8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Com tantas correntes feministas, um Partido Feminista Democrático é viável?

O que o feminismo ensina à política

A democracia brasileira não está consolidada, ao contrário, ela parece ameaçada. Os prejuízos da ditadura militar ainda se fazem sentir nas marcas autoritárias visíveis no parlamento atual, assim como nas esferas micrológicas da vida cotidiana, bem como em todas as instituições. Camadas da sociedade vivem amedrontadas, outras tantas pagam todos os preços sociais da humilhação e da exploração. A violência partilhada por todos e, e em seu profundo lastro político-econômico, provocada por poucos, parece insuperável tanto ao nível simbólico quanto material e físico.

Apesar da precariedade concreta de nossa democracia, o desejo que a mantém viva – e que impulsiona várias de suas realizações na contramão do autoritarismo como tendência dominante – é sinal de que podemos avançar. Numa aliança entre trabalho e conhecimento, dizer que um outro mundo é possível é bem mais do que utopia abstrata. A criação de um novo partido político na cena brasileira atual é efeito do profundo desejo de democracia que anima nossos pensamentos e ações na intenção de uma sociedade justa, aquela em que a igualdade de direitos se torna concreta para todos os excluídos enquanto, ao mesmo tempo, são respeitadas suas singularidades.

Metade da humanidade (no sentido de conjunto concreto de seres humanos e não no sentido de uma ideia abstrata) é composta de mulheres que, ao mesmo tempo, foram excluídas de direitos historicamente. Na política, na economia, na educação, na saúde, nas ciências e nas artes, a participação das mulheres foi proibida ou controlada, tendo como cenário o vasto espectro da dominação masculina. As mulheres deveriam ficar em casa alienadas da esfera pública. A posição subalterna de tantas pessoas imposta pela dominação masculina não trouxe nada de bom a ninguém.

As mulheres atravessaram a história como sujeitos de reivindicações. Aviltadas, violentadas, impedidas de participar da vida pública, as mulheres lutaram pelo direito à educação, ao trabalho, ao voto. Lutam ainda hoje por direitos que vão da representação política à equiparação salarial, da liberdade relativa ao próprio corpo ao direito à singularidade.

A essa luta que tem início com as mulheres, luta experimentada em todas as culturas, deu-se o nome de feminismo. Esse nome ainda assusta algumas pessoas que não percebem que a luta feminista poderia não ter nome algum e que, mesmo assim, continuaria produzindo os melhores frutos que a árvore da emancipação poderia dar. O feminismo é luta por emancipação sem violência.

Como método de transformação política, o feminismo tem muito a nos ensinar.

As mulheres foram desconsideradas em muitos âmbitos das atividades humanas. No entanto, hoje, quando ocupam os espaços do trabalho e do conhecimento, sabemos que sua força é desejada enquanto, ao mesmo tempo, não é reconhecida. Sabemos que grande parte das famílias em todas as classes sociais é sustentada por mulheres. Em palavras muito simples, podemos dizer que as mulheres são a mais profunda força de sustentação social. Nas mais diversas crises, as mulheres estão sempre prontas e disponíveis para todos os tipos de esforços na proteção das bases da sociedade.

Apesar de não serem reconhecidas como deveriam, e de não terem direitos necessários garantidos, as mulheres seguem como uma espécie de força que se recria em silêncio. Ora, por que não dar a elas o poder? Por que não poderiam representar ai mesmas na esfera pública, sobretudo, no governo?

A criação de um Partido Feminista Democrático é capaz de contemplar todos os sujeitos silenciados para que tragam sua contribuição à construção de um outro poder. Um poder compreensivo e participativo. Um poder voltado ao diálogo. Um poder crítico do próprio poder. Um poder capaz de criar democracia contra toda forma de opressão, mas também contra toda forma de engodo e cegueira social. Um poder emancipatório que possa integrar a todos de maneira lúcida contra jogos de dominação e exploração e, assim, extirpá-los.

O partido feminista é um partido que contempla as mulheres e todos os que se reconhecem como mulheres, mas também de todos os que lutam a partir da ético-política feminista. É, sobretudo, um partido de singularidades que pretende a produção do comum como esfera da partilha democrática do poder.

O partido feminista é o lugar da prática lúcida e aberta a todas as pessoas independentemente de suas raças, crenças, sexualidades e classes sociais que busca, por diversos caminhos, mudanças na ordem das mentalidades e das práticas sociais injustas. A criação do partido é um passo decisivo nessa transformação que se torna a cada dia mais urgente.

A aposta é na criação de um poder livre de ressentimento. Aposta na amizade filosófica entre mulheres e todos aqueles que desejam um mundo ecológica e socialmente viável para todos os seres que existem. Na base, o feminismo é ético-política ecologista. Visa um mundo melhor em que cada pessoa como ser social responda pela humanidade concreta.

Fonte:  Blog da Márcia Tiburi,  10/05/2015

Marcia Tiburi é doutora em Filosofia e seus principais temas de pesquisa são ética, estética, filosofia do conhecimento e feminismo. É autora de diversos livros, artigos, colaboradora de jornais e revistas especializadas. É professora do Programa de Pós-Graduação em Educação, Arte e História da Cultura da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Admirável Mundo Novo: Oculus Rift promete apagar as fronteiras entre as realidades virtual e objetiva


A matéria abaixo é de junho do ano passado e o Oculus ainda estava em teste. Agora já  comercializado. Do que se trata?
Trata-se de uma mistura de um sistema estereoscópico 3D, 360 graus de visibilidade, som surrounding diretamente conectado aos seus ouvidos, e um software que atinge diretamente seu córtex cerebral.
E Zuckerberg, do Facebook, que pagou dois bilhões de dólares por parte da empresa inventora do produto, afirmou:
Este é o futuro. É como ir (com o Oculus) além da ideia de imersão e alcançar uma verdadeira presença humana, de cada indivíduo, num mundo virtual. Você anda, fala, come, senta, levanta, grita de dor, tem prazer e chora, deixando o plano do real - no qual a atual Internet se insere- para os velhos filósofos e psicanalistas. 
Abaixo vídeos sobre a experiência de usuários estrangeiros e brasileiros com o Oculus. Não sei se os games já estão totalmente desenvolvidos, mas a experiência parece ser incrível. E há que se estar em boas condições físicas e psicológicas para encarar a coisa. Pode dar ataque cardíaco e psicose, hem?

O "Mundo Real" vai acabar em 2015
Palmer Luckey, um garoto com pouco mais de 20 anos, criou uma tecnologia que pode mudar o mundo
Por Jack London - 28/06/2014

Você já ouviu falar em Oculus Rift? E em Palmer Luckey ?

Uma das maiores revistas internacionais da área de tecnologia, em edição recente, garante, numa reportagem de capa, que o moleque Luckey está perto de mudar os mercados de jogos, filmes, TV, música, design, medicina, sexo, esportes, artes, turismo, redes sociais, educação e até mesmo a própria realidade, esta “velha anciã” que já não nos é suficiente.

Capas de revistas costumam acertar muito mais que errar. Mas nunca vi uma frase tão longa numa capa, e tão contundente. Mudar a realidade? Mudar o sexo? Mudar praticamente todas as atividades humanas?

Palmer Luckey: jovem pode ser considerado, em pouco tempo,
um grande revolucionário (Foto: Wiki Commons)
Um pequeno detalhe: Palmer Luckey (que parece nome de personagem de série de TV) tem 21 anos e trabalha em seu projeto desde os 18, na garagem da casa de seus pais em Long Beach, na Califórnia (Estados Unidos). O tal projeto chama-se Oculus Rift, um equipamento parecido com uma máscara de mergulho incrementada. O seu objetivo é desfazer qualquer diferença entre a realidade do cotidiano físico-emocional e a realidade virtual.

Trata-se de chegar a um ponto final numa busca que já tem mais de dois séculos. Desde Julio Verne até os autores de sci fi de hoje em dia, cientistas, visionários, escritores e filósofos procuram este caminho: um mundo digital tão envolvente, que neurologicamente não somos capazes de separá-lo do mundo fora de nós.

Acompanhe alguns dos comentários de especialistas sobre o Oculus Rift:

- Isto será maior do que qualquer um esperava.
- Esta é a primeira vez que um projeto foi bem sucedido em estimular partes do sistema visual humano diretamente, e de maneira permanente.
- Ele é seguramente um ponto de inflexão, e o projeto já é viável hoje. O mundo está na beira de uma grande mudança: Apple II, Netscape, Google, IPhone e agora o Oculus Rift.

E como funciona a “coisa”? Trata-se de uma mistura de um sistema estereoscópico 3D, 360 graus de visibilidade, som surrounding diretamente conectado aos seus ouvidos, e um software que atinge diretamente seu córtex cerebral.

Você pode estar deitado numa praia, com um Sol escaldante na cabeça. Mas se estiver usando o Oculus, poderá viver uma experiência “real” de estar esquiando no inverno suíço. Você sentirá frio e a sensação de estar encasacado, com o vento a lhe castigar os ossos.

Pensou em Matrix? É muito mais, você pode viver numa comunidade carente num canto qualquer do mundo e viver diariamente em Nova Iorque ou Paris.

O produto está nos seus testes finais e seu lançamento previsto para o primeiro trimestre de 2015. A Sony já anunciou que vai tentar criar um produto semelhante, e lançou um projeto que chama de Projeto Morpheus.

Adivinhe quem já comprou um pedaço da empresa que desenvolve o Oculus Rift? Sim, claro, ele, o Zuka, o intrépido Mark Zuckerberg, que tirou do bolso dois bilhões de dólares, sem pestanejar, depois de experimentar o produto por uma hora.
- Este é o futuro, diz Zuckerberg. É como ir (com o Oculus) além da ideia de imersão e alcançar uma verdadeira presença humana, de cada indivíduo, num mundo virtual. Você anda, fala, come, senta, levanta, grita de dor, tem prazer e chora, deixando o plano do real - no qual a atual Internet se insere- para os velhos filósofos e psicanalistas.
Já vimos outras manchetes estupefacientes em capas de jornais e revistas, e muitas vezes a realidade dobrou, triturou e moeu os sonhos.

Você vai mudar a maneira de seu cérebro funcionar, de seus olhos e ouvidos serem usados e, sobretudo, mudar sua vida, seu trabalho, suas relações pessoais, seu estar no mundo.

Se for isto tudo mesmo, o Oculus Rift será muito mais do que poderíamos imaginar para o futuro próximo.

Anote aí: Palmer Luckey, um rosto quadrado e um pouco rechonchudo, que só trabalha de sandálias, e seus sócios, Nate Mitchell e Brendan Iribe, podem estar fazendo história.

Será? Pelo sim ou pelo não, procure saber mais sobre o produto agora, amanhã pode ser tarde.

terça-feira, 26 de maio de 2015

A História da Matemática e outros livros de História para baixar


A história da matemática é dedicada à investigação sobre a origem dasdescobertas da matemática e, em uma menor extensão, à investigação dos métodos matemáticos e aos registros matemáticos do passado.

A matemática é a ciência dos númerose dos cálculos. Desde a antiguidade, o homem utiliza a matemática para facilitar a vida e organizar a sociedade. A matemática foi usada pelos egípcios nas construção de pirâmides, diques, canais de irrigação e estudos de astronomia. Os gregos antigos também desenvolveram vários conceitos matemáticos. Atualmente, esta ciência está presente em várias áreas da sociedade como, por exemplo, arquitetura, informática, medicina, física, química etc. Podemos dizer, que em tudo que olhamos existe a matemática.

Alguns dos primeiros registros da Matemática como conhecemos originaram-se no Egito, quando os povos começaram a estabelecer-se na região, deixando de ser nômades, por volta de 6.000 a.C., devido às boas condições da terra para agricultura. Assim, eraimportante que se entendesse padrões de estações, ou de fases lunares, por exemplo.

Através da história a humanidade luta para entender as engrenagens fundamentais do mundo material. Através dos tempos, sociedades em todo o mundo descobriram que uma disciplina, acima de todas as outras, fornecia um certo conhecimento sobre a realidade escondida sob o mundo físico. Essa disciplina é a matemática e essa é a sua história.
A História da Matemática 1 – A Linguagem do Universo

Este é o primeiro de quatro episódios da série, uma produção da BBC e da Open University que resume 30 mil anos de desenvolvimento das ideias matemáticas que formam a base da nossa cultura, ciência e tecnologia. É conduzida pelo professor de Matemática da Universidade de Oxford, Marcus du Sautoy, um cientista conhecido pelo esforço que faz para popularizar a Matemática.


 A História da Matemática 2 – O Gênio do Oriente

O Ocidente muitas vezes esquece o grande legado matemático que recebeu das civilizações orientais. Muitas das descobertas da Matemática que transformaram o mundo em que vivemos nunca receberam o devido crédito. Esta é a história não contada dos matemáticos do Oriente que transformaram o Ocidente e deram à luz um novo mundo.


 A História da Matemática 3 – As Fronteiras do Espaço

Neste terceiro episódio da série, veremos que resolver problemas matemáticos ganhou status de competição no século XVI, com prêmios generosos para os vencedores. Nessa atmosfera competitiva, não é surpreendente que os matemáticos escondam zelosamente seus conhecimentos e, algumas vezes, se comportem muito mal. Girolamo Cardano ficou famoso por resolver as equações de terceiro grau, ou cúbicas – solução que lhe foi passada, sob promessa de sigilo por outro matemático, Nicolo Tartaglia.


 A História da Matemática 4 – Além do Infinito

A quarta e última parte da série mostra que, para muitas pessoas, o prazer da Matemática está no entendimento do problema, e não simplesmente na solução correta. Em 1900, o matemático francês David Hilbert identificou os mais importantes enigmas não resolvidos que desafiavam os matemáticos, definindo o roteiro de pesquisas para a Matemática no século XX. 15 dos 23 problemas já foram pelo menos parcialmente resolvidos. Os restantes continuam dando trabalho a quem persegue uma resposta.

Mais História aqui: de graça mais de mil livros de História
Fonte: Canal do Ensino

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Humanos: crianças egoístas e más que querem prazer às custas do sofrimento de outros

Uma vida de inferno para que humanos consumam 100 gramas de sua dor
CRIANÇAS EGOÍSTAS

Frank Alarcón
Tristes são os tempos em que deve ser a força da lei, e não a sensatez, quem governa nossas ações. A proibição municipal do foie gras é preciosa tanto em caráter pedagógico como prático. Resistências a essa proibição são sintomas sérios de transtorno moral maior.
 Defensores do foie gras e da exploração animal parecem viver ainda na tenra infância –período em que a conduta egocêntrica mais se manifesta. Para essas crianças que comandam cozinhas em francês e frequentam restaurantes com ternos e saltos altos, se animais sofrem como consequência de suas vontades, o azar é deles.

O que devemos pensar de práticas que obrigam animais enclausurados a uma alimentação forçada, que alteram a fisiologia de suas vísceras, onde estas são extraídas de forma sanguinária, moídas, embaladas e vendidas como iguaria a consumidores voluntariosos?

E o que devemos pensar de consumidores que pouco se importam com as consequências de seus prazeres gastronômicos? Respostas para as duas perguntas se relacionam com a cruel produção e comércio do foie gras (fígado gordo, em francês), atividades que a Câmara de São Paulo busca proibir mediante sanção do prefeito Fernando Haddad.

A palavra-chave é egoísmo. Sob o risco de ter seu negócio e capricho gastronômico obstruídos, produtores e consumidores do foie gras reivindicam seu direito de vender/consumir o que bem desejarem, quando quiserem. Uma questão de fundo puramente pessoal, dizem eles.

Esse raciocínio raso ignora convenientemente uma terceira parte envolvida, à revelia, que é submetida a uma vida miserável para que desejos culinários de alguns minutos sejam atendidos.

Tudo indica que para os reféns do paladar, animais não são dignos de consideração moral. Assim como coisas, animais poderiam ser aprisionados, submetidos a rotinas de convívio dolorosamente artificial, alimentação e iluminação forçada e uma vida abreviada por um pescoço quebrado, uma degola ou outra crueldade que a criatividade humana possa conceber.

Sim, a palavra é esta: crueldade. O sofrimento animal transcende o momento de seu assassinato diante de uma existência de penúria deliberadamente provocada.

Defensores do foie gras e da exploração animal parecem viver ainda na tenra infância –período em que a conduta egocêntrica mais se manifesta. Para essas crianças que comandam cozinhas em francês e frequentam restaurantes com ternos e saltos altos, se animais sofrem como consequência de suas vontades, o azar é deles.

O sofrimento desses animais é desprezível diante do prazer de comer e cobrar –caro– por 100 gramas de crueldade. Aqui, demanda e oferta apadrinham o casamento entre egoísmo e economia. Alguns iludidos alegam que matar animais é tradição, registro cultural praticado há séculos e que, portanto, deve ser preservado. Constrangedor!

Não vivemos mais na Idade da Pedra nem comemos cotidianamente com as mãos nuas. Há séculos incorporamos à nossa rotina alimentar artificialidades como talheres, pratos, cocção de alimentos, guardanapos e papel higiênico.

Invocar o apego às raízes e à preservação cultural, além de embaraçoso, apenas revela quão escravos alguns segmentos da nossa sociedade são de tradições retrógradas.

Tristes são os tempos em que deve ser a força da lei, e não a sensatez, quem governa nossas ações. A proibição municipal do foie gras é preciosa tanto em caráter pedagógico como prático. Resistências a essa proibição são sintomas sérios de transtorno moral maior.

Provoco: Quem ousará proibir a produção e comércio do "foie gras" das classes B, C e D (a salsicha, a linguiça e o hambúrguer) em um país onde 70 milhões de bois e suínos e 5 bilhões de aves foram assassinados apenas em 2014 com os auspícios do governo federal?

Diante da inexistência de uma sociedade corajosa ou de líderes carismáticos capazes de discutirem seriamente a ética animal, mudanças incrementais não são desprezíveis. Explorar animais é eticamente equivocado, ambientalmente nocivo, nutricionalmente desnecessário. Egoístas discordarão.

FRANK ALARCÓN, 41, biólogo, é coordenador no Brasil da ONG Cruelty Free Internationnal

Fonte: Folha de São Paulo, Tendências e Debates, 23/05/2015

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Em vez de cortar o tamanho do Estado, Dilma corta investimentos e direitos trabalhistas


Governo quer cortar gastos sem mexer no seu próprio tamanho

Aguardado para essa semana, o anúncio do contingenciamento orçamentário deve atingir mais os investimentos, sem cortar o tamanho do governo. É maio e o governo ainda não definiu o quanto cortará do orçamento. A atitude do Planalto em relação ao corte também é ruim.

É evidente que há gastos indispensáveis com a máquina pública, como aqueles feitos em Saúde e Educação. Mas outras partes de um governo com quase 40 ministérios podem ser reduzidas. Não é, porém, o que o governo indica que fará. O investimento deve ser o grande alvo dos cortes. 

O contingenciamento vem tarde, deveria ser divulgado logo após a aprovação do Orçamento. Estamos na segunda metade de maio e os ministérios ainda não sabem o quanto poderão gastar no ano. Nesse período, apesar da negativa do governo, os gastos com os programas sociais foram contidos, o que provocou atraso no início das aulas do Pronetec, por exemplo.

Não se sabe ao certo o tamanho do contingenciamento, algo entre R$ 70 bi e R$ 80 bi. O Planalto diz que dependerá das votações das medidas do ajuste no Congresso. Mas não depende, não.

Esse é um argumento para evitar a derrota em plenário de alguma das Medidas Provisórias. Como estamos no meio do ano, as MPs do ajuste fiscal terão um impacto pequeno em 2015, crescendo ao longo do tempo, em 2016. Ainda é possível que o efeito delas diminua mais, de acordo com a decisão dos parlamentares. As votações no Congresso, portanto, não afetam tanto a necessidade de cortes no Orçamento, como tenta relacionar o Planalto.

Pior que o corte na verba é a indefinição sobre o tamanho do contingenciamento. Ela alimenta a paralisia da máquina pública, que é cara e não pode funcionar porque falta clareza sobre o orçamento para o ano.

Ouça o comentário da colunista:
Fonte: Miriam Leitão.com, 19/05/2015

Compartilhe

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites