8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

A Queda do Brasil: diálogo racional com o populismo de esquerda é uma impossibilidade



Destaque:

O problema dos salvadores do povo é que não percebem outra realidade exceto a de permanência no poder. Quanto pior a situação, mais se sentem necessários. Os irmãos Castro acham que salvaram Cuba e levaram a um patamar superior ao da Costa Rica, por exemplo. O chavismo levou a Venezuela a um colapso econômico, marcado pelas filas para produtos de primeira necessidade, montanhas de bolívares para comprar um punhado de dólares. Ainda assim, seus simpatizantes dizem, mesmo no Brasil, que a Venezuela está muito melhor do que se estivesse em mãos de liberais.
O colapso, a ruína, a decadência, nada disso importa aos populistas de esquerda. Apenas ressaltam suas boas intenções e a maldade dos críticos burgueses, da grande mídia, enfim, de qualquer desses espaços onde acham que o diabo mora. O Lula tornou-se o símbolo desse pensamento. Na semana em que se suspeita de tudo dele, do tríplex à compra de caças, do petrolão às emendas vendidas, chegou à conclusão de que não existe alma viva mais honesta do que ele.
Do ‘Aedes aegypti’à tsé-tsé

Fernando Gabeira*

A crise brasileira é um fato internacional. Dentro dos nossos limites, estamos puxando a economia mundial para baixo. Nossa queda não impacta tanto quanto a simples desaceleração chinesa. Mas com alguma coisa contribuímos: menos 1% no crescimento global.

Na crise da indústria do petróleo, com os baixos preços do momento, o Brasil aparece com destaque. Cerca de 30% dos projetos do setor cancelados no mundo foram registrados aqui, com o encolhimento da Petrobrás. Dizem que os brasileiros eram olhados com um ar de condolências nos corredores da reunião de Davos. Somos os perdedores da vez.

Diante desse quadro, Dilma diz-se estarrecida com as previsões negativas do FMI. Quase todo mundo está prevendo uma crise de longa duração e queda no PIB. Centenas de artigos, discursos e relatórios fortalecem essa previsão. Dilma, se estivesse informada, ficaria estarrecida por o FMI ter levado tanto tempo para chegar a essa conclusão. Ela promete que o Brasil volta a crescer nos próximos meses. No mesmo tom, Lula declarou aos blogueiros amestrados que não existe alma viva mais honesta do que ele. Não é recomendável entrar nessas discussões estúpidas. Não estou seguro nem se o Lula é realmente uma alma viva.

A troca de Levy por Barbosa está sendo vista como uma luta entre keynesianos e neoliberais. Pelo que aprendi de Keynes, na biografia escrita por Robert Skidelsky, é forçar um pouco a barra acreditar que sua doutrina é aplicável da forma que querem no Brasil de hoje. É um Keynes de ocasião, destinado principalmente a produzir algum movimento vital na economia, num ano em que o País realiza eleições municipais. É o voo da galinha, ainda que curtíssimo e desengonçado como o do tuiuiú.

O Brasil precisa de uma década de investimentos vigorosos, para reparar e modernizar sua infra. Hoje, proporcionalmente, gastamos nisso a metade do que os peruanos gastam.

O governo não tem fôlego para realizar essa tarefa. Isso não significa que não haja dinheiro no Brasil ou no mundo. Mas são poucos os que se arriscam a investir aqui. Não há credibilidade. O populismo de esquerda não é uma força qualquer, ele penetra no inconsciente de seus atores com a certeza de que estão melhorando a vida dos pobres. E garante uma couraça contra as críticas dos que “não querem ver pobre viajando de avião”.

Em 2016 largamos na lanterna do crescimento global. Dilma está estarrecida com isso e a mais honesta alma do Brasil diz “sai um lorde Keynes aí” como se comprasse cigarros num botequim de São Bernardo do Campo.

Aos poucos, o Brasil vai se dando conta da gravidade da epidemia causada peloAedes aegypti. Gente com zika foi encontrada nos EUA depois de viajar para cá. As TVs de lá martelam advertências às grávidas. Na Itália quatro casos de contaminação foram diagnosticados em viajantes que passaram pelo Brasil. O ministro da Saúde oscila entre a depressão e o entusiasmo. Ora exagera o potencial das campanhas preventivas, ora reconhece de forma fatalista que o Brasil está perdendo feio a guerra para o mosquito. Com nossa estrutura urbana, é quase impossível acabar com o mosquito. Mas há o que fazer.

Não se viu Dilma estarrecida diante da epidemia. Nem a mais honesta alma do Brasil articulando algo nessa direção. Solução que depende do tempo, a vacina ainda é uma palavra mágica.

No entanto, estamos nas vésperas da Olimpíada. Os líderes que a trouxeram para o Brasil, nos tempos de euforia, quase não tocam no assunto; não se sentam para avaliar como nos degradamos e como isso já é percebido com clareza lá fora.

A Economist publica uma capa com Dilma olhando para baixo e o título: A queda do Brasil. Na economia, área em que as coisas andam mais rápidas, não há mais dúvidas sobre o fracasso.

A segunda maior cidade do Rio, Estado onde se darão os Jogos, simplesmente quebrou. Campos entrou em estado de emergência econômica, agora que os royalties do petróleo parecem uma ilusão de carnaval.

O problema dos salvadores do povo é que não percebem outra realidade exceto a de permanência no poder. Quanto pior a situação, mais se sentem necessários. Os irmãos Castro acham que salvaram Cuba e levaram a um patamar superior ao da Costa Rica, por exemplo. O chavismo levou a Venezuela a um colapso econômico, marcado pelas filas para produtos de primeira necessidade, montanhas de bolívares para comprar um punhado de dólares. Ainda assim, seus simpatizantes dizem, mesmo no Brasil, que a Venezuela está muito melhor do que se estivesse em mãos de liberais.

O colapso, a ruína, a decadência, nada disso importa aos populistas de esquerda. Apenas ressaltam suas boas intenções e a maldade dos críticos burgueses, da grande mídia, enfim, de qualquer desses espaços onde acham que o diabo mora. O Lula tornou-se o símbolo desse pensamento. Na semana em que se suspeita de tudo dele, do tríplex à compra de caças, do petrolão às emendas vendidas, chegou à conclusão de que não existe alma viva mais honesta do que ele.

Aqueles que acreditam num diálogo racional com o populismo de esquerda deveriam repensar seu propósito. Negar a discussão racional pode ser um sintoma de intolerância. Existe uma linha clara entre ser tolerante e gostar de perder tempo. O mesmo mecanismo que leva Lula a se proclamar santo é o que move a engrenagem política ideológica do PT. Quando a maré internacional permitiu o voo da galinha, eles se achavam mestres do crescimento. Hoje, com a maré baixa, consideram-se os mártires da intolerância conservadora. Simplesmente não adianta discutir. No script deles, serão sempre os mocinhos, nem que tenham de atacar a própria Operação Lava Jato.

Considerando que Cuba é uma ditadura e a Venezuela chega muito perto disso com sua política repressiva, como explicar a aberração brasileira?

Certamente algum mosquito nos mordeu para suportarmos mentiras que nos fazem parecer otários. Não foi o Aedes aegypti. A tsé-tsé, quem sabe?

Fonte: O Estado de São Paulo, 29/01/2016

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

São Paulo, amada, feliz aniversário!

91 mil ruas e avenidas, 15 mil bares, 12,5 mil restaurantes, 410 hotéis, 110 museus, 260 salas de cinema, 88 bibliotecas, 78 parques e 600 espetáculos teatrais por ano. Minha amada superlativa, cosmopolita, empreendedora, libertária, sem você o meu dono é a solidão.

Quem é seu dono? Ninguém, São Paulo. Desperta, desperta. Deixe de ser Atlas e vire nação!

Da banda 365, São Paulo, uma homenagem em música e letra nos seus 470 anos!

Tem dias que eu digo "não" /Inverno no meu coração/Meu mundo está em tua mão/Frio e garoa na escuridão...
Sem São Paulo/O meu dono é a solidão/Diga "sim"/Que eu digo "não"...(2x)
Tem dias que eu digo "não"/Inverno no meu coração/Meu mundo está em tua mão/Frio e garoa na escuridão...
Sem São Paulo/Oh! Oh! Oh!/O meu dono é a solidão/Diga "sim"/Que eu digo "não"(2x)
Quem é seu dono?/Ninguém, São Paulo/Quem é seu dono?/Ninguém, São Paulo...
Tem dias que eu digo "não"/Inverno no meu coração/Meu mundo está em tua mão/Frio e garoa na escuridão...
Sem São Paulo/O meu dono é a solidão/Diga "sim"/Que eu digo "não"(2x)
Desperta São Paulo!/Desperta São Paulo!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Só os ingênuos ou os de má-fé ainda resistem a admitir que os black blocs são a outra face do MPL


A verdadeira face do MPL

Agora não há mais dúvida. Com a divulgação de manual no qual instrui seus militantes e simpatizantes sobre como bloquear vias importantes e empregar outras táticas truculentas para atingir seus objetivos, o Movimento Passe Livre (MPL) confirma as avaliações mais pessimistas – sugeridas pelo seu comportamento tortuoso – sobre a sua verdadeira natureza e as suas verdadeiras intenções. Desaparece a imagem de bom-mocismo que sempre cultivou e surge a de um grupo aguerrido, frio e calculista, que não hesita em apelar para o emprego de métodos de ação violentos, que lembram ações precursoras da guerrilha urbana. 

“Para aumentar as chances de vitória contra o aumento (da tarifa dos transportes coletivos), chegou a hora de começar a travar terminais de ônibus, grandes avenidas e ruas no entorno dos atos para garantir que a cidade pare até que tarifa baixe”, diz o manual. Com as minúcias de quem traça um bem pensando plano de batalha, o MPL propõe “sete passos” para parar vastas áreas da cidade e, por esse meio, potencializar os efeitos de suas manifestações, se é que a essa altura tal palavra ainda pode ser empregada para designar suas estripulias. 

Primeiro, ensina, é preciso convocar amigos, grupos políticos – e pensar que o MPL se vangloria de ser apartidário – e outras pessoas para participar dos protestos, por meio de mensagens de WhatsApp. Depois, deve-se escolher, em grupo, os locais que serão travados, “durante, depois e em outros dias além do ato”. Ou seja, são ações continuadas, que estão a léguas de distância da ideia vendida à população de protestos espontâneos, puros, ditados pela indignação contra a tarifa alta de um serviço ruim, que a seu ver deveria ser gratuito, como se se vivesse num mundo de sonhos onde não é preciso pagar contas.

O manual orienta os grupos – embora isso não seja dito, supõe-se que sejam integrados por militantes bem treinados, do contrário não teriam como fazer o que deles se espera – a organizar ações logo pela manhã e dialogar com a população para conseguir sua adesão. “Não podemos fazer essa ação isolada. Temos de convencer os trabalhadores”, recomenda. 

Outras orientações são fotografar e filmar as ações para divulgá-las e incentivar os participantes das manifestações a repeti-las. Finalmente, propõe-se que se marque uma concentração antes do protesto e que seus participantes sigam “em marcha travando as ruas até o local do grande ato”. Isso já aconteceu na manifestação de quinta-feira passada – o ato preliminar foi na Praça da Sé – e o objetivo, mais uma vez, é explorar todas as possibilidades de tumultuar a vida da cidade.

É importante assinalar esses pormenores das instruções do manual porque são eles que dão uma ideia precisa do que é de fato o MPL – uma organização politizada, sim, ao contrário do que ela pretendia ser, e determinada a utilizar meios violentos para atingir seus objetivos. Violência que se revela de várias formas. Uma delas é o bloqueio de vias importantes, com a deliberada intenção de complicar ainda mais o trânsito já difícil e paralisar a cidade, prejudicando a vida de milhões de paulistanos. 

Violência não é apenas jogar coquetéis molotov e promover vandalismo. Mas também essa violência explícita, escancarada, faz parte do MPL, embora ele espertamente queira posar de bonzinho. A essa altura, só os ingênuos ainda resistem a admitir que os black blocs são a outra face do MPL. Não se viu até agora por parte desse movimento nenhuma ação concreta para combater a violência dos black blocs, nem mesmo – o que seria pouco tendo em vista a gravidade do caso – uma palavra de condenação clara do rastro de destruição que eles deixam a cada manifestação. 

Essa omissão só pode ser entendida como cumplicidade. E cumplicidade é crime. Já está mais do que na hora de fazer cair a máscara de movimento pacífico, que o MPL espertamente carrega. A sociedade precisa acordar para essa realidade. Especialmente aquela sua parcela que engrossa as fileiras das manifestações do MPL e, assim, se deixa usar como massa de manobra de inocentes úteis.

Fonte: O Estado de São Paulo, 17/01/2015

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

9,1 milhões trabalhadores estão na lista de desempregados


Destaque:
 
O desemprego tornou-se um problema mundial. Mas é pior no Brasil do que na maioria dos países com nível de desenvolvimento igual ou superior ao nosso. Numa lista de 34 países, o desemprego no Brasil é maior do que o de 25 deles, de acordo com estatísticas referentes ao terceiro trimestre de 2015 divulgadas há pouco pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O pior está por vir

Em um ano, mais 2,5 milhões de brasileiros entraram para a lista de desempregados, elevando para 9,1 milhões o total de trabalhadores procurando emprego. Esses números, que constam da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referente ao trimestre agosto-outubro de 2015, mostram a rapidez com que o desemprego se alastra e dão a dimensão social da crise em que o País está mergulhado.

O pior é que não há indicações de melhora no horizonte. Com o agravamento da crise a partir do início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, o desemprego parece ter adquirido força própria. Foram rompidos padrões observados em anos anteriores, quando o número de desempregados aumentava no início do ano, por causa das demissões dos trabalhadores temporários contratados para atender ao aquecimento dos negócios no fim do ano anterior, mas decrescia rapidamente nos meses seguintes.

Colocados num gráfico, os números da Pnad Contínua mostram que o desemprego não diminuiu em nenhum período do ano passado. O que se observa nesse gráfico é o crescimento ininterrupto do número de desempregados desde o trimestre móvel setembro-novembro de 2014, com a eliminação do pico normalmente atingido no primeiro semestre do ano seguinte. No trimestre setembro-novembro de 2014, havia 6,45 milhões de desempregados, o que significa que, até o trimestre agosto-outubro de 2015 (9,1 milhões de desempregados), o aumento foi de 40,7%.

Observe-se que esse aumento decorre principalmente do fato de que pessoas que antes não estavam à procura de trabalho, e por isso não eram contabilizadas na população economicamente ativa, passaram a buscar uma ocupação, incorporando-se imediatamente à lista dos desempregados. Este é outro efeito da crise. Entre os fatores que levaram essas pessoas a procurar trabalho está um dos aspectos mais nocivos da crise do mercado de trabalho: o fechamento de vagas no mercado formal, que oferece melhores salários e garantias como férias remuneradas, previdência social e décimo terceiro salário.

Em um ano, 1,184 milhão de pessoas perderam emprego com carteira assinada, de acordo com a Pnad Contínua. “Diante disso, outros membros da família, antes inativos, acabam saindo para buscar emprego”, na interpretação do coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo. É um fenômeno que deve se manter nos próximos meses. “Enquanto ocorrer redução na carteira assinada, a tendência é (a procura por vaga) aumentar”, previu Azeredo. Ou seja, o número de desempregados deve continuar crescendo, pois, ao aumento do desemprego no mercado formal, há, no início de cada ano, o fechamento das vagas temporárias. O pior ainda está por vir.

Mesmo quem continua trabalhando sente os efeitos da crise. A renda real média do trabalhador até outubro era 1,0% menor do que a de um ano antes. A massa real habitual paga aos ocupados, por sua vez, teve queda de 1,2% em um ano até outubro.

O desemprego tornou-se um problema mundial. Mas é pior no Brasil do que na maioria dos países com nível de desenvolvimento igual ou superior ao nosso. Numa lista de 34 países, o desemprego no Brasil é maior do que o de 25 deles, de acordo com estatísticas referentes ao terceiro trimestre de 2015 divulgadas há pouco pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Fonte: O Estado de SP, 17/01/2016

Compartilhe

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites