8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Arte Hiper-realista: quase humanos!


O hiper-realismo sempre teve seu lugar ao sol das artes visuais, mas às vezes fica meio sem destaque. Recentemente, contudo, tem voltado com força sobretudo por meio das incríveis esculturas de artistas, entre outros, como o canadense Jamie Salmon e a japonesa Jackie Seo. Feitas em geral de silicone, acrílico, fibra de vidro e cabelo, as esculturas parecem realmente vivas. Vejam algumas amostras abaixo e chequem aqui a galeria dos artistas para ver outras imagens. As três primeiras imagens são de Jamie Salmon e as quatro últimas de Jackie Seo.





Reeditado do original de 21/08/2011

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Billie Holiday canta "I'll be seeing you"


Cresci ouvindo Billie Holiday, com sua voz única, mas levei muito tempo até ver uma imagem dela, o que se deu em um especial se não me engano da TV Cultura. Fiquei impressionada com sua beleza e sobretudo sensualidade.

Outro dia ouvindo a lindíssima I'll be seeing you numa voz masculina, busquei a música na Web e a encontrei na voz de Billie. Primeiro segue a letra, depois o vídeo. E ao final o link para o web site official da diva. A música é de 1938, e a gravação de Billie de 1944. 

I'll be seeing you
Sammy Fain / Irving Kahal

I'll be seeing you
In all the old familiar places
That this heart of mine embraces
All day and through
In that small cafe
The park across the way
The children carrousel
The chestnut trees
The wishing well

I'll be seeing you
In every lovely summer's day
In everything that's light and gay
I'll always think of you that way

I'll find you in the morning sun
And when the night is new
I'll be looking at the moon
But I'll be seeing you

I'll be seeing you
In every lovely summer's day
In everything that's light and gay
I'll always think of you that way

I'll find you in the morning sun
And when the night is new
I'll be looking at the moon
But I'll be seeing you

Sometimes Billie sung the next verse
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Cathedral bells were tolling
As our love sang on.
Was it the spell of Paris,
or just the April dawn?
Who knows if we will meet again,
Love with morning chiming sweet again




Billie Holiday - The official web site

Reedição do original de 21/06/08. 

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Tanto nos EUA quanto no Brasil, fundamental lutar pelo Estado Laico


Desde a Carta sobre a Tolerância, aparecida em Londres em 1689, ano da Revolução Gloriosa, de autoria do filósofo inglês John Locke, que se prega a necessária separação dos assuntos do Estado daqueles da Igreja. Dizia o filósofo que enquanto os interesses de um se misturassem com os do outro não haveria progresso em direção à tolerância. Daí a necessidade de uma separação radical entre a política (então, a encargo do rei) e a religião (sob auspício do clero). “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, como teria dito o próprio Cristo.

No Brasil, formalmente ao menos, a separação do Estado e da Igreja vem desde a Constituição de 1891, estando essa separação consagrada no art. 19 da Constituição Federal de 1988. 

Entretanto, apesar desses avanços, como a religião e o estado mantiveram concubinato por tantos milênios da história humana, até hoje religiosos sonham em recriar os antigos laços. Afinal, o hábito faz o monge. Sem falar dos povos que ainda são governados por governos teocráticos, como nos países islâmicos. 

Daí que estamos novamente às voltas com ameaças ao estado laico (o estado não religioso) tanto em nosso país como no mundo. Fundamentalistas cristãos já se tornaram um flagelo tão grande na África quanto o vírus da AIDS e do Ebola. Nos EUA, como se vê pode ler no artigo abaixo, a "influência dos conservadores religiosos ultrapassou os rituais e passou a afetar uma série de aspectos da vida pública americana."

No Brasil, pastores deputados já estão há um tempo em circulação, e chegamos ao ponto de ter dois candidatos à presidência evangélicos, uma com chances de ganhar o pleito. Aliás, exatamente devido à sua formação evangélica, Marina Silva já alterou seu programa de governo de modo a não apoiar objetivamente nenhuma demanda da população LGBT.

Torna-se imprescindível portanto que os secularistas se organizem, a exemplo da American Humanist Association (AHA) americana, para entoar um versinho da época da Revolução Francesa que dizia:

“Apaguemos o vestígio
Do jugo supersticioso
A razão lhe toma o prestígio
A razão é bem precioso”.

(VOVELLE, Michel. A Revolução Francesa Contra a Igreja. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1989, p.53.)

É descabido que, em pleno século XXI, haja gente querendo determinar a vida da sociedade com base em livros de mitologia. Quem quiser seguir suas crenças ou crendices que as siga, mas não as queira impor ao conjunto da sociedade, sobretudo usando o Estado para tal. Repetindo as palavras de Locke, enquanto os interesses da religião se misturarem com os do Estado não haverá progresso em direção à tolerância. Não haverá, portanto, uma sociedade mais democrática e feliz.

Ateus dos EUA se organizam para influenciar política

Em contraposição à crescente direita religiosa, céticos tentam promover candidaturas com uma visão de Estado mais secular

WASHINGTON - Com o avanço da direita religiosa nos EUA, os descrentes decidiram sair do armário e se organizar para influenciar políticas públicas, principalmente nas áreas de educação, saúde e mudanças climáticas. Depois de estabelecer um grupo de lobby em Washington, os céticos de todo o gênero criaram um comitê para financiar candidatos às eleições legislativas de novembro comprometidos com uma visão secular de governo.

Nenhum integrante do Congresso americano é abertamente ateu, em um reflexo do rechaço a essa opção em um país no qual referências religiosas frequentam as manifestações políticas. O presidente dos EUA termina seus discursos solenes com “Deus salve a América” e todas as sessões do Senado e da Câmara são abertas por capelães oficiais, que juntos ganham salários anuais de US$ 345 mil, pagos com dinheiro público.

Na última década e meia, a influência dos conservadores religiosos ultrapassou os rituais e passou a afetar uma série de aspectos da vida pública americana. Em muitas escolas, a Teoria da Evolução começou a ser ofuscada pelo ensino do criacionismo, que apresenta a visão bíblica da origem do mundo. 

As restrições ao aborto aumentaram e o rechaço ao custeio de certos métodos anticoncepcionais por motivos religiosas foi chancelado pela Suprema Corte, que também considerou constitucional a realização de orações em encontros da comunidade para discutir políticas públicas. 

Sair do armário não é só uma figura de linguagem. Os militantes da não religião seguem os passos dos gays e dos ativistas que defendem direitos civis para ampliar a visibilidade. “Ao não sermos notados, ajudamos a criar uma atmosfera na qual todo o mundo nos EUA parece ser cristão. Os secularistas devem ser visíveis e participar do debate público, para que os deputados e senadores tenham de considerar o que seus eleitores ateus e agnósticos pensam, o que reduz o poder da direita religiosa”, disse o advogado David Niose, diretor da American Humanist Association (AHA), uma das principais entidades seculares dos EUA. 

Criada em 1941, a organização ganhou visibilidade na última década, em parte como resposta ao crescimento do fundamentalismo cristão. O número de associados que contribuem financeiramente para a entidade se multiplicou por seis, para 29 mil. Outros 300 mil são seguidoras da AHA no Facebook.
Um dos nossos objetivos é nos livrar do estereótipo negativo e criar uma atmosfera na qual as pessoas podem ser abertas em relação a suas crenças e saber que terão apoio de organizações como a nossa”, observou Bishop McNeill, coordenador do Freethought Equality Fund, um comitê que arrecadou US$ 25 mil em doações individuais de aproximadamente 500 pessoas. O grupo declarou apoio a 15 candidatos, nem todos ateus. Entre eles, há religiosos que professam uma agenda secular, na qual está a separação entre Estado e Igreja.
Apesar de minoritários, os secularistas são a fatia demográfica que cresce mais rapidamente nos EUA. Sua participação subiu de 15,3% da população, em 2007, para 19,6%, em 2012. A maior parte desse contingente diz não ter nenhuma convicção particular e não se identifica com os rótulos de “ateu” ou “agnóstico”. 

O que os une é a não filiação a uma religião, o que levou o Pew Research Center a batizá-los de “nenhuns”. Entre os jovens de 18 a 29 anos, o porcentual de “nenhuns” é de 32%, mais que o dobro dos 15% registrados entre pessoas de 50 a 64 anos. Na faixa de 30 a 49 anos, o índice é de 21%. “A maioria das pessoas da próxima geração não terá filiação religiosa”, aposta Don Wharton, ativista ateu de Washington. Segundo ele, o rótulo “humanista secular” tende a encontrar menos resistência que “ateu”. “Os ateus ainda são demonizados e vítimas de intolerância. Temos de mostrar que temos tantas preocupações éticas quanto os humanistas.”

Fonte: O Estado de São Paulo, por Claudia Trevisan, 31/08/2014

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Aumentar a participação popular através do voto distrital com recall

Fernando Lara Mesquista: voto distrital com recall, ou "retomada" permite eleitor cassar o mandato do representante que não honrar sua representação
Estes últimos tristes anos de quase hegemonia petista e esquerdista anacrônica serviram ao menos para que eu passasse a respeitar mais a democracia representativa, apesar de suas limitações. Quando ela se enfraquece, ou não se estabelece como devido, invariavelmente o que advem é a barbárie autoritária de algum tipo. Por isso, vejo com muita desconfiança essa conversa de democracia direta e popular que rola em nosso país atualmente.

No Brasil, precisamos é estabelecer a democracia de fato e não sonhar com democracias diretas, um mero eufemismo para que integrantes de movimentos sociais, dizendo-se representantes de quem não os elegeu nem sequer os conhece, passem a decidir os rumos do país a partir de conselhos populares. Qual sua escolha entre poder ao menos conhecer um fulano ou uma fulana e decidir se o/a elege seu representante ou não e ser "representada(o)" por gente que nunca viu mais gorda ou mais magra nem sabe que trem apita?

O que precisamos de fato, como bem diz Fernando Lara Mesquista, no artigo abaixo é fortalecer a democracia representativa e ampliar o poder dos eleitores por meio do voto distrital. Como diz o autor:
Essa solução, que pressupõe o restabelecimento do federalismo e da independência entre os três Poderes da República, que nós já tivemos e nos foram suprimidos, é o voto distrital com recall, ou "retomada", que arma a mão do eleitor para cassar, a qualquer momento, o mandato do representante que não honrar sua representação sem provocar nenhuma perturbação maior no bom andamento dos negócios públicos, o que põe todos os eleitores participando de forma transparente e inverte radicalmente a hierarquia das relações entre cidadãos e servidores públicos.

Nesse modelo, cada candidato só pode concorrer por um distrito definido e qualquer eleitor desse colégio eleitoral pode iniciar uma petição pela "retomada" do mandato condicionalmente concedido ao seu representante, a qual, se aprovada por seus pares numa votação circunscrita, o manda de volta para casa ou o deixa à disposição do Judiciário já como cidadão comum.
Isso põe os políticos na dependência da nossa boa vontade, e não o contrário, como é hoje, o que de saída os obriga a jogar a nosso favor, introduz a meritocracia no serviço público e abre as portas para todas as demais reformas que nos parecerem necessárias. Estas, então, poderão ser empurradas pela formidável arma da remoção expressa de todos os que se lhes opuserem.

Isso opera milagres! O resto é tapeação.
Um modelo honesto de participação popular

Há uma perigosa conversa de surdos no Brasil em torno dos conceitos de "democracia direta" e "governo de participação popular". A rejeição generalizada ao que a imprensa chama de "política tradicional" não significa a rejeição da democracia tradicional. É exatamente o contrário, pois nenhum dos elementos que definem esse regime está presente na ordem institucional brasileira: não somos iguais perante a lei, não elegemos nossos representantes na base de "um homem, um voto" nem vivemos numa meritocracia.
Enquanto o País não tomar consciência de que a droga institucional em que está viciado o define como um doente grave de insuficiência democrática, e não o contrário, não se disporá a curar-se. Continuará, a cada crise, aceitando doses crescentes dos venenos populistas que ingere no lugar do remédio democrático até que a overdose de migalhas de "direitos adquiridos" sem fazer força acabe por matar definitivamente a moral e a economia nacionais.
Até agora só o PT mostrou que sabe para que quer sua fórmula de "participação social", sintomaticamente decidida sem a participação de ninguém, que faz do Congresso Nacional eleito por todos os brasileiros uma espécie de "rainha da Inglaterra" submetida a Organizações Não Governamentais Organizadas pelo Governo na sequência da "cristianização" do Judiciário que se seguiu ao julgamento do mensalão.
É historicamente justificável, aliás, que só quem se alinhe no campo antidemocrático tenha know-how sólido sobre o que fazer na disputa pelo poder no Brasil, posto que democracia, ao contrário das bugigangas institucionais vendidas por nossos camelôs da política, requer, sim, muita prática e habilidade e nós, lusófonos, não temos nenhuma.
O PT não só é versado na práxis autoritária que dividimos com os outros povos latinos e católicos, como é ultraespecializado na vertente francamente antidemocrática dessa tradição representada pelo corporativismo ibérico, o expediente que mais refinou a prática de usar as expressões e as ferramentas da democracia para impedir sua entrada no território nacional e matar qualquer semente dela que, por acidente, chegue a germinar no solo pátrio.
As demais correntes políticas brasileiras - e tanto mais quanto mais sinceramente apegadas forem aos dogmas da tolerância e do respeito à diferença e, consequentemente, da liberdade de pensamento e expressão - tateiam no escuro da nossa completa ausência de experiência prática no assunto, agravada por nosso isolamento linguístico, na sua busca pelo aperfeiçoamento da nossa democracia, penumbra que a imprensa não tem ajudado a iluminar em razão da regra que se impõe de só mostrar das democracias mais avançadas o que produzem de pior.
Marina Silva não sabe qual tipo de "participação popular" deseja nem exatamente para quê, podendo facilmente tornar-se vítima de enganos fatais como aquele em que quase embarcou comprando por lebre o gato que Dilma vende no Decreto 8.243. Alertada, recuou e desde então trata de produzir o seu modelo de "participação" para não se mostrar surda à demanda posta por 76% do eleitorado, o que nos põe sob risco iminente.
Já Aécio, o único que não hesita na afirmação de sua fé antiautoritária, sabe que é gato a lebre de Dilma, mas não sabe apontar com precisão o que é que define essa falsificação. Na dúvida, abraça a metade inócua da solução certa com sua proposta de voto distrital "misto", apodo que lhe tira o componente mais forte de participação popular, e com isso perde não só a oportunidade de propor uma solução democrática consagrada capaz de revolucionar a política brasileira, como também a de acrescentar ao seu discurso a contundência reformista que lhe falta.
O primeiro pingo a ser reposto nos "is" para retomar essa questão em melhores termos é estabelecer definitivamente que, ao contrário do que sugere o blá-blá-blá geral, só a democracia "tradicional", que tem obrigatoriamente de ser representativa no contexto de multidões em que vivemos, garante a real participação da sociedade na definição do seu próprio destino político, desde que legitimada pelo sufrágio universal.
O segundo é lembrar que garantir o controle do representante pelo representado sempre foi o calcanhar de Aquiles do regime, tendo posto a perder suas duas primeiras tentativas de caminhar pela Terra - em Atenas e em Roma -, mas na terceira, iniciada na Inglaterra e consolidada em seu prolongamento americano, conseguiu-se, após uma série de tropeços, uma solução boa o bastante para reduzir a corrupção a ponto de extinguir a miséria e dar flexibilidade ao sistema de modo a produzir a mais próspera e progressista das sociedades que nossa espécie jamais reuniu.
Essa solução, que pressupõe o restabelecimento do federalismo e da independência entre os três Poderes da República, que nós já tivemos e nos foram suprimidos, é o voto distrital com recall, ou "retomada", que arma a mão do eleitor para cassar, a qualquer momento, o mandato do representante que não honrar sua representação sem provocar nenhuma perturbação maior no bom andamento dos negócios públicos, o que põe todos os eleitores participando de forma transparente e inverte radicalmente a hierarquia das relações entre cidadãos e servidores públicos.
Nesse modelo, cada candidato só pode concorrer por um distrito definido e qualquer eleitor desse colégio eleitoral pode iniciar uma petição pela "retomada" do mandato condicionalmente concedido ao seu representante, a qual, se aprovada por seus pares numa votação circunscrita, o manda de volta para casa ou o deixa à disposição do Judiciário já como cidadão comum.
Isso põe os políticos na dependência da nossa boa vontade, e não o contrário, como é hoje, o que de saída os obriga a jogar a nosso favor, introduz a meritocracia no serviço público e abre as portas para todas as demais reformas que nos parecerem necessárias. Estas, então, poderão ser empurradas pela formidável arma da remoção expressa de todos os que se lhes opuserem.
Isso opera milagres! O resto é tapeação.
* Jornalista, dá mais informações sobre o voto distrital com recall em www.vespeiro.com

Fonte: O Estado de São Paulo, 30/08/2014

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