8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

terça-feira, 5 de maio de 2015

Contracultura e o decálogo do partido político desejável sem governante e revolucionário

Luiz Carlos Maciel no lançamento de seu
livro "O Sol da Liberdade" em novembro de 2014
Contracultura foi o nome dado pela imprensa americana, dos anos 60, ao conjunto de mudanças sócio-políticas ensejadas pelas gerações de meados dos anos 50 até à decada de 70 do século passado. Revolução cultural, sobretudo na área dos costumes, deixou como herança desde relações mais horizontais entre os sexos, pessoas mais livres em atitudes e indumentárias, concepção de política como ação cotidiana dos indivíduos, até a criação dos computadores pessoais.

No Brasil, teve o jornalista Luís Carlos Maciel como uma de suas figuras mais expressivas. Maciel manteve uma coluna no jornal O Pasquim (do qual foi um dos fundadores), entre os anos 60 e 70, chamada Underground, onde falava exatamente sobre a revolução contracultural do período. 

Abaixo seguem um vídeo onde Luiz Carlos Maciel apresenta o "Decálogo do Político do Partido Político Desejável sem Governante e Revolucionário!" no programa "Abertura" de Glauber Rocha (TV TUPI, 1979). E outro, de novembro do ano passado, quando lançou seu livro "O Sol da Liberdade"

10 ítens da plataforma de um Partido Político Desejável sem Governante e Revolucionário!de Luiz Carlos Maciel

1. Queremos liberdade. Queremos que todas as pessoas tenham o poder de determinar o seu próprio destino;

2. Queremos justiça. Queremos o fim de qualquer repressão política, cultural ou sexual sobre todos os oprimidos do mundo. Especialmente a repressão contra as mulheres, os negros e todas as minorias;

3. Queremos uma transformação completa do chamado ‘Sistema Legal’, de maneira que as leis, os tribunais e a polícia atuem unicamente em função dos interesses do povo. Queremos o fim de toda e qualquer violência contra o povo; 

4. Queremos uma economia mundial livre, baseada na livre troca de energia e dos materiais, e o fim do dinheiro; 

5. Queremos um sistema educacional livre que ensine a todos os homens, mulheres e crianças da terra exatamente o que todos nós devíamos saber para sobreviver e crescer com todo o nosso potencial de seres humanos;

6. Queremos libertar todas as estruturas do domínio das grandes companhias e transferir todos os edifícios e a terra para o povo; 

7. Queremos um planeta limpo, queremos um povo são; 

8. Queremos acesso livre a todas as informações, a todos os meios de comunicação e a toda a tecnologia; 

9. Queremos a liberdade de todos os prisioneiros mantidos injustamente em prisões e em estabelecimentos penitenciários, queremos que todos os perseguidos sejam devolvidos a comunidade; 

10. Queremos um planeta livre, uma terra livre, comida, teto e roupas para todos, queremos arte livre, cultura livre, meios de comunicação livres, tecnologia livre, educação livre, assistência médica livre, corpos livres, pessoas livres, tempo e espaço livre, tudo livre, para todos.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Mulher trans planeja clones da mente e corpos regenerados para o futuro


Mulher mais bem paga do mundo aposta em robô com consciência


Martine Rothblatt é a executiva mais bem paga dos EUA. Mas talvez isso não seja nem de longe o fato mais interessante de sua vida.

Ela fundou uma empresa de biotecnologia para salvar a filha doente, após revolucionar a indústria de comunicação via satélite. Também criou uma religião e um robô com consciência própria, além de mudar de sexo.

Martine nasceu Martin e hoje ela espera viver centenas de anos através de suas novas apostas tecnológicas: um estoque ilimitado de órgãos para transplante e clones da mente humana.

"Há tantas coisas para fazer nesta vida. E se pudermos ter um clone digital [...] que nos ajude a processar livros, filmes, fazer compras, ser nossos melhores amigos?", disse Rothblatt, 60, no mês passado.

Ela foi uma das convidadas do TED (evento que reúne as principais novidades em tecnologia e design), entrevistada pelo anfitrião da casa,

Chris Anderson. "Numa conversa normal, isso tudo soaria como maluquice. Mas, no contexto de sua vida, eu não apostaria contra", disse o curador.

Nos anos 1980, Rothblatt iniciou uma série de parcerias em lançamentos de satélites, ajudando a acabar com um monopólio de telecomunicações e criando o primeiro serviço de localização de carros, a GeoStar. Em 1990, fundou um sistema de rádios para carros via satélite, a Sirius Radio.

"Sempre amei tecnologia espacial. Satélites são meio como as canoas de nossos ancestrais. Eu acho excitante fazer parte dessa navegação dos oceanos dos céus", disse Rothblatt, neta de imigrantes judeus do Leste Europeu, cujo pai era dentista, e a mãe, fonoaudióloga.

REVIRAVOLTA

Mas a vida deu uma reviravolta no fim dos anos 1990, quando Rothblatt passava por uma mudança de sexo, com o apoio da mulher, Bina, e a filha de cinco anos do casal era diagnosticada com hipertensão arterial pulmonar, uma doença incurável.

A executiva passou a estudar biologia do zero, até saber o suficiente para ter esperanças em achar uma cura.

Ela passou a financiar pesquisas sobre a doença e fundou a United Therapeutics. Na época, soube de uma droga experimental que estava nas mãos do laboratório Glaxo Wellcome, que havia decidido não levá-la adiante.

"Eles bateram a porta na minha cara três vezes. Quando finalmente concordaram em vender, disseram que não tinham esperança nenhuma e que sentiam pela minha filha", disse Rothblatt, que comprou a droga, então só testada em ratos, por US$ 25 mil.

"Recebi um saco plástico com um pó e o papel da patente. O mais incrível é que aquele pó sem valor hoje não só mantém vivas minha filha e outras pessoas como também produz quase US$ 1,5 bilhão em receita."

A United Therapeutics lhe rendeu US$ 38 milhões em 2013, segundo a "Forbes".

Mas, como a droga apenas retarda o progresso da doença, logo Rothblatt começou a pensar em novas soluções. Segundo ela, 3.000 pessoas morrem por ano nos EUA devido à hipertensão pulmonar, e para essa e outras doenças pulmonares a única solução é transplante de pulmão.

"Assim como mantemos carros e edifícios funcionando para sempre [...] por que não podemos criar um estoque ilimitado de órgãos para transplante para que as pessoas vivam por tempo indeterminado?", disse a executiva, casada com Bina há 33 anos.

Em 2003, Rothblatt se juntou a Craig Venter, pioneiro do genoma humano, para criar porcos geneticamente modificados, numa fazenda, a fim de que seus pulmões e outros órgãos possam ser transplantados em humanos, num futuro bem próximo.

CRIANDO ROBÔS

Rothblatt tem planos também para replicar a mente humana, num experimento que ganhou forma de um robô que tem o rosto de Bina e todas as suas facetas, as suas memórias e os seus gostos. "Ela [o robô] é como uma criança de dois anos. Às vezes suas respostas são frustrantes, às vezes, surpreendentes", disse.

Com ajuda de uma empresa de robótica, ela trabalha num sistema de "arquivo mental", uma coleção de memórias, maneirismos, crenças, sentimentos e tudo mais que despejamos na internet, como buscas on-line e posts em redes sociais.

"Uma vez que tivermos um software capaz de recapitular a consciência, seremos capazes, nas próximas décadas, de reviver a consciência humana, que estará no nosso 'arquivo mental'", acredita.

Foi pensando nas potenciais crises éticas de tantas transformações tecnológicas que ela começou a religião Terasem, uma mistura de judaísmo com entusiasmo tecnológico, que apoia pesquisas em campos como nanotecnologia e criogenia (estudo de organismos em temperaturas muito baixas).

Bina estava na plateia do TED e foi chamada ao palco por Anderson. "Tem sido uma jornada extraordinária", disse. "Queremos criogenizar nossos corpos e acordarmos juntas." Rothblatt abraçou a mulher e se declarou: "A perspectiva de clones da mente e corpos regenerados é para que nosso caso de amor dure para sempre".

RAIO-X

FORMAÇÃO

Graduação em comunicação e direito na Universidade da Califórnia; doutora em ética médica na Universidade de Londres

EMPRESAS QUE CRIOU

United Therapeutics, SiriusXM Radio, WorldSpace, GeoStar

REMUNERAÇÃO

Em 2013, teve ganhos de US$ 38 milhões

Fonte: FSP Mercado, por Fernanda Ezabella, 26/04/2015

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Tura Satana estrela o clássico trash "Faster, Pussycat! Kill! Kill!" de Russ Meyer

Os filmes B ou trash (lixo), em termos de orçamento e qualidade, focando temas bizarros, também viraram cult e ganharam fãs como o diretor americano Quentin Quarantino que inclusive os homenageou com o projeto “Grindhouse” em parceria com Robert Rodriguez. Grindhouses eram os "cinemas americanos baratos que apresentavam dois filmes do tipo 'baixo orçamento mesmo' em sequência, com o valor de apenas um ingresso." (Cinéfilos)

O filme "Faster, Pussycat! Kill! Kill!", de Russ Meyer, é um desses clássicos dos filmes B que viraram cult, também por causa da protagonista Tura Satana que chegou a namorar Elvis Presley e foi uma precursora das mulheres badass (durona, fodona, de atitude) no cinema.

A sinopse abaixo é do próprio vídeo que editei porque estava muito B. Também não precisamos exagerar, né mesmo?

Elas são ágeis! Elas são sexy! Elas são mortais! No deserto californiano, três strippers em carros esportivos, após um racha com um casalzinho ingênuo, acabam matando o rapaz e sequestrando a garota. 

Em um posto de gasolina uma das garotas toma conhecimento de uma bolada de dinheiro guardada por um velho deficiente físico que mora com dois filhos, um deles demente. Usando a garota sequestrada como isca para se aproximar do rancho do velho e colocar a mão na bolada, a stripper Varla (Tura Satana) e as outras controladas por ela tentam seduzir o velho e os filhos com o intuito de encontrar o dinheiro. 

Comentário: É um dos melhores Exploitation films já feitos.Tem de tudo: corridas, strippers em fúria, Elvis genérico, deserto e mulheres detonando todo mundo. Um filme, estrelado pela diva Tura Satana, também protagonista de Astro Zombies, que consegue prender sua atenção durante todo o tempo. Dirigido por Russ Meyer, lorde dos filmes Exploitation e Sexploitation,  este é  seu filme mais conhecido, um clássico do Grindhouse que com certeza inspirou Quentin Tarantino em suas produções.

terça-feira, 28 de abril de 2015

A democracia no Brasil está sempre ameaçada pela extrema-esquerda e extrema-direita

O historiador Marco Antonio Villa, em entrevista a TVeja e em fala a Jovem Pan Online, aponta as semelhanças entre as extremas-direita e esquerda em seu desprezo pelas liberdades democráticas em nosso país. Fala do PT, pela esquerda, e de um famoso guru da extrema-direita que desenvolve a tese da conspiração comunista para acabar com a cristandade, o ocidente, a família, etc., sendo considerada, como prova incontestável da tal conspiração, até unha encravada no dedão do pé esquerdo.

Os discípulos do guru extremista, Olavo de Carvalho, ficaram profundamente irritados com o historiador, e o próprio já se saiu com mais uma de suas sandices ao acusar Villa, por tê-lo desnudado, de desinformante, de agente acobertador do Foro de São Paulo. Em resposta, Villa repostou texto seu, do ano passado, onde fala do apreço de boa parte da esquerda brasileira pelas ditaduras comunistas do passado.

Reproduzo o texto e os vídeos, onde o historiador alerta - com razão - também para o problema da extrema-direita, com seus pedidos de intervenção militar e suas teorias conspiratórias. Sempre disse nesse blog que esses extremistas produzem o efeito ferradura onde os extremos praticamente se tocam. Olho aberto para ambos é dever de todos que apreciam a democracia e a liberdade.

Esquerda tinha ditaduras como modelo

Marco Antonio Villa

Durante a ditadura, a oposição de esquerda transformou a experiência dos países socialistas em referência de democracia. A ditadura do proletariado foi exaltada como o ápice da liberdade humana e serviu como contraponto ao regime militar. A falácia tinha uma longa história. Desde os anos 1930 brasileiros escreveram libelos em defesa do sistema que libertava o homem da opressão capitalista.

Tudo começou com URSS, Um Novo Mundo, de Caio Prado Júnior, publicado em 1934, resultado de uma viagem de dois meses do autor pela União Soviética. Resolveu escrevê-lo, segundo informa na apresentação, devido ao sucesso das palestras que teria feito em São Paulo descrevendo a viagem. À época já se sabia do massacre de milhões de camponeses (a coletivização forçada do campo, 1929-1933) e a repressão a todas os não bolcheviques.

Prado Júnior justificou a violência, que segundo ele “está nas mãos das classes mais democráticas, a começar pelo proletariado, que delas precisam para destruir a sociedade burguesa e construir a sociedade socialista”. A feroz ditadura foi assim retratada: “O regime soviético representa a mais perfeita comunhão de governados e governantes”. O autor regressou à União Soviética 27 anos depois. Publicou seu relato com o título O Mundo do Socialismo. Logo de início escreveu que estava “convencido dessa transformação (socialista), e que a humanidade toda marcha para ela”.

Em 1960, Caio Prado não poderia ignorar a repressão soviética. A invasão da Hungria e os campos de concentração stalinistas estavam na memória. Mas o historiador exaltava “o que ocorre no terreno da liberdade de expressão do pensamento, oral e escrito”, acrescentando: “Nada há nos países capitalistas que mesmo de longe se compare com o que a respeito ocorre na União Soviética”. E continua escamoteando a ditadura: “Os aparelhos especiais de repressão interna desapareceram por completo. Tem-se neles a mais total liberdade de movimentos, e não há sinais de restrições além das ordinárias e normais que se encontram em qualquer outro lugar.”

Seguindo pelo mesmo caminho está Jorge Amado, Prêmio Stalin da Paz de 1951. Isso mesmo: o tirano que ordenou o massacre de milhões de soviéticos dava seu nome a um prêmio “da paz”. Antes de visitar a União Soviética e publicar um livro relatando as maravilhas do socialismo – o que ocorreu em 1951 -, Amado escreveu uma laudatória biografia de Luís Carlos Prestes. A União Soviética foi retratada da seguinte forma: “Pátria dos trabalhadores do mundo, pátria da ciência, da arte, da cultura, da beleza e da liberdade. Pátria da justiça humana, sonho dos poetas que os operários e os camponeses fizeram realidade magnífica”.

A partir dos anos 1970, o foco foi saindo da União Soviética e se dirigindo a outros países socialistas. Em parte devido aos diversos rachas na esquerda brasileira. Cada agrupamento foi escolhendo a sua “referência”, o país-modelo. O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) optou pela Albânia. O país mais atrasado da Europa virou a meca dos antigos maoistas, como pode ser visto no livro O Socialismo na Albânia, de Jaime Sautchuk. O jornalista visitou o país e não viu nenhuma repressão. Apresentou um retrato róseo. Ao visitar um apartamento escolhido pelo governo, notou que não havia gás de cozinha. O fogão funcionava graças à lenha ou ao carvão. Isso foi registrado como algo absolutamente natural.

O culto da personalidade de Enver Hoxha, o tirano albanês, segundo Sautchuk, não era incentivado pelo governo. Era de forma natural que a divinização do líder começava nos jardins de infância onde era chamado de “titio Enver”. As condenações à morte de dirigentes que se opuseram ao ditador foram justificadas por razões de Estado. Assim como a censura à imprensa.

Com o desgaste dos modelos soviético, chinês e albanês, Cuba passou a ocupar o lugar. Teve papel central neste processo o livro A Ilha, do jornalista Fernando Morais, que visitou o país em 1977. Quando perguntado sobre os presos políticos, o ditador Fidel Castro respondeu que “deve haver uns 2 mil ou 3 mil”. Tudo isso foi dito naturalmente – e aceito pelo entrevistador.

Um dos piores momentos do livro é quando Morais perguntou para um jornalista se em Cuba existia liberdade de imprensa. A resposta foi uma gargalhada: “Claro que não. Liberdade de imprensa é apenas um eufemismo burguês”. Outro jornalista completou: “Liberdade de imprensa para atacar um governo voltado para o proletariado? Isso nós não temos. E nos orgulhamos muito de não ter”. O silêncio de Morais, para o leitor, é sinal de concordância. O pior é que vivíamos sob o tacão da censura.

O mais estranho é que essa literatura era consumida como um instrumento de combate do regime militar. Causa perplexidade como os valores democráticos resistiram aos golpes do poder (a direita) e de seus opositores (a esquerda).

HISTORIADOR, É AUTOR, ENTRE OUTROS LIVROS, DE ‘DITADURA À BRASILEIRA. 1964-1985. A DEMOCRACIA GOLPEADA À ESQUERDA E À DIREITA’ (LEYA).

Fonte: Blog do Marco Antonio Villa, 28/03/2014

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