. Trazer notícias boas de conservação da biodiversidade em um momento tão complicado que o mundo está passando é muito especial”, completa.
Também faremos mais plantios de árvores e corredores para alcançar o nosso objetivo final de estabelecer essa grande área contínua e reconectar as populações de mico. Também não podemos deixar de lado as ações de educação ambiental e envolvimento comunitário, que são cruciais para garantirmos a sustentabilidade de tudo que a gente faz”, completa.
O prêmio conferido usualmente é entregue em uma celebração oficial em Londres, dinâmica que foi modificada em função da pandemia do novo coronavírus. Quanto ao adiamento da cerimônia, Gabriela garante que a comemoração será ainda maior.
Vai ser muito emocionante viver tudo isso no dia da cerimônia, que foi postergada. Trazer notícias boas de conservação da biodiversidade em um momento tão complicado que o mundo está passando é muito especial”, completa. 
Patrícia defende a causa da conservação da anta brasileira
Há 24 anos, a bióloga Patrícia Medici, cofundadora da ONG brasileira Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), começou a desvendar os mistérios que envolviam as antas na Mata Atlântica, mais especificamente no Parque Estadual Morro do Diabo (SP). Se a perda de habitat, a caça e o aumento da urbanização eram ameaças para esse mamífero, o projeto utilizou a tecnologia de GPS, armadilhas fotográficas, a restauração de corredores florestais e até a atividade de educação ambiental como ferramentas da conservação da espécie.
Eu comecei a pensar em expandir para diferentes partes do Brasil esse projeto. Além da Mata Atlântica, em áreas que sabíamos da ocorrência desse animal como o Pantanal, o Cerrado e a Amazônia”, explica Patrícia.
E foi com a ideia de expansão das ações para o Pantanal que o projeto conquistou seu primeiro prêmio no Fundo Whitley, em 2008.
Houve uma reação do tipo: ‘é um projeto sobre antas mesmo que ganhou um prêmio?’ (risos). Isso gerou na gente uma necessidade de falar mais com o público sobre o animal”, relembra a pesquisadora.
Ampliar os conhecimentos, produzir o maior banco de dados sobre o animal e estudar o atropelamento da espécie nas estradas foram conquistas que permitiram que o fundo mantivesse o suporte para os diferentes passos do projeto.
Recebemos auxílio para dar continuidade às ações no Cerrado e agora este prêmio para a Amazônia”, vibra Patrícia.
Em 7 anos, no Mato Grosso do Sul, monitoramos 35 rodovias e detectamos mais 600 carcaças de antas por atropelamentos que ocasionaram a morte de mais de 30 pessoas. É, de longe, o problema mais sério para conservação e um risco para o tráfego nessas rodovias”
O dinheiro recebido pelo prêmio, agora, será dividido entre a expansão do projeto para a Amazônia e um retorno ao local de nascimento da iniciativa para avaliar a população dez anos após a pesquisa original. O valor recebido deve também ajudar a conter ameaças, criar planos a favor das antas e reforçar estratégias que reduzam o atropelamento desses animais em estradas, como cercamentos, radares e passagens de fauna.

A equipe coordenada por Patrícia é composta por cinco pessoas fixas, um trainee de algum país que possua o animal para obter conhecimentos e treinamentos sobre ele e mais sete colaboradores de diversas áreas que analisam, por exemplo, a contaminação de antas por agrotóxicos.

O prêmio "Whitley Fund for Nature " foi fundado na Inglaterra e completa 27 anos em 2020. Nessa trajetória já beneficiou mais de 200 projetos em 80 países com um financiamento que supera 16 milhões de libras, um valor que se aproxima dos 90 milhões de reais. Desde a origem da iniciativa, sete brasileiros já foram premiados (Patrícia Medici, por exemplo, havia vencido em 2008).

O dinheiro para auxiliar os projetos provém de doações de grandes instituições e fundações que vão desde o WWF até a Fundação Leonardo DiCaprio, por exemplo. Também foram premiados na edição deste ano projetos do Quênia, Butão, Nigéria, Indonésia e África do Sul, que envolviam assuntos como chimpanzés, antílopes e anfíbios.

Clipping Conheça as brasileiras vencedoras do maior prêmio de conservação ambiental do mundo, por Gabriela Brumatti e Giulia Bucheroni, Terra da Gente, G1 Campinas, 29/04/2020

terça-feira, 12 de maio de 2020

Pneumologista brasileira se destaca ao usar com sucesso anticoagulante contra a Covid-19

Elnara Negri é destaque por uso de anticoagulante contra Covid-19 Foto: Divulgação
Pneumologista conseguiu alcançar alta taxa de recuperação de pacientes

Uma pneumologista brasileira ganhou destaque em uma das revistas científicas mais conceituadas do mundo, a Science, ao apresentar um artigo que teve ótimos resultados no combate à Covid-19.

O estudo em questão, conduzido pela doutora Elnara Negri, trata do uso do anticoagulante heparina, usado para reversão da trombose, em pacientes com o coronavírus. Ao redor do mundo, médicos de diversos países também têm comprovado a eficácia do método.

Elnara, que foi a primeira médica no Brasil a observar os bons resultados do medicamento, relatou que o maior problema de pacientes com casos graves de Covid-19 não está no pulmão propriamente, mas na coagulação da rede sanguínea do órgão.
A evasão em cascata de proteínas do sangue leva à coagulação, o que impede a oxigenação adequada – destaca a médica.
A pneumologista conta que percebeu o fato ao atender a primeira paciente com Covid-19, uma idosa com dificuldades para respirar e com problemas circulatórios em um dedo do pé.
 Ficou roxo, ao mesmo tempo em que houve uma queda abrupta na oxigenação – relatou.
Com base na conclusão, Elnara publicou um estudo preliminar, no dia 20 de abril, detalhando a experiência no Hospital Sírio Libanês, onde ela atua, em 27 pacientes com Covid-19. No tratamento, as pessoas com baixa oxigenação no sangue receberam heparina, com a dose sendo reforçada a cada vez que a coagulação aumentava.

Dos 27 pacientes atendidos por Elnara, um não recebeu acompanhamento porque foi transferido para outro hospital, dois mantiveram-se em estado grave, e 24 se recuperaram da infecção, incluindo quatro que tinham sido submetidos à ventilação mecânica. A taxa de recuperação é a mais alta já vista desde o início da pandemia, segundo a conceituada revista Science.

A médica destaca que nem todos os hospitais têm utilizado o medicamento “porque nem todos os colegas acreditam no tratamento”, mas ela ressalta que o momento atual é uma guerra e todos os avanços devem ser considerados para salvar vidas.
Eles querem tudo baseado em evidências com estudos randomizados. Acontece que nós estamos no meio da guerra, e por isso nesse caso, a nosso ver, a observação clínica associada aos dados de autópsia deve ser levada em consideração – finaliza.
Clipping Brasileira se destaca ao tratar Covid-19 com anticoagulante, por Paulo Moura, Pleno.News, 07/05/2020

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Governos chefiados por mulheres viram exemplo de combate à pandemia do coronavírus

Angela Merkel
Chanceler alemã, Angela Merkel, chega ao Parlamento Foto: AFP / Bernd von Jutrczenk 
As respostas dos países à crise do coronavírus têm sido variada e de resultados heterogêneos, mas as de maior sucesso têm em comum governos chefiados por mulheres. Em dois exemplos, Alemanha e Nova Zelândia, as estratégias foram diferentes, mas o êxito foi parecido, em comparação a outras grandes economias.

No primeiro caso, na Alemanha, o governo da chanceler Angela Merkel realizou um vasto número de testes, ofereceu milhares de leitos de UTI e equipou seu pessoal de saúde com as proteções necessárias para lidar com a pandemia. O país foi atingido duramente pelo vírus, mas com uma taxa de mortalidade baixa, cerca de 1,6%. Em comparação, na Itália, ela foi de 12%, na Espanha e no Reino Unido, de 10%.

A Nova Zelândia, liderada por Jacinda Ardern, também se destacou com apenas 9 mortes. Muito graças a sua geografia e tamanho: o país tem apenas 5 milhões de habitantes, menos do que a cidade de São Paulo. No entanto, a liderança de Ardern também contribuiu. Ela determinou testes em massa e tomou a rápida decisão de fechar fronteiras e ordenar o isolamento no início da pandemia.

O que é importante não é a questão de gênero do líder, mas a habilidade do país de eleger o melhor candidato, independentemente do sexo”, escreveu a colunista Emma Burnell do jornal Independent.

Jacinda Ardern
A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, carrega sua filha recém-nascida, Neve Te Aroha Ardern Gayford, ao lado de seu marido, Clarke Gayford, ao deixar o Hospital de Auckland. Foto: REUTERS/Ross Land - 24 de Junho de 2018
Uma das respostas mais rápidas à pandemia foi a da presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen. No dia 31 de dezembro, no mesmo dia em que soube do surgimento de um vírus em Wuhan, até então desconhecido, ela determinou que todos os passageiros retornando da cidade deveriam ser investigados. Somente alguns dias depois é que a Organização Mundial da Saúde (OMS), organismo do qual Taiwan não faz parte, viria a declarar que o vírus era transmissível entre humanos.

Em janeiro, dois meses antes de a OMS declarar a pandemia, Tsai apresentou 124 medidas para evitar que o vírus se espalhasse sem ter de recorrer ao isolamento total, que viria a ser adotado em vários países mais tarde. Hoje, Taiwan contabiliza um saldo de 393 casos e apenas 6 mortes.

A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, recebeu apoio depois de recusar os apelos do presidente da China, Xi Jinping Foto: Billy H.C. Kwok/The New York Times.
Na Finlândia, Sanna Marin, a chefe de Estado mais jovem do mundo, de 34 anos, comanda uma cruzada contra a pandemia usando as redes sociais e influenciadores digitais, que vem ajudando o país a manter números baixíssimos de infectados – apenas 3 mil. O sucesso da premiê finlandesa é tão grande que uma pesquisa recente indicou que seu desempenho durante a crise recebeu a aprovação de 85% dos eleitores.

A jovem Sanna Marin após a eleição que a definiu como primeira-ministra.
Foto: Vesa Moilanen/ Lehtikuva /Reuters
De acordo com reportagem da revista Forbes, a Islândia, sob a liderança da jovem primeira-ministra Katrín Jakobsdóttir, também é um caso à parte. Seu governo está oferecendo testes gratuitos para todos os cidadãos, com ou sem sintomas – o país já testou 10% da população. O país registrou 1,7 mil casos e apenas 8 mortos. O governo islandês instituiu também um sistema completo de rastreamento de casos, permitindo que não fosse necessário o isolamento ou fechamento de escolas.

Clipping Governos liderados por mulheres viram exemplo de combate à pandemia, Estadão, 15/04/2020




terça-feira, 14 de abril de 2020

Cientistas brasileiras foram pioneiras no sequenciamento do genoma do coronavírus

Ester Cerdeira Sabino (à esq.) e Jaqueline Goes de Jesus fazem parte da equipe que fez o sequenciamento do sequenciamento do genoma do novo coronavírus, que teve casos confirmados no Brasil em fevereiro (Foto: USP Imagens; Currículo Lattes)
Ester Cerdeira Sabino (à esq.) e Jaqueline Goes de Jesus fazem parte da equipe que fez o sequenciamento do genoma do novo coronavírus, que teve casos confirmados no Brasil a partir de fevereiro (Foto: USP Imagens; Currículo Lattes)

No início de março, duas brasileiras lideraram o trabalho que sequenciou o genoma do novo coronavírus em apenas dois dias, quando a média mundial vinha sendo de 15 dias.

Quem comandou a equipe foi Jaqueline Goes de Jesus, pós-doutoranda na Faculdade de Medicina da USP e bolsista da Fapesp. Jaqueline desenvolve pesquisas na área de arboviroses emergentes e integra um projeto itinerante de mapeamento genômico do vírus Zika no Brasil.

A coordenadora geral da “missão” é Ester Sabino, diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP e coordenadora do Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE), que é apoiado pela Fapesp e pelos britânicos Medical Research Council e Fundo Newton.

Os pesquisadores conseguiram um resultado tão rápido porque se prepararam. Eles sabiam que a doença poderia chegar ao Brasil e se prepararam para acelerar o processo de sequenciamento.

Segundo Ester Sabino, assim que o primeiro surto de COVID-19 foi confirmado na China, em janeiro, a equipe do projeto se mobilizou para obter os recursos necessários para sequenciar o vírus quando ele chegasse no Brasil.
Usamos essa metodologia para monitorar a evolução do vírus zika nas Américas, mas, nesse caso, só conseguimos traçar a origem do vírus e a rota de disseminação um ano após o término da epidemia. Desta vez, a equipe entrou em ação assim que o primeiro caso foi confirmado”, contou Ester.
O sequenciamento foi realizado com o primeiro caso identificado no país, de um paciente de 61 anos vindo da Itália para São Paulo. O resultado foi publicado e disponibilizado para pesquisadores do mundo inteiro e já foi possível descobrir que o vírus do brasileiro é semelhante ao de um genoma sequenciado do coronavírus na Alemanha.

Com esse sequenciamento, é possível desenvolver mais rapidamente vacinas e tratamentos mais eficientes. “Por meio desse projeto foi criado uma rede de pesquisadores dedicada a responder e analisar dados de epidemias em tempo real. A proposta é realmente ajudar os serviços de saúde e não apenas publicar as informações meses depois que o problema ocorreu”, disse Ester Sabino à Agência FAPESP.

Outros pesquisadores que participaram do sequenciamento do novo coronavírus

Ao lado dessas duas mulheres que fizeram história estão vários outros pesquisadores que elas fazem questão de lembrar, como Claudio Tavares Sacchi, responsável pelo Laboratório Estratégico do Instituto Adolfo Lutz, Dr. Nuno Faria, Dr. Oliver Pybus, Dra. Sarah Hill e o doutorando Darlan Candido, da Universidade de Oxford, Dr. Joshua Quick e Dr. Nicholas Loman, da Universidade de Birmingham, o mestre Filipe Romero, da UFRJ, a mestre Pâmela Andrade, as estudantes Mariana Cardoso e Camila Maia a bióloga Thais Coletti, a farmacêutica Erika Manuli e as biomédicas Ingra Morales e Flavia Sales. 

Clipping Cientistas brasileiras são as mais rápidas no mundo a sequenciar genoma do coronavírus, por Rafael Melo, Razões para Acreditar (via revista Galileu e Jornal da USP), 02/03/2020

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

"Todas as mulheres dos presidentes": livro conta a história das primeiras-damas brasileiras

A História das Primeiras-Damas do Brasil
Trajetória pouco conhecida, livro destaca a participação das primeiras-damas ao longo de 130 anos de República. Salvo exceções, elas foram ofuscadas por uma sociedade machista e conservadora

“Filha de um senador, fui esposa de um presidente e mãe de um ministro de Estado.” Trinta e oito anos depois de encerrado o mandato de Arthur Bernardes – na Primeira República, entre 1922 e 1926 –, assim se definiu sua esposa, Clélia Vaz de Melo (1876-1972), em entrevista concedida à revista Manchete em 1964. Natural de Viçosa, de tradicional família de políticos mineiros, Clélia, a mais longeva primeira-dama em 130 anos de República – morreu lúcida aos 96 anos – forjou a própria identidade na trajetória política dos homens de sua família, muitas vezes influenciando decisões à sombra. A história de Clélia, mulher dedicada ao lar e discreta, traduz o itinerário da maioria das primeiras-damas em 130 anos de República.

E se é inequívoco que os postos-chave da política no Brasil foram e continuam ocupados por homens – apenas uma mulher, Dilma Rousseff, foi eleita presidente da República –, é fato que a maior parte das primeiras-damas que orbitaram o poder durante o exercício do mandato de seus respectivos maridos fizeram vistas grossas aos casos extraconjugais e não cultivaram a carreira profissional.

Nesse sentido, a antropóloga, pesquisadora e pós-doutora Ruth Cardoso foi ponto fora da curva. Ser “do lar”, a “retaguarda” dos homens de poder, foi o padrão esperado, assim expresso por Scylla Gaffré Nogueira (1907-2003), mulher de Emílio Garrastazu Médici, presidente entre 1969 e 1974, auge do período da repressão da ditadura militar:
Sou e serei sempre o que fui: a esposa de meu marido, duas vezes mãe. Ao longo de minha vida, não me tem feito maior diferença a função que ele exerce, desde que permitido me seja estar ao seu lado. Minha valia é tão pouca, minha missão é tão fácil e tão suave. A mim, toca fazer-lhe a casa amiga e serena (…)”.
A história não contada das primeiras-damas brasileiras está registrada no óleo sobre tela de Gustavo Hastoy, que retrata, no Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro, o momento em que o marechal Deodoro da Fonseca, chefe do Governo Provisório, rodeado por 18 homens, assina em 20 de junho de 1890 o projeto da primeira Constituição da República do Brasil. “A mulher que inauguraria o cargo de primeira-dama no Brasil é a única figura de costas na pintura; impossível ver seu rosto.

A cena explicita uma contradição que vai se repetir ao longo dos 130 anos de República: o Brasil teve muitas primeiras-damas marcantes, mas suas histórias, quando não foram apagadas, são como Mariana Cecília de Sousa Meireles, esposa de Deodoro da Fonseca, na pintura de Hastoy: sem rosto, sem que se possa ao menos adivinhar seus sentimentos, mas presentes, mesmo que às sombras”, escrevem os jornalistas Ciça Guedes e Murilo Fiúza de Melo, autores do livro Todas as mulheres dos presidentes – A história pouco conhecida das primeiras-damas do Brasil desde o início da República (Editora Máquina de Livros).
Todas as primeiras-damas, até mesmo Ruth Cardoso, uma acadêmica reconhecida, cuja trajetória profissional se destaca como exceção entre a maioria das primeiras-damas que não cultivaram carreira profissional, tiveram vidas regidas por opção política do homem com o qual se casaram”, avalia Ciça Guedes.
“Com raras exceções, essas mulheres invisíveis passaram à história como citações nas biografias de homens fortes”, acrescentam.
“Sobre os presidentes da República há grande volume e variedade de biografias, perfis, ensaios e trabalhos. Mas sobre as primeiras-damas há pouca informação. Quisemos contar a história da República com esse viés feminino”, diz Murilo Fiúza de Melo, lembrando que para a historiografia nacional – narrada sobretudo por homens – elas são ignoradas, praticamente “não existem”.
A invisibilidade das primeiras-damas do Brasil fala muito da trajetória social da mulher, numa sociedade machista e conservadora, afirma Murilo Fiúza.
O espaço das mulheres tem sido conquistado com muito esforço”, afirma. Foi apenas no Código Civil de 2002 que as mulheres deixaram, pelo menos perante a lei, de ser subjugadas pelo homem, considerado o “chefe da sociedade conjugal”, e, inclusive, passaram a escolher se queriam ou não adotar o sobrenome do marido. 
Ambos lembram que no Código Civil de 1916 as mulheres precisavam da autorização do marido para exercer uma profissão, o que deixou de existir apenas em 1962, com o Estatuto da Mulher Casada. 

Já o direito à participação política por meio do voto chegou apenas no governo de Getúlio Vargas, em fevereiro de 1932, quando, por meio de decreto, um novo Código Eleitoral estendeu o direito de voto às mulheres.
Apesar dos avanços da luta pelos direitos das mulheres, a esposa do principal líder do país continua sendo coadjuvante – quanto mais bela, recatada e do lar for, mais feliz estará a nação”, destacam Ciça Guedes e Murilo Fiuza, que lembram, em contraponto, como, nos estertores da monarquia, a princesa Isabel deixou a sua marca na história, nas três oportunidades em que assumiu a regência: assinou a Lei do Ventre Livre (1871) e a Lei Áurea (1888).
Ciça Guedes e Murilo Fiúza fizeram a pesquisa bibliográfica de 34 primeiras-damas, inclusive de Risoleta Neves (1917-2003) – esposa de Tancredo Neves, que morreu em 1985, antes de assumir o primeiro governo civil após a ditadura militar –, e Antonieta Castelo Branco (1922-2010), filha do marechal Castelo Branco (1897-1967), que era viúvo, o primeiro presidente militar a assumir após o golpe de 1964. Os autores também consideraram a biografia de Ana Guilhermina de Oliveira Borges (1855-1891), que morreu antes de Rodrigues Alves (1848-1919) chegar à Presidência, cargo que exerceu entre 1902 e 1906. Ele foi eleito para um segundo mandato como presidente em 1º de março de 1918, mas contraiu a gripe espanhola e morreu.

Entre as 34 primeiras-damas abordadas no livro, oito foram mineiras, com especial destaque para a trajetória de Sarah Luísa Gomes de Sousa Lemos Kubitschek (1908-1996) e Risoleta Neves. Um dos presidentes mais marcantes da história brasileira, sob Juscelino Kubitschek (1902-1976) o Brasil viveu a arrancada desenvolvimentista, expressa no slogan “50 anos em 5”. Os autores destacam, sobre o político apelidado de Presidente Bossa Nova:
Por todos os ângulos em que se examina, parece que nunca fomos tão felizes como no governo de JK, um homem charmoso, descendente de ciganos, que adorava dançar e se divertir”. Classificando Sarah como uma “das mais importantes primeiras-damas” da República, ao lado de Darcy Vargas e Ruth Cardoso, os autores registram a forma como ela impulsionou a carreira política de Juscelino, abrindo-lhe as portas das “famílias poderosas de Minas”.
Mas demonstram que ela foi muito além do papel de coadjuvante, sendo citada pela Fundação Oswaldo Cruz como autora das primeiras iniciativas de prevenção e tratamento de câncer ginecológico no país.
A importância de suas obras assistenciais resistiu ao tempo, mas ela não é tão lembrada quanto outras primeiras-damas de destaque. Foi também vítima do massacre que a ditadura militar promoveu contra a imagem de Juscelino”, afirmam Ciça Guedes e Murilo Fiuza. Ao longo de sua carreira, Juscelino teve diversos casos amorosos.

Conhecida pela reserva e comedimento, Risoleta foi casada por 47 anos com Tancredo Neves (1910-1985), considerado articulador importante da transição democrática: costurou ampla aliança entre o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), oposicionista, e a Frente Liberal, dissidência do Partido Democrático Social (PDS), governista, para apoiar, a sua eleição no Colégio Eleitoral, em janeiro de 1985. Tancredo era considerado moderado, portanto, palatável pelo regime militar para consolidar a transição. Mas foi impedido de tomar posse em decorrência de uma cirurgia, morrendo antes de assumir a Presidência da República, vítima de sucessivos erros médicos.

Clipping Livro conta a história das primeiras-damas do Brasil, por Bertha Maakaroun, Estado de Minas, 09/02/2020

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Carpinteiras constroem minicasas para mulheres sem-teto em Seattle

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Minicasas construídas por carpinteiras para mulheres sem-teto em Seattle (EUA)
O texto abaixo é da Débora Spitzcovsky, do site The Greenest Post, falando sobre a iniciativa de carpinteiras da cidade de Seattle, nos EUA, de construir minicasas para mulheres sem-teto em 2018. Aqui, no Brasil, também tivemos iniciativa assemelhada quando arquitetas foram à periferia ensinar mulheres de baixa renda a construir suas próprias casas. Iniciativas como essas precisam ser conhecidas e multiplicadas também no Brasil que tem tanta gente em situação de rua.
💗


"Sabe aquelas iniciativas que só de saber a respeito já dá um quentinho no coração? Ser mulher em um mundo onde uma série de vieses machistas imperam a todo momento não é nada fácil para nenhuma de nós. E, quanto mais vulneráveis estamos, pior fica. Dá para imaginar o quão difícil é para uma mulher viver na rua?

Tendo essa consciência, um grupo de carpinteiras, o Women4Women, se voluntariou para construir uma vila de casas minimalistas em Seattle, nos EUA, para que mulheres sem-teto da cidade pudessem morar e, assim, deixar a situação de rua para trás.

Ao todo, foram construídas 15 moradias de 30 m² que, juntas, formam a comunidade Whittier Heights Village. O lugar, que a partir de agora será administrado pelo Instituto de Habitação de Baixa Renda de Seattle, ainda conta com uma área comum, que possui cozinha, banheiros e lavanderia.
Resultado de imagem para Whittier Heights Village."
Minicasas construídas por carpinteiras para mulheres sem-teto em Seattle (EUA)
As novas moradoras já estão ocupando as casas, felizes da vida! Mas talvez o mais incrível dessa história é o fato de que, por meio de seu trabalho voluntário, as carpinteiras do Women4Women conseguiram ajudar a outras mulheres e a si mesmas.

Isso porque o grupo foi criado com o intuito de divulgar a competência das mulheres para realizar trabalhos braçais na construção civil. Alice Lockridge, fundadora do movimento, ao lado de todas as outras integrantes do coletivo, luta há anos pela causa, decidida a tornar esta uma carreira viável para as mulheres. Atualmente, nos EUA, apenas 10% das 10,3 milhões de vagas de emprego na construção civil são ocupadas por pessoas do sexo feminino – que ainda têm que provar a todo tempo sua competência.

Para divulgar a causa, além de ir às escolas fazer palestras de sensibilização, o grupo atua como voluntário na construção e reparação de casas para pessoas que precisam, mostrando sua competência. Esta foi a primeira vez que se envolveram com a população de rua e a repercussão foi pra lá de grande, exatamente por se tratar de mulheres beneficiando a outras mulheres.

Alguém ainda duvida de que juntas somos muito mais fortes? ♥

Clipping De mulheres para mulheres! Grupo de carpinteiras constrói vila de casas minimalistas para mulheres sem-teto morarem, por Débora Spitzcovsky, The Greenest Post  

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