8 de Março:

A origem revisitada do Dia Internacional da Mulher

Mulheres samurais

no Japão medieval

Quando Deus era mulher:

sociedades mais pacíficas e participativas

Aserá,

a esposa de Deus que foi apagada da História

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Para o PT e grande parte da esquerda, a democracia ainda não é um valor estratégico.


Como tenho observado em outros artigos, o PT não mais seduz o eleitorado com sua verborreia esquerdo-populista. Como não mais seduz, parte agora para uma intimidação cada vez mais explícita de jornalistas e financistas que ousam dizer a verdade sobre o estado da economia brasileira.

No texto abaixo de Fernando Gaberia, o jornalista afirma que essas intimidações, contudo, são de fato um tiro no pé do partido. 
Num país democrático, essas práticas (de intimidação), além de condenáveis, não são eficazes. Todo este universo de rancor acaba se voltando contra os agressores, que, como dizem os orientais, sempre se desequilibram no ataque. Os nove jornalistas atacados, nominalmente, por um dirigente do PT tiveram a solidariedade internacional, uma nota de apoio da organização Repórteres sem Fronteiras. 
O PT sabe que existe um nível de rejeição ao partido nas grandes cidades - em Vitória os petistas já não usam estrelas e bandeiras vermelhas, talvez nem barba. O que parece não perceber é como seus movimentos autoritários aumentam a rejeição. É como se um partido abrisse mão de seduzir e se focasse apenas em intimidar.
E conclui:
Não sei qual será o resultado das eleições. Mas acho que o PT faz tudo para merecer uma derrota, algo que lhe dê pelo menos a chance de refletir sobre o período sombrio que acabou instalando no Brasil.
Quem duvida que o PT faz tudo para merecer uma derrota eleitoral? Quanto ao resto, sinceramente quero mais é que o PT se exploda. Não tenho qualquer preocupação com o futuro da sigla e suas possíveis reflexões. Os petistas chegaram a um ponto sem volta faz tempo.

Mas vale o registro e naturalmente a leitura o texto do Gabeira.

Palácio do Planalto, Brasília

FERNANDO GABEIRA 

Internet é isto mesmo: um território livre onde se trocam informações, críticas e insultos. É raro uma pessoa pública nela encontrar apenas elogios. E raro um texto sobre ela que não desperte comentários sacanas. Wikipédias, desciclopédias, com informações truncadas, dizem o que querem e, se as pessoas acreditassem firmemente no que leem na rede, ficariam paralisadas caso encontrassem um personagem dos verbetes, o médico e monstro. Suas reações seriam como as de Alec Guines no Dr. Strangelove, de Stanley Kubrick: os gestos desmentiriam as palavras, o abraço se transfiguraria num soco, e vice-versa.

Num prefácio para o livro do treinador Rômulo Noronha sugeri a natação como uma das táticas para enfrentar comentários negativos. Você os lê, mergulha e, nos primeiros cem metros, começa a achar que não foram tão graves assim. Nos 400 metros, já admite que talvez possam ajudar você de alguma forma, na autocompreensão ou na aceitação do mundo.

Algo muito grave acontece quando os ataques nascem num computador do Palácio do Planalto, sede do governo federal. É o caso das inserções feitas na biografia dos jornalistas Carlos Sardenberg e Miriam Leitão.

Como sempre, o governo reagiu, a princípio, dizendo que era difícil rastrear a origem das notas, os dados foram desmanchados - a mesma tática usada para as gravações das câmeras naquele problema de Dilma Rousseff com uma diretora da Receita Federal. A segunda explicação também é clássica: o Wi-Fi do Planalto é usado por visitantes, pode ter sido alguém de fora - de preferência, da oposição.

Às vezes paro para pensar: por que o PT faz tanto mal a si próprio? Deixo o campo estritamente moral para raciocinar apenas de uma forma política. O caso do Santander é típico: uma nota realista sobre o comportamento do mercado provocou uma grande reação, sua autora foi demitida e o banco, forçado a se derreter em desculpas.

O mercado deve ser livre para fazer suas previsões. E arcar com as consequências. O mercado tinha uma visão negativa no primeiro mandato de Lula. E errou, pois o País iniciou um processo de crescimento.

A pressão contra o Santander, além de sugerir censura, amplificou a análise do banco, que em outras circunstâncias ficaria restrita aos clientes especiais. Assim mesmo, aos que se orientam politicamente por cartas bancárias. O governo conseguiu transformar uma simples análise num debate nacional, o que era um consenso entre analistas de mercado se tornou uma consistente crítica à política econômica de Dilma.

A julgar pelo digitador do Palácio do Planalto, as coisas estão pegando aí, na política econômica: os dois jornalistas atingidos são críticos das medidas do governo com base nas evidências.

No universo político, a artilharia sempre foi comandada pelos blogueiros mantidos por empresas do Estado. Eles cuidam de nos combater com dinheiro público e racionalizam essa anomalia com a tese de que uma verba muito maior é usada pelos meios de comunicação que criticam o governo.

Os intelectuais dissidentes em Cuba dão de barato que o governo os vigia, os boicota e promove campanhas para assassinar sua reputação. Mas é uma ditadura.

Num país democrático, essas práticas, além de condenáveis, não são eficazes. Todo este universo de rancor acaba se voltando contra os agressores, que, como dizem os orientais, sempre se desequilibram no ataque. Os nove jornalistas atacados, nominalmente, por um dirigente do PT tiveram a solidariedade internacional, uma nota de apoio da organização Repórteres sem Fronteiras.

O PT sabe que existe um nível de rejeição ao partido nas grandes cidades - em Vitória os petistas já não usam estrelas e bandeiras vermelhas, talvez nem barba. O que parece não perceber é como seus movimentos autoritários aumentam a rejeição. É como se um partido abrisse mão de seduzir e se focasse apenas em intimidar.

Esse é um jogo muito perigoso. Em primeiro lugar, porque há muitos homens e mulheres que não se intimidam. Em segundo, porque envenena uma atmosfera que já é medíocre com atos de campanha sem graça, muitos bebês no colo, Dilma comendo cachorro-quente. Come cachorro-quente, pequena. Olha que não há mais metafísica no mundo, senão cachorro-quente.

O PT conseguiu construir uma linguagem própria. O verbete aloprado é um descoberta para se distanciar de seus combatentes da guerra suja. Digo com conhecimento de causa. Depois das eleições de 2006, interroguei todos os chamados aloprados. Era estranho que aloprados tivessem coletado mais de R$ 1 milhão. Mais estranha, ao longo dos interrogatórios, a recusa em responder, a frieza matemática em usar os mecanismos legais em sua defesa. Aloprados?

Se um dia aparecer o aloprado do computador do Planalto, observem como se esquiva, como é difícil achar nele algum traço que o defina como aloprado, como resiste às provocações. Ele é resultado de uma cultura que domina a política brasileira desde 1992. A constante tentativa de liquidar o outro é uma arma típica de ditaduras. Infelizmente, para uma grande parte da esquerda, a democracia ainda não é um valor estratégico.

Não sei qual será o resultado das eleições. Mas acho que o PT faz tudo para merecer uma derrota, algo que lhe dê pelo menos a chance de refletir sobre o período sombrio que acabou instalando no Brasil.

Uma força verdadeiramente democrática, à esquerda, seria boa para o futuro.

Será que é preciso que Cuba desmorone, que a Venezuela fracasse mais claramente, para que os petistas se convençam de que esse não é o caminho?

Sei que assim procedendo me exponho ao Twitter de todos vocês. Mas é preciso combater essa cultura de ressentimento e mediocridade que leva um digitador do Palácio do Planalto a dedicar sua tarde ao ataque a jornalistas na Wikipédia.

Não é um aloprado, mas um caso extremo e talvez cristalino: revela, em toda a sua profundeza, o abismo em que nos lançaram.


Fonte: O Estado de São Paulo, 15 Agosto de 2014 

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Miriam Leitão se dá conta de que o governo é autoritário e age fora da lei

Miriam Leitão se dá conta de que o governo é autoritário
Fico em dúvida se o espanto da minha xará, a Leitão, é sincero, pois esse modus operandi do PT, do qual  agora ela foi vítima, não surpreende ninguém que de fato esteja antenado ao que se passa no país. Seja na micropolítica dos movimentos sociais (eu que o diga) ou na macropolítica dos partidos e do Estado, o PT sempre difamou e inclusive caluniou todos que o contestam. O caráter fascistóide do PT só escapa aos olhos dos muitos míopes. 

Agora parece que está se expandindo até contra jornalistas mais moderados ou mesmo de "esquerda", na dicotomia estúpida com a qual se busca restringir o espectro político. Como, no momento, é a economia que está fazendo água, jornalistas de economia, economistas e financistas devem continuar sendo o foco principal das baixarias petistas, se disserem a verdade sobre a situação financeira do país.

De qualquer forma, claro, ela tem toda a razão de chiar, e todos nós, o dever de apoiá-la. Destaco o seguinte trecho de seu artigo "À margem da lei".
Este governo desde o princípio não soube lidar com as críticas, não entende e não gosta da imprensa independente. Tentou-se no início do primeiro mandato Lula reprimir os jornalistas através de conselhos e controles. A ideia jamais foi abandonada. Agora querem o “controle social da mídia”, um eufemismo para suprimir a liberdade de imprensa.
Sim, eu faço críticas à política econômica do governo porque ela tem posto em risco avanços duramente conquistados, tem tirado transparência dos dados fiscais, tem um desempenho lamentável, tem criado passivos a serem pagos nos futuros governos e por toda a sociedade. Isso não me transforma em inimiga. E, ainda que eu fosse, constitucionalmente o governo não tem o direito de fazer o que fez. É ilegal e imoral.

À margem da lei

No princípio, eu me assustei como cidadã. Era difícil acreditar que da Presidência da República foram postados ataques caluniosos a pessoas, porque na democracia o aparato do Estado não pode ser usado pelo governo para atingir seus supostos adversários. A propósito: não sou adversária do governo; sou jornalista e exerço meu ofício de forma independente.

Só no segundo momento é que pensei no fato de que os ataques eram contra mim e meu colega Carlos Alberto Sardenberg. Ninguém, evidentemente, tem que concordar com o que eu escrevo ou falo no rádio e na televisão. Há, em qualquer democracia, um debate público, e eu gosto de estar nele. Mas postaram mentiras, e isso pertence ao capítulo da calúnia e difamação.

Tenho 40 anos de vida profissional e um currículo do qual me orgulho por ter lutado por ele, minuto a minuto. Acordo de madrugada, vou dormir tarde, estudo diariamente, falo com pessoas diversas, apuro, confiro dados, para que cada opinião seja baseada em fatos. Alguns temas são áridos, mas gosto de mergulhar neles para traduzi-los para o público.

Na primeira vez que um amigo me mostrou o perfil cheio de ataques na Wikipedia fiquei convencida de que era coisa de desocupados. Saber que funcionários públicos, computadores do governo, foram usados na Presidência da República para um trabalho sórdido assim foi um espanto. Uma das regras mais caras do Estado de Direito é que o grupo político que está no governo não pode usar os recursos do Estado contra pessoas das quais não gosta.

O início da minha vida profissional foi tumultuado pela perseguição da ditadura. No Espírito Santo, fui demitida de um jornal por ordem do governador Élcio Álvares. Em Brasília, fui expulsa do gabinete do então ministro Shigeaki Ueki, durante uma coletiva, porque ele não gostava das minhas perguntas e reportagens. O Palácio do Planalto não me dava credencial porque eu havia sido presa e processada pela Lei de Segurança Nacional. Aquele governo usava o Estado contra seus inimigos. E eu era, sim, inimiga do regime.

Na democracia, em todos os governos, ouvi reclamações de ministros e autoridades que eventualmente não gostaram de comentários ou colunas que fiz. Mas eram reclamações apenas, algumas me ajudaram a entender melhor um tema; outras eram desprovidas de razão. Desta vez, foi bem diferente; a atitude só é comparável com a que acontece em governos autoritários.

O Planalto afirma que não tem como saber quem foi. É ingenuidade acreditar que uma pessoa isolada, enlouquecida, resolveu, do IP da sede do governo, achincalhar jornalistas. A tese do regime militar de que os excessos eram cometidos pelos “bolsões sinceros, porém radicais” nunca fez sentido. Alguém deu ordem para que isso fosse executado. É uma política. Não é um caso fortuito. E o alvo não sou eu ou o Sardenberg. Este governo desde o princípio não soube lidar com as críticas, não entende e não gosta da imprensa independente. Tentou-se no início do primeiro mandato Lula reprimir os jornalistas através de conselhos e controles. A ideia jamais foi abandonada. Agora querem o “controle social da mídia”, um eufemismo para suprimir a liberdade de imprensa.

Sim, eu faço críticas à política econômica do governo porque ela tem posto em risco avanços duramente conquistados, tem tirado transparência dos dados fiscais, tem um desempenho lamentável, tem criado passivos a serem pagos nos futuros governos e por toda a sociedade. Isso não me transforma em inimiga. E, ainda que eu fosse, constitucionalmente o governo não tem o direito de fazer o que fez. É ilegal e imoral.

Fonte: Miriam Leitão.com, 09/08/2014

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Mais uma baixaria do PT: Planalto deturpa perfil de Míriam Leitão e de Carlos Sardenberg na Wikipédia

Miriam Leitão: Palácio do
Planalto espantoso!
Nem bem se deglutiu o teatro armado pelo petismo e aliados no caso da CPI da Petrobrás e já explode nova baixaria da máfia da estrelinha. Dada à crise econômica, que só se agrava, a petezada tem agora direcionado seus petardos contra financistas, economistas e jornalistas de economia por estes serem críticos dos descaminhos que o governo Dilma começou a trilhar na área desde o início de sua gestão. Teve o caso dos analistas do Banco Santander que acabaram demitidos por informar aos clientes a verdade sobre o contexto econômico brasileiro. Depois caíram em cima da empresa Empiricus pela mesma razão. 

Agora resolveram atacar o perfil de Míriam Leitão e de Carlos Sardenberg na Wikipédia com mentiras difamatórias, como se lê no artigo abaixo. Acontece que, se, em política, dá para enrolar o povo na base da retórica, em economia, cedo ou tarde, o resultado da incompetência e da vigarice acaba por aparecer sem chance de ocultação.  Outros três economistas - Vinicius Carrasco (PUC-RJ), João Manuel de Pinho Mello (Insper) e Isabela Duarte (PUC-RJ) - também fizeram o primeiro estudo para avaliar o Brasil no período Lula e nos dois primeiros anos do governo Dilma e o denominaram "A Década Perdida: 2003 a 2012" . Precisa dizer mais alguma coisa? O que vão fazer: mandar executar os economistas?

Vai ser difícil calar a boca de todos os economistas sérios numa democracia. Daí nosso receio que a petezada, no desespero diante da possibilidade de perder as eleições, queira dar o abraço do afogado no Brasil. 

Planalto altera perfil de jornalistas na Wikipédia com críticas e mentiras

Mudanças em textos da enciclopédia virtual foram feitas do palácio da Presidência

BRASÍLIA — A rede de internet do Palácio do Planalto foi usada para fazer alterações nos perfis dos jornalistas Míriam Leitão, colunista do GLOBO, e Carlos Alberto Sardenberg, da CBN e Rede Globo, na Wikipédia, com o objetivo de criticá-los. O IP 200.181.15.10, da Presidência da República, foi usado na enciclopédia colaborativa virtual para fazer alterações em maio do ano passado. O IP é uma espécie de identidade digital que permite saber de onde partiram as modificações. No entanto, apenas os administradores da rede do Planalto têm como saber exatamente qual equipamento do local foi usado.

As mudanças ocorreram em uma sexta e uma segunda-feira, dias 10 e 13 de maio. A primeira alteração no perfil de Míriam Leitão, feita dia 10, às 16h43m, foi para qualificar análises suas como “desastrosas”. Três dias depois, às 18h32m, a rede da Presidência voltou a ser usada para incluir trechos contra a jornalista, desta vez associando-a ao banqueiro Daniel Dantas: “Míriam Leitão fez a mais corajosa e apaixonada defesa de Daniel Dantas, ex-banqueiro condenado por corrupção entre outros crimes contra o patrimônio público. A forma como Míriam Leitão se envolveu na defesa de Dantas chamou a atenção de Carlos Alberto Sardenberg, seu companheiro na CBN, para quem a jornalista estava diferente naqueles dias. Para Míriam Leitão, apesar do vídeo que flagrava o suborno a um delegado da Polícia Federal, a prisão de Dantas não se justificava, posto que se tratava de coisas do passado”. Confira infográfico com detalhes das mudanças.

Por fim, às 18h50m, o mesmo IP fez uma última alteração no perfil da jornalista:

“Um dos maiores erros de previsão ocorreu durante a Crise Financeira Internacional. Em 29/06/2009, Míriam Leitão escreveu o seguinte sobre a previsão de crescimento do Ministro Guido Mantega de 4,5% do PIB de 2010: ‘Ele fez uma afirmação de que em 2010 o Brasil está preparado para crescer 4,5%. É temerário dizer isso’. Contrariando o pessimismo de Míriam Leitão, o Brasil cresceu 7,5% naquele ano”.

Procurada pela reportagem, Míriam mostrou-se surpresa com o uso da estrutura do Palácio e desmentiu as acusações:

— É mentira que eu tenha defendido Daniel Dantas. Acho que é espantoso que um órgão público, ainda mais o Palácio do Planalto, use recursos e funcionários públicos para fazer esse tipo de ataque a jornalistas, quando deveria estar dedicado às questões de Estado.

‘É IMORAL, É ANTIÉTICO’
Sardenberg: Planalto
canalha e antiético
Com Carlos Alberto Sardenberg, a disposição foi semelhante. No dia 10, às 12h51m, quatro horas antes das alterações no perfil de Míriam, o IP do Planalto começou a fazer mudanças no perfil do jornalista. O texto anteriormente publicado já dizia que o âncora da CBN e da Rede Globo era um forte crítico das políticas econômicas de Lula e Dilma, então o equipamento no Planalto adicionou: “... principalmente em relação aos cortes de juros promovidos nesses governos. É irmão de Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban, instituição que tem grande interesse na manutenção de juros altos no Brasil, uma medida geralmente defendida também por Carlos Alberto Sardenberg em suas colunas. Já cometeu erros notáveis em suas previsões, como afirmar que ‘(...)a economia mundial segue em marcha de sólido crescimento. Sólido porque não é nenhuma bolha financeira (...)’ um ano antes de estourar a crise mundial de 2008”.

Três dias depois, às 14h31m, o IP do Planalto foi então usado para criticá-lo explicitamente: “A relação familiar denota um conflito de interesse em sua posição como colunista econômico”.

Procurado, Sardenberg reagiu:

— Minhas opiniões são sempre muito claras. A política do Banco Central tem sido muito errática e sem uma lógica, tanto é que fizeram uma redução de juros forte e, depois, tiveram que subir, então, é óbvio que está errado. É evidente que minha posição é claramente crítica a esse governo. Esse é um debate de ideias, agora dizer que, porque meu irmão trabalha na Febraban, sou lacaio dos bancos é uma canalhice, uma baixaria. É imoral, é antiético, porque você coloca no perfil uma ilação. Usando um equipamento do governo, se faz uma ilação que não pode ser feita — afirmou.

Ao longo dos três anos e meio do governo Dilma, o IP da Presidência foi usado para realizar cerca de 170 alterações na Wikipédia. Muitas modificaram verbetes relativos a órgãos ligados à Presidência e de ministros e ex-ministros como Moreira Franco, Antonio Palocci, Thomas Traumann, Ideli Salvatti e Alexandre Padilha, além do assessor especial da presidente, Marco Aurélio Garcia, e do vice-presidente, Michel Temer.

O Palácio do Planalto afirmou que “o número do protocolo de internet (IP) citado pela reportagem é o endereço geral do servidor da rede sem fio do Palácio do Planalto. Isso significa que qualquer pessoa que utilizou essa rede via internet móvel terá como endereço de saída este número geral de IP. Por isso, não é possível apontar com segurança a identidade de quem alterou os textos citados pela reportagem a partir deste número de IP em maio de 2013”.

Fonte: O Globo, por Paulo Celso Pereira, 08/08/2014

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Reforma tributária urgente: carga tributária, um dos principais obstáculos à competitividade das empresas brasileiras e ao crescimento do país.


Reforma à vista

Merval Pereira, O Globo

Esta campanha eleitoral está começando a ter uma cara diferente das anteriores, com os principais candidatos de oposição apresentando propostas para questões fundamentais que dependem de reformas estruturais que não são realizadas há pelo menos doze anos.

É o caso da reforma tributária, que foi objeto de debate dos candidatos Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB, nos últimos dias e ontem, em São Paulo, e foi tema de um seminário, do qual participei, organizado pela Lide de João Doria Jr e o Movimento Brasil Eficiente, do economista Paulo Rabello de Castro.

Só o governo não mandou representante, num dia em que O GLOBO tinha em sua 1ª página uma reportagem que mostra a urgência desse debate: o gasto público cresce sem parar no país desde 1997, seja o governo do PT ou do PSDB. E em consequência a carga tributária cresce também, tornando-se um dos principais obstáculos à competitividade das empresas brasileiras e ao crescimento do país.

A boa notícia é que os oposicionistas têm a mesma visão: não é possível aumentar mais a carga tributária. Têm compromisso com a simplificação da cobrança dos impostos, como 1º passo para a redução da carga. O Movimento Brasil Eficiente, coordenado pelo Instituto Atlântico, defende um “ajuste geral, corajoso e inteligente das contas públicas” com o objetivo de reduzir a carga tributária para 30% do PIB no prazo de dez anos, e criar um ambiente econômico que propicie crescimento sustentado de 6% ao ano, com o aumento de investimentos em infraestrutura para 25% do PIB.

A carga tributária, que se aproxima de 40% do PIB quando somada ao déficit público, “chegou ao limite politicamente tolerável”, na definição do Movimento, que reúne confederações do setor produtivo nacional, federações empresariais e de trabalhadores, empresas de vários setores e de todos os portes, entidades de representação da sociedade civil do chamado terceiro setor, além de universidades e institutos de pesquisa.

O representante do candidato do PSDB, Wilson Brumer, homem do setor privado mas com experiência de ter sido secretário de governo em Minas, foi objetivo, e considerou exequível esse movimento para redução contínua da carga tributária até que ela chegue a 30%.

Como Aécio já havia enfatizado, isso só acontecerá se houver um controle do crescimento do gasto público corrente, e Brumer retomou proposta que Dilma, quando ministra-chefe do Gabinete Civil, considerou rudimentar: os gastos do governo não podem ser maiores do que o crescimento da economia. Ou, como definiu o jurista Ives Gandra, o Estado não pode continuar sendo maior que o PIB.

O ex-deputado federal Maurício Rands, que deixou o PT e hoje assessora Eduardo Campos, anunciou como uma decisão do candidato a criação de um conselho para acompanhar as contas do governo, conforme previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal e nunca regulamentado. Campos havia ontem o compromisso de não aumentar impostos, e, a partir desse patamar, fazer uma reforma tributária que simplifique e distribua melhor seus impostos para melhorar os serviços públicos.

Os dois buscam saídas para um maior equilíbrio federativo, eles que foram governadores e sentiram na carne as dificuldades que a centralização dos impostos no governo federal produzem. Ao final do debate, em que ficou claro que os empresários anseiam por mudanças estruturais, o economista Castro leu a “Carta do Povo Brasileiro”, baseada em uma pesquisa encomendada ao Datafolha depois das manifestações de junho de 2013, que termina assim:

“Perdas são pedagógicas. Perdemos, um dia, a democracia, para aprendermos a não perdê-la nunca mais; com a inflação, perdemos o sentido e o valor do dinheiro para, hoje, darmos todo o valor à moeda estável. Temos perdido tempo e energia demais com governos que governam mal e nos custam cada vez mais caro. Nossa paciência não tem o tamanho da vida inteira. O povo brasileiro exige ser senhor do seu tempo. Para o Brasil se projetar como líder em sua região e como um exemplo de nação próspera, moderna e justa, perante o mundo. Queremos de volta a ordem no governo, para termos de volta o progresso, que perdemos”.

Fonte: Blog do Noblat, 06/08/2014

Carta do Povo Brasileiro

Brasil, agosto de 2014
Sr.(a) Governante:

Quem aqui se manifesta é o coletivo que chamamos de Brasil. Nossa voz aprendeu a reconhecer, a respeitar e a defender a terra onde escrevemos nossa história e a transmitimos à geração seguinte. Esse é o Brasil que fala agora ao Governante. (*)

Dessa vez é o povo que manda o recado. Um recado mais do que necessário, porque o velho monólogo dos marqueteiros do governo, soprando crenças no ouvido do povo, não funciona mais. O povo que lê e escreve nas redes sociais não precisa de intérpretes de pensamento. O governante que queremos é aquele que vai governar com o povo. O governante moderno aprende porque escuta, em seguida planeja suas ações e as executa como combinado. Governo sem plano é desgoverno.

Chegamos ao ponto-limite. Brasília virou uma fantasia bilionária, de fato trilionária, cercada de desperdícios e ineficiências. O poder que manipula trilhões de reais nos orçamentos públicos ainda tem a petulância de afirmar ao povo que “faltam recursos”. Não! Recursos abundam. Fizemos, nas ruas, essa denúncia, em junho de 2013. O recado deveria ter sido suficiente, mas caiu no vazio. 

Nesta Carta, retomamos a luta de Tiradentes, nosso maior manifestante civil: não aceitamos mais carregar no lombo um governo que aplica uma tributação impiedosa sobre o bolso do contribuinte indefeso. O empresário, que poderia estar gerando empregos, virou um proletário do governo. Este está sempre cobrando sua fatia na frente; não espera nem o lucro acontecer. E o povo continua carregando uma das cargas tributárias mais onerosas do planeta: trabalha até a metade do ano só para sustentar o governo e os governantes.

O povo brasileiro quer treinamento e trabalho. Quer aposentadorias e pensões compatíveis com os aportes que faz ao longo da vida. O povo brasileiro não precisa de salvadores; precisa mesmo é de gestão séria e confiável, rotativa e verificável, em todos os níveis de governo. 

Chega de burocracia e de roubar descaradamente o tempo e a saúde do povo nas filas do atendimento médico e nas paradas de ônibus; ou queimar o futuro dos jovens com classes sem bons professores, com a falta de um computador por aluno. Esta Carta marca um ponto de virada. O povo brasileiro só precisa de condições e ambiente adequado para trabalhar, para empreender seus negócios, para desenvolver sua pesquisa, se educar e cuidar do ambiente.

Perdas são pedagógicas. Perdemos, um dia, a democracia, para aprendermos a não perdê-la nunca mais; com a inflação, perdemos o sentido e o valor do dinheiro para, hoje, darmos todo o valor à moeda estável. Temos perdido tempo e energia demais com governos que governam mal e nos custam cada vez mais caro. Nossa paciência não tem o tamanho da vida inteira. O povo brasileiro exige ser senhor do seu tempo. Para o Brasil se projetar como líder em sua região e como um exemplo de nação próspera, moderna e justa, perante o mundo.

Queremos de volta a ordem no governo, para termos de volta o progresso, que perdemos.

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*As opiniões emitidas nesta Carta foram objeto de pesquisa nacional de opinião pública conduzida pelo Instituto Datafolha em fevereiro de 2014, com 2.091 entrevistados em 120 municípios, abrangendo todos os grupos sociais e regiões brasileiras.

Fonte: Movimento Brasil Eficiente (facebook)

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Ex- presidente Fernando Henrique diz o óbvio: na eminência de perder as eleições, PT ameaça a democracia mais ainda

Cuidemos da democracia
FHC diz o óbvio: na possibilidade de perder as eleições, o PT ameaça a democracia mais ainda. Eu digo mais ainda porque esse pútrido partido nunca deixou de ameaçá-la. O ex-presidente, com sua elegância às vezes excessiva, que sempre poupou muito Lula e agora sua pupila, afirma que as ameaças petistas são mais palavras equívocas do que realidades impositivas. Entretanto, já botou as barbas de molho e alerta:
Sei que são mais palavras equívocas do que realidades impositivas. Mas denotam um estado de espírito. Em lugar de se prepararem para "aceitar o outro", como em qualquer transição democrática decente, estigmatizam os adversários e ameaçam com um futuro do qual os outros estarão excluídos. 
Vejo fantasmas? Pode ser, mas é melhor cuidar do que não lhes dar atenção. A democracia entre nós, já disseram melhor outros personagens, é como uma planta tenra que tem de ser cuidada e regada com exemplos, pensamentos, palavras e ações todos os dias. Cuidemos dela, pois.
Seguem também dois vídeos, um da Veja, de 02/08, com aúdio que comprova a farsa da CPI da Petrobrás, e um outro de mais uma recepção calorosa à Dilma, desta feita em Montes Claros, MG (01/08), onde os manifestantes entoaram um "Ei, Dilma, vai tomar no SUS".

Não sei sobre a credibilidade das pesquisas de intenção de voto, mas, nas ruas, a insatisfação com Dilma vem dos mais variados setores da população, até mesmo dos beneficiários do bolsa-família. Há, de fato, um cansaço do PT (feliz de estar viva pra ver isso), mas não sei se será suficiente para tirar esse cancro do poder. Daí essa eleição ser fundamental para o futuro do país. Se o PT ganhar, com cada vez menos apoio popular real, a tendência é o partido escancarar o autoritarismo Há que se começar a pensar em alternativas para isso desde já.

Falta sentimento democrático

Fernando Henrique Cardoso

Ainda é cedo, mas há fortes indícios de que o PT perderá as próximas eleições. Em que Estado com muitos eleitores seus candidatos a governador se mostram competitivos? Talvez em um. No total os petistas aparecem bem situados apenas em quatro Estados, se tanto, três deles com não muitos eleitores. Quanto aos aliados, especialmente o principal, o PMDB, parece que andam em franca debandada em vários Estados. Também, pudera, como pedir fidelidade no apoio à reeleição quando, além do pouco embalo da chapa presidencial, os candidatos da oposição e do próprio PMDB aos governos estaduais aparecem bem à frente dos candidatos do PT?

As taxas de rejeição da presidenta estão nas nuvens, não só em São Paulo, onde nem o céu é o limite. Também crescem nos pequenos municípios do Norte e do Nordeste para onde, nas asas das Bolsas Família, migraram os apoios do partido que nasceu com os trabalhadores urbanos. As raízes deste quadro se abeberam em vários mananciais: os das dificuldades econômicas, da tragédia das políticas energéticas (vale Prêmio Nobel derrubar ao mesmo tempo o valor de bolsa da Petrobrás e as chances do etanol e ainda encalacrar as empresas de energia elétrica), da confusão administrativa, do pântano das corrupções, e assim por diante. Culpa da presidenta? Não necessariamente.

Há tempo escrevi um artigo nesta página com o título Herança maldita. Fazia ironia, obviamente, com o estigma que petistas ilustres quiseram impingir ao meu governo. No artigo indicava que a origem das dificuldades não estava no atual governo, vinha de seu predecessor. A cada oportunidade que tenho procuro separar a figura da presidenta, seu comportamento passado e atual, digno de consideração, dos erros que, eventualmente, atribuo ora a ela, ora ao estilo petista de governar.

Mas, francamente, é demais não reconhecer que há motivos reais, objetivos, para o mal-estar que envolve a atual política brasileira sob hegemonia petista. Abro ao acaso os jornais desta semana: os europeus advertem que a produtividade do País está estagnada; o humor do varejo em São Paulo é o pior em três anos; a produção industrial e a confiança dos industriais não param de cair; o FMI publica documento oficial assinalando que nossa economia é das mais vulneráveis a uma mudança no cenário internacional e ajusta mais uma vez para baixo a projeção de crescimento do PIB brasileiro em 2014 para 1,3% (seriam otimistas?); o boletim Focus, do Banco Central, prevê um crescimento ainda menor, de 0,9% (seriam os pessimistas?); o juro para a pessoa física atinge seu maior patamar em três anos; a geração de empregos é a menor para o mês de junho em 16 anos; para não falar na decisão do TCU de bloquear os bens dos dirigentes da Petrobrás ao responsabilizá-los por prejuízos causados aos cofres públicos na compra da refinaria de Pasadena.

Espanta, portanto, que a remessa de análise conjuntural feita por analistas de um banco a seus clientes haja provocado reações tão inusitadas. O mercado não deve intrometer-se na política, protestaram governo e petistas. Talvez. Mas se intromete rotineiramente e quando o vento está a favor os governos se deixam embalar por seu sopro. Então, por que agora e por que de forma tão desproporcional ao fato, presidenta?

Não creio que seja por desconhecimento da situação, muito menos por ingenuidade. Trata-se de estratégia: o ataque é a melhor defesa. E nisso Lula é mestre. Lá vem aí de novo com a "zelite" (da qual faz parte) contra o povo pobre. Até aí, táticas eleitorais. Mas me preocupa a insistência em tapar o sol com peneira. Talvez queiram esconder o acúmulo de dificuldades que se estão avolumando para o próximo mandato: inflação subindo, com tarifas públicas e preço da gasolina represados; contas públicas que nem malabarismos fiscais conseguem ajustar; o BNDES com um duto ligado ao Tesouro, numa espécie de orçamento paralelo, como no passado remoto; as tarifas elétricas rebaixadas fora de hora e agora o Tesouro bancando os custos da manobra populista; e assim por diante. Em algum momento o próximo governo, mesmo se for o do PT, terá de pôr cobro a tanto desatino. Mas, creem os governistas, enquanto der, vamos empurrando com a barriga.

Que fez o governo do PSDB quando as pesquisas eleitorais de 2002 apontavam possível vitória do PT da época? Elevou os juros, antes mesmo das eleições, reduzindo as próprias chances eleitorais. Sustentou mundo afora, antes e depois das eleições, que não haveria perigo de irresponsabilidades, pois as leis e a cultura do País haviam mudado. Pediu um empréstimo ao FMI, com a prévia anuência pública de todos os candidatos a presidente, inclusive e especificamente do candidato do PT. O dinheiro seria desembolsado e utilizado pelo governo a ser eleito para acalmar os mercados, que temiam um descontrole cambial e inflacionário, e mesmo uma moratória, com a vitória de Lula. Aprovamos ainda uma lei para dar tempo e condições ao novo governo de se inteirar da situação e se organizar antes mesmo de tomar posse.

Agora, na eventualidade de vitória oposicionista (e, repito, é cedo para assegurá-la), que fazem os detentores do poder? Previnem-se ameaçando: faremos o controle social da mídia; criaremos um governo paralelo, com comissões populares sob a batuta da Casa Civil, que dará os rumos à sociedade; amedrontam bancos que apenas dizem o que todos sabem, etc. Sei que são mais palavras equívocas do que realidades impositivas. Mas denotam um estado de espírito. Em lugar de se prepararem para "aceitar o outro", como em qualquer transição democrática decente, estigmatizam os adversários e ameaçam com um futuro do qual os outros estarão excluídos.

Vejo fantasmas? Pode ser, mas é melhor cuidar do que não lhes dar atenção. A democracia entre nós, já disseram melhor outros personagens, é como uma planta tenra que tem de ser cuidada e regada com exemplos, pensamentos, palavras e ações todos os dias. Cuidemos dela, pois.

* Sociólogo, foi presidente da República

Fonte: O Estado de São Paulo, 03/08/2014

Gravações comprovam: CPI da Petrobras foi uma grande farsa

 VEJA teve acesso a um vídeo que revela a extensão da fraude. O que se vê e ouve na gravação é uma conjuração do tipo que, nunca se sabe, pode ter existido em outros momentos de nossa castigada história republicana. Mas é a primeira vez que uma delas vem a público com tudo o que representa de desprezo pela opinião pública, menosprezo dos representantes do povo no Parlamento e frontal atentado à verdade. Com vinte minutos de duração, o vídeo mostra uma reunião entre o chefe do escritório da Petrobras em Brasília, José Eduardo Sobral Barrocas, o advogado da empresa Bruno Ferreira e um terceiro personagem ainda desconhecido. 

A decupagem do vídeo mostra que, espantosamente, o encontro foi registrado por alguém que participava da reunião ou estava na sala enquanto ela ocorria. VEJA descobriu que a gravação foi feita com uma caneta dotada de uma microcâmera. A existência da reunião e seus participantes foram confirmados pelos repórteres da revista por outros meios — mas a intenção da pessoa que fez a gravação e a razão pela qual tornou público seu conteúdo permanecem um mistério. Quem assiste ao vídeo do começo ao fim — ele acaba abruptamente, como se a bateria do aparelho tivesse se esgotado — percebe claramente o que está sendo tramado naquela sala. E o que está sendo tramado é, simplesmente, uma fraude caracterizada pela ousadia de obter dos parlamentares da CPI da Petrobras as perguntas que eles fariam aos investigados e, de posse delas, treiná-los para responder a elas. Barrocas revela no vídeo que até um “gabarito” foi distribuído para impedir que houvesse contradições nos depoimentos. Um escárnio. Um teatro.

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